terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Médicos e Repórteres sem Fronteiras apoiam Julian Assange


O fundador do portal WikiLeaks recebeu na segunda-feira o apoio de 117 médicos, que denunciaram a "tortura psicológica" infligida a Julian Assange, ameaçado de extradição para os EUA que o acusam de espionagem, e dos Repórteres sem Fronteiras (RSF).

Em carta publicada na revista médica britânica The Lancet, um grupo de médicos de 18 países acusou o Governo de Londres de atentar contra o direito fundamental de Assange ter acesso a cuidados de saúde, uma semana antes de a justiça do Reino Unido examinar o pedido de extradição deste australiano, de 48 anos, detido na prisão de alta segurança de Belmarsh.

"Se Assange viesse a morrer numa prisão britânica", como avisou em novembro o relator especial da ONU para a tortura, Nils Melzner, "ele teria sido efetivamente torturado até à morte", escreveram os signatários.

Desde que Assange foi examinado por um médico em 2015 na embaixada do Equador em Londres, onde tinha encontrado refúgio três anos antes, as recomendações dos médicos foram "ignoradas sistematicamente", acrescentaram.

Denunciaram também "uma politização dos princípios fundamentais da medicina, cujas implicações ultrapassam o caso de Julian Assange".

Os signatários concluíram com "a exigência aos governos de acabarem com a tortura de Assange e de lhe garantir o acesso aos melhores cuidados, antes que seja demasiado tarde".

Por seu lado, a associação RSF, firmemente oposta à extradição de Assange, que "transmitiu informações de interesse geral a jornalistas", lançou uma petição que, na segunda-feira, já tinha recolhido mais de 20 mil assinaturas.

No início de novembro, o relator da ONU para a tortura declarou à AFP que a sua inquietação estava ligada a "novas informações médicas transmitidas por várias fontes fiáveis, segundo as quais a saúde dele tinha entrado num círculo vicioso de ansiedade, 'stress' e impotência, típica de pessoas expostas a um isolamento prolongado e uma arbitrariedade constante".

Detido em Belmarsh, no sul de Londres, desde a sua detenção em abril de 2019, na embaixada do Equador, Assange é pretendido pelos EUA, onde corre o risco de ser sentenciado até 175 anos de prisão por espionagem.

As autoridades dos EUA acusam-no de ter colocado em perigo algumas das suas fontes, quando publicou em 2010 cerca de 250 mil mensagens diplomáticas e 500 mil documentos confidenciais relativos a atividades dos militares norte-americanos no Iraque e Afeganistão.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Reuters

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