terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Angola | Desalojados no Zango esperam há 10 anos por casas condignas


Mais de três mil famílias que foram desalojadas da Ilha de Luanda para o distrito do Zango continuam sem o alojamento prometido pelo Governo em 2009. Muitos moradores ocuparam casas desabitadas e de lá já não saem.

Sentem-se "abandonados pelos Governo". Foram desalojados em abril de 2009 e levados para o bairro Zango I, no município de Viana. Na altura, moravam em tendas oferecidas pelo Governo. A promessa era que ficariam naquelas condições precárias durante quatro meses, no máximo. Mas passaram quase dez anos e a situação continua por resolver.

Paulo António, cozinheiro de profissão, está farto de esperar. "Há casas nos projetos Luanda Limpa e há casas no Zango I e II. Então, que nos dêem as casas. Partiram a minha casa, que o Estado não me ajudou a construir", lembra.

Muitas famílias têm vivido em casas feitas com chapa de zinco, que continuam a aumentar. Outras ocuparam casas que estavam desabitadas em projetos habitacionais do Governo, que foram construídas naquela zona.

Há jovens que chegaram ao Zango I ainda adolescentes e que hoje já são adultos e estão a constituir família no bairro. "Um filho que chegou aqui com 20 anos, hoje tem 30 anos e se calhar já tem dois ou três filhos. Se eu, como pai, não tenho casa, ele também vai fazer uma de bate chapa", conta Domingos Cayaya, outro desalojado.

Domingos Cayaya sublinha que estes jovens também merecem casas condignas, com acesso a água e eletricidade e condições básicas de saneamento. Mas no bairro falta isso tudo. "A falta de saneamento básico está associada ao surgimento de várias doenças aqui no bairro. A população é vulnerável a todo o tipo de doença, explica Luís Artur, coordenador da comissão de moradores. "Muitas doenças curáveis aqui tornam-se endémicas", lembra ainda.

Ultimato ao Governo

Boa parte dos moradores está desempregada e muitas crianças e jovens estão fora do sistema de ensino. As dificuldades motivaram, em dezembro, vários desalojados a ocupar casas desabitadas em projetos habitacionais do Governo. De lá, garantem que não vão sair.

Outros populares preparam-se para seguir o exemplo. E deram um prazo ao Governo: esta terça-feira, 15 de janeiro. "No Zango III até ao Zango IV, há muitas casas vazias. Para um indivíduo que está a sofrer há dez anos, vendo uma casa vazia, qual será a tendência dele? Se alguém lhe soprar no ouvido que vamos ocupar casa, ele vai. Por mais que a invasão não tenha líder, ele vai porque precisa de uma casa", explica Domingos Cayaya.

Paulo António garante que, se a situação não for resolvida, vai ocupar uma residência desabitada. "Ainda não ocupei nenhuma casa. Mas, até ao dia 15, se não nos derem resultados, eu vou ocupar uma casa. São dez anos e não posso morrer aqui", garante.

Para além dos desalojados da Ilha de Luanda, camponeses que alegam ser proprietários de terras no Zango também estão à espera de que lhes sejam entregues residências, desde 2011. O Governo comprometeu-se a dar residências em troca das terras que perderam com os projetos habitacionais.

No entanto, até hoje, os camponeses continuam a viver em casas feitas de chapa. E também já estão fartos, desabafa José Pimpão, coordenador do bairro Kitondo I, do Zango III. "Aqui tem espaço que chega para esta população, mas impedem-nos de construir casas. Tem casas aqui nos arredores e que as administrações vendem", lamenta.

Borralho Ndomba (Luanda) Deutsche Welle

Moçambique | Quatro anos de Filipe Nyusi em meio a indícios de descalabro


Há 4 anos como Presidente, Filipe Nyusi carrega fardos sem precedentes. Apesar de certo esforço e otimismo manifestados nos discursos sobre o estado da nação, os eventos que o país vive deixam moçambicanos descrentes.

2014: "O empregado do povo"

Quando foi empossado há precisamente 4 anos, Filipe Nyusi auto-denominou-se "empregado do povo". Herdava um país com vários problemas graves, a destacar o conflito armado entre a RENAMO e o exército nacional e as dívidas ocultas avaliadas em 2 mil milhões de dólares, com todas as suas consequências para o país.

Relativamente à gestão da crise da dívida, Nyusi dá sinais de não estar a servir devidamente o seu patrão conforme prometeu. E o sociólogo Hortêncio Lopes explica: "Acho que não mostrou competências, porque existe alguma inércia por parte do Executivo e judiciário para agir diante de algumas situações ligadas às dívidas ocultas. Então, penso que o Presidente não foi suficientemente inteligente para gerir esta situação, pese embora que não seja da competência dele como Executivo, mas penso que poderia influenciar no sentido do judiciário tomar a peito essa questão."

2015: "O estado da nação não é satisfatório"

Mas o "empregado do povo" não teve de todo um mau começo: em 2015 fez um esforço para dialogar com o falecido líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, com vista ao alcance da paz. E o primeiro encontro aconteceu no começo desse ano.

Mas ainda não tinha conquistas de relevo para se gabar quanto aos "cancros". No Parlamento disse nesse ano que "o estado da nação não era satisfatório". Mas em 2016 os resultados do seu empenho começam a aparecer com os diálogos frequentes com Dhlakama.

2016:"O estado da nação é firme"

"O ponto positivo foi essa paz temporária. O início do diálogo com o falecido presidente Dhlakama já mostrava em si um sinal positivo, porque fez um grande esforço assim que tomou posse cumprindo com a promessa de que seria o empregado dos moçambicanos fez um grande esforço para acabar com a guerra. Os encontros inesperados em Gorongosa, para mim, foi um grande ganho do Presidente", opina o sociólogo Hortêncio Lopes.

E foi em 2016 que Filipe Nyusi viu-se obrigado a apostar nos corredores diplomáticos para esclarecer aos doadores o caso das dívidas ocultas e mostrar vontade em alcancar um conseno com a RENAMO. Escalou Bruxelas e Berlim e membros do seu Governo escalaram Washington várias vezes para prestar esclarecimentos ao Fundo Monetário Internacional, FMI, e ao Banco Mundial.

Nesse ano Nuysi, talvez confiante, disse que "o estado da nação era firme". Entretanto, vários atropelos iam-se cometendo no processo das dívidas transformando o caso numa bola de neve e assim transitou para 2017.

2017: "O estado da nação é desafiante, mas encorajador"

Em finais desse ano começam os ataques armados de homens não devidamente identificados até agora  na província nortenha de Cabo Delgado, evidenciando a incapacidade do Estado em impedi-los. Para Hortêncio Lopes, é uma situação que fragiliza o Presidente "primeiro porque não há um pronunciamento do Governo sobre o que realmente está a acontecer, o que deixa as pessoas num nível de especulações porque não há um pronunciamento oficial".

E ele se interroga: "Como se deixou que o assunto chegasse a esse ponto? Já passa um ano."

Mesmo assim, no fim desse ano Nyusi disse que o "o estado da nação era desafiante, mas encorajador". A frequência dos ataques aumentou em 2018, cerca de 200 pessoas foram mortas e bens materiais destruídos.

