quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Angola | AGORA NÓS, SOMOS NÓS MESMO!


Martinho Júnior, Luanda 

MÉRITO PARA O GENERAL FERNANDO GARCIA MIALA QUE ARRANCOU COM O AMPLO PROJECTO DA COMUNIDADE DE INTELIGÊNCIA, AQUELA QUE UM DIA TEVE PARA CADA UM DOS SEUS SOLDADOS A PORTA ABERTA, MAS NÃO TEM, NEM PODE TER ALGUMA VEZ, PORTA DE SAÍDA!

COM ESSE SUBSTANTIVO MÉRITO, COM A CAIXA DE PREVIDÊNCIA SOCIAL E O INÍCIO DA PESQUISA SOBRE A HISTÓRIA DOS ÓRGÃOS DE INFORMAÇÕES E SEGURANÇA DO ESTADO, COMEÇA-SE A GERAR UM IMPRESCINDÍVEL EMBRIÃO DE CULTURA DE INTELIGÊNCIA PATRIÓTICA, AMPLO, LAICO E REPUBLICANO, CAPAZ DE HONRAR O PASSADO E A NOSSA HISTÓRIA, VITAL COMO A ÁGUA PARA A CONSTRUÇÃO DO FUTURO, ABRINDO CAMINHO ÁS GERAÇÕES VINDOURAS, AOS NOSSOS PRÓPRIOS FILHOS E NETOS!...

01- Agora somos nós mesmos, com a mente clara, o coração ardente e as mãos limpas, há que repô-lo com os olhos secos e com toda a dignidade, pois nos antros da corrupção ninguém nos conheceu, nem reconheceu, julgando que nos iríamos render a vassalagens que jamais poderiam ser nossas, nem alguma vez por nós admitidas!

Nenhum Comandante-em-Chefe que se preze, pode deixar de conhecer e reconhecer a qualidade, o mérito e também as fraquezas e insuficiências dos seus homens, dos seus quadros, por que a geração da renúncia impossível jamais poderá ser subvertida por muito duradoura que seja a aventura da corrupção de tão "pródigos" mercenários que marcaram com seu ferrete de arrogância a vida em Angola, sobretudo de há 18 anos a esta parte!

Ainda não se saiu da terapia neoliberal após o choque entre 1992 e 2002, mas há que começar a reagir ao torpor que foi deliberadamente injectado a partir do exterior, desde meados da década de 80 do século passado, de que não me tenho cansado de expor de há mais de 20 anos para cá!

Que não se esqueça que esses mercenários que na sua voracidade usurparam até o lugar dos patriotas que queriam servir honestamente o povo angolano, se aliaram a outros vindos de fora e até a serviços de inteligência de potências que querem acima de tudo ver Angola como mais um corpo inerte em África, quando há perante os riscos e ameaças deste século XXI, lógica com sentido de vida por aprofundar em nome da paz e da própria vida!

O mal que fizeram aos seus próprios quadros, os quadros que foram e são a história viva deste país, só pode ser entendida assim!

Vamos agora com mais de 20 anos de atraso e tivemos de vencer constrangimentos de tal modo pesados que consubstanciaram uma autêntica guerra psicológica intestina contra a comunidade, o que implicou um cortejo imenso de sacrifícios que poderiam ter sido há muito evitados!

Se a comunidade de inteligência e segurança foi tratada com tanto desprezo, subversão e arrogância, imaginem como tem sido tratado o bom povo angolano, com o qual a comunidade se identifica por inteiro, nas suas alongadas linhas vitais, quantas vezes linhas de sobrevivência!

Nesse caminho de décadas, foram raras as excepções que respeitaram a dignidade que merece a comunidade de inteligência, que hoje, mais que nunca, passa a ser uma responsabilidade republicana em busca de unidade, de solidariedade e do respeito devido às vanguardas patrióticas que rompem o caminho para benefício de todos, num rumo de pátria que não se pode alguma vez desperdiçar ou perder!

Verifiquei precisamente isso na e com a ASPAR, Acção Social Para Apoio e Reinserção, onde prestei devotado serviço durante mais de 10 anos como quadro de sua direcção!

Atravessou-se um tempo de deliberada marginalidade e pobreza, por que os polvos da corrupção tomaram todo o espaço da vida para a subverter e comer até o pão nosso de cada dia e de cada um!

Há quem os identifica como mabecos que se atiraram às nossas pernas, querendo-nos devorar ainda que estejamos em andamento um longo caminho!

Muitos desses mabecos, ou polvos, como queiram, ainda estão vivos, embora se procurem esconder em buracos e cavernas fundas, como se isso fosse possível com o revitalizar da sociedade e com a lúcida recapitulação da matéria já dada durante os primeiros anos da República!

Recapitulando a história, recorda-se o vigor dos primeiros e decisivos anos da República!

Pela frente, que ninguém se iluda, vão haver pelo menos duas décadas de perseverante luta pela dignidade, pela solidariedade e contra o subdesenvolvimento que tanto nos afecta desde o passado remoto!

Teremos que, com toda a humildade, partir muita pedra e sacrificarmo-nos uma vez mais, com sentido de vida, em prol do povo angolano que jamais deveria ter sido vítima de predadores atiçados a partir do exterior, um exterior motriz de choque e de terapia neoliberal, assim como de caos e de terrorismo!

Neste momento em que se começa a balancear também o mérito, inclino-me perante milhares de ignotos soldados da primeira linha da independência e soberania de Angola, quantos deles perdendo a vida nas frentes de luta, nas frentes de combate, como na miséria e na marginalização, meus camaradas, meus irmãos, heróis anónimos duma pátria ávida de amor e de vida!

AGORA NÓS, SOMOS NÓS MESMO!

Martinho Júnior -- Luanda, 22 de Fevereiro de 2020


- Imagem do Presidente da República, patenteando o Chefe dos SINSE - no topo.
- Quatro imagens da municipalidade do Lobito, onde se realizou a Iª Conferência sobre a História dos Órgãos de Informações e Segurança do Estado.

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