Paulo
Baldaia | TSF | opinião
Há
um ano, o Parlamento aprovou, com os votos favoráveis do PS, PSD e CDS, o
Programa Nacional de Investimento e ele já não serve para nada. Tanto empenho
do governo em conseguir um consenso superior a dois terços dos deputados e agora
ninguém se dá conta que esse plano está caducado e vai ser substituído pelo
plano de um homem só. Ou melhor, de um só homem.
Onde
havia Programa Nacional de Investimentos, há - agora - o Plano de Recuperação
Económica. Onde havia a "necessidade de o país planear o seu futuro com
segurança, imune à mudança de ciclos políticos", há - agora - "a
urgência de fazer". Onde havia os partidos do arco do poder, há - agora -
António Costa Silva.
Na
entrevista ao Porto Canal, deste fim de semana, Rui Rio já admite a necessidade
de rever o plano que foi aprovado no Parlamento, com os votos do seu partido,
ao lado dos socialistas e do CDS, porque o mundo mudou com a pandemia e porque
o pacote financeiro que chegará da Europa é bem diferente do que estava
programado há um ano.
Há
razões para estarmos preocupados, quando gastar milhares de milhões de euros em
obras públicas voltou a ser um desígnio inquestionável. Não que elas não sejam
necessárias, não que o Estado não tenha de ser promotor de grandes
investimentos para impulsionar o crescimento económico, mas quando o desespero
é grande é preciso estar muito atento para que não se cometam os grandes
disparates de tempos mais recentes. O PSD e o CDS têm de vir rapidamente a
jogo, mais que não seja para exigirem que o governo respeite o consenso
nacional que, há menos de um ano, promoveu no Parlamento.
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