2018: "A situação do país é estável e inspirava confiança"

O país continuou com dificuldades em pagar as dívidas, embora o FMI tenha dado um primeiro sinal positivo ao país. Otimista, Nyusi disse no seu discurso sobre o estado da nação que "a situação do país era estável e que inspirava confiança".

Mas foi traído pelo seu excesso de confiança: as elites do país são alvo de um mandato de detenção por parte da potencia mundial, os EUA, por suspeitas de crimes financeiros. O Presidente se remeteu ao silêncio face a detenção do ex-ministro das Finanças Manuel Chang na África do Sul. E é nestas condições que deverá concorrer a um segundo mandato em outubro próximo.

2019: Qual será a tirada final?

O especialista em boa governação Silvestre Baessa acha, entretanto, que Nyusi e a FRELIMO não têm muito a oferecer: "Politicamente acho que como um Presidente que vai disputar as próximas eleições carrega uma partido com uma reputação muito má, sem nenhuma credibilidade e sem nenhum argumento para mostrar aos moçambicanos, para além da paz que é instável, ele não tem argumentos se não começar a seguir uma postura similar a do Presidente João Lourenço a Angola."

E a propósito do seu quarto ano na liderança do país, num comunicado Nyusi fez várias promessas, entre elas continuar a combater a corrupção, e reafirmou a vontade de continuar a servir o povo, apesar de se mostrar ciente sobre os desafios que se impõem.

Nádia Issufo ! Deutsche Welle

Recolonização


Thierry Meyssan*

Para Thierry Meyssan, uma das consequências do fim sucessivo do mundo bipolar e do mundo unipolar é o restabelecimento dos projectos coloniais. Sucessivamente, dirigentes franceses, turcos e ingleses publicamente afirmaram o retorno das suas ambições. Resta saber que formas poderão tomar no século XXI.

O Império Francês

Desde há uma década, temos relevado, como uma incongruência, a vontade francesa de restabelecer o seu domínio sobre as suas antigas colónias. Foi esta a lógica da nomeação pelo Presidente Nicolas Sarkozy como Ministro dos Negócios Estrangeiros (Relações Externas-br) de Bernard Kouchner. Ele substituiu a noção anglo-saxónica de «Direitos do Homem» pela dos Revolucionários franceses de «Direitos do Homem e do Cidadão» [1]. Mais tarde, o seu amigo, o Presidente François Hollande declarou, aquando de uma conferência de imprensa à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas que era já tempo de restabelecer um mandato sobre a Síria. A coisa é ainda mais clara quando o sobrinho-neto do Embaixador François George-Picot (o dos Acordos Sykes-Picot), o antigo Presidente Valéry Giscard d’Estaing, se pronunciou a propósito. E é deste modo que se deve entender a vontade do Presidente Emmanuel Macron de continuar a guerra contra a Síria, sem os Estados Unidos.

Sempre houve em França um «Partido colonial» transversal aos partidos políticos e que agia como um lóbi ao serviço da classe dominante. Deste modo em todos os períodos em que se torna difícil aos capitalistas, sem escrúpulos, esmagar a mão de obra nacional, o mito da conquista colonial ressurge. Se os «Coletes Amarelos» se revoltam, então continuemos a «exploração do homem pelo homem» nas costas dos Sírios.

Antigamente esta forma de dominação escondia-se, segundo as palavras de Jules Ferry —sob os auspícios daquilo a que François Hollande consagrou o seu mandato [2]—, atrás «do dever de levar a civilização». Hoje em dia, ela visa a protecção dos povos cujos eleitos são qualificados de «ditadores».

A França não é a única potência colonial a reagir assim. A Turquia não demorou a segui-la.

O Império Otomano

Três meses após a tentativa de assassinato e do Golpe de Estado abortado de Julho de 2016, o Presidente Recep Tayyip Erdoğan pronunciava o discurso inaugural da universidade que leva o seu nome (RTEÜ). Ele traçou então um esboço das ambições da República turca desde a sua criação e as do seu novo Regime [3]. Fazendo referência explícita ao «Juramento Nacional» (Misak-ı Millî) [4], adoptado pelo Parlamento Otomano a 12 de Fevereiro de 1920, ele justificava o seu irredentismo.

Este juramento, que fundamenta a passagem do Império Otomano para a República Turca, reivindica os territórios do Nordeste da Grécia (a Trácia Ocidental e o Dodecaneso) [5], a totalidade de Chipre, o Norte da Síria (aqui incluídos Idlib, Alepo e Hassakah), e o Norte do Iraque (aqui incluída Mossul).

Actualmente o império em neoformação ocupa já o Norte de Chipre (a pseudo «República turca do Norte de Chipre»), o Noroeste da Síria e uma pequena parte do Iraque. Em todas estas zonas, onde a língua e a moeda turcas estão em vigor, foi nomeado um perfeito («wali») cujo gabinete se encontra no Palácio Branco de Ancara.

O Império Britânico

O Reino Unido, quanto a ele, hesita desde há dois anos quanto ao seu futuro após o Brexit.

Pouco após a chegada de Donald Trump à Casa Branca, a Primeira-ministro Theresa May dirigiu-se aos Estados Unidos. Discursando para os responsáveis do Partido Republicano, ela propôs restabelecer a liderança anglo-saxônica sobre o resto do mundo [6]. Mas o Presidente Trump foi eleito para liquidar os sonhos imperiais, não para os compartilhar.

Desapontada, Theresa May viajou para a China a fim de propor ao Presidente Xi Jinping o controle com ele do comércio internacional. A City, disse-lha ela, está pronta para assegurar a convertibilidade de moedas ocidentais em Yuan [7]. Mas o Presidente Xi não foi eleito para fazer sociedades com a herdeira da potência que desmantelou o seu país e lhe impôs a guerra do ópio.

Theresa May tentou, então, uma terceira fórmula com a Commonwealth [8]. Algumas das antigas colónias da Coroa, como a Índia, experimentam hoje um forte crescimento e poderão tornar-se valiosos parceiros comerciais. Simbolicamente, o delfim da Coroa, o Príncipe Carlos, foi elevado à presidência desta associação. A Sra. May anunciou que iríamos finalmente evoluir para um Reino Unido global (Global Britain).

Numa entrevista ao Sunday Telegraph de 30 de Dezembro de 2018, o Ministro britânico da Defesa, Gavin Williamson, traçou a sua análise da situação. Desde o fiasco do Canal de Suez, em 1956, o Reino Unido adoptou uma política de descolonização e tem retirado as suas tropas do resto do mundo. Hoje em dia, apenas conserva bases militares permanentes em Gibraltar, em Chipre, em Diego Garcia e nas Malvinas («Falklands» segundo a sua denominação imperial). Nos últimos 63 anos, Londres volta-se para a União Europeia, que Winston Churchill imaginou, mas à qual inicialmente ele não pensava que a Inglaterra iria aderir. O Brexit «rompe esta política». Agora, «o Reino Unido está de volta enquanto potência mundial».

Desde já Londres encara abrir duas bases militares permanentes. A primeira deverá ser na Ásia (em Singapura ou no Brunei), a segunda na América Latina. Provavelmente na Guiana, de maneira a participar na nova etapa da estratégia Rumsfeld-Cebrowski de destruição das regiões do mundo não conectadas à globalização. Depois dos «Grandes lagos africanos», do «Médio-Oriente Alargado», a «Bacia das Caraíbas». A guerra começaria com uma invasão da Venezuela pela Colômbia (pró-EUA), pelo Brasil (pró-Israelita) e pela Guiana (pró-Britânica).

