sexta-feira, 3 de abril de 2020

Covid-19 agradece | VÃO À TERRA, MATAR OS VOSSOS “ENTES QUERIDOS”!


Bom dia. Portugal, refém do covid-19 como o resto do mundo. Apela-se à consciência dos cidadãos e as declarações de Estado de Emergência parece que dão em quase nada nas cabecinhas tontas de alguns. Alguns, que são bastantes. Pessoas que estão a pôr-se em risco e, pior ainda, a pôr em risco as vidas dos outros que com eles se cruzam e que levam com as gotículas transportadoras da transmissão do vírus. Gente que gosta de passear, de ver o mar, de estar em grupo (quem não gosta?), de tossir para os géneros alimentícios e respetivas embalagens dos supermercados… 

Temos por aí, globalmente, gente muito inconsciente, ignorante e muito estúpida. Por isso nunca é demais realertar e até, se necessário, fazer o desenho na parede. Por essas e outras Portugal prorrogou o Estado de Emergência e endureceu as medidas de coação. Vai ser suficiente? Ver para crer.

Perante este cenário escabroso em que não podemos exercer o convívio como habitualmente, nem os carinhos, nem um simples aperto de mão ou um abraço, seria ideal também não se constatar aquilo que se teme neste período da Páscoa: ir à terrinha ver os país e os tios já com idade, os primos e as primas… Teme-se e com razão, a falta de consciência é enorme. Temos visto – ao contrário daquilo que o PR e os do governo elogiam sobre o espetacular bom comportamento dos português. Há os que merecem mas também os que são recalcitrantes em entender que podem ser transportadores do vírus e que podem matar outros com essas “teimosias”. Sim, se quiserem matar alguém da família, os mais velhos porque são os de maior risco, vão lá à terra e abracem-nos, babem-se de gozo por os ver e ali conviver uns dias. Depois não se esqueçam que nem podem ir aos funerais dos que “sem querer” acabaram por matar.

Isto é duro de dizer, mas tem de se dizer. Talvez pela negativa entendam. É que há estúpidos que não entendem de outro modo.

NÃO VÃO À TERRA, OS MAIS IDOSOS AGRADECEM. ALIÁS, TODA A POPULAÇÃO LÁ DO SÍTIO AGRADECE.

Bom dia e um queijo. Escutem o que vos é recomendado pelo PR, pelo governo, pelos maravilhosos responsáveis e profissionais do setor da saúde que tanto se estão a sacrificar para nos salvar… a vida.

Seguidamente têm à disposição o Expresso Curto. Com covid-19 qb. Infelizmente. Passe a Páscoa em casa, preservem a saúde de todos... e a vossa.

AV | PG



Bom dia, este é o seu Expresso Curto

A interrupção segue dentro de momentos

Ricardo Marques | Expresso

Já houve um tempo em que o país parava, ao domingo à noite, para ouvir o professor Marcelo na televisão. Havia de tudo e para todos: grandes revelações, pequenas indiscrições e as inevitáveis notas. Aqueles minutos, que duraram anos, tornaram-se um ritual e uma instituição nacional.

Marcelo Rebelo de Sousa tornou-se Presidente da República.

O país está parado e, por estes dias, qualquer dia é tão domingo como um domingo qualquer.

Ontem, depois de dar avaliação positiva ao esforço dos portugueses no combate ao coronavírus nas duas últimas semanas, o Presidente da República confirmou o que já toda a gente sabia: o estado de emergência é para continuar durante mais duas semanas - e tudo o que já está parado mais parado vai ficar.

Há demasiado em jogo neste momento. Apesar dos sinais positivos que os números vão dando, é importante perceber que nada mudou e que qualquer mudança nos hábitos de cada um pode ter consequências dramáticas na vida de todos.

De acordo com os últimos dados oficiais (que serão revistos dentro de poucas horas), Portugal tinha 9034 casos de infecção com o novo coronavírus. Há 1042 pessoas internadas e outras 240 pessoas encontram-se em unidades de cuidados intensivos. Duzentas e nove pessoas já morreram com covid-19. E 68 pessoas recuperaram. Esta é a realidade por cá.

