sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Portugal | 45 anos de negação


"A Opinião" de Fernanda Câncio, na Manhã TSF

"O meu filho está num colégio privado e, às vezes, chega a casa a contar que lhe chamaram «preto». Até já fui à escola por causa disso. É o único negro lá. A minha filha agora está na escola pública e deixou de sentir isso, porque há lá mais negros." Estas frases não são de um dirigente do SOS Racismo. Não são de Mamadou Ba, homem que, nas últimas semanas, tanta gente decidiu odiar. Não são sequer de uma pessoa de esquerda. São de um deputado do CDS, o único deputado negro no parlamento português, Hélder Amaral, numa entrevista que lhe fiz para o Diário de Notícias, em 2015.

Amaral nasceu em Angola, há 51 anos, e veio para Portugal com 6 anos, para uma aldeia do Norte, onde a sua família era a única negra. Não me falou do que foi crescer assim. Mas falou do que é para os seus filhos, quatro décadas depois: "O que mais me choca é eles sofrerem com isso."

Hélder Amaral não vive no bairro da Jamaica. Nem num bairro social. Não é pobre. Anda de fato e gravata, frequenta aquilo a que se dá o nome de «corredores do poder». Mas isso não o impede de ver os seus filhos sofrer por serem negros. Como não o impediu de sofrer quando o viram a acompanhar Paulo Portas e o trataram, conta, como se fosse o segurança ou o motorista.

Talvez como forma de defesa, de negação ou por a questão da discriminação racial não ser um tema para o seu partido, Amaral nunca a abordou na sua actividade política. Daí que, quando decidi ligar-lhe para lhe pedir uma entrevista, não soubesse bem como dizer-lhe qual o tema: ser o único deputado negro.

Fiquei surpreendida quando me agradeceu-me dar-lhe oportunidade de falar do assunto. Porque, disse, "acho que é preciso chamar a atenção."

Chamar a atenção, explicou, para o facto de o Parlamento "representar ou dever representar toda a variedade da sociedade portuguesa" - e, no entanto, não ter mais negros. Chamar a atenção para "o tratamento diferenciado", e não no bom sentido, de que se sente alvo. Para os momentos de desânimo em que diz a si mesmo: "Vou para casa, já foi uma sorte chegar aqui."

Chamar a atenção para a invisibilidade, para a ausência de representação dos negros portugueses, para o sentimento de não serem portugueses: "Tem tudo a ver", diz, "com a invisibilidade". "Há um longo caminho a fazer em termos de integração. Basta olhar para a TV. Aparecem de vez em quando uns negros nas novelas... Mas pivôs negros, há algum? Os miúdos negros não se sentem representados."

Ao ouvir esta semana a entrevista que Mamadou Ba deu a Daniel Oliveira, no podcast 'Perguntar Não Ofende', dei-me conta de como tanto do que ali diz coincide com o que o deputado centrista Hélder Amaral me disse em 2015.

Ambos denunciam a existência de um racismo estrutural no país. Ambos dizem que Portugal é racista e é preciso falar disso. Se dizem de Mamadou que é radical, terão de o dizer também de Amaral. Se acusam Mamadou de se vitimizar, terão de acusar o deputado do CDS do mesmo.

Ou talvez se possa olhar para estes dois homens, um do Bloco e outro do CDS, e concluir que é possível que saibam mais sobre discriminação racial do que quem faz parte da maioria branca. Que é altura de esta democracia com quase 45 anos deixar de fingir que não vê cores.

*a autora não escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

Operação Fizz: MP investiga ação de Proença de Carvalho no caso de ex-procurador


O Ministério Público instaurou um inquérito para investigar a alegada participação do advogado Proença de Carvalho e do banqueiro angolano Carlos Silva no caso Operação Fizz, após participação do arguido e ex-procurador Orlando Figueira.

“Confirma-se a receção de uma participação, a qual deu origem a um inquérito", informou o gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República, a propósito do requerimento apresentado pela defesa de Orlando Figueira para que fosse aberto um procedimento criminal contra o advogado Proença de Carvalho, por falso testemunho e outras questões.

Durante o julgamento, Carla Marinho, advogada oficiosa do ex-procurador, que foi condenado a seis anos e oito meses de prisão, também pediu que fossem entregues ao tribunal as faturas de pagamento dos honorários do primeiro advogado de Orlando Figueira, Paulo Sá e Cunha, a quem o arguido diz ter pago 10 mil euros, adiantando que a restante verba seria paga pelo banqueiro do Banco Privado Atlântico (BPA) Carlos Silva, por intermédio de Proença de Carvalho, versão que a testemunha negou.

Orlando Figueira insistiu sempre na tese de que tinha sido contratado por Carlos Silva para ir trabalhar como assessor jurídico para Angola, depois de ter saído do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e que o cancelamento do seu contrato de trabalho foi efetuado pelo advogado Proença de Carvalho.

Ouvidos como testemunhas em julgamento, Carlos Silva e Proença de Carvalho negaram tais factos.

Nas alegações finais do julgamento, também a procuradora da Operação Fizz Leonor Machado disse que iria extrair certidões contra o banqueiro e o advogado Daniel Proença de Carvalho, devendo esses atos processuais ocorrer juntamente com o recurso do Ministério Público relativo ao acórdão.

Carlos José da Silva é presidente do banco Privado Atlântico e pertenceu ao Conselho de Administração do Millenium/BCP.

Na versão de Orlando Figueira, Daniel Proença de Carvalho foi o advogado que tratou da rescisão do contrato de trabalho do ex-procurador Orlando Figueira.

Orlando Figueira foi condenado a 07 de dezembro do ano passado a seis anos e oito meses de prisão e o advogado Paulo Amaral Blanco a quatro anos e quatro meses de prisão com pena suspensa no âmbito do processo Fizz.

Os juízes deram como provado que o ex-magistrado do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) cometeu corrupção passiva qualificada, branqueamento de capitais, violação do segredo de justiça e falsificação de documentos, condenando-o ainda a proibição de funções na magistratura durante cinco anos.

O tribunal considerou ainda que durante o julgamento ficou provado que Paulo Amaral Blanco foi coautor nos crimes de corrupção ativa, branqueamento de capitais e violação de segredo de justiça, condenando-o a quatro anos e quatro meses de cadeia com pena suspensa.

A notícia sobre a abertura do inquérito pelo MP foi avançada pela RTP que transmite hoje uma entrevista com o ex-procurador.

Lusa | em Diário de Notícias

Angola: População do Cunene aterrorizada com tráfico de órgãos e de seres humanos


Padre católico angolano Félix Gaudêncio disse que população do Cunene, "está assustada" com relatos" de traficantes de seres humanos, sobretudo crianças.

O padre católico angolano Félix Gaudêncio disse esta quarta-feira (30.01.) à agência de notícias Lusa, que a população da província do Cunene, no sul de Angola, "está assustada" com os "crescentes relatos" de traficantes de seres humanos, sobretudo crianças, quatro dos quais já detidos pela polícia.

"O quadro é de medo, a população está mesmo com medo, em pânico, porque se trata de uma população que, anteriormente, acolhia muitas pessoas, orientava quem estivesse perdido, mas hoje em dia há esse receio de orientar ou acolher estranhos", disse o padre Gaudêncio. 

A polícia da província do Cunene deteve quatro supostos traficantes de seres humanos, que tentavam aliciar crianças, situação que preocupa os moradores.

