quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Ministro da Defesa admite “grande maioria” da UE a favor de armar países terceiros


Por razões de neutralidade constitucional, a Irlanda e Áustria têm dificuldades com o assunto em discussão.

O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, admitiu nesta quarta-feira haver “uma grande maioria” de países europeus a favor de que a União Europeia (UE), além do apoio já prestado em equipamentos e formação, forneça igualmente armas a países terceiros.

“Esse tema esteve presente e há uma grande maioria de países favoráveis à ideia de que devemos, quando estamos a apoiar e a formar Forças Armadas em países pouco estruturados, ter a possibilidade de apoiar também com equipamento letal. Não faz sentido que sejam forças desarmadas”, disse Gomes Cravinho à agência Lusa.


O responsável pela tutela está numa reunião informal de congéneres europeus em Berlim, já que a Alemanha preside actualmente ao Conselho da UE, em preparação para a reunião formal de ministros da Defesa marcada para Novembro, em Bruxelas.

“Há dois países, por razões de neutralidade constitucional - Irlanda e Áustria -, que têm dificuldade com isto. Contudo, também querem uma solução que não impacte a vontade da esmagadora maioria. Estamos à procura de uma solução de natureza jurídica que seja satisfatória para eles, mas que não impeça a UE de avançar numa necessidade fundamental para a afirmação como uma unidade que pode apoiar a segurança e a estabilidade, particularmente em África”, afirmou o governante português.

Segundo o ministro da Defesa Nacional, o encontro europeu de hoje também versou sobre a operacionalização da política comum de segurança e defesa, nomeadamente as acções concretas no terreno com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e com a Organização das Nações Unidas (ONU).

Mas foi a denominada “bússola estratégica comum europeia” e as suas “metas e objectivos” a dominarem as atenções, designadamente o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz e a eventualidade de a UE poder começar a fornecer armamento a Forças Armadas de outros países, tal como já faz a Rússia e outros.

“Claro que isso obriga a ter muitas cautelas na forma como as armas são utilizadas, mas não podemos deixar o campo livre para concorrentes estratégicos que, depois, não têm os mesmos escrúpulos que nós temos”, vincou Gomes Cravinho.

Público | Lusa

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