Não se embaraçando com o discurso moralista dos Franceses, os Ingleses edificaram um império com o concurso de multinacionais ao serviço das quais colocaram o seu exército. Eles dividiram o mundo em dois, resumido por este título: o soberano era rei da Inglaterra (portanto submetido aqui à tradição política) e imperador das Índias (quer dizer, sucedendo à Companhia privada das Índias e puro autocrata lá).

A descolonização era um corolário da Guerra Fria. Ela foi imposta aos Estados da Europa Ocidental pelo duopólio dos EUA e da URSS. Ela foi mantida no mundo unipolar, mas já não encontra obstáculos desde a retirada norte-americana do «Médio-Oriente Alargado».

É difícil antecipar que forma a colonização futura tomará. Antes, ela tornou-se possível por importantes diferenças no nível de educação. Mas, hoje em dia?

Thierry Meyssan* | Voltaire.net.org | Tradução Alva

*Intelectual francês, presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana e russa. Última obra em francês: Sous nos yeux. Du 11-Septembre à Donald Trump. Outra obras : L’Effroyable imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertrand, 2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación(Monte Ávila Editores, 2008).

Documentos anexados


Notas:
[1] A diferença entre as duas foram o principal tema de debates durante a Revolução Francesa. A sua incompatibilidade foi o tema, nomeadamente, do livro epónimo de Thomas Paine, o mais vendido durante a Revolução.
[2] « La France selon François Hollande », par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 30 juillet 2012.
[3] “A estratégia militar da nova Turquia”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 14 de Outubro de 2017.
[4] « Serment national turc », Réseau Voltaire, 28 janvier 1920.
[5] “A Turquia anuncia preparar a invasão da Grécia”, Tradução Alva, Rede Voltaire, 26 de Fevereiro de 2018.
[6] “Theresa May addresses US Republican leaders”, by Theresa May, Voltaire Network, 27 January 2017.
[7] “O Brexit redefine a geo-política mundial”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 27 de Junho de 2016.
[8] “A nova política estrangeira britânica”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 4 de Julho de 2016.

EUA | O Green New Deal sacode a política


Verde e Vermelho: surge um movimento para reduzir as emissões de carbono enfrentando, ao mesmo tempo, pobreza, desocupoção e desigualdade. Uma jovem deputada latina é seu símbolo

Naomi Klein, no Intercept Brasil | Outras Palavras | Tradução: Cássia Zanon

Como muitos outros, fiquei empolgada com a ousada liderança moral vinda de membros recém-eleitos do Congresso norte-americano — como Alexandria Ocasio-Cortez, Ilhan Omar, Rashida Tlaib e Ayanna Pressley — diante da crise climática em espiral e dos espantosos ataques a migrantes desarmados na fronteira. Isso me fez pensar na diferença crucial entre uma liderança que atua e uma liderança que fala sobre atuação.

Vou chegar ao New Deal Verde e por que precisamos nos agarrar a essa corda salva-vidas com todas as forças. Mas, antes disso, me acompanhe em uma visita à grandiosa política climática do passado.

Era março de 2009, e as capas dos heróis ainda estavam esvoaçando em clima de comemoração na Casa Branca depois da histórica vitória eleitoral de Barack Obama. Todd Stern, o recém-nomeado emissário do clima, contou a um grupo no Congresso que ele e seus colegas negociadores precisavam abraçar seus super-heróis internos, salvando o planeta do perigo existencial em cima da hora.

A mudança climática, disse ele, pedia por “aquela velha sensibilidade das histórias em quadrinhos de se unir diante de um perigo comum que ameaça a Terra. Porque é isso que temos aqui. Não é um meteoro ou um invasor espacial, mas os danos ao nosso planeta, à nossa comunidade, aos nossos filhos e aos filhos deles serão igualmente grandes. Não podemos perder.”

Oito meses depois, na decisiva cúpula climática das Nações Unidas em Copenhague, na Dinamarca, toda a pretensão de super-heroísmo do governo Obama havia sido abandonada sem cerimônia. Stern percorreu os corredores do centro de convenções como a Morte, passando a foice em todas as propostas que resultariam em um acordo transformador. Os EUA insistiram em uma meta que permitiria o aumento da temperatura em 2ºC, apesar das objeções de muitos delegados africanos e ilhéus do Pacífico que diziam que essa meta equivalia a um “genocídio” e levaria milhões a morrerem em terra ou em barcos afundando. Foram derrubadas todas as tentativas de tornar o acordo juridicamente vinculativo, optando por metas voluntárias inexequíveis (como faria em Paris cinco anos depois).

Stern rejeitou categoricamente o argumento de que os países ricos e desenvolvidos devem compensar os pobres por conscientemente lançar na atmosfera o carbono que está aquecendo a Terra, usando, em vez disso, fundos tão necessários para a proteção da mudança climática para forçar esses países a se alinharem.

Como escrevi na época, o acordo de Copenhague – preparado a portas fechadas com os países mais vulneráveis deixados de fora – equivalia a um “pacto sujo entre os maiores emissores do mundo: eu finjo que vocês estão fazendo alguma coisa em relação à mudança climática se vocês também fingirem que eu estou. Combinado? Combinado.”

Quase nove anos depois, as emissões globais continuam a subir, junto com as temperaturas médias, com grandes áreas do planeta atingidas por tempestades recordes e causticadas por incêndios sem precedentes. Os cientistas reunidos no Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática confirmaram exatamente o que os Estados africanos e insulares de baixa altitude alertam há muito tempo: permitir que as temperaturas subam 2ºC é uma sentença de morte; apenas uma meta de 1,5ºC nos dá uma chance de lutar. De fato, pelo menos oito ilhas do Pacífico já desapareceram sob os mares em elevação.

Os países ricos não apenas deixaram de lado a tecnologia limpa e negaram ajuda significativa às nações mais pobres para que se protegessem dos extremos climáticos. Na verdade, a Europa, a Austrália e os Estados Unidos reagiram ao aumento da migração em massa – se não causada diretamente, intensificada por estresses climáticos – com força brutal, variando da política “deixe-os afogar” da Itália à guerra cada vez mais real de Trump contra uma caravana desarmada da América Central. Que ninguém se engane: essa barbárie é a maneira como o mundo rico planeja se adaptar à mudança climática.

Hoje em dia, a única coisa que se parece com uma capa de super-herói na Casa Branca são todos aqueles casacos que Melania joga sobre os ombros, misteriosamente recusando-se a usar os orifícios das mangas para o seu propósito planejado. Enquanto isso, o marido dela está ocupado em abraçar seu papel de supervilão climático, aprovando alegremente novos projetos de combustíveis fósseis, estraçalhando o acordo de Paris (afinal, não é legalmente obrigatório, então, por que não?), e pronunciando que uma onda de frio no Dia de Ação de Graças é uma prova positiva de que o planeta não está aquecendo, afinal.
Em suma, o meteoro metafórico que Stern evocou em 2009 não está apenas se aproximando de nosso frágil planeta, ele está raspando as copas das árvores.