"Nas imediações do mercado Chamucuio [em Ondjiva, capital da província], foram detidos quatro supostos traficantes de seres humanos", no último fim-de-semana, na sequência de denúncias da população de que estariam a "aliciar crianças" com guloseimas, com o objetivo de as "levar para a Namíbia", país vizinho, relatou o comandante da polícia local, Tito Munana, à imprensa local. Após a audição dos quatro suspeitos, a polícia está "no encalço de mais uma senhora, que é a suposta mandante do grupo", referiu o responsável.

Mais policiamento

Diante do facto, que agitou a população de Ondjiva, os moradores e vendedores do Chamucuio manifestaram-se "apreensivos e aterrorizados" com a situação, e pedem "maior policiamento", afirmando temer que o "pior aconteça com as crianças" da localidade.

Esta quarta-feira, o também presidente da Associação Ame Naame Omuno, de defesa e promoção dos direitos humanos na província, defendeu ainda o "reforço do policiamento" no seio das comunidades, afirmando que o tráfico de seres humanos na província "é uma prática antiga". "Porém, agora ganha maior visibilidade por causa dos meios de comunicação e por causa do mediatismo, então, isso é uma realidade porque chama muito a atenção o facto de aparecerem pessoas assim mortas, de vez em quando", bem como "aparecerem pessoas a dizerem que estavam a ser aliciadas para serem levadas para a Namíbia", concluiu.

Em dezembro de 2018, um vídeo publicado nas redes sociais apresentava um suposto autor confesso desses crimes, relatando como terá matado uma mulher, a quem terá retirado os órgãos, que foram levados para a Namíbia.

Questionado sobre o assunto, o também delegado do Ministério do Interior de Angola no Cunene, Tito Munana, deu conta que as autoridades judiciais "ainda não provaram se os relatos do suposto traficante do vídeo divulgado eram verdadeiros".

"Preocupante situação de seca e fome" no Cunene

O padre Félix Gaudêncio lamentou, por outro lado a "preocupante situação" da seca e fome, na província angolana do Cunene, que afeta milhares de pessoas, defendendo "soluções urgentes" como construção de reservatórios de água.


O padre católico deu conta que "maior parte" daquela província angolana, está afetada pela seca e "sem qualquer perspetiva" para o início do ano agrícola, "agudizando a carência de comida e água" para o consumo humano e dos animais.

"As perspetivas não são boas, na medida em que, normalmente, a esta altura as lavras estariam já verdes e teríamos já uma noção do que seria o ano agrícola, mas o que está a acontecer este ano é exatamente o contrário", disse. "É que até agora, temos pessoas que não cultivaram por falta de chuvas", adiantou.

Governo avalia situação

Entretanto, uma delegação multissetorial chefiada pelo ministro da Administração do Território e Reforma do Estado de Angola, Adão de Almeida, visitou na segunda e terça-feira (28/29.01)  a capital do Cunene, Ondjiva, para avaliar a situação da seca na região.

Adão de Almeida assumiu que a situação da província "é crítica, desafiante e exige mais pragmatismo", apontando entre as medidas a "reparação e abertura de furos de água" para atender as populações das zonas "mais críticas".

Abertura de furos de água não é suficiente

Para o padre Félix Gaudêncio, também presidente da Associação Ame Naame Omuno, de promoção e defesa dos direitos humanos, a abertura de furos de água "é uma alternativa viável mas insuficiente", defendendo também a "construção de 'chimpacas' [reservatórios]" de água.

"Acho que os furos não seriam suficientes, mas poderíamos apostar mais em 'chimpacas', encontrar alternativas que se adaptem à maneira de viver da população, porque um furo que fica a 10 quilómetros para lá as pessoas chegarem é difícil", sublinhou.

O líder da "Ame Naame Omuno", que na língua angolana Kwanyama significa "também sou pessoa", considera que uma outra alternativa para acudir à situação do Cunene seria as autoridades angolanas perceberam a experiência da vizinha República da Namíbia.

Segundo as autoridades, mais de 280.000 pessoas estão afetadas pela seca na província angolana do Cunene.

Agência Lusa, ar | Deutsche Welle

Angola | Palavras e o vento


Luciano Rocha | Jornal de Angola | opinião

O luandense está farto de promessas vãs, façam elas parte de anúncios de intenções ou ditas a despropósito de qualquer coisa, com palavras ocas para deleite de quem as pronuncia.

O luandense comum “já não vai em cantigas.” Como quem diz, deixou de acreditar em anúncios de intenções. Porque se cansou de os ouvir sem ver resultados. 

A  chamada “Operação Resgate” na capital do país - e no resto da província que lhe herdou o nome - está, desde o início, condenada ao fracasso. Por ter sido anunciada sem estarem reunidas as condições para começar. Por isso, Luanda é hoje o que era na altura. Por culpa de quem?   Dos responsáveis de vários sectores municipais, distritais, provinciais, bem como da Polícia Nacional. Porquê? Por terem querido “ser mais papistas do que o Papa.” Apresentaram-se como velocistas sem perceberem que se tinham metido numa prova que é mescla de maratona, obstáculos e corta-mato. Sem, sequer, se darem ao trabalho de conhecer o percurso. 

O pior é continuarem sem reconhecer falta de  fôlego para tais andanças e a fazer promessas. “Palavras leva-as o vento”, afir-ma-se. Que pena não os levarem a eles também. E para bem longe.

Direitos das mulheres guineenses violados por não terem acesso a propriedade das terras – ONG


A impossibilidade de as mulheres da Guiné-Bissau não terem acesso à propriedade de terras agrícolas é uma das principais violações dos direitos humanos no país, segundo um estudo da organização não-governamental guineense Tiniguena.

Segundo o estudo, as mulheres guineenses são as que mais trabalham na agricultura, mas apenas em terras emprestadas ou de concessão temporária.

A conclusão é do sociólogo Miguel de Barros, secretário executivo da Tiniguena, uma das mais destacadas organizações não-governamentais em questões de proteção e conservação do meio ambiente.

A ONG produziu recentemente um estudo e concluiu que "a mulher é discriminada e impedida de ter a posse da terra" sem que o Estado guineense faça algo que traga a justiça, disse Miguel de Barros.

O estudo da Tiniguena considera que "quase tudo o que se come" na Guiné-Bissau é produzido pelas mulheres, sobretudo as do mundo rural, e que no dia em que saírem da atividade produtiva a própria economia do país morre.

"A mulher guineense é a principal motora de vida das nossas comunidades. Se tirarmos hoje a mulher da economia é o próprio Estado que vai à falência", observou Miguel de Barros, desafiando as autoridades a terem um outro olhar sobre as mulheres produtoras.

O sociólogo considera inaceitável que se continue a aceitar que a mulher não seja proprietária da terra - que é dada em regime de empréstimo ou de aluguer - quando na realidade é a principal utilizadora das mesmas para produção e geração de riqueza.

"Uma das maiores violações dos direitos na Guiné-Bissau é a falta do reconhecimento de que a mulher também é dona da terra onde trabalha", defendeu Miguel de Barros, que denunciou o facto de a mulher ter que dar conta ao marido sobre os resultados do que produz "nas terras alugadas".

Para Miguel de Barros, deve constituir tarefa principal da Guiné-Bissau respeitar, valorizar, reconhecer e proteger os interesses da mulher no uso e posse da terra, sob pena de continuar a potenciar uma sociedade de instabilidade, disse.

