Bruxelas oferece negociação de um
acordo comercial "altamente ambicioso", mas exige que Reino Unido se
atenha aos padrões do bloco e que sejam incluídos termos relativos à
pesca, ponto que deve ser motivo de discórdia.
O primeiro-ministro britânico,
Boris Johnson, e o negociador-chefe da União Europeia (UE) para o Brexit,
Michel Barnier, falaram na segunda-feira (03/02) sobre seus planos para
as relações comerciais entre o bloco europeu e o Reino Unido, três dias após o
país deixar oficialmente a UE.
Com o Brexit, teve início um
período de transição de 11 meses durante o qual o futuro das relações bilaterais
deve ser regulamentado. Nos seus discursos, Johnson e Barnier deixaram
claro que ambos os lados estão dispostos a ficar sem um acordo comercial caso não
se chegue a um consenso nas questões-chave.
Em Bruxelas, Barnier ofereceu ao
Reino Unido a negociação de um pacto "altamente ambicioso", sem
tarifas ou cotas para as mercadorias que entram no mercado único, desde que a
concorrência seja "aberta e justa", que o Reino Unido se atenha aos
padrões do bloco e que seja incluído um acordo de pesca.
"Este acordo deve prever o
acesso recíproco contínuo aos mercados e às águas com quotas de mercado",
disse Barnier.
O setor pesqueiro de oito países
do bloco europeu depende altamente das águas britânicas e pode servir de moeda
de troca para Londres nas negociações. Johnson já havia destacado que retomar o
controle das águas é uma de suas prioridades.
Em discurso para empresários e
embaixadores em Londres, o PM britânico disse que o seu país não deixou o
bloco europeu para minar os padrões da UE e não realizará "nenhum tipo de
dumping, seja comercial, social ou ambiental".
Devido à proximidade física, a UE
teme que o Reino Unido se torne um concorrente se não concordar em cumprir as
suas normas ambientais, alimentares e de trabalho.
Sobre a questão da pesca, Johnson
disse que serão necessárias "negociações anuais" sobre cotas, pois a
prioridade é garantir o acesso dos pescadores britânicos às águas destas ilhas.
Boris prometeu que seu
governo será um campeão global do livre-comércio num mundo em que
"protecionistas estão conquistando terreno". Ao mesmo tempo, ele
afirmou que o Reino Unido quer um acordo de livre-comércio, mas não a qualquer
custo.
"Eu não vejo necessidade de
nos vincularmos a um acordo com a UE", afirmou Johnson. "Nós vamos
restaurar controles soberanos completos sobre nossas fronteiras, imigração,
concorrência, regras de subsídios, proteção, proteção de dados."
Ele pediu um acordo comercial semelhante ao CETA (entre Canadá e UE).
Ambos os lados têm até ao final do
período de transição para alinhar suas posições. Se não houver acordo até ao
final de 2020, e o Reino Unido recusar prolongar o período de negociação, o país pode enfrentar uma ruptura
económica abrupta com o bloco europeu, com a imposição imediata de tarifas e
outros obstáculos para o comércio bilateral.
O mandato de negociação de
Barnier será discutido e aprovado pelos 27 países-membros da UE no final deste
mês, com negociações comerciais diretas com Londres previstas para começar no
início de março.
Deutsche Welle | FC/afp/ap/rtr/dpa
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