A
narrativa oficial do «vírus de Wuhan» pode ser cómoda para evitar uma
investigação profunda das reais origens do fenómeno mas está longe de caber nas
realidades que vão sendo conhecidas.
José
Goulão | AbrilAbril | opinião
Cientistas
da Universidade de Barcelona detectaram genomas do novo coronavírus SARS-CoV-2
nos esgotos da cidade no dia 12 de Março de 2019, isto é, nove meses e meio
antes da declaração das autoridades chinesas da cidade de Wuhan e praticamente
um ano antes de ter sido anunciado, em 25 de Fevereiro de 2020, o primeiro caso
de COVID-19 «importado» na capital catalã. Mais uma demonstração de que a
narrativa oficial do «vírus de Wuhan» pode ser cómoda para evitar uma
investigação profunda das reais origens do fenómeno, conveniente do ponto de
vista geopolítico, oportuna para as operações de propaganda em multiplicação
mas está longe de caber nas realidades que vão sendo conhecidas.
Os
autores do estudo catalão desenvolvem uma investigação sobre a importância da
monitorização das águas residuais das estações de tratamento de esgotos como
fonte de informações que permitam antecipar o aparecimento de surtos virais. Os
resultados foram objecto de uma pré-publicação em finais de Junho na plataforma medRxiv e
contêm elementos novos que os autores consideram «inesperados» e
«surpreendentes».
No
resumo do trabalho os autores escrevem que «O SARS-CoV-2 foi detectado nos esgotos de Barcelona muito antes
da declaração do primeiro caso de COVID-19, revelando que a infecção estava
presente na população antes do primeiro caso importado».
Fazendo
referência ao facto de terem descoberto genomas do novo coronavírus numa
amostra congelada no dia 12 de Março de 2019, usada como factor de comparação
com as colhidas mais recentemente nas mesmas estações de tratamento de águas
residuais, os cientistas catalães dizem que «esta impressionante descoberta
revela a circulação do vírus em Barcelona muito antes do relato de qualquer
caso de COVID-19 no mundo»; sendo «provável», portanto, «que situações
semelhantes possam ter acontecido em outras partes do mundo».
E
para que não haja dúvidas: em 12 de Março de 2019 «os níveis (de SARS-CoV-2)
eram muito baixos mas claramente positivos», assegura o coordenador do trabalho
científico, o professor Albert Bosch.
Os
autores do estudo, de carácter multidisciplinar pois envolve membros de várias
faculdades e departamentos da Universidade de Barcelona e de departamentos
públicos de índole sanitária e de abastecimento de água, colheram amostras de
esgotos em duas estações de tratamento da cidade entre 13 de Abril e 25 de
Maio, verificando que os níveis de concentração de genomas do novo coronavírus
seguiram a linha de evolução estatística da epidemia. Recorreram igualmente a
amostras de arquivo extraídas ainda em 2018, durante vários meses do ano de
2019 e do início de 2020.
«Inesperadamente»,
escrevem os autores, «a análise de amostras de arquivo revelou uma crescente
ocorrência de genomas em recolhas de 15 de Janeiro a 4 de Março» de 2020 – o
primeiro caso de COVID-19 em Barcelona foi declarado em 25 de Fevereiro.
Demonstram
estes factos que o SARS-CoV-2 esteve presente nos esgotos de Barcelona, com
valores ascendentes, durante pelo menos 41 dias antes da declaração do primeiro
caso, que foi definido como «importado».
Nas
conclusões do trabalho os cientistas escrevem que «uma proporção significativa
de portadores não diagnosticados ou assintomáticos eliminaram SARS-CoV-2 nas
fezes» quando ainda não se falava em COVID-19.
«Espalhado
antes de emergir na Ásia»
Tal
como acontece em outras circunstâncias entretanto conhecidas, admite-se que os
sintomas de problemas respiratórios registados previamente à declaração da
epidemia tenham sido atribuídos a influenza e enquadrados nos
períodos habituais de gripe comum.
Por
exemplo, o presidente da Comissão de Controlo e Detecção de Doenças dos Estados
Unidos (CDC), Robert Redfield, admitiu em 11 de Março, numa declaração a uma
comissão do Congresso, a possibilidade de a COVID-19 estar presente na
sociedade norte-americana muito antes de declarada oficialmente, sendo os casos
então diagnosticados como resultantes de uma «temporada» especialmente
virulenta de gripe comum, iniciada em Setembro de 2019. A conclusão foi
apurada através de exames póstumos de vítimas às quais tinha sido diagnosticada
gripe comum.
Em
Itália, o médico Dr. Giuseppe Remuzzi revelou num artigo publicado na
revista The Lancet que em Dezembro, ou até mesmo em Novembro, os
médicos de família da Lombardia fizeram eco de uma «pneumonia muito estranha»
em circulação e sem terem qualquer conhecimento do que se passava na China. De
notar que o chamado «paciente n.º 4» italiano, depois redenominado «paciente
n.º 1», não teve qualquer relação com Wuhan ou com a China, ao contrário do que
acontecera com os três primeiros casos declarados.