"Se a mulher não estiver bem, a família não estará boa, logo a sociedade não estará boa, assim virá a instabilidade e de lá chegará facilmente a violência no país", afirmou o responsável da Tiniguena.

Segundo Miguel de Barros, as sociedades mais pacíficas são as que têm resolvido a sua relação com a mulher, de ponto de vista dos seus direitos, precisou, para chamar a atenção das autoridades e das próprias lideranças femininas sobre um trabalho que disse ser urgente.

Citando ainda o estudo da Tiniguena, Miguel de Barros realçou que 30% das meninas em idade escolar na Guiné-Bissau não entram para a escola e as que são matriculadas não terminam sequer o sexto ano.

"Simplesmente são dadas em casamento, chegadas a certa idade", declarou o sociólogo, frisando que chegam a ser "trocadas" por pedaços de terras como dote, mas que acabam por não lhes pertencer na realidade.

Trabalhando naquelas terras, o destino a dar ao resultado do trabalho é determinado pelo marido e em caso de morte a filha não tem direito à herança das terras e se o marido morre é o irmão do defunto que fica com a posse das mesmas, explicou Miguel de Barros.

Lusa | em Diário de Notícias

Cabo Verde | PAICV acusa o Governo de querer utilizar fundos alheios para financiar o Fundo Soberano


Cidade da Praia, 01 Fev (Inforpress) – O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) acusou hoje o Governo de querer utilizar os fundos alheios e o endividamento para financiar o Fundo Soberano com o mero intuito de cumprir uma promessa eleitoral.

Em conferência de imprensa hoje, na Cidade da Praia, o secretário-geral do PAICV, Julião Varela, disse que nesta questão constata-se uma “grande falha” do Estado que não programou o cumprimento tempestivo de compromissos decorrentes da lei, com impacto negativo na credibilidade do soberano.

“A falha vem desde o anterior Governo do MpD em que Ulisses Correia e Silva, actual primeiro-ministro, era ministro das Finanças, pois, a lei do Trust Found não chegou a ser completada com a regulamentação sobre a aquisição dos Títulos Consolidados de Mobilização Financeira, TCMF), disse.

Conforme indicou, esta questão devia ter sido obrigatoriamente tratada no orçamento do Estado de 2018, já que os títulos venciam no decurso do ano, mais concretamente em Agosto.

“Ao contrário, vem-se assistindo a uma lamentável manifestação de irresponsabilidade e incompetência no tratamento do assunto pelo Governo que começou por ligar a resolução do problema à constituição de um Fundo Soberano de Garantia. Ora, por esta via a solução parece inviável”, disse Julião Varela.

Segundo explicou, não tendo o Estado resgatado os títulos como estipulava a Lei nº 69 e 70/V/98, cuja data de vencimento ocorreu a 18 de Agosto de 2018, esses recursos não pertencem ao soberano, mas sim aos seus donos que são o BCV, o BCA e outras instituições.

“Nem o BCV, por razões legais, nem o BCA, por limitações na assunção de risco, poderiam satisfazer as pretensões do Governo. Tanto assim é que o Governo acabou de anunciar a compra da parte referente ao BCA”, frisou.

Entretanto, indicou que contra todas as expetactivas vem agora Governo, através de um diploma regulamentar, “de forma atabalhoada e incoerente” anunciar a aquisição dos TCMF financiada com recurso à emissão de dívida pública.

“Para onde quer este Governo levar o País em termos de endividamento que em três anos aumentou de 200 para 247 mil milhões de contos e que já mereceu um veemente reparo do Grupo de Apoio Orçamental”, questionou.

Por outro lado, acusou o Governo de estar a agir em causa própria, enquanto devedor, servindo-se das suas prerrogativas enquanto legislador para pôr em causa os interesses dos credores.

“De um lado o Governo fixa unilateralmente os termos para a emissão de títulos para o financiamento da aquisição e por outro determina as condições para a negociação da troca de títulos com os credores”, sustentou.

Uma situação que na perspectiva do PAICV não favorece o desenvolvimento do mercado da dívida, uma vez que se pretende fazer a colocação dos títulos fora do mercado, penalizando fortemente os credores e prejudicando o desenvolvimento do mercado financeiro.

Conforme o anúncio do vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, o Fundo Soberano vai ser dotado de 90 milhões de euros. Questionado como o mesmo vai ser capitalizado, Olavo Correia limitou-se a dizer que o Governo tem uma “solução inteligente” para solucionar esse problema.

O secretário-geral do PAICV disse que o partido e a sociedade estão expectantes para ver essa solução, esperando que seja uma criatividade que não viole as leis do país, nomeadamente a orgânica do Banco de Cabo Verde (BCV) e a própria lei que constituiu o Trust Found.

“Os fundos do Trust Found e das TCMF não pertencem ao Estado, e o Estado se quer constituir um Fundo Soberano terá que ter fundos próprios como acontecem em outros países em que os fundos soberanos são constituídos com excedentes nomeadamente da venda dos recursos naturais como o petróleo e os minérios”, sustentou.

MJB/FP | Inforpress

Cabo Verde | Governo afirma que é chegado o momento de se avançar com a regionalização


Cidade de Praia, 01 Fev – (Inforpress) – O Governo afirmou hoje em declaração política, no Parlamento, que é chegada o momento de se avançar com a Regionalização, justificando que os políticos “não têm o direito de adiar eternamente esta mudança fundamental para o desenvolvimento e progresso do país”.

A declaração política foi feita pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Fernando Elísio Freire, que recordou que há vários anos que a Regionalização é um tema debatido em Cabo Verde, desde os modelos às formas de financiamento, porque a natureza dividiu Cabo Verde em ilhas, com especificidades geográficas, orográficas, produtivas e económicas próprias, “mas unidas na cultura homogénea que o faz uma nação una e indivisível”.

O governante referiu que já foram feitos vários fóruns internacionais promovidos por todos os partidos e governos e todos foram unânimes na necessidade de regionalizar para que Cabo Verde que se tenha “um desenvolvimento de forma harmoniosa e sustentada cada ilha”.

Segundo Fernando Elísio Freire, perante este cenário, há dois caminhos. “Assumir sem ambiguidades a implementação de uma reforma que contribuirá para a autonomia e o desenvolvimento das nossas ilhas ou colocar os interesses conjunturais e partidários à frente do interesse nacional”, destacou garantindo que o Governo e o Parlamento escolheram o interesse do país ao aprovarem o diploma na generalidade.

O ministro garantiu que com a regionalização “não se pretende apenas desconcentrar serviços e tarefas do Estado, mas sim repartir uma parte do poder, o poder político e administrativo -entendido como poder de opção e ação na afetação de recursos para a promoção do desenvolvimento humano do país -, entre o Estado, as regiões e os municípios”.

Fernando Elísio Freire lembrou, entretanto, que o grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) tem uma proposta que deve ser levada em conta assim como as sugestões dos deputados da União Cabo-verdiana Independentes e Democrática (UCID).

Por isso reiterou a disponibilidade de em sede das comissões especializadas “elaborar uma proposta única e apresentar ao plenário para votação na especialidade até final do mês de Fevereiro ou no máximo início do mês de Março.” Isto na linha de outros consensos que obtiveram em outras matérias.

“Temos agora todas as condições para, num quadro de diálogo e abertura de espírito dotar Cabo-Verde de uma lei de regionalização e abrir o caminho para a libertação das energias positivas de cada uma das ilhas”, apelou.

