quarta-feira, 25 de março de 2020

Portugal | Estado de excepção destapa desigualdades


As escolas encerraram mas há muitos alunos sem Internet ou computador em casa para realizar os trabalhos pedidos pelos professores, durante a suspensão das aulas.

AbrilAbril | editorial

A Escola Pública é um dos instrumentos fundamentais para atenuar desigualdades: seja pela formação, que permite aos alunos de classes sociais mais desfavorecidas adquirir conhecimentos que antes lhes eram negados, seja pela universalidade daquilo que oferece. Da aprendizagem às refeições, no espaço da escola todas as crianças são iguais. Apenas as características de cada aluno fazem a diferença.

Se a escola fecha, as crianças regressam à sua dimensão e aí a sorte de cada um varia substancialmente. Com o fecho inédito dos estabelecimentos escolares, os alunos são confrontados com trabalhos enviados pelos seus professores via Internet.

Acontece, porém, que muitas crianças não têm Internet em casa, muito menos computador ou telemóvel. Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que um em cada cinco alunos não tem computador em casa e 5% das famílias com crianças até aos 15 anos não tem Internet. Mas há também professores nesta situação.

Outro aspecto a imprimir desigualdade nas crianças passa pela formação dos pais, a quem, além do trabalho à distância, cabe agora a tarefa de educar os filhos em casa, algo que nem todos estarão capazes de fazer.

Na última semana, o Governo sugeriu às escolas que recorressem aos Correios para enviar os trabalhos de casa aos alunos sem acesso às aulas à distância. A medida pode ser um paliativo, mas está longe de responder às questões de fundo que pautam a desigualdade no nosso país.

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