quarta-feira, 22 de abril de 2020

Portugal | A POLÉMICA FORÇADA DO 25 DE ABRIL


Daniel Oliveira * | TSF | opinião

O 25 de Abril "não é uma festa, não é uma rave para onde vão fazer uma patuscada" e, sendo "trabalho" e havendo "condições de segurança", deve acontecer. Daniel Oliveira, no habitual espaço de opinião na TSF, considera a polémica "absurda", já que o Parlamento está "há dois meses a funcionar com comissões, deputados e votações em plenário".

"A sessão que está a ser preparada não é muito diferente de uma sessão normal do Parlamento" e trata-se de "menos de 130 pessoas num lugar onde há um ano estiveram 700". Daniel Oliveira sublinha que "no plenário vão estar menos pessoas do que estiveram na votação do estado de emergência e as mesmas pessoas que estão uma vez por semana" e nas galerias "poucas dezenas de pessoas espalhados por um espaço que deve ter lugar para mais de 400 pessoas".

Como tal, o jornalista acredita que "estão garantidas todas as indicações que DGS recomenda" e, desta forma, "seria estranho que o Parlamento funcionasse todos os dias, que o plenário reunisse uma vez por semana e apenas não o pudesse fazer no dia 25 de Abril, criando uma espécie de regime de exceção para esta data".

"Não sei se CDS, que foi quem levantou mais problemas, se sentiu mais seguro quando estava a votar os três estados de emergência do que se vai sentir no sábado, a não ser que o vírus distinga datas ou ordens de trabalho", ironiza.

Daniel Oliveira pega ainda no "exemplo", tantas vezes referido como argumento nesta polémica, para comparar o Parlamento com o desejado regresso às aulas dos alunos com exames nacionais. "Acho que mau exemplo seria dizer aos miúdos do 11.º e 12.º anos que devem ir para as escolas no dia 4 de maio e que os deputados, com muito mais condições de segurança, não podiam cumprir o seu dever", apontou.

O comentador reitera que se trata de um "dever, de trabalho", frisando que "os deputados não estão em lay-off, estão a receber o seu salário por inteiro" e "têm mais condições do que quem está, em geral, a trabalhar".

Sobre os populismos, Daniel Oliveira sublinhou que "as instituições não podem andar ao sopro de movimentos populistas ou de pessoas que disseram que devia ser adiado para o 25 de novembro", considerando que "quem faz esta propostas tem razões que provavelmente não são sanitárias".

*Texto de Inês André Figueiredo

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