Autoridades da cidade de Wuhan,
epicentro do vírus, não computaram novas infecções pela primeira vez desde o
início do surto. Notícia oferece esperança ao resto do mundo e talvez lições
sobre como combater a pandemia.
Autoridades de Wuhan, epicentro
do coronavírus Sars-Cov-2 na China, anunciaram nesta quinta-feira (19/03) que,
pela primeira vez desde o início do surto, a cidade chinesa não registou novas
infecções.
Foi em Wuhan que o novo vírus foi
detectado pela primeira vez, em dezembro, e milhares de pessoas chegaram a
ser hospitalizadas ou morreram em instituições de saúde construídas em tempo
recorde. Na mês passado, a China, país mais afetado pelo patógeno causador da
doença respiratória covid-19, relatou milhares de novos casos a cada dia.
Apesar de computar 34 novos casos
na quinta, autoridades chinesas afirmaram que estes são todos importados do
exterior. "Hoje vimos o crepúsculo [da crise] após tantos dias de duros
esforços", afirmou Jiao Yahui, inspetor-chefe da Comissão Nacional de
Saúde. No dia anterior, o país tinha registado 13 casos. Apesar de não
computar novos casos em Wuhan, a China relatou oito mortes relacionadas
ao coronavírus.
Atualmente, o país tem mais de 81
mil casos confirmados, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A notícia
do número 0 oferece uma rara esperança ao resto do mundo que luta contra o
vírus, e talvez uma lição sobre
como combatê-lo.
Segundo Yahui, o fato de não
haver novas infecções pelo Sars-Cov-2 na China após diminuição gradual de novas
confirmações significa que as medidas de controle e tratamento adotadas pelo
país estão funcionando bem. Wuhan foi completamente isolada em janeiro.
Autoridades pensam em relaxar as restrições, mas apenas na província de Hubei,
onde a maioria dos postos de controle deverão ser retirados. Wuhan continuará
em quarentena, e apenas as pessoas com permissão especial poderão entrar ou
sair da cidade.
De acordo com especialistas, a
quarentena compulsória só será cancelada se não houver registo de novos casos
por duas semanas seguidas. A estimativa é de que isso possa acontecer no
próximo mês.
A Itália, com quase 36 mil
casos, é o segundo país mais atingido pelo vírus, mas o número de mortes se
aproxima do da China e poderá até ultrapassá-lo nesta quinta-feira: houve 2.978
mortes relacionadas à doença até quarta, de acordo com o mapeamento da
Universidade Johns Hopkins, nos EUA. A China, por sua vez, registou, até
o momento, um total de 3.249 mortes.
A alta letalidade da covid-19, a
doença respiratória causada pelo novo coronavírus, na Itália vem sendo
atribuída a diversos fatores: a
elevada população de idosos do país, o sistema de saúde sobrecarregado e a
demora em impor uma quarentena total na região da Lombardia, epicentro da
disseminação do país. A Itália tem a segunda população mais velha do mundo
depois do Japão. Quase 90% das mortes ocorridas na Itália devido ao coronavírus
foram de pessoas acima de 70 anos de idade.
A diminuição de casos na China
após a adoção de medidas drásticas para conter a propagação do vírus mostra
como a pandemia agora se concentra na Europa e nos Estados Unidos. Ao redor do
mundo, o vírus continua causando impacto na vida quotidiana e na economia.
Em Wall Street, as ações voltaram
a cair na quarta-feira em meio a temores de uma recessão prolongada. A queda
foi tão veloz que o pregão da Bolsa de Valores de Nova York foi interrompido
automaticamente. O índice Dow Jones caiu mais de 1.300 pontos, ou mais de 6%, e
já perdeu quase todos os lucros registados desde a posse do presidente Donald
Trump, em 2017. O preço do petróleo ficou abaixo de 21 dólares por barril, pela
primeira vez desde 2002.
Montadoras automotivas
americanas, como Ford, GM e Fiat Chrysler, além das fabricantes Honda e Toyota
no país, também anunciaram que suspenderiam a produção nos EUA, Canadá e
México. Apenas o fechamento das três grandes montadoras americanas
deixarão 150 mil funcionários sem trabalhar. Eles deverão receber
pagamento extra para além de benefícios contra o desemprego.
Austrália e Nova Zelândia fecharam
fronteiras e barraram turistas, permitindo apenas a volta de cidadãos e
residentes desses países para casa.
Estados Unidos e Canadá fecharam
as fronteiras para todas as viagens, exceto tráfego essencial, e Trump disse
que planeja assegurar poderes extraordinários para mandar de volta ao México
pessoas que cruzem ilegalmente a fronteira para o país.
Dizendo que era um presidente em
tempos de guerra, Trump também invocou o Ato de Defesa de Produção de 1950 para
coordenar a produção industrial e superar gargalos de máscaras faciais,
aparelhos respiratórios e outros materiais médicos, num momento em que
hospitais no país se preparam para um aumento exponencial de casos. A lei dá ao
presidente autoridade extraordinário para expandir a produção e produzir
materiais vitais.
O Brasil registou
um salto
de casos na quarta-feira, quando as infecções subiram de 291 para 428,
segundo o Ministério da Saúde. O país vem adotando
medidas contra a propagação do coronavírus, como adiamento do Censo
pelo IBGE para 2021 – o dinheiro da pesquisa, 2,3 bilhões de reais, deverá
ser encaminhado para o Ministério da Saúde.
Por outro lado, o presidente Jair
Bolsonaro foi criticado por
romper o isolamento ao
qual estava submetido no fim de semana para cumprimentar manifestantes de um
protesto pró-governo no
domingo.
A Alemanha registou
mais de 12 mil casos até esta quinta-feira, com uma alta de quase três mil
casos em comparação com o dia anterior. Houve 20 mortes até agora no país, cuja
chanceler federal, Angela
Merkel, fez um pronunciamento extraordinário na quarta-feira apelando
à população para que respeite as medidas restritivas do governo.
O coronavírus já infectou mais de
220 mil pessoas no mundo todo e causou a morte de quase 9 mil, de acordo com a
Universidade Johns Hopkins. Mais de 84 mil pessoas se recuperaram da infecção
pelo vírus, que muitas vezes causa sintomas leves ou moderados, como febre e
tosse seca. Infecções graves costumam atingir pessoas idosas, com mais de 60
anos, e pacientes que já tenham outras enfermidades.
Deutsche Welle | RK/ap/rtr/ots
Sem comentários:
Enviar um comentário