E, no entanto, aqui está o que é realmente estranho: eu me sinto hoje mais otimista em relação às nossas chances coletivas de evitar o colapso climático do que anos atrás. Pela primeira vez, vejo um caminho político claro e crível que poderia nos levar à segurança, a um lugar no qual os piores resultados climáticos são evitados e um novo pacto social é forjado, o que é radicalmente mais humano do que qualquer coisa atualmente em oferta.

Ainda não estamos nesse caminho – muito longe disso. Mas, ao contrário de um mês atrás, o caminho é claro. Começa com o impulso galopante conclamando o Partido Democrata dos EUA a usar sua maioria na Câmara para criar uma comissão para um New Deal Verde, um plano promovido por Ocasio-Cortez e agora apoiado por mais de 14 deputados.

O texto preliminar pede que a comissão, que seria totalmente financiada e autorizada a elaborar a legislação, passe o próximo ano consultando uma série de especialistas – de cientistas a legisladores locais, passando por sindicatos e líderes empresariais – para mapear um “detalhado plano nacional de mobilização industrial e econômica” capaz de tornar a economia dos EUA “neutra em carbono”, ao mesmo tempo em que promove “justiça econômica e ambiental e igualdade”. Até janeiro de 2020, esse plano seria lançado e, dois meses depois, viria um projeto de lei para transformá-lo em realidade.

Esse prazo inicial de 2020 é importante – significa que os contornos do New Deal Verde estarão concluídos até o próximo ciclo eleitoral dos EUA, e qualquer político que queira ser levado a sério como progressista precisará adotá-lo como peça central de sua plataforma. Se isso acontecer, e o partido no comando do New Deal Verde retomar a Casa Branca e o Senado em novembro de 2020, haveria de fato tempo sobrando no relógio climático para cumprir as duras metas estabelecidas no recente relatório do IPCC, que nos disse que temos apenas 12 anos para reduzir as emissões de combustíveis fósseis em 45%.

Isso, afirma o resumo do relatório em sua primeira frase, não é possível apenas com políticas como impostos sobre a emissão de carbono. Em vez disso, são necessárias “mudanças rápidas, de longo alcance e sem precedentes em todos os aspectos da sociedade”. Ao dar à comissão um mandato que conecta energia, transporte, moradia e construção, bem como assistência médica, salários dignos, garantia de empregos e o imperativo urgente de combater a injustiça racial e de gênero, o plano New Deal Verde estaria mapeando precisamente esse tipo de mudança de longo alcance. Não se trata de uma abordagem fragmentada que aponta uma pistola de água contra um fogo ardente, mas um plano abrangente e holístico para efetivamente apagar o fogo.

Se a maior economia do mundo parecer preparada para demonstrar esse tipo de liderança visionária, outros grandes emissores – como a União Europeia, a China e a Índia – quase que certamente se veriam sob intensa pressão de suas próprias populações para fazerem o mesmo.

Agora, nada a respeito do caminho que acabei de descrever é certo ou mesmo provável: A bancada do Partido Democrata, sob direção de Nancy Pelosi, provavelmente esmagará a proposta do New Deal Verde, assim como o partido arrasou com as esperanças de acordos climáticos mais ambiciosos sob Obama. Os investidores apostarão no partido fazer pouco mais do que ressuscitar o comitê climático que ajudou a produzir a legislação sobre limitação e comércio no primeiro mandato de Obama, um esquema de mercado mal sucedido e confuso que teria tratado os gases de efeito estufa como abstrações de capitalismo tardio a ser negociado, empacotado e especulado como moeda ou dívida subprime (o motivo pelo qual Ocasio-Cortez está insistindo que os legisladores que aceitam dinheiro de combustível fóssil não devem estar na comissão seleta do New Deal Verde).

E, claro, mesmo que a pressão sobre os legisladores continue aumentando e que os membros da comissão saiam vitoriosos, não há garantia de que o partido reconquistará o Senado e a Casa Branca em 2020.

E, no entanto, apesar de todas essas ressalvas, agora temos algo que estava faltando: um plano concreto sobre a mesa, além de um cronograma baseado na ciência, que não apenas é proveniente de movimentos sociais de fora do governo, mas que também tem um considerável (e crescente) bloco de defensores comprometidos dentro da Câmara.


Daqui a décadas, se tivermos a sorte de contar uma história emocionante sobre como a humanidade se uniu no momento certo para interceptar o meteoro metafórico, o capítulo central não será o momento cinematográfico altamente produzido de quando Barack Obama ganhou a primária e democrata e disse a uma multidão de adeptos que aquele seria “o momento em que a elevação dos oceanos começou a desacelerar, e nosso planeta começou a se curar”. Não, será o momento muito menos roteirizado e marcadamente mais sem graça em que um grupo de jovens cansados do Sunrise Movement ocupou os escritórios de Pelosi após as eleições de meio de mandato, pedindo que ela apoiasse o plano para um New Deal Verde – com Ocasio-Cortez passando pela ocupação para animá-los.

Sei que pode parecer excessivamente otimista investir tanto em uma comissão parlamentar, mas não é a comissão em si a minha principal fonte de esperança. É a vasta infra-estrutura de especialização científica, técnica, política e de movimento pronta para entrar em ação, se dermos os primeiros passos nesse caminho. É uma rede de grupos e indivíduos extraordinários que se mantiveram atentos ao foco e aos compromissos climáticos, mesmo quando nenhuma mídia queria cobrir a crise e nenhum grande partido político queria fazer algo além de fingir preocupação.

É uma rede que vem esperando há muito tempo para que finalmente haja uma massa crítica de políticos no poder capaz de entender não apenas a urgência existencial da crise climática, mas também a oportunidade única no século expressa em — como afirma o projeto de resolução — “eliminar virtualmente a pobreza nos Estados Unidos e tornar a prosperidade, a riqueza e a segurança econômica disponíveis para todos os que participam da transformação”.

O terreno para este momento vem sendo preparado há décadas, com modelos de energia renovável de propriedade da comunidade e controlada pela comunidade; com transições baseadas na justiça que garantem que nenhum trabalhador seja deixado para trás; com uma análise aprofundada das interseções entre racismo sistêmico, conflito armado e perturbações climáticas; com tecnologia verde aprimorada e avanços em transporte público limpo; com o animado movimento de desinvestimento em combustíveis fósseis; com a legislação modelo impulsionada pelo movimento de justiça climática que mostra como os impostos sobre carbono podem combater a exclusão racial e de gênero e muito mais.

O que está faltando é apenas o poder político de alto nível lançar o melhor desses modelos de uma só vez, com o foco e a velocidade que tanto a ciência quanto a justiça exigem. Essa é a grande promessa de um New Deal Verde abrangente na maior economia do planeta. E ao aumentar a pressão sobre os legisladores que ainda não assinaram o plano, o Sunrise Movementtem todo o nosso apoio.

É claro que não faltam especialistas em Washington prontos a rejeitar tudo isso como algo irremediavelmente ingênuo e inviável, o trabalho de neófitos políticos que não entendem a arte do possível ou dos pontos mais sutis da política. O que esses especialistas estão deixando de levar em consideração é o fato de que, ao contrário das tentativas anteriores de introduzir a legislação climática, o New Deal Verde tem a capacidade de mobilizar um movimento de massa verdadeiramente intersecional – não apesar de sua ambição radical, mas precisamente por disso.

