Brasil assusta países vizinhos
por condução caótica do governo Bolsonaro, destaca analista internacional
Amauri Chamorro
Já há mais de 530 mil casos confirmados do novo coronavírus na América Latina e no
Caribe, e a maior parte deles está no Brasil. É o que mostra balanço
divulgado nesta segunda-feira (18/05) pela agência internacional AFP, com
base em dados oficiais dos países latinos e caribenhos. Nestas regiões, são
mais de 30 mil óbitos registados.
No Brasil, os casos confirmados
da covid-19 ultrapassam os 254 mil, com 16.792 óbitos. O país já é o mais
afetado da América Latina e, desde segunda-feira (18), o terceiro com mais
casos em todo o mundo. Embora seja epicentro da pandemia na região, o que tem
assustado mesmo os países vizinhos é a forma como o governo Bolsonaro vem
conduzindo as ações de enfrentamento ao coronavírus.
De acordo com o consultor e
analista internacional Amauri Chamorro, “o Brasil está sendo um exemplo do que
não fazer, junto com o Equador”, compara. Com 23 mil casos confirmados e quase
3 mil mortos até ontem, o Equador tornou-se exemplo negativo pela demora em
reagir e tomar providência para impedir a disseminação do vírus. O que
rapidamente levou o sistema de saúde e funerário do país ao colapso, agora
disputado com o Brasil.
“Nos bastidores, o governo
brasileiro é tratado como algo criminal, porque uma coisa é você não ter
capacidade de ação, ou de repente ter demorado para comprar respiradores ou
testes para detectar o coronavírus. Outra coisa é negar o coronavírus, ordenar
as pessoas saírem às ruas, pedir para abrir academias, cabeleireiros. Isso é
colocar em risco a população, e obviamente deixa estarrecida toda a comunidade
internacional”, explica Chamorro aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria,
no Jornal Brasil Atual.
Contraste com outros países
O efeito contraste agrava ainda
mais a situação do Brasil, que vê países vizinhos reagindo com sucesso à crise
sanitária, como a Argentina. Na semana passada, Bolsonaro chamou a comparação
de “ideológica”, mas o país, que rapidamente adotou as medidas de isolamento
social, é o 12º com o menor registro de mortes por habitantes. Com 345 óbitos e
6.973 infectados até domingo (17/05), a Argentina tem média de 7,3 mortes por
milhão de habitantes, enquanto o Brasil soma 62,3 mortes por milhão. No mesmo
ranking, o Equador lidera com 132,3.
Momento era para ser de união
O Brasil vê ainda os demais
países latinos com quem tem fronteiras fechando as divisas terrestres. O analista
internacional alerta que a postura do presidente Bolsonaro pode provocar
consequências também económicas.
De acordo com Chamorro, este era
o momento para firmar elos de cooperação, não o contrário. “É muito importante
os países que são exportadores, como é o caso do Brasil, terem uma boa relação
e fortalecer blocos económicos como o Mercosul, como era a Unasul, para
conseguir exportar e negociar melhores condições. Inclusive ter mais acesso ao
crédito. E para isso você precisa ter uma diplomacia forte e ser um país
respeitado”, afirma. “Mas, neste momento, o governo Bolsonaro é uma grande
piada”, destaca o consultor internacional.
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