Manuel Molinos | Jornal
de Notícias | opinião
Que o encerramento das escolas e
das discotecas e a redução da lotação máxima dos restaurantes e dos centros
comerciais seja o que faltava para todos perceberem que não estamos num circo
nem a brincar quando falamos das vidas de todos nós.
Que as corajosas palavras e as
medidas difíceis anunciadas por António Costa sirvam de uma vez por todas para
dar validade às recomendações das autoridades de saúde que nos últimos dias
temos recebido, mas para as quais muitos portugueses olham com desdém e com
escárnio.
Elogie-se o momento em que o país
político encontrou equilíbrio num dos momentos mais difíceis da história e que,
agora, "a luta pela nossa própria sobrevivência", como, e bem, a
classificou o primeiro-ministro, se possa travar com menos pânico e mais
racionalidade. Sem idas à praia, sem festas temáticas e sem açambarcamento irracional
de bens essenciais. E chegamos também ao ponto em que combater o Covid-19 é
também combater o vírus que prolifera na Internet como um tsunami. Que as redes
sociais sejam um local de entreajuda e onde a responsabilidade de cada um possa
fazer a diferença, e não o habitual desaguar de frustrações e sapiência oca.
Porque "há duas coisas que são infinitas: o universo e a estupidez humana.
Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta". A frase é
do físico Albert Einstein. E lembrei-me dela por um simples motivo: é daquelas
expressões que "bombam" nas redes e confere ao autor do post uma
espécie de grandeza intelectual e filosófica. Mas nunca pensei que, com mais de
30 anos de jornalismo, a máxima do físico alemão servisse como argumento para
entender o comportamento das pessoas neste tempo difícil que vivemos.
Que o fecho das escolas e as
quarentenas e, por arrasto, o tempo que todos irão ter mais disponível para
passar na Internet não sirva, portanto, para aumentar a parvoíce.
*Diretor-adjunto
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