Essa é a mudança radical de ter no Congresso representantes enraizados em lutas da classe trabalhadora por empregos com salários dignos e por ar e água não tóxicos – mulheres como Tlaib, que ajudou a travar uma batalha bem-sucedida contra a tóxica montanha de coque de petróleo da Koch Industries em Detroit.

Quando se faz parte da classe vencedora da economia e se é financiado por vencedores ainda maiores, como muitos políticos são, suas tentativas de criar uma legislação sobre o clima provavelmente serão guiadas pela ideia de que a mudança deve ser mínima e o menos desafiadora possível ao status quo. Afinal, o status quo está funcionando bem para você e seus doadores. Líderes com raízes em comunidades que estão sendo notoriamente reprovados pelo sistema atual, por outro lado, estão liberados para adotar uma abordagem muito diferente. Suas políticas climáticas podem abranger mudanças profundas e sistêmicas – incluindo a necessidade de investimentos maciços em transporte público, moradia acessível e assistência médica –, porque é justamente desse tipo de mudança que suas bases precisam para prosperar.

Como as organizações de justiça climática vêm discutindo há muitos anos, quando as pessoas que mais têm a ganhar lideram o movimento, elas lutam para vencer.

Outro aspecto revolucionário de um New Deal Verde é que ele é baseado no mais famoso estímulo econômico de todos os tempos, o que o torna à prova de recessão. Quando a economia global entrar em outra recessão, o que certamente irá acontecer, o apoio a esse modelo de ação climática não cairá, como ocorreu com todas as outras grandes iniciativas verdes durante recessões passadas. Em vez disso, o apoio aumentará, uma vez que um estímulo em larga escala se tornará a maior esperança de reavivar a economia.

Ter uma boa ideia não é garantia de sucesso, é claro. Mas, pense comigo: se a pressão por uma comissão em tordo de um New Deal Verde for derrotada, os legisladores que quiserem que isso aconteça podem considerar trabalhar com a sociedade civil para estabelecer algum tipo de corpo semelhante a uma Assembleia Constituinte para elaborar o plano de qualquer maneira, a tempo dele roubar a cena em 2020. Porque essa possibilidade é simplesmente muito importante, e o tempo, curto demais, para permitir que ela seja fechada pelas forças habituais da inércia política.

Conforme os eventos surpreendentes das últimas semanas se desenrolaram, com jovens ativistas reescrevendo as regras do possível dia após dia, eu me vi pensando em outro momento no qual os jovens encontraram sua voz na arena da mudança climática. Foi em 2011, na cúpula anual do clima das Nações Unidas, dessa vez realizada em Durban, na África do Sul. Uma estudante universitária canadense de 21 anos chamada Anjali Appadurai foi escolhida para falar aos presentes em nome (absurdamente) de todos os jovens do mundo.

Ela fez uma fala impressionante e implacável (a que vale a pena assistir na íntegra) que cobriu de vergonha os negociadores reunidos por décadas de inação. “Vocês vêm negociando a minha vida inteira”, disse ela. “Nesse período, deixaram de cumprir compromissos, não atingiram metas e quebraram promessas. … A maior traição da responsabilidade de geração de vocês em relação à nossa é que vocês chamam isso de “ambição”. Onde está a coragem nessas salas? Agora não é hora de ação gradual. No longo prazo, estes serão vistos como os momentos decisivos de uma era em que o interesse próprio estreito prevaleceu sobre a ciência, a razão e a compaixão comum.”

A parte mais dolorosa do discurso é que nem um único grande governo estava disposto a receber sua mensagem; ela estava gritando no vazio.

Sete anos depois, quando outros jovens estão localizando sua voz e sua raiva climáticas, finalmente há alguém para receber sua mensagem, com um plano real para transformá-la em política. E isso simplesmente pode mudar tudo.

Nas fotos; 1 - Em Washington, a marcha do Movimento Popular pelo Clima, em abril de 2017. Restrita por muito tempo a pequenos círculos, a preocupação com o aquecimento global ganhou as ruas, depois de eventos como os grandes incêndios florestais e os superciclones; 2 - A deputada Alexandra Ocasio-Cortez participa da ocupação do gabinete da líder do Partido Democrata, Nancy Pelosi. Com apenas 29 anos, descendente de portorriquenhos, Alexandra expressa a emergência de uma nova esquerda — radical mas popular — nos EUA

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A recusa a defender Assange mostra a verdadeira natureza dos média corporativos


Caitlin Johnstone [*]

Na terça-feira, um advogado de topo do New York Times, David McCraw, advertiu uma sala cheia de juízes que o processo de Julian Assange pelas publicações do WikiLeaks estabeleceria um precedente perigoso que acabaria por prejudicar os principais meios de comunicação, como o NYT, o Washington Post e outros media que publicam documentos secretos do governo.

"Acho que a ação contra ele seria um precedente muito, muito mau para as editoras", disse McCraw. "Neste caso, segundo sei, ele vê-se na posição de uma editor clássico e acho que a lei teria muita dificuldade em distinguir entre o New York Times e o WikiLeaks."

Sabem onde li isto? Não no New York Times.

"Curiosamente, no momento em que escrevo, as palavras de McCraw não encontraram nenhum eco no próprioTimes", escreveu o ativista Ray McGovern, em entrevista ao media alternativo Consortium News. "Nos últimos anos, o jornal mostrou uma tendência marcante para evitar imprimir qualquer coisa que pudesse pôr em risco o seu lugar de favorito no colo do governo".

Então vamos examinar um pouco tudo isto. É agora do conhecimento público que o governo equatoriano procura ativamente entregar Assange para ser preso pelo governo britânico. Isto foi relatado primeiro por RT e depoisconfirmado de maneira independente por The Intercept , agora é conhecido do público em geral e relatado pelos media convencionais como a CNN . É também do conhecimento público que o asilo de Assange foi concedido pelo governo equatoriano devido ao medo de uma extradição para os EUA e de acusações pelas publicações do WikiLeaks . Todos, do presidente Donald Trump ao ministro da Justiça Jeff Sessions , passando pelo secretário de Estado Mike Pompeo , Adam Schiff , membro do Comissão de serviços de Informação Câmara de Representantes, até aos membros democratas do Senado , fizeram declarações públicas afirmando claramente que o governo dos EUA quer tirar Assange do seu asilo político e prendê-lo.

O New York Times está consciente disto, como testemunham os comentários de McCraw, está também consciente do perigoso precedente que tal processo criaria para todos os meios de comunicação. A redação do New York Timesestá ciente de que o governo dos EUA, ao processar um editor por publicar documentos importantes que haviam sido ocultados do público, tornaria impossível para o Times publicar o mesmo tipo de material sem temer as mesmas repercussões legais. Está ciente de que as manobras contra Assange representam uma ameaça existencial muito real para a possibilidade de jornalismo real e prestação de contas do poder.

Poderíamos esperar uma avalanche de análises e artigos de opinião do New York Times condenando veementemente qualquer ação contra Julian Assange. Seria de esperar que em todos os media dos Estados Unidos soasse o alarme; tanto mais que a ameaça vem da administração Trump, sobre a qual os media como o New York Times fazem de boa vontade circular alertas alarmantes.

