As escolas encerraram mas há
muitos alunos sem Internet ou computador em casa para realizar os trabalhos
pedidos pelos professores, durante a suspensão das aulas.
AbrilAbril | editorial
A Escola Pública é um dos
instrumentos fundamentais para atenuar desigualdades: seja pela formação, que
permite aos alunos de classes sociais mais desfavorecidas adquirir
conhecimentos que antes lhes eram negados, seja pela universalidade daquilo que
oferece. Da aprendizagem às refeições, no espaço da escola todas as crianças
são iguais. Apenas as características de cada aluno fazem a diferença.
Se a escola fecha, as crianças
regressam à sua dimensão e aí a sorte de cada um varia substancialmente. Com o
fecho inédito dos estabelecimentos escolares, os alunos são confrontados com
trabalhos enviados pelos seus professores via Internet.
Acontece, porém, que muitas
crianças não têm Internet em casa, muito menos computador ou telemóvel. Dados
do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que um em cada cinco
alunos não tem computador em casa e 5% das famílias com crianças até aos 15
anos não tem Internet. Mas há também professores nesta situação.
Outro aspecto a imprimir
desigualdade nas crianças passa pela formação dos pais, a quem, além do
trabalho à distância, cabe agora a tarefa de educar os filhos em casa, algo que
nem todos estarão capazes de fazer.
Na última semana, o Governo
sugeriu às escolas que recorressem aos Correios para enviar os trabalhos de
casa aos alunos sem acesso às aulas à distância. A medida pode ser um
paliativo, mas está longe de responder às questões de fundo que pautam a desigualdade
no nosso país.
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