O
presidente Jair Bolsonaro foi denunciado neste domingo (26/07) no Tribunal
Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade e genocídio devido à
sua postura diante da pandemia de covid-
Bolsonaro já
é alvo de outras quatro denúncias no Tribunal, com sede na Holanda – três
delas por sua atuação na crise sanitária provocada pelo novo coronavírus e uma
por crimes contra a humanidade e atos que levam ao genocídio de comunidades
indígenas e tradicionais. A nova denúncia é a primeira feita por profissionais
da saúde, que afirmam que o presidente cometeu "falhas graves e mortais na
condução da pandemia de covid-19".
O grupo que protocolou a queixa, liderado pela Rede Sindical Brasileira UNISaúde, alega que Bolsonaro coloca os profissionais da saúde e toda a população em risco ao "adotar ações negligentes e irresponsáveis"; defender a hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a doença; e promover sucessivas aglomerações, nas quais costuma comparecer sem máscara. Além disso, o grupo salienta o fato de o Brasil estar há mais de dois meses sem ministro da Saúde.
No
documento de 64 páginas, os profissionais destacam também a postura de
"menosprezo, descaso e negacionismo" do presidente, que teve
como consequências desastrosas o crescimento da disseminação do vírus
e o "total estrangulamento dos serviços de saúde". A representação
solicita que a Corte acate o pedido, que peça ao governo federal as informações
necessárias e que convoque Bolsonaro a depor.
"O
governo Bolsonaro deveria ser considerado culpado por sua insensível atuação
frente à pandemia e por recusar-se a proteger os trabalhadores da saúde do
Brasil assim como a população brasileira, à qual ele prometeu defender quando
se tornou presidente", disse Marcio Monzane, secretário regional da UNI
Americas, braço regional da federação internacional sindical UNI Global Union,
citado pelo UOL.
Desde
o começo da pandemia, Bolsonaro vem negando
a gravidade da situação, fato que, aliado à política
ambiental, vem deteriorando a imagem do Brasil no cenário internacional.
Por diversas vezes, o presidente declarou ser contrários às medidas de
isolamento social e chegou a dizer que "ficar em casa é coisa de
covarde".
Além
disso, promoveu aglomeração ao participar de eventos públicos,
cumprimentar apoiadores e circular pelo comércio. Ao conversar com jornalistas
após ser diagnosticado com covid-19, tirou a máscara e, na semana
passada, após testar positivo para o coronavírus novamente, passeou de moto e
conversou com garis sem usar a proteção.
Bolsonaro é
um ferrenho defensor da hidroxicloroquina e da cloroquina chegou a tomar o
medicamento ao vivo em uma transmissão na internet, apesar de o uso dos
medicamentos antimaláricos no tratamento da covid-19 ser desaconselhado
pela Sociedade Brasileira de Infectologia.
Dois
ministros da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta e Nelson
Teich, deixaram o cargo desde o começo da pandemia por discordarem
das medidas propostas pelo governo. Até o presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, que Bolsonaro considera um aliado, mencionou o Brasil como
exemplo negativo no combate à covid-19.
Tribunal
de Haia
O
Brasil apoiou a criação do Tribunal Penal Internacional, em 1998. Atualmente, a
Corte conta com a participação de cerca de 120 Estados e é responsável por
julgar indivíduos acusados de crimes de genocídio, contra a humanidade, de
guerra e de agressão.
Em abril, Bolsonaro foi denunciado em Haia pela Associação Brasileira
de Juristas pela Democracia (ABJD), que alegam que o presidente praticou crime
contra a humanidade ao incentivar ações que aumentam o risco de proliferação
da covid-19.
Em
junho, o tribunal atendeu pedido protocolado pelo PDT e atualmente analisa
denúncia por crime contra humanidade pela postura de Bolsonaro no enfrentamento
da pandemia. O PDT argumenta que Bolsonaro tem contrariado recomendações
para reduzir o ritmo de contágio, contribuindo, assim, para um colapso do
sistema de saúde, e destaca que inúmeras vezes o presidente ignorou a
Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em
2019, Bolsonaro se tornou alvo de denúncia em Haia acusado de incitação
ao genocídio de povos indígenas e crimes contra a humanidade
por minar a fiscalização de crimes ambientais na Amazônia. A denúncia
foi apresentada pelo Coletivo de Advocacia
Cinco
meses após a confirmação do primeiro caso no país, em 26 de fevereiro, o Brasil
chegou neste domingo à marca de 2.419.091 infecções e 87.004
óbitos por covid-19.
Deutsche
Welle | LE/ots
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