OITO ANOS DEPOIS DO ARRANQUE DA
GRANDE MISSÃO VIVENDA VENEZUELA, O DESAFIO É INTERNACIONAL E SOBRETUDO PARA
TODOS OS POVOS DO SUL
Martinho Júnior, Luanda
1- Oito anos depois do lançamento
da Grande Missão Vivenda Venezuela, os cenários na Venezuela vão-se
transformando inexoravelmente, pois há um antes, um depois e um durante em
razão duma das principais e mais decisivas missões bolivarianas, que responde a
um direito básico de cidadania: o direito a uma habitação condigna para todos
os habitantes do país.
Se antes era o vazio, com a renda
petroleira a ser digerida pelos estômagos da clientela oligárquica intimamente
associada aos interesses e conveniências do capitalismo da feição do império da
hegemonia unipolar, agora todos estremecem com cada pequena vitória alcançada
no espaço nacional, no fundo uma forma resistente e incontornável de responder
à guerra económica e psicológica que os bolivarianos estão a ser obrigados a
enfrentar.
Em Março de 2018, quando estive
em Caracas e no micro estado de Vargas, constatei a enorme luta no sentido de
responder aos desafios, fazendo desaparecer algumas das grandes favelas que se
multiplicam na Venezuela, como aliás por todas as cidades da América Latina.
Em muitos prédios, lá estava o
inconfundível olhar do Comandante Hugo Chavez, ou a sua assinatura que tanta
esperança tem vindo a forjar para o mar dos excluídos que constituíram os
substratos sociais mais pobres do país!
Sob esse olhar sereno, mas tão
crítico quão desafiador, também eu estremeci ao perceber o que significavam
tantas construções e habitações para um povo que sofreu desprezo e
marginalidade durante tantas décadas, praticamente desde a independência há
pouco mais de 200 anos.
Antes era a exclusividade duma
clientela oligárquica de visão curta, a visão do seu próprio umbigo estimulado
pelos interesses e conveniências que se impunham de fora e hoje, para aqueles
que têm a oportunidade de conhecer os bairros, ruas e avenidas das cidades e
localidades da Venezuela, a distribuição da riqueza é feita com uma enorme
capacidade mobilizadora, como nunca antes houve, visando uma resposta
integradora da sociedade, com abertura ao projecto duma democracia
participativa, criativa, socializada, protagónica e inovadora.
Todas as pressões internas e
externas que afectam a Venezuela, têm pela frente as missões, neste caso esta
Grande Missão, uma resposta insuportável pelo seu exemplo mobilizador e pelo
empenho psicológico de resistência que gera.
Nesses termos, a Venezuela que
continua a não estar só e a poder articular iniciativas de resistência
sobretudo com Cuba, faz crescer suas capacidades como resposta às medidas de
agressão que chegam a partir do exterior!
2- Este Primeiro de Maio na
Venezuela vai-se viver além do mais com a realização do Fórum sobre essa Grande
Missão Vivenda Venezuela, entre 30 de Abril e 2 de Maio, num momento em que
foram já construídas e entregues 2.621.703 habitações e se procura chegar à
escala dos 3 milhões, lá para o final do ano corrente.
O Fórum está a ocorrer no Hotel
Alba, Caracas e terá participação internacional, algo que corresponde ao
exemplo que confere um mérito muito especial à revolução bolivariana e àqueles
que reconhecem nela um ponto de viragem que sacode a espectativa de povos-alvo,
aqueles com mais de “cem anos de solidão”!
Entre as presenças internacionais
lá estarão alguns africanos: representações de Moçambique, do Togo, do Quénia e
da Tunísia.
Decerto que no mínimo, as mais de
20 representações internacionais vão colher experiência e carregar baterias em
busca de inspiração, por que habitação condigna é um enorme desafio para todos
os povos, nações e estados do sul e mesmo para os países considerados
desenvolvidos, que se debatem com contenciosos sociais nunca antes
experimentados face a ondas migratórias que eles próprios contribuíram para
fazer eclodir.
Há representações por exemplo, da
Alemanha, do Canadá, da Espanha, da França, da Rússia e da China…
Os africanos decerto que estão
ávidos em perceber como toda essa saga é possível, agora com a cripto-moeda
Petro fora do raio-de-alcance das pressões financeiras e das sanções da
hegemonia unipolar impostas pelos fascistas ao serviço da administração
republicana de Donald Trump nos Estados Unidos.
O Foro realiza-se precisamente na
altura em que entram em vigor as sanções sobre o petróleo da Venezuela e o
cerco à Venezuela, a Cuba e à Nicarágua se elevam a níveis sem precedentes.
