Mariana Mortágua | Jornal de Notícias
| opinião
A Imprensa revelou esta semana
que o Ministério Público terá novos suspeitos no âmbito da Operação Lex, que
investiga possíveis crimes de tráfico de influências, corrupção, branqueamento
e fraude envolvendo juízes do Tribunal da Relação de Lisboa com extensas
ligações ao negócio do futebol.
No centro do caso estão os juízes
desembargadores Rui Rangel e Fátima Galante, suspeitos, entre outras coisas, de
terem influenciado vários processos judiciais que envolviam figuras do futebol
português, como o empresário José Veiga e o presidente do Benfica, Luís Filipe
Vieira, ambos arguidos na Operação Lex. Outro arguido é o ex-presidente da
Federação Portuguesa de Futebol João Rodrigues, que terá sido intermediário de
Rangel, nomeadamente junto de Álvaro Sobrinho, acionista do Sporting e
ex-presidente do BES Angola.
Mas as ramificações deste caso
não ficam por aqui e envolvem já Luís Vaz das Neves, antigo presidente do
Tribunal da Relação de Lisboa, também constituído arguido, e Orlando
Nascimento, o presidente da Relação de Lisboa que ontem se demitiu. Sobre ambos
recai a suspeita de terem viciado a distribuição de processos judiciais de
forma a atribuir casos específicos a certos magistrados.
Tanto Rui Rangel como Fátima
Galante já foram afastados dos tribunais pelo Conselho Superior da
Magistratura, mas as acusações que pendem sobre os restantes envolvidos são
demasiado graves para serem ignoradas. O princípio constitucional da separação
de poderes é para levar a sério e não está em causa. É por respeito e preocupação
com o papel da Justiça no regime democrático que o óbvio pode e deve ser dito:
todos os magistrados envolvidos, com elevadas responsabilidades no Tribunal da
Relação de Lisboa, devem suspender funções de imediato.
Mas não é só o envolvimento da
Justiça que torna este caso tão grave e importante. Há anos que os maiores
clubes, com os seus barões e empresários, formam um dos maiores focos de
corrupção e crime económico em Portugal. Está mais que na hora de esse poder,
que tantas ramificações tem na Justiça, na Banca e na política (em particular
no Parlamento), sair da impunidade.
*Deputada do BE
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