Serge Lavrov [*]
Em 18 de abril de 2019 a Embaixada da
Federação Russa nos EUA divulgou o documento "A histeria do Russiagate: Um
caso de russofobia aguda", com 121 páginas – o qual foi ignorado pela
maior parte dos media corporativos. Os interessados em ler a íntegra do
documento poderão descarregá-lo aqui .
O presente texto, agora publicado, é o prefácio de autoria do ministro
dos Negócios Estrangeiros russo, Serge Lavrov.
HISTERIA
"Se a democracia americana for destruída na próxima geração, não será destruída pelos russos ou pelos chineses, mas por nós próprios, pelos mesmos meios que usamos para a defender"
Senador J. William Fulbright
"American Militarism", 1970, Epilogue
"É uma tentativa de atirar as culpas para cima de outrem. O problema não é nosso. O problema está na política dos EUA… Quem perdeu foi a outra equipa. Não querem reconhecer o erro. É mais fácil dizer "A culpa não é nossa, a culpa é dos russos, eles interferiram nas nossas eleições". Faz-me lembrar o antissemitismo: a culpa é dos judeus, toda a culpa. Sabemos onde podemos chegar com estes sentimentos. Não chegamos a nada de bom. O que há a fazer é simplesmente trabalhar e pensar como endireitar as coisas"
Vladimir Putin
Presidente da Federação Russa,
(em resposta a uma pergunta da jornalista americana Megyn Kelly na reunião plenária do Fórum Económico Internacional em S. Petersburgo, a 2 de junho de 2017).
"Não estamos a gostar dos atuais desenvolvimentos, mas não fomos nós que os iniciámos. É distorcer a verdade dizer que isto é o castigo pela Ucrânia e pela Crimeia. Tudo começou com o Presidente Barack Obama, muito antes de Washington lançar o seu projeto da "revolução colorida" na Ucrânia. Começou com Edward Snowden, que ficou preso na Rússia porque não podia fugir para outro sítio qualquer – o passaporte dele foi cancelado. O Presidente dos EUA, o secretário de Estado e os diretores do FBI e da CIA pressionaram-nos para o entregar sem demora. Dissemos que não o podíamos fazer porque todas as informações disponíveis indicavam que ele enfrentava a pena de morte. Foi por isso que Obama proibiu contactos bilaterais e cancelou a sua visita antes da cimeira dos G20 em S. Petersburgo. A propósito, estávamos a preparar para essa reunião um acordo sobre mais uma redução de armas estratégicas ofensivas, que devia ser feita a seguir ao Tratado de Praga de 2010, assim como uma declaração que estabelecia uma agenda sobre estabilidade estratégica para muitos anos seguintes. A incapacidade de Obama de renunciar ao seu ressentimento pessoal enterrou um documento muito importante, que podia ser hoje de muita utilidade.