Seria de esperar que todos os comentadores da CNN e da NBC pudessem referir-se a Assange como o caso mais claro e mais óbvio da famosa "guerra contra a imprensa livre" de Trump. Mesmo deixando de lado as questões de moralidade, compaixão e direitos humanos em torno do caso Assange, poder-se-ia pensar que eles o defenderiam bem alto e com força, só pela simples razão do interesse próprio.

E no entanto, não é o caso. Este facto faz com que revelem a sua verdadeira natureza.

Teoricamente, o jornalismo tem como objetivo ajudar a informar a população e responsabilizar as autoridades. Por isso é a única profissão explicitamente nomeada na Constituição dos EUA, e é por isso que a liberdade de imprensa beneficiou de tais proteções constitucionais ao longo da história dos Estados Unidos. A imprensa [corporativa] de hoje não protege Julian Assange porque não tem intenção de criar uma população informada ou de responsabilizar os poderes públicos.

Não se trata de sugerir a existência de uma grande conspiração secreta entre os jornalistas americanos. É o simples facto de os plutocratas possuírem a maior parte dos meios de comunicação e contratarem as pessoas que os dirigem, o que naturalmente cria um ambiente onde a melhor maneira de avançar na carreira é permanecer perpetuamente inofensivo para o establishment sobre o qual os plutocratas construíram os respectivos impérios. É por isso que se veem jornalistas ambiciosos no Twitter a esforçarem-se por serem os primeiros a usar uma frase concisa favorável ao programa da elite cada vez que a actualidade lhes dá essa oportunidade. Eles estão cientes de que sua presença nos media sociais é avaliada por potenciais empregadores e seus aliados a fim de medir o seu nível de lealdade. É também essa a razão pela qual tantos que pretendem tornar-se jornalistas atacam Assange e WikiLeaks sempre que possível.

"Qualquer um que deseje entrar na elite cultural deve agora ter cuidado nos seus media sociais para evitar controvérsias", declarou recentemente o jornalista Michael Tracey. "Eles acabam por interiorizar que evitar a controvérsia é uma virtude e não uma imposição da sociedade. O resultado é uma cultura de elite conformista e entediante".

Um excelente meio de um candidato a jornalista evitar controvérsias é nunca, nunca defender Assange ou o WikiLeaks nos media sociais ou de algum modo sugerir que nunca publicará documentos das mesmas origens como os do WikiLeaks. Uma excelente maneira de dar provas na profissão é juntar-se a todos aqueles que escrevem numerosos artigos de difamação sobre Assange e WikiLeaks.

Os media de grande público e aqueles que se expandem não pretendem sacudir a árvore e perder os privilégios e acesso que adquiriram arduamente. Os media conservadores continuarão a defender o presidente dos EUA e os media liberais a defender a CIA e o FBI. Ambos ajudarão a promover a guerra, o ecocídio, o expansionismo militar, a vigilância e a militarização da polícia, e nenhum divulgará nada que possa minar as estruturas de poder que aprenderam a servir. Eles permanecerão em todas as circunstâncias os defensores inofensivos e indiscutíveis dos ricos e poderosos.

Enquanto isso, os media alternativos defendem ferozmente Assange [nem todos, nem todos, NT) [NR] . Hoje, vi artigos do Consortium News , World Socialist Website , Disobedient Media , Antiwar e Common Dreams a denunciarem a perseguição ao mais importante activista da transparência governamental actualmente vivo. Media alternativa e escritores independentes não estão sujeitos a servidões ao establishment, assim a importância do WikiLeaks é clara como a água pura da nascente. Nunca se é tão cego aos comportamentos perniciosos do poder como quando é o poder que assina o cheque do seu salário.

Os mass media nos EUA e no mundo inteiro desacreditaram-se totalmente ao não defenderem uma editora que tem o poder de fazer o governo prestar contas e lançar luz sobre a verdade, para criar um público informado. Cada dia que passa em que eles não condenam inequivocamente as tentativas de processar Assange é mais uma prova, entre muitas, de que os media corporativos estão ao serviço do poder e não da verdade. O seu silêncio é uma admissão tácita de que não são nada mais que estenógrafos e propagandistas das forças mais poderosas da Terra. 

01/Janeiro/2019

[NR] Resistir.info procurou no sítio web do Sindicato dos Jornalistas alguma manifestação em defesa de Julian Assange, ou pelo menos uma menção à sanha persecutória do império contra o fundador da WikiLeaks.   No entanto, nada encontrou.   Aparentemente as ameaças que pesam sobre Assange e a liberdade de imprensa não preocupam este sindicato.

[*] Jornalista. 

O original encontra-se em medium.com/...   e a versão em francês em www.legrandsoir.info/... 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Portugal tem 15% dos pensionistas em risco de pobreza. E na UE?


País estava em 2017 acima da média da União Europeia, cuja proporção era de 14%. Mulheres têm um maior risco

Um em cada sete pensionistas na União Europeia (14,2%) estavam em risco de pobreza em 2017, mais do que os 13,8% registados no ano anterior. Na verdade, desde 2013 que a proporção tem vindo a aumentar gradualmente, altura em que situava nos 12,6%.

Na maioria dos 27 Estados-membros com dados disponíveis a proporção estava entre os 10% e os 25% em 2017, mostra esta terça-feira o gabinete de estatísticas da União Europeia (Eurostat).

Portugal, especificamente, encontra-se acima da média europeia: 15,1% dos reformados estavam em risco de pobreza. A percentagem de pessoas com um rendimento disponível pelo menos 60% inferior ao rendimento disponível médio nacional (depois das transferências sociais) caiu ligeiramente de 2016 para 2017, após ter estado a aumentar desde 2014 (altura em que registava 12,9%).

Estónia (46%), Letónia (44%), Lituânia (37%) e Bulgária (32%) são os países onde os pensionistas têm um maior risco de cair numa situação de pobreza. Pelo contrário, França (7%), Dinamarca (9%), Hungria (9%) e Luxemburgo (9%) são os que têm uma proporção menor de pessoas nesta situação.

Entre 2010 e 2017, a proporção de mulheres reformadas em risco de pobreza foi superior à dos homens em dois ou três pontos percentuais. Uma diferença que se agrava em países como a Estónia, Lituânia, Bulgária e Letónia.

Já em Malta, Espanha, Itália e Dinamarca a situação é inversa, sendo o risco de pobreza superior nos homens do que nas mulheres.

Maria João Bourbon | Expresso | Foto: Tiago Miranda

Portugal | O PSD entre a troika e o PS


Mariana Mortágua | Jornal de Notícias | opinião

A candidatura de Montenegro expôs o vazio político em que se afunda o PSD. Quando a política falha aos partidos habituados ao poder, o que resta é a intriga que assegura o direito a disputar a próxima oportunidade. Trata-se sempre de estar no sítio certo à hora certa, são assim as regras do rotativismo partidário em Portugal.

A oposição é fraca, a linha política de Rio é incompreensível, e o seu estilo é o que é. Mas nem Rio é o principal problema do PSD, nem Montenegro a solução. Nas eleições de 2015 o PSD já valia menos 10pp que em 2011. Ainda assim, o resultado foi positivamente influenciado pelo mesmo aditivo com que a Direita contou nos anos de agressão e radicalismo liberal: o medo, cuidadosamente fabricado por quem culpou o povo pela crise e repetiu que a austeridade era a única redenção possível.

