Díli, 13 mar 2020 (Lusa) -- As
cheias que atingiram hoje várias zonas da capital timorense causaram
"entre três a seis vítimas", um número que as autoridades timorenses
ainda vão atualizar, além de terem destruído casas e desalojado pelo menos 100
pessoas.
"Algumas informações apontam
entre três a seis vítimas. Continuamos a procurar informação para saber ao
certo o número de vítimas. Há vítimas, mas não temos a certeza de
quantas", disse à Lusa o secretário de Estado da Proteção Civil timorense,
Alexandrino de Araújo.
O responsável referiu que há
"muitas coisas destruídas, incluindo casas" e as autoridades estão a
retirar pessoas "para locais provisórios".
Araújo falava à Lusa em Díli, já
de noite, num dos espaços da Proteção Civil, no bairro de Bemori, perto do
cemitério de Santa Cruz, onde estão alojadas temporariamente cerca de 100
pessoas de 20 famílias, que ficaram desalojadas devido às cheias.
Uma extensa zona da parte leste
da cidade está sem luz, com as cheias a causarem danos a alguns serviços e a Eletricidade
de Timor-Leste a optar por desligar outras, para evitar choques elétricos ou
curtos circuitos.
Agostinho Cosme, diretor nacional
de Gestão de Risco de Desastres, disse à Lusa que as famílias que ali vão
pernoitar são apenas "da aldeia de Santa Cruz", mas que há problemas
noutros bairros em vários pontos da cidade.
"Amanhã vamos identificar
exatamente quantas pessoas estão afetadas e responder com apoio de
emergência", referiu.
O responsável da Proteção Civil
disse que este é um local provisório e que as autoridades estão a identificar
outras zonas que possam acolher mais famílias afetadas.
"Há muita gente, não apenas
aqui em Santa Cruz, mas em quase toda a cidade. Ainda esta noite estamos a
identificar os afetados mais graves que precisam de ser retirados para um local
onde o nosso povo ainda possa ficar", explicou Araújo.
"Amanhã encontraremos outras
alternativas dando apoio de emergência", disse, confirmando que há muitas
zonas destruídas.
No sábado, explicou, vão começar
as tarefas mais sérias de limpeza que abrangem várias zonas da cidade e espaços
como a Presidência da República, a Escola Portuguesa de Díli -- uma das
instituições mais afetadas -, a Universidade Nacional Timor Lorosa'e (UNTL) e
até a casa do ex-Presidente da República, Xanana Gusmão, que também ficou
inundada.
"É preciso que todos os
ministérios relevantes se reúnam de emergência para cada um assumir as suas
responsabilidades, e continuar a ver que apoios de emergência são necessários.
Isto é muito urgente", afirmou.
De visita à Escola Portuguesa de
Díli, o ministro das Obras Públicas, Salvador Soares, disse à Lusa que as
equipas do Governo, incluindo do Instituto de Gestão e Equipamentos estão já no
terreno, onde continuarão durante a noite.
"Estamos a avaliar a
situação que temos agora e obviamente a Escola Portuguesa é um dos problemas.
Estamos a mobilizar equipamento pesado para começar a atuar já para que não
haja mais danos caso volte a chover", disse.
O Governo está a verificar
"todos os danos que foram feitos" e a avaliar o que é possível fazer.
Questionado sobre as condições de
drenagem da cidade e da própria ribeira de Bidau, que rompeu as margens e
causou os maiores danos hoje, Salvador Soares disse que o desenho detalhado do
Plano Diretor de Drenagem foi concluído, mas precisa de ser implementado.
"O plano diretor custará 250
milhões de dólares e temos que alocar fundos para isso", disse.
"Para já estamos a tentar o
melhor possível para normalizar a situação com os recursos que temos",
disse.
A construção desenfreada e desregulada,
fraca manutenção das zonas de escoamento de águas e a construção de casas nas
bermas das ribeiras e, em muitos casos abaixo da cota da estrada, agravam os
problemas em caso de fortes chuvas.
No caso da ribeira em si,
residentes locais denunciam que obras recentes podem ter ajudado a enfraquecer
as margens, fazendo cair mais pedras e outro material para o leito que estava
igualmente assoreado em várias partes.
Isso implicou que o volume de
água tenha arrastado uma quantidade grande de detritos, que foram engrossando
ao longo do canal, bloqueando a forte corrente que galgou as margens.
ASP // JH
Sem comentários:
Enviar um comentário