Macau, China, 17 mar 2020 (Lusa)
-- O presidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa de Macau (AMLPM)
defendeu hoje à Lusa que esta é a altura de Portugal pedir ajuda à China para
combater o surto de Covid-19.
"A Itália já pediu ajuda à
China. Espanha já pediu ajuda à China. Portanto, eu penso que se calhar o
Governo português, antes que seja tarde, vai precisar de equipamentos, que são
insuficientes. Será uma altura apropriada também de pedir ajuda às autoridades
chinesas", defendeu José Manuel Esteves.
"Porque a China está a
ultrapassar este grande embate, que foi a epidemia no seu território. As
fábricas estão a arrancar, estão a produzir os ventiladores, estão a produzir
as máscaras, estão a produzir equipamentos de proteção aos milhões, mas a
procura a nível mundial é muita e está na altura de Portugal se pôr na fila e
tentar também ter acesso ao que é produzido" e que "vai fazer falta
em Portugal dentro de uma semana ou dentro de duas semanas", salientou o cirurgião.
Uma das hipóteses poderá passar
por utilizar o papel de Macau enquanto plataforma de cooperação sino-lusófona,
mas a abordagem direta a Pequim poderá ser privilegiada.
"Se calhar utilizando a
plataforma que é Macau ou se calhar abordando diretamente o Governo central da
China. Obviamente penso que em Macau há uma predisposição da própria sociedade
(...). Mas simultaneamente, parece que seria apropriado o próprio Governo de
Portugal fazer um pedido de ajuda formal através dos canais diplomáticos à China
para uma outra dimensão", explicou.
Afinal, frisou, o líder da AMLPM,
Portugal pode vir a necessitar, mas, como disse, a concorrência para [garantir]
essa ajuda vai ser enorme".
Hoje, o chefe do Governo de Macau
anunciou que, a partir das 00:00 de quarta-feira (16:00 de terça-feira em
Lisboa), só vai permitir a entrada na cidade aos residentes do território, da
China continental, Hong Kong e Taiwan e aos trabalhadores não residentes de
Macau.
Antes, na segunda-feira, as
autoridades decidiram avançar para quarentena a quase todos aqueles que
entrassem no território, de forma a conter casos importados, uma medida que
entrara em vigor às 00:00 (16:00 de segunda-feira em Lisboa) e imposta a todos
as pessoas que viajaram em países nos 14 dias anteriores à entrada no
território, com exceção da China continental, Taiwan e Hong Kong.
Depois de 40 dias sem novos casos
de Covid-19, Macau registou entre segunda-feira e hoje três novos casos
importados, de Portugal, Espanha e Reino Unido.
Antes destas confirmações, Macau
registava dez casos de infeção com o vírus da Covid-19, tendo todos já recebido
alta hospitalar. Agora, são 13 o número de pessoas em Macau infetadas desde que
o surto começou.
O coronavírus responsável pela
pandemia da Covid-19 infetou mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000
morreram.
Das pessoas infetadas em todo o
mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em
dezembro, e espalhou-se por mais de 145 países e territórios, o que levou a
Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Depois da China, que regista a
maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com mais 67 mil
infetados e pelo menos 2.684 mortos.
A Itália com 2.158 mortos
registados até segunda-feira (em 27.980 casos), a Espanha com 491 mortos
(11.191 casos) e a França com 148 mortos (6.663 casos) são os países mais
afetados na Europa.
Face ao avanço da pandemia,
vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e
o encerramento de fronteiras.
Em Portugal, a Direção-Geral da
Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais
117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.
JMC // JH
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