Capital alemã foi a primeira do país a realizar um censo sobre a população sem-abrigo a fim de reformular suas políticas públicas sobre o tema. Número é bem menor do que o estimado anteriormente pelas autoridades.
Berlim possui 1.976 sem-abrigo, segundo resultado do primeiro censo sobre esse tema realizado na Alemanha. O número divulgado nesta sexta-feira (07/02) é bem menor do que o estimado por autoridades, que variava entre 6 mil e 10 mil.
Batizado de "Noite da Solidariedade", o primeiro censo de sem-abrigo da capital alemã foi realizado no final de janeiro. Cerca de 2,6 mil voluntários participaram na iniciativa.
Divididos em grupos de três e cinco pessoas, eles percorreram mais de 600 áreas de Berlim com o objetivo de encontrar os sem-abrigo e aplicar um questionário sobre idade, nacionalidade e há quanto tempo vivem nas ruas.
"Agora sabemos muito mais sobre a idade dos sem-abrigo, seu género, de onde eles vêm e, pela primeira vez, há quanto tempo eles são sem-abrigo", afirmou a secretária de Integração, Trabalho e Cidadania, Elke Breitenbach.
Durante a "Noite da Solidariedade", 942 sem-abrigo foram localizados em abrigos, 807 nas ruas, 154 em estações de metro e de comboios, 42 num café que abriga os sem-abrigo durante as noites de inverno, 15 em hospitais e 12 sob custódia da polícia.
Cerca de um terço dos sem-abrigo encontrados em ruas de Berlim concordaram em responder ao questionário do censo. Entre os entrevistados, 55% tinham entre 30 e 49 anos, e 84% eram homens. A maioria deles, 47%, estava vivendo nas ruas há mais de três anos. Outros 23%, entre um e três anos.
O censo mostrou ainda que 49% dos sem-abrigo eram alemães; 39%, cidadãos de países da União Europeia; e 11%, estrangeiros de fora do bloco europeu.
Pouco dias antes da "Noite da Solidariedade", a iniciativa foi criticada. Uma associação de sem-abrigo considerou o censo degradante e ameaçador e duvidou sobre que uso teriam esses dados. É possível que muitos moradores de rua tenham fugido de participar no censo.
Segundo Berlim, as informações descobertas no levantamento servirão de base para a formulação de políticas públicas voltadas às necessidades de sem-abrigo. Atualmente, a prefeitura de Berlim investe 8,3 milhões de euros por ano em 27 projetos de ajuda aos sem-abrigo. Com as novas diretrizes, será possível abordar a questão buscando soluções direcionadas.
A capital alemã segue Nova York e Paris na tentativa de fazer um panorama mais preciso sobre sua população de rua. Segundo um estudo publicado em 2019 pelo Grupo Federal de Trabalho para Pessoas Sem Moradia (BAG), o número de sem-abrigo na Alemanha cresceu 4,8% em 2018, com pelo menos 678 mil pessoas sem acomodação permanente. Destas, 41 mil moravam nas ruas.
Entre os fatores que podem explicar esse crescimento estão a diminuição do número de moradias a preços acessíveis, cortes em programas de habitação social e a elevação dos níveis de pobreza.
Deutsche Welle | CN/dw/ots
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