Os grandes falcões fascistas que
animam a administração Trump, temem o exemplo da Grande Missão Vivenda
Venezuela, mas só com uma guerra com emprego de força militar bruta poderão
obstruir uma iniciativa dessa natureza.
A estratégia bolivariana conta
com trunfos internos que valorizam as políticas de paz e de resistência em todo
o espaço nacional, pelo que a escalada em curso, que começa a atingir níveis de
asfixia, encontrará pela frente capacidades que respondem a uma guerra de nova
geração.
A Venezuela está a responder com
uma ampla frente de iniciativas às acções que lhe são dirigidas a partir do
exterior, ainda que elas procurem conjugar-se com algumas acções dentro do
espaço nacional, em resultado da presença institucional dos fantoches de
ocasião.
As arruaças dos Guaidós estão
perdidas em seus próprios labirintos face às respostas que estão a ser dadas
com as Missões em curso e o 1º de Maio em caracas é uma prova de contraste duma
avassaladora dialética.
Apesar da situação relativa por
exemplo a muitos medicamentos de que a Venezuela precisa, decerto que aliados
como Cuba, Rússia, China e outros (como por exemplo o Irão), vão-se fazer
sentir contrabalançando as emergências, numa altura em que também na alimentação
crescem as respostas com o incremento da agricultura e da pecuária em todo o
país…
3- Os fragilizados estados,
nações e povos de sul, perante o grau de imposição de domínio da hegemonia
agora que Donald Trump se viu forçado a submeter-se aos grandes falcões de
carácter fascista ou mesmo nazi, terão de se voltar para si próprios e
encontrar formas de resistência em seus próprios territórios face às
avassaladoras premissas desta guerra contemporânea de última geração, uma
guerra vocacionada para afectar a sociedade, a economia, as finanças, que em
escalada procura paralisar e asfixiar os povos até à rendição.
Os termos desta IIIª Guerra
Mundial em curso são avassaladores e vão muito para além do emprego da força
militar bruta, por que após a lição da Síria (e de certo modo também do Iraque)
o império da hegemonia unipolar pretende utilizar os recursos dos lóbis da
energia e do armamento por que se autoalimentam da convicção de que será por
esta via que o império vai alguma vez alcançar vitória!
A hegemonia unipolar neste
momento retirou lições da Síria, ela própria também em estado de asfixia
económica e financeira por iniciativa da hegemonia unipolar, mas perdeu a
iniciativa geoestratégica.
Na Venezuela corre-se o risco de,
com o bloqueio o império tentar asfixiar o país, cansar o seu povo e aguardar o
momento para fazer uso dum outro jihadismo, adaptado às características
latino-americanas dos espaços envolventes, em especial em conformidade com os
poderosos clãs paramilitares colombianos.
Essa é a razão contudo dos
Guaidós arruaceiros andarem à solta, por que será na dialética que eles se vão
minguando e acabarão por se dissipar nos seus contínuos labirintos de
improvisada ocasião.
A Venezuela Bolivariana que já
tem capacidades inteligentes no espaço circundante, vai saber responder se
alguma vez se partir para a guerra e apesar de estar a fazer tudo para não se
chegar a esse clímax.
Na Venezuela, simultaneamente ao
Foro, está em curso o Congresso Nacional dos Construtores pela Paz, que visa
inventariar e impulsionar todas as capacidades que sustentam a Grande Missão
Vivenda Venezuela, que no fundo se inscrevem nas capacidades de resistência e
das contramedidas activas que a situação impõe.
Este 1º de Maio na Venezuela,
para além da mobilização dos trabalhadores que se irão manifestar nas ruas das
principais localidades do país, é um momento de balanço e de preparação para os
próximos embates que se avizinham, mas mesmo assim aposto: em finais de 2019, a Grande Missão
Vivenda Venezuela atingirá os 3 milhões e preparar-se-á para atingir os 5
milhões nos próximos anos!
Cuba, Venezuela e Nicarágua
vencerão!
Martinho Júnior - Luanda, 30 de Abril de 2019
Fotos:
1- Abertura do Foro Grande Missão
Vivenda Venezuela;
2- Recepção aos visitantes, a 5
de Março de 2018, na gare Rodoviária de Cátia la Mar, estado de Vargas (da
minha autoria);
3- Comunidade construída pela
Grande Missão Vivenda Venezuela em Maiquetia, a 5 de Março de 2018 (da minha
autoria);
4 e 5- Modelos de vivendas
construídas no âmbito da Grande Missão Vivenda Venezuela.
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