Ao intervir a esse propósito, o líder da bancada do PAICV (oposição), Rui Semedo alertou que a Regionalização é uma questão séria que deve ser e merecer um tratamento sério. Mas que a maioria tem dado sinais de “falta de vontade de construção de consenso nesta matéria”.

O primeiro sinal disso, apontou, foi propor o agendamento à revelia das outras partes sem as negociações necessárias. O segundo, acrescentou, foi ignorar que o PAICV também tinha uma proposta num determinado momento e o terceiro foi a “manobra” de convocar a comissão especializada com todos os deputados para consensualizar, “ignorando a comissão paritária”.

“O PAICV é favorável para que haja mais poder para as ilhas, mais recursos para as ilhas, mais acesso às oportunidades, igual oportunidade de tratamento de todas as ilhas, de todos os cabo-verdianos, melhor democracia com maior qualidade, mais desenvolvimento e menor assimetria nas ilhas. O PAICV continua fiel a este princípio,” lançou realçando que o PAICV defendeu a regionalização no passado, colocou um conjunto de ideias em cima da mesa, mas acha que “há espaço de diálogo que tem que ser privilegiado sem qualquer tipo de manobra”.

Por seu turno, o líder parlamentar do MpD, Rui Figueiredo Soares, felicitou o Governo pela iniciativa de levar esta questão ao Parlamento, dizendo que tal demostra a boa vontade, o bom senso e o empenho do Governo em que a lei da Regionalização seja aprovada pela Assembleia Nacional.

“O Governo não poderia ser mais claro quanto às suas intenções de encontrar as melhores soluções para o país estribadas nas aspirações das nossas populações mas também tendo em conta as contribuições úteis dos partidos políticos do grupo parlamentar do PAICV e dos deputados da UCID”, defendeu lembrando que “esta será de facto a grande reforma do Estado que podem fazer”.

Entretanto, a UCID, liderado por António Monteiro, atestou que “o MPD falhou redondamente” na condução do processo. Isto, porque conforme António Monteiro, ao agendar da forma como foi “de forma unilateralmente” a questão para debate “criou alguma confusão na cabeça dos deputados” e foi “areia na engrenagem deste processo”.

“Nós estamos a tratar de um assunto que exige dois terços e é preciso criar e limpar todas as possíveis arestas existentes para que as coisas possam fluir de forma tranquila e esse agendamento precipitado criou aqui uma grande confusão”, criticou dizendo que a UCID não é de todo 100 por cento favorável a este tipo de Regionalização, mas sim a política, pelo que votará favoravelmente se houver abertura para acolher as sugestões do partido.

CD /FP | Inforpress

EUA - UE | A DESFAÇATEZ IMPERIAL


A desfaçatez imperial atingiu níveis inéditos com o não reconhecimento do governo venezuelano agora reeleito. Washington erige-se assim em árbitro universal de legitimidades governativas. 

Nem mesmo no golpe da Ucrânia e nos vários países submetidos às revoluções "coloridas" chegaram a isso. 

Dos dois lados do Atlântico os vassalos do sr. Trump correm pressurosos a manifestar-se no mesmo sentido. A vocação servil está na alma da UE, dos seus comissários e dos seus acólitos lusitanos (como a eurodeputada Ana Gomes, do PS). A UE desce assim ao nível de títeres como os presidentes da Colômbia, do Brasil, do Paraguai e de Honduras. 

É imperioso defender a Venezuela contra esta campanha orquestrada pelo NED, CIA & Departamento de Estado. Tal como no Chile de 1973, trata-se de uma campanha multifacética: de sabotagem económica, financeira, diplomática, terrorista e militar. 

Os EUA e a UE não querem qualquer democracia na Venezuela mas sim roubar


Vivi na Venezuela meio ano e regressei três vezes em diferentes períodos. Estive em 2008, em 2010, em 2015 e há dois meses atrás. Portanto, duas vezes com Hugo Chávez e duas vezes com Nicolás Maduro. Percorri diferentes regiões do país, frequentei aulas na Universidade Central da Venezuela, em Caracas, assisti a diferentes actos eleitorais, participei em manifestações chavistas, vi protestos da oposição, conversei com comunistas, socialistas, trotskistas, anarquistas, social-democratas, neoliberais e fascistas, dei-me com indígenas, mestiços, africanos, europeus e árabes, conheci gente pobre e gente rica, estive com embaixadores, ministros, deputados e autarcas, convivi com militares, sindicalistas e empresários. Visitei as zonas ricas de Caracas com os seus apartamentos luxuosos e vivendas abastadas cercados de arame electrificado, câmaras de videovigilância e guardas armados. Passei muito tempo nas favelas construídas nas encostas das montanhas que cercam a capital da Venezuela.

Devido à quebra dos preços do petróleo no mercado internacional do qual depende a maioria da economia venezuelana rebentou uma crise que afectou outros países petrolíferos. As consequências sociais de uma crise à qual se somou um conjunto de sanções e bloqueios impostos pela União Europeia e Estados Unidos deram esperança às potências que sempre ambicionaram as maiores reservas de petróleo do mundo. Depois de uma década em que a Venezuela avançou em todos campos - erradicação do analfabetismo, democratização do acesso à saúde, construção de habitação social para 2 milhões de habitantes, supermercados do Estado com produtos a preços controlados - Washington e Bruxelas decidiram investir todas as cartas na subversão. Apertam o pescoço à Venezuela e dizem-nos que o problema é dos pulmões. 

A oposição que tem partidos legais, que tem jornais, que tem canais de televisão, que faz manifestações legais, que tem cartazes e outdoors e que tem eleitos diz que é uma ditadura. Sempre que há eleições e perde, a oposição venezuelana diz que as eleições não são livres. Quando ganha reconhece-as sempre. Aliás, que as ganhe já significa que as eleições são livres. Agora, os Estados Unidos decidiram impor como presidente um tipo que até anteontem poucos conheciam na Venezuela, que pertence a um partido que não participou nas eleições presidenciais porque não quis. O que querem que acredites é que o legítimo presidente da Venezuela é Juan Guaidó que não recebeu um único voto para presidente da Venezuela e não Nicolás Maduro, eleito por 67% dos votos. Depois do Iraque, do Afeganistão, da Líbia e da Síria, se calhar já estava na hora de abrirmos os olhos. Os Estados Unidos e a União Europeia não querem qualquer democracia senão já teriam bombardeado a Arábia Saudita. O que querem é um novo banho de sangue porque estão interessados nos recursos da Venezuela: petróleo e ouro. Basta de que façam de nós lambe-botas dos interesses das grandes potências. É o povo venezuelano que deve resolver os seus problemas internos e escolher o seu próprio futuro sem ingerências externas.

Bruno Carvalho, Manifesto 74 | em Tirem As Mãos Da Venezuela

*Título da responsabilidade de PG

Apoio popular permanente ao presidente legítimo da Venezuela


Caracas, 31 jan (Prensa Latina) As forças populares leais à Revolução bolivariana mantêm hoje as manifestações de apoio permanente ao presidente legítimo da Venezuela, Nicolás Maduro, diante do golpe de Estado em desenvolvimento promovido pelos Estados Unidos.

O governador do estado de Falcón, Víctor Clark, assegurou ontem que o povo permanecerá nas ruas para respaldar o governante venezuelano, frente às tentativas de Washington de instaurar um governo paralelo no país, novos ataques à economia e os riscos de intervenção.

