segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Oposição denuncia condições desumanas de detenção de ativista na Guiné Equatorial


O partido Convergência para a Democracia Social (CPDS, oposição) da Guiné Equatorial denunciou hoje o que classifica de condições desumanas em que se encontra detido, desde fevereiro, o ativista Joaquín Eló Ayeto, suspeitando que tenha sido novamente torturado.

Em comunicado, o CPDS adianta que, segundo informações recebidas da cadeia de Black Beach, o militante do partido e ativista "está fechado numa cela minúscula, sem condições de higiene e incomunicável desde 02 de janeiro".

"As mesmas fontes suspeitam que tenha sido novamente torturado", assinala-se no mesmo comunicado.

O CPDS reforça que a detenção de Joaquín Eló - que ocorreu em 25 de fevereiro de 2019 - foi arbitrária e que o ativista tem sido torturado desde então.

Joaquín Eló é acusado de ter participado numa alegada conspiração para assassinar o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, acusações rejeitadas pelo partido.


O CPDS recorda que Joaquín Eló, conhecido como Paysa, foi julgado em 21 de novembro, num processo que considera "vergonhoso".

"Não houve qualquer acusação clara contra ele, provas, testemunhas ou sequer a presença do general que o acusou", aponta o partido.

No comunicado, o CPDS adianta que a sentença do processo ainda não foi decretada por alegadamente o juiz "continuar a aguardar instruções de uma autoridade superior".

Para a oposição equato-guineense, este caso "é mais uma prova da ausência do Estado de direito" no regime de Teodoro Obiang, sob o qual, acrescenta, os "direitos humanos são violados sistematicamente" na Guiné Equatorial.

"Os tribunais são usados de forma descarada para esmagar a oposição", acusa o partido opositor, que apela à União Europeia, Nações Unidas e organizações internacionais de defesa dos direitos humanos para que exijam o "fim imediato" das violações de direitos humanos no país.

O Presidente Teodoro Obiang, 77 anos, governa há mais de 40 anos a Guiné Equatorial, sendo o chefe de Estado com mais tempo no poder em África.

Desde a independência de Espanha, em 1968, a Guiné Equatorial é considerada pelas organizações de direitos humanos um dos países mais corruptos e repressivos do mundo.

A Guiné Equatorial é um dos nove Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a que aderiu em 2014, mediante um roteiro de melhoria da situação dos direitos humanos e de abolição da pena de morte, compromissos que ainda não concretizou.

Notícias ao Minuto | Lusa

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