O maior partido da oposição
moçambicana diz que o Estado está a excluir os desmobilizados de posições de
chefia no Comando-Geral da Polícia de Moçambique. E que a atitude viola o
espírito do DDR.
O porta-voz da Resistência
Nacional Moçambicana (RENAMO), José Manteigas, disse esta terça-feria (07.07) à
agência de notícias Lusa que o partido tinha "uma legítima
expetativa" de que oficiais do braço armado da organização patenteados
no sábado (04.07) ocupassem posições de chefia no Comando-Geral da
Polícia da República de Moçambique (PRM), mas foram destacados para posições
inferiores.
"Acompanhamos atentamente o
patenteamento dos militares da RENAMO, mas criticamos o facto de nenhum deles
estar numa posição de chefia no Comando-Geral da Polícia", declarou José
Manteigas.
O porta-voz do partido da
oposição adiantou que esta exclusão viola o espírito do acordo de desarmamento,
desmobilização e reintegração (DDR) assinado com o Governo.
Os dez oficiais da RENAMO
patenteados no sábado vão ser colocados como responsáveis de esquadras e nas
polícias de Trânsito, Guarda de Fronteira e de Proteção de Recursos Naturais e
do Meio Ambiente.
Os patenteados eram guerrilheiros
da RENAMO e foram integrados na PRM em finais do ano passado, tendo sido
submetidos a uma formação básica na polícia moçambicana, estágio pré-profissional,
patenteamento e tomada de posse.
Depois de um arranque simbólico
no ano passado, o DDR esteve paralisado durante vários meses, tendo sido
retomado em 4 de junho e vai envolver cinco mil membros do braço armado do
maior partido da oposição.
Desde então já foram abrangidos
38 ex-guerrilheiros em Savane, 251 ex-guerrilheiros em Chibabava e outros 303
em Dondo, na província de Sofala, centro do país.
Filiação
Entretanto, a RENAMO considerou
contrária ao "pluralismo político" a apresentação pública de 160
membros do principal partido da oposição em Moçambique a declararem a sua
filiação à FRELIMO, partido no poder.
Os 160 militantes do partido da
oposição foram apresentados numa cerimónia pública no fim de semana no posto
administrativo de Dombe, província de Manica, centro de Moçambique.
O ato foi dirigido pelo primeiro
secretário do Comité Provincial da Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO), Tomás Chithlango.
Em declarações hoje à Lusa, esta
terça-feira, o porta-voz da RENAMO, José Manteigas, considerou a ação contrária
ao pluralismo político, acusando o partido no poder de implementar uma
estratégia de fragilização da oposição. "É contraproducente esse tipo de
ação, porque é uma forma de matar o pluralismo político, através da fragilização
da oposição", disse José Manteigas.
Deutsche Welle | Lusa
Imagem: Cerimónia de
patenteamento dos militares da RENAMO
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