Abril vai ser um mês difícil. Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que o número de infectados pode ultrapassar as 20 mil pessoas. “Vai custar”, disse, “vai ser o maior desafio dos últimos 45 anos”. Depois pediu a todos os portugueses que aceitem e cumpram as regras. “É uma mudança radical na nossa vida, e vai ser por mais umas semanas. Mas isso significa que serão salvas milhares de vidas.”

Esta é a equação mais simples da pandemia: zero movimento mais zero contacto é igual a um número muito alto de vidas salvas.

Antes do discurso presidencial, e já depois de o Parlamento aprovar o estado de emergência 2.0 (pode ler aqui o relato da manhã na Assembleia) o primeiro-ministro tinha avisado que ainda não chegou a hora de “aligeirar as medidas”. Pelo contrário.

Após o Conselho de Ministros, António Costa enumerou as regras, apertadas, para as próximas duas semanas - em particular para o fim de semana da Páscoa. Ajuntamentos proibidos, deslocações entre concelhos largamente proibidas, aeroportos fechados, indultos para presos e malha apertada para os despedimentos. E uma série de outras medidas - desde penas mais pesadas para quem desrespeitar as restrições a documentos que tem de ter consigo se for trabalhar - que pode encontrar neste artigo.

Com o número de casos a aumentar em ambiente prisional, a possibilidade de libertar alguns reclusos vai mesmo avançar. Quatro medidas excepcionais para evitar uma situação explosiva.

As decisões sobre o terceiro período escolar só vão ser tomadas na próxima semana e anunciadas no dia 9 de abril. Os miúdos, parece, estão bem.

Nos Açores, o Governo regional decidiu proibir a circulação entre concelhos na ilha de São Miguel. A medida está em vigor desde as zero horas de hoje.

Até pode ser verdade que nenhum homem é uma ilha. Mas às vezes parece.

Outras notícias

Há um desenvolvimento na história macabra de um corpo desmembrado encontrado no Algarve. A Polícia Judiciária fez duas detenções: duas raparigas são as suspeitas da morte do jovem de 21 anos.

Mais de um milhão de infectados, mais de 50 mil mortos. Meio planeta parado e trancado em casa. Eis o que um vírus pode fazer ao mundo em pouco mais de três meses. O mais assustador é que o pior está para vir. Primeiro vão crescer os números, provavelmente a um nível que hoje nos parece impossível. Depois, quando começarmos a respirar de alívio, é provável que nos volte a faltar o ar com o estado da economia e com o nível de desemprego.

Mas haja esperança. Há sinais positivos. Um grupo de investigadores de vários países conseguiu identificar um fármaco, ainda em fase clínica de testes, que consegue bloquear os efeitos do SARS-cov-2, o coronavirus responsável pela covid-19. Ao mesmo tempo, um pouco por todo o mundo, há dezenas de laboratórios à procura de respostas e empenhados em descobrir uma vacina - o que me leva a um artigo publicado ontem por Bill Gates.

No seu blogue - Gates Notes - o fundador da Microsoft defende, entre outras coisas, que é altura de os Governos começarem a preparar infra-estruturas que permitam a produção maciça de vacinas logo que estejam disponíveis. O artigo chama-se “What our leaders can do now”.

Amanhã, na revista do Expresso, encontra um artigo de Yuval Noah Harari, em que o autor de “Sapiens”, “Homo Deus” e “21 lições para o século XXI” defende que o mundo está numa fase decisiva para o seu futuro. E que os lideres estão ausentes. (Pode ler no site, a partir da meia-noite, ou, em banca, na edição em papel)

Em Italia, o número total de infectados desde o início da pandemia é superior a 115 mil. No país já morreram 13915 pessoas. Em Espanha, o número de mortos é superior a 10 mil. O mundo está doente. Há pacientes franceses e italianos a ser tratados na Alemanha, corpos largados na rua no Equador, mil mortos num só dia nos Estados Unidos da América, um presidente que ameaça matar quem sair à rua e outro que, perante tudo isto, insiste em dizer que a covid-19 se cura com vodka e uma sauna.