Clark sublinhou que ninguém pode impor à força um presidente aos venezuelanos, que farão valer a decisão emanada das urnas em 20 de maio de 2018, quando Maduro foi eleito para um segundo mandato com o apoio de mais de 67 por cento dos votos.

O estado de Barinas também acolheu uma grandiosa manifestação popular em repúdio à ingerência de governos estrangeiros e às agressões contra a ordem democrática e institucional, além de reiterar o apoio ao chefe de Estado.

Respaldamos o presidente constitucional Nicolás Maduro, eleito pela grande maioria do povo da Venezuela, destacou o governador dessa demarcação, Argenis Chávez.

Afirmou que as forças populares dessa região saíram às ruas com clareza, consciência e alegria para defender a paz e repudiar as pretensões do governo norte-americano de se apoderar das riquezas da nação sul-americana, em referência às novas sanções contra a indústria petroleira.

Durante o restante da semana prosseguirão as manifestações de apoio ao presidente legítimo da Venezuela em todo o território nacional, incluída a marcha convocada para o próximo sábado em Caracas em celebração aos 20 anos da chegada ao poder da Revolução bolivariana.

agp/wup/mm/gdc

Autoridades venezuelanas alertam sobre campanha midiática da direita


Caracas, 31 Jan (Prensa Latina) O presidente da Assembléia Nacional Constituinte (ANC) da Venezuela, Diosdado Cabelo, denunciou a campanha midiática da direita que procura distorcer a realidade do país, destacam hoje meios locais.

'O Twitter e as redes sociais são uma grande força, uma fortaleza. Hoje nosso povo de qualquer lugar, notifica, transmite, manda. Vou pedir-lhes nunca retransmitir o que a oposição escreva', afirmou nesta quarta-feira o dirigente em seu habitual programa Com o Mazo Dando.

O palco midiático soma-se à pressão política e econômica do contexto venezuelano, no meio do golpe de Estado em desenvolvimento que protagoniza a direita nacional com o apoio do governo estadounidense.

'Não nos alarmemos nós mesmos, não corramos informação que não é correta. Devemos dizer a verdade sempre', insistiu Cabelo.

Por sua vez, a primeira vice-presidenta da ANC, Tania Díaz, desestimulou qualquer rumor sobre o suposto recrutamento militar de menores de idade, divulgado através das redes sociais.

'A Revolução bolivariana tem um projeto humanista, solidário e amoroso que respalda em primeiro lugar os meninos, adolescentes e jovens', enfatizou a deputada constituinte em entrevista de imprensa.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, também fez questão da necessidade de respeitar a realidade venezuelana frente à matriz de opinião que pretende posicionar como caótico o contexto da nação

Em um video publicado na rede social Twitter, o chefe de Estado chamou para acordar a consciência e solidariedade da sociedade norte-americana para enfrentar Donald Trump e os extremistas que o rodeiam.

'Vamos pela via da diplomacia, da paz, peço respeito com a Venezuela e peço o apoio do povo dos Estados Unidos para que não tenha um novo Vietnã em nossa América', sentenciou Maduro.

tgj/ebr/jcfl/gdc

Portugal | O depósito da Caixa Geral


Miguel Guedes | Jornal de Notícias | opinião

Assim mesmo, à força. À descarada, à frente de todos nós, dentro do Estado e com o Estado na lapela, rubor de distinção, tropa de elite de abutres. Há uma abissal diferença entre o vulgar carteirista e o devedor de milhões à Caixa Geral de Depósitos (CGD), furto individual vs. roubo colectivo. Muitos crimes à espera de sentença se, entretanto, não aparecer a prescrição.

Suspiremos. Como trave-mestra da distinção, a falta de vergonha na face oculta destes delinquentes bancários. Agora, 5 mil milhões de euros depois, percebe-se como a recapitalização da CGD entrou no bolso de todos os contribuintes com a ligeireza de uma ave de rapina. Era a única solução para salvar o sistema bancário nacional da falência por culpa da gestão ruinosa, casineira e amigalhaça de um conjunto de vermes que aproveitaram o lixo para fazer depósito de sujeira para sempre.

Um assassínio sabujo de carácter aos princípios. E partimos então para a terceira Comissão de Inquérito como se fossemos todos idiotas.

A terceira Comissão de Inquérito à CGD é profundamente "sui generis" porque, sendo fruto de um amplo consenso entre os partidos com assento parlamentar (só o PCP se absterá por considerar que está tudo concluído ou que nada há por concluir), sucede a duas outras comissões onde tudo o que o PS, PSD e CDS fizeram foi brincar com os contribuintes, com o país, com todos nós. Uma primeira Comissão de Inquérito onde as conclusões que se adivinhavam seriam terríveis para todos, abalando todas as trincheiras. E, como tal, profundamente inconveniente, morta antes que parisse.

Uma segunda Comissão, infantil jardim de escola, onde os partidos substituíram a roleta-do-casino-CGD que tão bem conheciam por dardos de plástico-pacote, atirados uns aos outros para entreter e escarnecer nos corredores. A terceira Comissão que está agora em cima da mesa é, tão-só e justamente, uma forma de lavar a face do sistema político que permitiu, durante anos a fio, que este punhado de criminosos caminhasse alegremente para a prescrição. Como se prevê pelo porte dos bandidos.

Ainda assim, há vantagens neste consenso à terceira. À boleia de uma auditoria que devia ter sido feita há pelo menos cinco anos - quando era já evidente que a CGD tinha imparidades - que se investiguem as operações do banco desde o ano 2000, cruzando as ligações da Caixa com o BPN e o BCP. Que se consiga fortalecer a ideia de uma CGD agora sólida, domínio público, longe dos irregulados tempos em que o assalto acontecia perante os cândidos olhos do regulador. Que se aponte directamente para os créditos identificados na auditoria, deixando de lado o que só aproveita à dilacção de tempo dos salteadores bancários. Que haja responsabilidade política, doa a quem doer. Não haverá uma quarta oportunidade para criar uma última boa impressão.

O autor escreve segundo a antiga ortografia

*Músico e advogado

"Estamos a morrer aos poucos." Seis meses após o fogo, ainda nenhuma casa foi reconstruída


Passados seis meses do incêndio que durante mais de uma semana destruiu casas e floresta no concelho de Monchique, ainda não foi reconstruída qualquer habitação. E também não chegaram apoios para a agricultura.

Vitorino Inácio mostra a casa. "A sala é o lugar pior de todos. Já está a pingar aqui." Lá dentro é um frio de rachar. O fogo destruiu o telhado e agora chove dentro da habitação. As paredes estão cheias de bolor. Vitorino é proprietário de uma das 52 casas afetadas pelo incêndio de Monchique.

Queixa-se do abandono a que tem sido votado. Vitorino, bem como Olívia Costa, mora numa casas alugada desde o incêndio de agosto do ano passado.

Até agora, não começou a reconstrução de qualquer habitação ardida. As pessoas debatem-se com burocracias. Nalguns casos têm que apresentar um projeto ao Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) e sempre três orçamentos para a obra. "Não sei qual vai ser o meu futuro, não dão a certeza de nada, isto não é viver. Estamos a morrer aos poucos", lamenta Olívia Costa.

O desânimo, passados seis meses após o incêndio, é muito.