Era por isso óbvio que a estratégia do PSD não resistiria à demonstração de que, em democracia, há sempre alternativas possíveis. Passos ainda tentou, imbuído de um negacionismo alienado, clamar que o Governo lhe pertencia, mesmo não sendo maioria. Ameaçou e amaldiçoou o país que se atrevia a desprezar o sacrifício pessoal com que tinha sido sacrificado. Mas nada parecia funcionar. Já então a oposição era fraca, a linha política incompreensível, e o estilo de Passos era o que era. Não foi preciso um Rui Rio para a derrota nas autárquicas. Foi o medo que se foi, e com ele o que restava do PSD.

Montenegro não tem mais nada para acrescentar a este vazio. Não tem uma ideia que escape à banalidade, só conhece a política da austeridade, e não vai ser o que não foi. Diz ter chegado para "galvanizar os portugueses", mas em torno de quê? Já sabíamos, quando afirmou que "a vida das pessoas não está melhor, mas o país está muito melhor", que o ex-líder parlamentar de Passos tem alguma dificuldade em identificar sujeitos coletivos abstratos e ler as suas aspirações. Os únicos portugueses que parecem poder ser galvanizados por Montenegro encontraram-se em Belém, para um congresso de inconformados saudosistas da troika, animados pelo sucesso eleitoral das direitas por esse Mundo fora.

Quem agradece as pretensões galvanizadoras de Montenegro é António Costa, que terá mais facilidade em ensaiar o discurso da bipolarização que justifica o pedido de maioria absoluta. No vazio da política, é aqui mesmo que se encontra o PSD, entre o regresso à troika e uma maioria absoluta do PS. Um tem de voltar a ser o que era para que o outro possa ser o que sempre foi. São assim as regras do rotativismo partidário em Portugal.

*Deputada do BE

"Mas que grande desilusão" - disse o macaco...


A parte curta do Expresso a que chamam Curto. Não se iluda, porque não é nada curto, contem badana da semana que pode durar cerca de um mês. Referimo-nos aos assuntos abordados pela palavra escrita da profissional Joana Pereira Bastos, lá do burgo Balsemão.

Desta feita não iremos tecer considerações, mais ou menos consideraveis. Vamos ficar a ver os que lêem sobre as desgraças do país e do mundo. Assim como das coisas boas que acontecem. Acontecem? Quase não damos por isso. Talvez por distração ou por olhar para este mundo e atualidades com olhos de ver.

"Mas que grande desilusão". Disse o Macaco para a macaca, sua companheira, ao observar os humanos que estavam para além da jaula a que chamam civilização. 

Bom dia, talvez. (PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

O ano de Lucília e o futuro de Theresa e Rui

Joana Pereira Bastos | Expresso

Bom dia,

Arranca hoje o novo ano judicial, com uma sessão solene no Supremo Tribunal de Justiça. E está longe de ser um ano qualquer. O último ano judicial desta legislatura é simultaneamente o primeiro da era Lucília Gago e será decisivo para a credibilidade da Justiça em Portugal.

A nova procuradora-geral da República recebeu uma herança pesada ao suceder, num processo muito polémico, a Joana Marques Vidal, que representou uma mudança no combate ao crime económico-financeiro, pondo fim à ideia de que há uma justiça para ricos e para pobres. Foi no mandato de Marques Vidal que se iniciaram as investigações que culminaram em processos contra um ex-primeiro-ministro, José Sócrates, o maior banqueiro do país, Ricardo Salgado, um dos gestores mais bem pagos da economia nacional, Zeinal Bava, um juiz desembargador, Rui Rangel, ou o diretor da Polícia Judiciária Militar, Luís Vieira, só para dar alguns exemplos.

Mas a verdade é que nenhum destes casos chegou ainda à barra do tribunal. E só esse desfecho permitirá aferir realmente a verdadeira eficácia, transparência e competência da Justiça. Para já, nos dois casos importantes que já conheceram uma decisão judicial – e-toupeira e vistos gold – a montanha acabou por parir um rato: à partida, a SAD encarnada nem sequer irá a julgamento (a acusação caiu na fase de instrução, mas o Ministério Público recorreu) e os dois principais arguidos dos vistos Gold, o ex-ministro Miguel Macedo e o ex-diretor do SEF, Jarmela Palos, saíram ilibados. Será um prenúncio para o que acontecerá nos outros grandes casos judiciais? Passaremos “da prisão espetáculo ao espetáculo da absolvição”, como escreveu este sábado no Expresso a procuradora Maria José Morgado? E, se assim for, em quem acreditar: nas certezas do Ministério Público ou nas dúvidas que se tornam inultrapassáveis em tribunal? Faz falta um “videoárbitro para a Justiça”, ironiza o jornalista João Garcia.

Na Operação Marquês, o maior processo de corrupção da história do país, é este ano que, muito provavelmente, ficaremos a saber se José Sócrates vai ou não sentar-se no banco dos réus. Cabe ao juiz Ivo Rosa – que não é propriamente conhecido por assinar de cruz as pretensões do Ministério Público – decidir se há indícios suficientes para levar o ex-primeiro-ministro e os restantes arguidos a tribunal.

A quem já não resta qualquer esperança é ao antigo ministro socialista Armando Vara, que ficou ontem a saber que tem três dias para se apresentar na cadeia para dar início à execução da pena de cinco anos de prisão efetiva a que foi condenado em 2014. Será o primeiro arguido a cumprir pena por tráfico de influência em Portugal.

O combate à corrupção não passará, certamente, ao lado dos discursos que marcarão a cerimónia de abertura do ano judicial, que, além do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, contará com intervenções da nova PGR, do presidente do Supremo Tribunal, que também se estreia nesta ocasião, e da ministra da Justiça. Francisca Van Dunem começou o mandato em estado de graça, mas termina-o este ano sob contestação dos principais operadores da Justiça. Juízes, magistrados do Ministério Público, funcionários judiciais e guardas prisionais estão, estiveram e vão estar em greve, num ambiente de protesto generalizado que é raro, senão mesmo inédito, no sector.

OUTRAS NOTÍCIAS

Hoje é o dia D para o Brexit. Pelas 19h30 tem lugar no Parlamento britânico a votação decisiva sobre o acordoalcançado em novembro entre as instituições europeias e o Governo de Theresa May que define os termos em que será feita a saída do Reino Unido da União Europeia - nomeadamente quanto é que o país ainda tem de pagar ao bloco europeu, o que acontece aos britânicos que vivem num estado-membro e aos cidadãos da UE que residem no Reino Unido ou como evitar a fronteira física na Irlanda, o assunto mais sensível. O The Guardian explica os detalhes do que está em cima da mesa.

O chumbo é o resultado mais provável da votação e o problema é que ninguém sabe o que acontece a seguir. May tem três dias para apresentar um plano b, mas estará, mais do que nunca, debaixo de fogo: os Trabalhistas já prometeram avançar com uma moção de censura e querem convocar eleições, caso o acordo seja rejeitado.

Nos últimos dias, a primeira-ministra britânica dramatizou as consequências de um chumbo no Parlamento, garantindo que, se isso acontecer, o Reino Unido acabará por sair “à bruta” da União Europeia, gerando um caos de dimensões imprevisíveis, ou por nem sequer sair, o que representaria um desrespeito ao resultado do referendo de 2016, causando “danos catastróficos” à confiança dos britânicos na democracia.