Ontem, pela segunda noite seguida, estive mais de uma hora a ver na CNN a conferência de imprensa do presidente dos EUA ( esse país onde no último mês se venderam dois milhões de armas). As perguntas, as respostas, os esclarecimentos dos médicos e dos especialistas, as curvas nos gráficos… Tudo é igual. “Distância social e lavar as mãos”, “a máscara transmite uma falsa sensação de segurança”, “o melhor é ficar em casa”, mais testes”, “menos testes”… Há mais de duzentos mil infectados nos Estados Unidos.

A certeza mais certa que existe sobre a pandemia é que o day after vai ser difícil.

833979 empregos desapareceram em Espanha no mês passado - o pior da história do mercado laboral espanhol.

Nos EUA, o número é muito superior. Seis vírgula seis milhões de pedidos de subsídio de desemprego na última semana. Dez milhões em duas semanas - Portugal inteiro, por assim dizer. Ou escrever.

A 26ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, mais conhecida como Cimeira do Clima ou COP26, já não se vai realizar em novembro de 2020, mas sim um ano depois. Por essa altura, talvez os animais já não passeiem pelas ruas como está a acontecer agora.

Deixo para o fim uma reportagem impressionante que li ontem no jornal El Pais sobre a vida do padre que faz os funerais num cemitério na região de Madrid. Sete minutos para cada defunto.

O que ando a ler

E se falássemos antes do que anda a ler. Sim, diga lá em voz baixa o que anda a ler. Mas, por favor, não responda algo como “todos os jornais que um amigo meu partilha num grupo que temos no telemóvel”.

Deixe-me contar-lhe uma história rápida. Imagine que conhece um padeiro que todos os dias acorda às três da madrugada para começar a trabalhar e ter o pão pronto para vender às seis, quando os primeiros clientes chegam. Às vezes sai melhor, outras menos bem. Mas ele está lá, sempre. E as pessoas contam com ele. Agora suponha que todas manhãs aparece um indivíduo e leva o pão todo sem pagar um cêntimo. O pão é tão bom que ele come tudo o que consegue, distribui outro tanto pelos amigos e com o que sobra ainda organiza um lanche lá em casa para a malta toda.

Como é um tipo porreiro, até convida o padeiro e oferece-lhe o próprio pão.

Não seja esse tipo. Nem os amigos dele.

Informação credível é o pão que temos para si todos os dias. Com o nosso trabalho, com o nosso esforço.

Os diretores dos principais jornais portugueses juntaram-se para uma iniciativa inédita e o que se segue, assinado por todos eles, é algo que tem mesmo de ler

“Caro leitor(a),

Na atual situação extraordinária em que vivemos a importância do acesso a informação credível tem sido ainda mais realçada. Sentimos, da sua parte, essa exigência todos os dias e estamos deste lado a trabalhar continuamente para lhe fazer chegar os melhores conteúdos. Para que isso seja possível há, em cada órgão de informação, dezenas ou centenas de profissionais, de jornalistas a fotógrafos, de gráficos a colunistas que garantem a sua continuidade.

Para conseguirmos manter a qualidade precisamos da sua colaboração no combate à pirataria.

Diariamente, versões em PDF, com a totalidade dos jornais e revistas nacionais, são partilhadas por e-mail, whatsapp ou em redes sociais, numa clara violação dos direitos de autor. Esta partilha, além de ser um crime, é uma ameaça à sustentabilidade financeira das empresas, à informação livre e independente e no limite coloca em causa milhares de postos de trabalho.

Por isso, numa iniciativa inédita, os diretores de vários jornais e revistas juntam-se agora para lhe pedir que nos ajude a travar a pirataria, convidando os leitores a assinarem as edições digitais ou a dirigirem-se ao ponto de venda mais próximo.

Diga não à pirataria e sim à informação de qualidade.”

Comece pelo Expresso.

Fique em casa, fique seguro. Isto vai passar.

Tenha uma boa sexta-feira

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a

Sem comentários:

Mais lidas da semana