Ainda
em Itália, um estudo do Instituto Superior de Saúde, de âmbito governamental,
revelou que foram assinalados traços de SARS-CoV-2 nos esgotos das cidades de
Milão e Turim durante o mês de Dezembro.
Também
é do conhecimento geral que foram registados casos sintomáticos de COVID-19 em
França ainda no mês de Dezembro – apesar de a primeira situação oficial no
país, também a primeira na Europa, ter sido declarada em final de Janeiro.
«Há
um número crescente de provas que apontam para o facto de o SARS-CoV-2 já estar
espalhado pelo mundo antes de emergir na Ásia», declarou Tom Jefferson,
epidemiologista do Centro de Medicina Baseada em Provas da Universidade de
Oxford, ao jornal The Telegraph.
Entretanto
no Brasil…
Uma
outra prova que foge de maneira flagrante à narrativa oficial sobre a pandemia
de CIVID-19 foi divulgada recentemente no Brasil e tem origem igualmente em
trabalhos de análise de águas residuais de tratamento de esgotos.
Cientistas
da Universidade Federal de Santa Catarina detectaram cem mil cópias de SARS-Cov-2
por litro de esgoto em amostras recolhidas em 27 de Novembro de 2019, valor
esse que é a décima parte do que veio a ser encontrado numa recolha em 4 de
Março último. No entanto, os dois primeiros casos oficiais de COVID-19 só foram
declarados em Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, no dia 12 de
Março.
«Isto
demonstra que o SARS-CoV-2 já estava na comunidade antes de o primeiro caso ser
declarado no continente americano», escrevem os autores do estudo.
No
próprio cenário oficial da origem dos acontecimentos pandémicos, em Wuhan,
China, vários são também os exemplos que não coincidem com a versão oficial
consumida mundialmente.
Num
artigo informativo publicado em The Lancet em 30 de Janeiro, um mês
depois do primeiro caso anunciado na cidade chinesa, médicos de Wuhan revelaram
que dos primeiros 41 casos admitidos em meio hospitalar, entre 16 de Dezembro e
2 de Janeiro, 14 não tiveram qualquer ligação epidemiológica ao mercado de
frutos do mar de Huanan, considerado – para todos os efeitos
inquestionavelmente – como a origem da pandemia.
No
mesmo artigo, os clínicos recuam no tempo até 1 de Dezembro, dia em que um
primeiro paciente, um idoso, foi identificado em Wuhan com os sintomas que
depois vieram a ser caracterizados como os da COVID-19. Também esse doente não
teve qualquer vínculo epidemiológico com o mercado de Huanan.
Do
que ficou escrito pode deduzir-se, portanto, que o SARS-CoV-2 já estava
presente nos esgotos de Barcelona em 12 de Março de 2019, mais de nove meses
antes do primeiro caso mundial declarado oficialmente.
Do
mesmo modo, o vírus foi encontrado nos esgotos da cidade de Florianópolis em Santa Catarina ,
Brasil, em 27 de Novembro de 2019, um mês antes de declarados os primeiros
pacientes de COVID-19 em Wuhan, em 1 de Janeiro de 2020.
Nos
Estados Unidos, segundo o presidente do CDC, vítimas de um surto de gripe comum
«muito virulento» falecidas no último trimestre de 2019 foram diagnosticadas
postumamente com COVID-19.
Em
Itália, onde um dos primeiros quatro pacientes de COVID-19 não teve qualquer
contacto com a China nem com os restantes três, os sintomas da doença eram
abundantes, por exemplo na Lombardia, já em Dezembro ou mesmo em Novembro de
2019.
Em
França foram conhecidos casos com sintomas de COVID-19 dois meses antes da
declaração do primeiro caso.
Em
Wuhan, o primeiro caso registado pelos médicos da cidade não teve qualquer
contacto epidemiológico com o mercado de peixe onde supostamente tudo começou.
Assim
sendo, não é difícil deduzir que o SARS-CoV-2 já circulava pelo menos em
Espanha, Itália, França, Estados Unidos, Brasil e na própria China antes de ser
proclamada a origem da pandemia de Covid-19 no mercado de frutos do mar da
cidade de Wuhan.
Não
se trata já de procurar o paciente zero da pandemia, uma tarefa que, pelos vistos,
ninguém quer levar até às últimas consequências – o que não impede o comum dos
mortais de se interrogar com tão evidente manifestação de défice de curiosidade
científica.
É
que, com toda a certeza, nem a teoria oficial sobre as supostas origens do vírus
no «mercado de animais esquisitos», que tanto agrada à propaganda dominante,
bate certa com as realidades sucessivamente conhecidas. Em boa verdade a tese
esboroa-se por todos os lados – mas nem isso a abala.
Exclusivo O Lado Oculto/AbrilAbril
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