Um grupo de deputados europeístas de vários partidos exigiu, entretanto, um segundo referendo como forma de desbloquear o impasse. E perante toda esta incerteza, já há quem compre kits de emergência para sobreviver ao Brexit. Depois de algumas empresas e transportadoras terem alertado para a possível falta de stocks nos supermercados imediatamente após a saída, vendem-se agora caixas que pesam 15 quilos e que incluem mantimentos para um mês…

Se o futuro do Reino Unido se define, em parte, esta tarde, o do PSD traça-se depois de amanhã. Às 17h de quinta-feira - uma hora “de bradar aos céus” nas palavras do presidente da distrital de Lisboa, Pedro Pinto - o conselho nacional extraordinário do partido decidirá, por voto secreto, a moção de confiança que Rui Rio propôs em resposta ao desafio de Luís Montenegro para que aceitasse disputar a liderança do partido, marcando eleições diretas já.

Vem aí a contagem de espingardas e, para já, Rio segue na frente. Montenegro já começou a preparar o discurso para esse cenário, dizendo que a aprovação da moção de confiança não será para si uma derrota, pois o seu desafio foi para diretas e não para um Conselho Nacional. E garante que, se estivesse na posição de Rio, “Sá Carneiro teria aceitado o desafio e convocado eleições”. No Expresso Diário, Martim Silva explica quais são os cinco pontos para perceber a guerra Montenegro vs. Rio e tudo o que vai acontecer no encontro de quinta-feira, que promete ser tão ou mais picante do que os mais picantes dos congressos do partido.

Por falar em picante, a Porto Editora nega que tenha havido censura no caso dos polémicos cortes de um poema de Álvaro de Campos num manual escolar do 12º ano, mas confirma que retirou três versos à "Ode Triunfal" por conterem “linguagem “explícita”, relacionada com a “prática da pedofilia”. A decisão, noticiada domingo pelo Expresso, foi recebida com incredulidade e crítica pelas associações de professores de Português. A “Ode Triunfal” é um “texto canónico, uma referência” que não pode ser truncadadesta forma, dizem. O Expresso descobriu entretanto mais um manual onde os versos foram omitidos.

O Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e outros nove hospitaisde todo o país não têm condições para receber voos noturnos de emergência médica, do INEM ou da Força Aérea, por não terem heliportos com os requisitos necessários. A notícia é avançada pelo JN (apenas na versão digital paga).

Já o Hospital de Egas Moniz, também em Lisboa, sofreu um roubo milionário, conta o Correio da Manhã. Dez aparelhos médicos de gastroenterologia, no valor de 300 mil euros, desapareceram de um gabinete médico com acesso restrito.

O IRS surpreendeu reformados ao cortar algumas pensões. Este mês houve pensionistas que receberam menos e que, sem recibo, dizem não perceber porquê.

Cerca de um quarto dos trabalhadores de baixa por doençaque foram chamados a juntas médicas foram considerados aptos para trabalhar, o que não significa que sejam situações de fraude, ressalva o ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva.

Foi precisamente à porta do Ministério de Vieira da Silva que ontem se registaram momentos de tensão, com dezenas de bombeiros sapadores a tentarem invadir as instalações em protesto contra as regras de progressão na carreira, os salários e a idade de reforma, barrando a entrada no Ministério e impedindo a circulação na zona da Praça de Londres, em Lisboa.

De oficioso a oficial: Bruno Lage foi confirmado treinador do Benfica. Em comunicado à CMVM, o clube confirmou que o antigo treinador da equipa B assume a formação principal da Luz. "A primeira opção é este senhor que está aqui ao meu lado: Bruno Lage", disse ontem Luís Filipe Vieira, garantindo não ter contactado mais nenhum treinador. Mas é difícil acreditar. Lage finge que sim e agarra-se aos feelings: "Os jogadores não têm dito nada, mas eu senti logo no olhar dos jogadores. São os tais feelings. Olhei para eles e senti que ia ser o líder deles e as coisas têm seguido de uma forma muito natural”. Foi assim, com olhares e feelings, que Bruno oficialmente substituiu Rui (Vitória).

De Espanha chega uma história angustiante. Um menino de dois anos está preso desde domingo num poço com 110 metros de profundidade e apenas 20 centímetros de diâmetro. O incidente ocorreu na Serra de Totalán, no sul do país, e as equipas de resgate, constituídas por mais de uma centena de operacionais, tentam três alternativas para salvar a criança. Em 2017, os pais já perderam um filho de três anos, vítima de ataque cardíaco.

MANCHETES

Público: O caso da Ode Triunfal: Alunos de 17 e 18 anos não podem ler o poema?

Jornal de Notícias: Hélis de emergência proibidos de aterrar durante a noite em dez hospitais

Correio da Manhã: Assalto milionário a hospital

I: Como vai ser o dia-a-dia de Armando Vara na prisão de Évora

Jornal de Negócios: IRS deixa reformados com cortes nas pensões

FRASES

“Quando os livros de história forem escritos, as pessoas vão olhar para a decisão desta Câmara e perguntar: ‘Salvaguardámos a nossa economia, segurança e união ou desiludimos o povo britânico?’”

Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido, sobre a votação decisiva que decorrerá hoje na Câmara dos Comuns

"Se Sá Carneiro estivesse na minha posição faria o mesmo",

Luís Montenegro, candidato à liderança do PSD

“Disseram-me que isto era um polvo”

Capitão Orlando Pinheiro, um dos 68 arguidos no processo de corrupção nas messes da Força Aérea, em alusão ao esquema de sobrefaturação que vigorava entre militares e fornecedores e que era visto como “uma situação normal de há muitos anos”

“Tenho 41 anos, sou pai, apesar de muita gente me tratar como um rapaz”

Bruno Lage, treinador do Benfica

O QUE ANDO A VER

A Casa que Jack Construiu, de Lars von Trier

Maltratado pela crítica nacional, mas aplaudido lá fora, classificado como “obra-prima única e exaltante” (Le Monde) e eleito como um dos filmes do ano, a última longa-metragem do polémico realizador dinamarquês conta a história de um serial-killer (Matt Dillon), narrada a partir de cinco “incidentes” que o psicopata descreve como obras de arte, num longo diálogo reflexivo que mantém com Verge, a versão moderna do poeta romano Virgílio que conduz Dante pelos círculos do inferno. Ao contrário do que escreveu Jorge Leitão Ramos no Expresso, é, na minha opinião, um filme que vale bem a pena ver.

O QUE ANDO A LER

A verdade sobre o caso Harry Quebert, de Joel Dicker 

Se no caso do filme não concordo com grande parte da crítica publicada por cá, no caso deste livro subscrevo-a inteiramente. Estando longe de ser uma pérola da literatura ou uma obra inesquecível, é um thriller bem contado e que dá muito gozo ler, sobretudo para quem gosta de policiais e para quem tem saudades da trilogia Millennium, do falecido jornalista sueco Stieg Larsson. A história do misterioso desaparecimento, em 1975, de uma jovem de 15 anos numa pequena e pacata vila costeira norte-americana e do aparecimento do seu cadáver, mais de 30 anos depois, no jardim de um dos mais conceituados escritores do país é um thriller que se devora rapidamente, capaz de “deixar pessoas acordadas toda a noite”, como refere a crítica publicada no Expresso. E eu, com olheiras, confirmo.

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