Paula David mora no sítio do Alto, em Alferce. Ao balcão desta junta de freguesia, onde é funcionária, relata os momentos de pânico quando a aldeia ficou cercada pelo fogo, sem comunicações. Tal como muitos moradores da zona, critica a falta de organização da Proteção Civil e a atitude da GNR, que quis evacuar a população para S. Marcos da Serra, durante o incêndio. Recorda que fez frente à Guarda Nacional Republicana porque a estrada para S. Marcos estava na frente de fogo. Se tivesse seguido as ordens, "tinha sido pior que Pedrógão".

Se na reconstrução das habitações ainda nada avançou, nos apoios agrícolas também nada foi atribuído. Foram apresentadas 281 candidaturas que são apoiadas no âmbito do PDR 2020, o Programa de Desenvolvimento Rural. Mas a situação só traz complicações.

"Se nos queriam ajudar, que tivessem criado uma medida especial para os incêndios", revolta-se Paula. Porque, segundo explica, a burocracia num programa comunitário é muita - começando pela exigências às pessoas, na sua maioria idosas que vivem de uma agricultura de subsistência, a obrigação de se inscreverem nas Finanças como agricultores.

Além do mais, para reporem o seu potencial agrícola, os habitantes de Monchique têm que adiantar o dinheiro e só depois são ressarcidos. Ou então pedir às empresas onde compram as árvores ou as alfaias agrícolas que passem antecipadamente uma fatura pró-forma.

No sitio dos Pardieiros, José Albano vai todos os dias ver o armazém e o trator em cinzas. Estima prejuízos para cima de 30 mil euros. Ainda não recebeu um tostão. "Até agora não me disseram nada, ninguém dá nada a ninguém", lamenta.

Paula David é perentória: "Os governantes deviam vir aqui, falar com as pessoas e ver que aquilo que nos prometeram não chegou cá nada."

Maria Augusta Casaca | TSF

Foto: Orlando Almeida / Global Imagens

Militares portugueses perfilados para invadir a Venezuela


Assistimos a muitos maus dias na Venezuela, hoje também o mau dia é incluído, amanhã e nos dias seguintes assim acontecerá. Vem lá muito pior, dizem certos e inesperados analistas.

Aqui, pelo que inserimos em baixo – o Expresso Curto –, Ricardo Marques abre com a Venezuela e o título sobre “tempo e espaço”. Sim, os EUA, a UE, os tais 1% que se apoderaram e usufruem de todo o mundo têm tido e têm todo o tempo e espaço para se apoderarem das riquezas e recursos da Venezuela. O negócio vai dar para todos esses, incluindo políticos. Depois admiramo-nos como é que eles enriquecem tão depressa. Ora, roubando. Corrompendo e corrompendo-se. Guaidó e os seus irão ter uma vidinha pomposa, luxuriante. Afinal receberá todo o esforço de se ter chegado à frente para abrir as portas da Venezuela aos 'papões' (ladrões) que a hão-de comer.

Fala-se e planeia-se invadir a Venezuela. A invasão está em marcha. Portugal também fará parte da planeada invasão de país estrangeiro por ordens dos EUA, UE e 1%. Tropas portuguesas já em preparação para viajarem para o país bolivariano. Com todo o descaramento e sem respeitar o direito internacional “o ministro da Defesa João Gomes Cravinho, admitiu o envio de tropas para a Venezuela para garantir a segurança dos milhares de cidadãos portugueses e luso-descendentes que lá vivem.” Que pretexto tão engraçado. No Iraque houve outro pretexto qualquer, untado por mentiras para “escorregar” melhor.

E lá vão militares portugueses servir os EUA, os da UE - que são servidores dos tais 1% também piratas do petróleo e etc. Sabemos que não é a primeira vez, nem sequer a décima. Upa, upa, muitas mais. O servilismo e o seguidismo aos EUA e aos tais asquerosos e desumanos1% a que uns quantos vendidos de Portugal já nos habituaram nem causam mossa nem contestação porque o treino de anos seguidos a borregar e a chafurdar no fútil e na alienação faz dos portugueses uns carneiros que vão com os outros a balir, seguindo os pastores que os conduzem ao precipício e aos matadouros sem que se oponham. Coisas de carneirada.

Só por se tomar conhecimento de tanto carneirismo de dirigentes e dirigidos portugueses, assim como de tantos vendidos, o recomendado é dirigirmo-nos ao ‘vomitorium’… com urgência.

Pela nossa parte ficamos a saber: militares portugueses perfilados para invadir a Venezuela.

Siga para o Curto, do Expresso. Leia o bom, também o que é mau e digno de vilões. Tem de tudo isso. (PG)    

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Venezuela no tempo e no espaço

Ricardo Marques | Expresso

Uma criança de 11 anos, ainda a dar os seus primeiros passos como analista de política internacional, disse-me ontem à noite, pouco antes das nove e meia, que Juan Guaidó, com o seu fato escuro e a sua gravata azul, é “parecido com o Barak Obama”. Também se referiu a ele como o “presidente bom”, a Nicolás Maduro, “o do bigode de camisola verde”, como o “presidente mau” e tentou discutir comigo que razões teria o “mau” para não organizar eleições na Venezuela, tal como quer o “bom” e as pessoas todas que “estão na rua”.

Obviamente, mandei-a para a cama.

O assunto é sério. E por muito que tentemos não conseguimos deixar de lado a ideia de que há uma espécie de relógio em contagem decrescente. O mais preocupante é que ninguém sabe bem o que vai acontecer quando o tempo acabar.

O auto-proclamado presidente interino Guaidó deu ontem uma entrevista a Christiane Amanpour, da CNN, falou também com o jornal espanhol El Pais e, num artigo de opinião publicado quarta-feita no The New York Times, já tinha admitido que existiram reuniões secretas com os militares venezuelanos. E dirigiu-se também à ONU. É um falar para fora, com a Venezuela rica em petróleo no epicentro de todas as discussões, mas também um esforço de ser ouvido de outra forma dentro do país.

Neste momento, mais de 60 países já reconheceram Guaidó como presidente interino, deixando cada vez mais isolado Nicolás Maduro. O presidente no poder, por seu lado, conta com o apoio de Cuba, da China (que se encontra também numa intensa ronda negocial com os EUA a propósito do acordo comercial) e da Rússia - o misterioso avião Boeing 770 da Nordwind Airlines que partiu de Caracas já chegou a Moscovo. Ninguém sabe o que lá vinha dentro, mas há palpites de todo o tipo: a) vinha vazio depois de ter levado tropas russas para a Venezuela; b) vinha carregado com toneladas de ouro; c) trazia Nicolás Maduro.

Ontem foi o Parlamento Europeu - não obstante a oposição dos eurodeputados do PCP, que falaram de póster em punho a exigir que deixem a Venezuela em paz - a reconhecer Guaidó. E estamos a poucas horas de terminar o ultimato dado pela União Europeia ao regime. Isso significa que, a menos 24 horas das grandes manifestações previstas para Caracas, em várias capitais europeias já estão em cima da mesa todos os cenários. A diplomacia portuguesa tem sido cautelosa, mas o ministro da Defesa João Gomes Cravinho, admitiu o envio de tropas para a Venezuela para garantir a segurança dos milhares de cidadãos portugueses e luso-descendentes que lá vivem.

[A última operação do género, a Operação Crocodilo, aconteceu há cerca de 20 anos. Em junho de 1998, militares dos três ramos das Forças Armadas portuguesas foram empenhados para garantir a evacuação em segurança de portugueses e outros cidadãos estrangeiros que se encontravam na Guiné Bissau.]

