Imagens mostram policia branco
ajoelhado sobre o pescoço de um homem negro imobilizado por vários minutos,
enquanto vítima reclama que não consegue respirar. Quatro policias são
demitidos pelo incidente em Minneapolis.
Um protesto violento foi
registado na terça-feira (26/05) na cidade de Minneapolis, nos EUA, depois da morte de um homem negro durante uma ação policial. Os quatro
agentes envolvidos na operação foram demitidos. Vídeos do incidente mostram um
policia branco ajoelhado sobre o pescoço de um negro deitado de bruços na rua,
que geme e diz que não consegue respirar, parando de mover-se minutos depois.
A manifestação começou à tarde de
forma pacífica, quando milhares de pessoas se reuniram na esquina onde o
incidente ocorreu na noite de segunda-feira. Os organizadores tentaram
manter o ato pacífico. Muitos na multidão usavam coberturas faciais para se
proteger contra a disseminação do coronavírus.
O ato tornou-se violento ao
anoitecer, quando policias antimotim dispararam bombas de gás lacrimogéneo e
balas de borracha, enquanto os manifestantes respondiam atirando garrafas de
água e outros projécteis, de acordo com o jornal local Star Tribune.
Imagens de emissoras locais mostraram algumas pessoas depredando o exterior de
um posto de polícia e de uma viatura. O tumulto aparentemente dissipou-se após o anoitecer, quando começou a chover.
O dia começara com o chefe
de polícia de Minneapolis, Medaria Arradondo, dizendo aos repórteres que o FBI abriu
um inquérito a seu pedido para apurar o incidente capturado em vídeo na noite
anterior.
O responsável da cidade de Minneapolis, Jacob
Frey, disse durante a mesma entrevista coletiva que, independentemente do
resultado da investigação, ficou claro que a morte do homem sob custódia – mais
tarde identificado como George Floyd, de 46 anos, que trabalhava como segurança
de um restaurante –, foi injustificada.
"Ser negro nos EUA não deve
ser uma sentença de morte", afirmou Frey. "Por cinco minutos,
assistimos quando um policia branco pressionava o joelho no pescoço de um
homem negro. Por cinco minutos. Quando ouvimos alguém pedindo ajuda, devemos ajudar." Jacob Frey anunciou mais tarde a demissão dos quatro policias no Twitter, dizendo: "Esta é a decisão certa."
O caso lembrou o
assassinato de Eric Garner em 2014, um homem negro detido desarmado em Nova York , que morreu
após ser mantido em posição de estrangulamento por um policia branco,
dizendo aos policias: "Eu não consigo respirar." A frase tornou-se mote para uma série de protestos posteriores contra violência policial contra
negros e outras minorias. Garner estava sendo detido por vender ilegalmente
cigarros avulso na rua.
Os policias envolvidos no
incidente de segunda-feira estavam respondendo a uma chamada por falsificação
envolvendo uma mercearia. Eles foram até Floyd – considerando-o como alguém que
correspondia à descrição do suspeito –, que estava dentro de um carro, de
acordo com o departamento de polícia. Segundo a polícia, depois que Floyd saiu
do carro, houve um confronto físico entre ele e os policias. Floyd foi em
seguida algemado, ainda de acordo com a polícia.
Imagens gravadas por
uma testemunha não mostram o que precipitou o confronto. Elas começam com Floyd
deitado ao lado da roda traseira de um veículo, com um oficial branco
prendendo-o ao asfalto, pressionando com seu o joelho o pescoço de Floyd. A
vítima pode ser ouvida gemendo repetidamente e ofegando enquanto
implora: "Por favor, eu não posso respirar, por favor",
enquanto curiosos se reúnem à volta, ficando cada vez mais nervosos e gritando
com o polícia para deixá-lo levantar-se. Um dos agentes diz a Floyd para
"relaxar".
O homem chama pela mãe e diz:
"Minha barriga está doendo, meu pescoço está doendo, tudo está doendo, não
consigo respirar." Um dos presentes grita preocupado, mas um dos policias diz: "Ele está falando, então ele está respirando." Depois de
vários minutos, Floyd gradualmente vai ficando quieto e deixa de se mexer. O
policia não tira o joelho do pescoço de Floyd até ele ser colocado numa maca
por paramédicos.
Uma ambulância levou Floyd a
um hospital, onde ele morreu pouco tempo depois, de acordo com a polícia.
Nenhuma arma esteve envolvida, e nenhum policia foi ferido no incidente,
segundo a polícia.
O advogado Benjamin Crump,
contratado pela família de Floyd, disse numa declaração de que o uso de força
"abusivo, excessivo e desumano" pelos policias "custou a vida
de um homem que estava sendo detido pela polícia por questionar sobre uma
acusação por um crime não violento".
Deutsche Welle | MD/ap/rtr
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