O ministro russo dos Negócios
Estrangeiros disse ver indícios de «normalização» da situação no país vizinho,
mas alertou para as intenções de forças externas, que pretendem repetir o
«cenário ucraniano».
Ao intervir, este domingo, num
encontro celebrado na cidade russa de Solnechnogorsk, Sergei Lavrov disse que
«há quem queira que a situação que se pacifica na Bielorrússia se torne
violenta, provocar um banho de sangue e repetir o cenário ucraniano», em alusão
ao golpe de Estado em Kiev de Fevereiro de 2014.
Lavrov acusou o Ocidente de
«procurar desenhar» a Bielorrússia de acordo com os seus próprios padrões,
tendo acrescentado que a oposição, ao exigir a saída do presidente bielorrusso,
Alexander Lukashenko, segue o «guião venezuelano», informa a TeleSur.
«O opositores propõem negociar
com as autoridades apenas na condição da saída do presidente da Bielorrússia
(…). É semelhante ao que se passa na Venezuela quando a oposição pede a
renúncia do presidente legítimo (Nicolás Maduro)», disse Lavrov, citado pela
mesma fonte.
O diplomata russo acrescentou que
algumas propostas do Conselho de Coordenação da oposição na Bielorrússia são
«duvidosas» do ponto de vista da legitimidade e algumas podem mesmo ser
qualificadas como uma incitação às forças de segurança para violar o seu
juramento.
Sobre a «mediação» proposta por
países ocidentais – que estes caracterizam como a «única eficaz» –, o diplomata
recordou o que se passou na Ucrânia, o golpe de Maidan, «em que a gestão
ocidental foi uma demonstração de incapacidade».
«Portanto, o povo bielorrusso
decidirá por si mesmo como sair desta crise», afirmou Sergei Lavrov, destacando
como «muito importantes os claros sinais de normalização da situação ali»
existentes.
As declarações de Lavrov têm
lugar num contexto de protestos subsequentes às eleições celebradas no passado
dia 9 de Agosto na Bielorrússia, em que o actual presidente, Alexander
Lukashenko, obteve 80,1% dos votos. Svetlana Tikhanovoskaya, a chamada líder da
oposição – que denuncia uma alegada fraude, sem apresentar provas concretas –,
obteve 10,2%.
«Clara ingerência externa» e
repúdio mais firme de Moscovo
Lukashenko denunciou uma «clara
ingerência externa» em diversas ocasiões, sobretudo sediada em Varsóvia e
Vilnius, para lograr uma mudança de poder pela força e pôr o país no rumo dos
mercados, da União Europeia, da NATO, do nacionalismo e do anticomunismo – e de
costas voltadas para a Rússia, algo que o programa da oposição, que o
jornalista Bojan Tsonev ainda foi a tempo de ver, deixa mais que claro.
Numa peça ontem publicada pela agência Prensa Latina, o
correspondente em
Moscovo Antonio Rondón García afirma que «de nenhuma forma se
pode falar do fim da crise», mas que esta semana «a situação na Bielorrússia
ficou mais clara, com um intento falhado da oposição, pelo menos até ao
momento, de tirar do poder um governo legítimo».
Por outro lado, «a Rússia
reforçou a sua posição de repúdio perante a ingerência externa», num contexto
de declarações intervencionistas da União Europeia. «Além disso, Moscovo
mostrou-se disposta a apoiar Minsk na solução da crise política interna, criada
artificialmente com apoio e organização externas, mas que esta semana pareceu
perder partidários», afirma.
AbrilAbril | Imagem: Manifestação
de apoio a Lukashenko na cidade de Brest Créditos/ Twitter
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