Presidente da UNITA, Adalberto
Costa Júnior, admitiu manifestações contra a posse do novo presidente da
Comissão Nacional Eleitoral (CNE), considerando que a sua nomeação surge para
"eternizar o regime no poder".
"Esta semana aquilo que o
regime fez foi tomar medidas para ficar no poder eternamente. Quando há um
homem [o novo presidente da CNE] que está a ser contestado pelo povo, por toda
a gente, os órgãos do Estado admitem a sua posse", afirmou esta terça-feira
(25.02) o líder da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA),
em Luanda.
Na passada quarta-feira, o
Parlamento angolano conferiu
posse ao novo presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva, conhecido por
'Manico', com apenas 111 votos favoráveis de deputados do Movimento Popular de
Libertação de Angola (MPLA, no poder), uma vez que a oposição abandonou em
bloco o plenário.
Supostas "irregularidades,
ilegalidades" e "inconstitucionalidades" são apontadas no
processo de eleição do novo presidente da CNE, factos que deram origem aos
protestos dentro e fora da sede do Parlamento angolano.
Segundo o presidente da UNITA, o
maior partido na oposição em Angola, a última semana "foi muito triste
para o país", porque, frisou, os dirigentes "mataram um pouco da
nossa esperança de eleições livres e justas".
"Aquele senhor",
prosseguiu, aludindo ao juiz 'Manico', "que foi lá colocado, vai tratar
das eleições livres?", interrogou-se, durante um discurso com cidadãos e
militantes do seu partido no mercado do São Paulo, Luanda, no âmbito de uma
visita que efetuou esta terça-feira aos municípios de Luanda e Cazenga.
Protestos
Para o líder a UNITA, a luta para
eleições livres e democráticas, para a liberdade, desenvolvimento e de uma
Angola de oportunidades para todos ficou mais difícil com a eleição do
presidente da CNE, admitindo "manifestações do povo e não apenas da UNITA".
"Vamos todos manifestar, não
vamos ficar uns em casa para depois dizerem que é a UNITA sozinha. Vamos ver se
temos de facto essa decisão corajosa de reivindicar os nossos direitos",
acrescentou.
Na sua intervenção, muitas vezes
interrompida pela assistência, Costa Júnior considerou igualmente que o balanço
da luta contra a corrupção, um dos eixos de governação do Presidente angolano
João Lourenço, "é negativo", responsabilizando os
"marimbondos" pela atual situação do país.
Em Angola, marimbondo é a designação
dada às vespas e, o combate à corrupção, descrito como uma luta contra "um
ninho de marimbondos".
Adalberto Costa Júnior assegurou
ainda que o seu partido vai "pressionar" o Parlamento angolano para a
aprovação das restantes leis que conformam o pacote legislativo autárquico,
tendo em conta as primeiras eleições autárquicas previstas para 2020.
Deutsche Welle | Agência Lusa
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