Uma forma de acompanhar o que vai acontecendo na Venezuela é seguir a conta de Twitter de Juan Guaidó. Foi ali que o líder da oposição denunciou a presença de elementos das forças especiais em sua casa, uma manobra para o “intimidar”. As autoridades negam.

Outra maneira de estar a par dos acontecimentos é espreitar os jornais venezuelanos: o El Nacional, o El Universal e o La Voz .

Independentemente do que possa suceder hoje, amanhã será um dia de alta tensão em Caracas e um pouco por toda a Venezuela. Os analistas acreditam que poderá ser a maior manifestação de sempre da oposição ao regime - que, por sua vez, já garantiu que também terá apoiantes na rua. Se não se cruzarem, não faltará quem faça as contas aos apoiantes de cada lado.

Caso contrário, e o mundo inteiro espera que não, pode começar algo que talvez seja melhor as crianças não verem.

OUTRAS NOTÍCIAS

A Ministra da Saúde admitiu ontem vir a recorrer a “meios jurídicos”, sem dizer quais nem como, para lidar com a greve dos enfermeiros. Em cima da mesa está a possibilidade de avançar para uma requisição civil ou recorrer à PGR para analisar o modo como está a ser organizada e ‘financiada’ a atual greve cirúrgica.

Na Rádio Renascença, o constitucionalista Reis Novaisapontou dois possíveis caminhos que podem ser seguidos: a duração da greve e o tipo de serviços mínimos. Se decidir mesmo avançar para a Justiça, será útil que Marta Temido, a ministra da Saúde, se certifique de que não há nenhuma greve marcada nos tribunais…

Uma paralisação semelhante, no final do ano passado, levou ao adiamento de milhares de cirurgias - incluindo 500 cirurgias urgentes em dois centros hospitalares, um em Lisboa e outro em Coimbra. Hoje, é provável que surjam os primeiros números consolidados, embora já ontem se falasse em mais de duas centenas de cirurgias canceladas.

A dominar a atualidade está também o relatório da Inspecção-geral da Administração Interna ao incêndio de Mação, no ano passado, e que detetou a cobrança à Protecção Civil de milhares de refeições superiores ao numero de bombeiros no terreno, como escreve o Público. O Jornal de Noticia adianta em manchete que “os bombeiros cobraram quatro vezes mais por refeições-fantama”.

Todos os partidos de acordo e dentro da caixa. Todos? Não. O irredutível PCP não alinha e por isso vai ficar de fora do texto comum que define o âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos. Um assunto de que certamente vai ouvir falar nas próximas horas. Até porque Paulo Macedo vai ao Parlamento entregar o relatório final da auditoria ao banco público. Será pelas 14h30 a hora do dinheiro.

Cinco freguesias de Lisboa com preços superiores a 3500 euros / metro quadrado, de acordo com o INE. Sabe aquelas casas de 25 metros quadrados que as lojas de mobiliário gostam de decorar tão bem que achamos possível viver ali para sempre? 87.500 euros. Oitenta e sete mil e quinhentos. Euros.

Esta é aquela pequena rubrica a que podemos chamar jornalismo de serviço público, direto e útil (embora num assunto que preferíamos não discutir). De qualquer modo, pode ler este artigo do Expresso para saber tudo sobre o IRS e os prazos para o pagar. Já não falta muito.

As autoridades portuguesas garantem que foi detetada a tempo e destruída a carne polaca imprópria para consumo que chegou a Portugal.

A Polícia Judiciária anunciou a apreensão de 2,5 toneladas de cocaína a bordo de um navio que se encontrava a cerca de 300 quilómetros da ilha de São Vicente, em Cabo Verde. Onze homens foram detidos numa operação que envolveu também militares da Marinha e da Força Aérea.

De acordo com os jornais, a droga apreendida está avaliada em 125 milhões de euros - uma informação que me permite antecipar, em alguns parágrafos, a rubrica ‘O que ando a ler’. Isto porque é com uma conta semelhante que começa o livro “Narconomics, como gerir um cartel de droga”, de Tom Wainwrigth, editor da revista Economist.

Ou seja, Wainwright recorda o dia em que viu queimar 134 toneladas de marijuana no México e em que o general garantiu que estavam a reduzir a cinza e fumo qualquer coisa como 340 milhões de dólares. O problema é que a conta estava a ser feita ao valor da droga na rua, não aos custos de produção.

Seria o mesmo que a partir de um bife de 200 gramas vendido a 50 euros num restaurante imaginar que uma vaca de 500 quilos vale 100 mil euros. Ou, como escreve Wainwrighth, “o golpe de 340 milhões infligido ao crime organizado (…) foi uma fantasia; a perda sofrida pelos criminosos donos da droga foi provavelmente inferior a 3 por cento desse montante”.

Adiante.

Os jornais americanos estão a dar muito atenção à vaga de frio que assola o país. O NYT tem conselhos para quem quer sobreviver – com selo de garantia da malta que mora em Chicago. Em alternativa, pode ouvir o que contam os portuguesesque por lá moram. E ver o que se passa na Europa que treme.

Vale a pena, tendo em conta o que aí vem. Não é que cheguemos aos -30º americanos, longe disso, mas com chuva forte, mar ainda mais forte e o vento a competir com ambos, mais a temperatura a descer, podemos sempre encontrar consolo e dizer: pelo menos o meu presidente não é o Trump.

Por falar nele, parece que o inquilino da Casa Branca está numa birra de recreio com os responsáveis máximos dos serviços secretos americanos. Diz Donald que eles são “ingénuos” na forma como leem o mundo, alertando para o perigo que representa o Daesh e a China (pode ler o relatório anual na íntegra aqui - e vale a pena espreitar).

A Itália está oficialmente em recessão e, como nota o El Pais, já soaram os alarmes em Bruxelas.

Uma reportagem do El Mundo, nas Filipinas, onde Rodrigo Duterte, o presidente que declarou guerra à droga sem se importar com as consequências, está agora em choque com os bispos católicos - e já disse publicamente que mais vale “matá-los”.

Se está a caminho de Barcelona, lembre-se que, a partir de hoje, a Uber e a Cabify deixam de operar naquela cidade.

Foi precisamente há vinte anos e um dia a publicação Lei do Mirandês. Esta noite, em Miranda do Douro, há uma série de conversas sobre o tema. Ou, como eles diriam: “Fui percisamente hai binte anhos i un die que fui publicada la Lei de l Mirandés. Esta nuite, an Miranda de l Douro, hai ua série de cumbersas subre l tema.” Se quiser divertir-se, use e abuse deste tradutor online de mirandês.

Jim Yong Kim, o presidente do Banco Mundial, deixa hoje o cargo.

Teodora Cardoso, a presidente do Conselho Superior do Conselho das Finanças Públicas, faz o mesmo no final de fevereiro. Despede-se, como diz este artigo do Expresso, com um texto sobre o financiamento do sistema de pensões. Nazaré Costa Cabral é a senhora que se segue.

Na Tribuna pode ler tudo o que aconteceu até ao último segundo do mercado de transferências do futebol nacional.

Joan Baez toca esta noite no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. São 60 anos de carreira.

Se tiver 9,5 milhões de euros aí à mão, pode ter a certeza de que vai passar umas incríveis férias no espaço. Se não for o caso, não desespere. Já pensou que pode entrar para uma das unidades de elite da Scotland Yard? A sério. Basta fazer o teste e, enquanto espera pelo resultado, ler a incrível reportagem que publicamos amanhã na revista do Expresso.

