Jorge Rocha* | opinião
O combate eficiente ao covid
19 em Portugal merece elogios da imprensa internacional pela forma como as
autoridades de saúde portuguesas têm lidado com o problema, mas cria
indisfarçável nervosismo nos setores das direitas ideológicas, que adivinham os
riscos de deixarem o governo socialista colher os frutos da sua inequívoca
competência. As sondagens confirmam-no e, sem alternativa, Rui Rio esforça-se
por afixar uma máscara de moderação depressa abandonada tão só a oportunidade
suscitada por alguns dos seus apaniguados lhe deem ensejo.
Nos últimos dias já vimos
autarcas laranja a acusarem o governo de instituírem a lei da rolha a propósito
de informações, que desejariam ter, mas só fazem sentido a quem delas fizer uso
global ou científico. Quem é o general que, no meio de uma batalha, partilha
com os sargentos e os cabos as informações dos seus serviços militares?
Ouvimos provedores das santas
casas da misericórdia a exigirem apoios, que deveriam há muito estar previstos
pelos seus planos de contingência, provavelmente inexistentes, por sempre se
focalizarem nos lucros propiciados pela soma das contribuições das famílias dos
que abrigam e dos apoios estatais.
Agora voltamos a ter alguns
médicos, manifestamente capitaneados pelos militantes do PSD, que exigem ao
governo aquilo que sabem-no incapaz de garantir nesta fase por ser manifesta a
sua carência nos mercados internacionais: o uso universal de máscaras de
proteção.
Não se estranha que ouçamos esta
manhã o Marta Soares dos médicos - esse tal Roque da Cunha, candidato laranja à
Câmara da Amadora, que se serve do Sindicato Independente dos Médicos como
plataforma de permanente militantismo político antigoverno - a perorar a tal
respeito.
Seria desejável que todos
dispusessem desse equipamento de proteção? Provavelmente sim.
É exequível cumprir esse desejo,
quando se conhecem as inqualificáveis tentativas norte-americanas em desviar
para o seu território as encomendas feitas atempadamente por outros países,
inflacionando os preços na origem? Não.
Têm bastado as medidas
orientadoras da Direção Geral da Saúde, e cumpridas por quase todos os
portugueses, para reduzir a progressão da doença a 3 ou 4% por dia e com
limitado número de mortos comparativamente a quase todos os países ocidentais?
Sim!
Pode-se constatar que o sentido
de responsabilidade, decididamente neles inexistente, exigiria de Roque da
Cunha e do seu comparsa bastonário, um recato, que os poupasse à demonstração
pública da sua falta de escrúpulos. Sobretudo quando nesta circunstância
difícil para a maioria da população, as suas provocações não passam de mero
ruído.
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