A propósito, fica a saber que amanhã, quando chegar à bancapara comprar o Expresso, irá encontrar ali ao lado à venda a revista “Expresso Extra” - uma selecção de alguns dos melhores artigos que foram publicados em 2018 no seu jornal. Uma edição de luxo, para comprar, guardar e ler ou reler com toda a calma.

O QUE ANDO A LER

O tempo. O livro chama-se a “A ordem do tempo”, está publicado em português, e é uma espécie de redenção para todos aqueles que nunca foram grandes alunos a Física. Muito graças à deliciosa escrita do físico italiano Carlo Rovelli, é possível descobrir um mundo novo, onde nada é o que parece.

Já alguma vez pensou por que razão nos lembramos do passado e não do futuro? A pergunta pode parecer louca, mas depois de ler este livro é mais provável que os loucos sejamos nós. Trocadilhos à parte, Rovelli abre as portas às teorias científicas mais modernas e explica-as de modo acessível. Atente neste exemplo (a tradução, sofrível, é minha, a partir do livro em inglês).

“A diferença entre coisas e eventos é que as coisas persistem no tempo; os eventos têm uma duração limitada. Uma pedra é o protótipo de uma coisa: podemos perguntar onde estará amanhã. Um beijo é um evento. Não faz sentido perguntar onde estará esse beijo amanhã. O mundo é feito de redes de beijos, não de pedras.”
Antes fosse, Carlo. Antes fosse.

Tenha uma excelente sexta-feira, um bom fim de semana e um grande mês de fevereiro. O mundo, o espaço e o tempo estão em www.expresso.pt

Exportações portuguesas para a China crescem 5,59% em 2018


Macau, China, 01 fev (Lusa) - Portugal exportou em 2018 para a China produtos no valor de 2,24 mil milhões de dólares (1,95 mil milhões de euros), mais 5,59% relativamente ao período homólogo de 2017.

De acordo com dados oficiais publicados no portal do Fórum Macau, com base nas estatísticas dos Serviços de Alfândega chineses, as trocas comerciais entre Lisboa e Pequim ascenderam a 6.016 milhões de dólares (5.240 milhões de euros) no ano passado, o que corresponde a um aumento de cerca de 408 milhões de dólares, em comparação com 2017.

Portugal importou da China bens no valor de aproximadamente 3.769 milhões de dólares, tendo Lisboa um saldo comercial negativo com o país asiático de cerca de 1.522 milhões de dólares.

As importações de produtos chineses aumentaram 8,29%, em relação a 2017.

Os mesmos dados indicaram que as trocas comerciais entre a China e os países lusófonos fixaram-se em 147,35 mil milhões de dólares ao longo dos três primeiros meses do ano, verificando-se um crescimento de 25,31%.

As importações por parte da China representam a maior parte deste valor: 105.506 milhões de dólares, um aumento de 30,24% face a 2017.

Por sua vez, as exportações chinesas para países lusófonos registaram um aumento de 14,4%, tendo alcançado os 41.847 milhões de dólares.

O Brasil continua a ser o principal parceiro da China no âmbito do bloco lusófono, tendo registado trocas comerciais de 110,8 mil milhões de dólares.

Pequim comprou a Brasília produtos no valor de 77,07 mil milhões de dólares, mais 32% que em 2017, e o Brasil adquiriu à China bens no valor de 33,73 mil milhões de dólares, um aumento de 15,39%.

Angola surge no segundo lugar do 'ranking' lusófono com trocas comerciais com a China no valor de 27,75 mil milhões de dólares, com Luanda a enviar para Pequim produtos no valor de 25,51 mil milhões de dólares e a fazer compras de 2,23 mil milhões de dólares.

As trocas comerciais entre a China e Cabo Verde foram de 78,23 milhões de euros e com Moçambique foram de 2,51 mil milhões de dólares.

A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como plataforma para a cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau.

MIM // JMC

Primeiro-ministro timorense diz que alteração a Orçamento acomoda pensamento do PR


Díli, 31 jan (Lusa) -- O primeiro-ministro timorense disse hoje que a maioria no parlamento fez "o possível" para aprovar alterações ao Orçamento Geral do Estado (OGE) para "ir ao encontro" do Presidente da República que tinha vetado o documento, hoje reapreciado.

"Estou muito contente. Fizemos o possível para ir ao encontro do Presidente. Acho que ele vai ficar satisfeito", disse Taur Matan Ruak em declarações à Lusa depois da sessão de hoje do parlamento que aprovou alterações ao texto documental para tentar ultrapassar o veto presidencial.

"Tentámos equilibrar e acomodar o pensamento do senhor Presidente da República", disse.

Questionado sobre se era importante ter uma decisão rápida do chefe de Estado, o primeiro-ministro disse que o Presidente "tem 30 dias" para analisar o diploma e "ninguém o vai obrigar a promulgar rapidamente".

"Vamos esperar", considerou.

O parlamento timorense aprovou hoje, com 41 votos a favor e 23 contra, retirar ao Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2019 os 650 milhões de dólares (565 milhões de euros) destinados à compra da participação maioritária no consórcio do Greater Sunrise.

A retirada do valor de 650 milhões de dólares (565 milhões de euros) das contas públicas implica uma redução de quase um terço no valor das contas públicas e implicaria, automaticamente, um aumento da percentagem do OGE destinado a áreas como educação, saúde e agricultura.

Depois, na votação final global, a nova versão da proposta de lei do OGE -- que vai ser agora enviada ao Presidente da República -- foi aprovada por 40 votos a favor e 25 contra.

O Governo e as bancadas da coligação consideram que a retirada dos 650 milhões de dólares do OGE pode ser feita sem comprometer a operação porque sustentam que a aprovação das alterações à Lei de Atividades Petrolíferas (LAP), promulgada este mês pelo Presidente, permite o pagamento das operações do Greater Sunrise diretamente do Fundo Petrolífero (FP), fora do OGE.

De referir, porém, que um grupo de 23 deputados da Fretilin e do PD apresentou quarta-feira ao Tribunal de Recurso um pedido de fiscalização abstrata da constitucionalidade das polémicas alterações à LAP.

Questionado sobre a operação de compra das participações da ConocoPhillips e da Shell no Greater Sunrise, o chefe do Governo disse que os técnicos estão a preparar as operações que vão ser concretizadas "dentro do tempo previsto".

"Não posso garantir se serão as duas ao mesmo tempo ou uma atrás do outra", referiu, sem apresentar mais detalhes.

Questionado sobre o impacto que a situação política está a ter na economia nacional, Taur Matan Ruak pediu ao setor privado e aos cidadãos para confiarem no país e nos seus líderes.

"Tenham confiança no país e em nós. A luta continua. Os timorenses são lutadores, não abandonam a batalha. Queremos criar oportunidades para desenvolver negócios. O Governo está solidário com o esforço e sacrifício do setor privado. Pedimos coragem para continuarem a lutar", disse.

A alteração da proposta de lei do OGE implica que passa a ser considerada um novo documento legislativo que vai ser enviado agora ao Presidente da República que pode, neste caso, exercer o direito de veto ou suscitar fiscalização da constitucionalidade.

Se o parlamento tivesse simplesmente reconfirmado com voto, sem alteração, o texto orçamental, o chefe de Estado teria que necessariamente promulgar o documento no prazo de oito dias.

ASP // JMC

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