Por razões de neutralidade
constitucional, a Irlanda e Áustria têm dificuldades com o assunto em discussão.
O ministro da Defesa Nacional,
João Gomes Cravinho, admitiu nesta quarta-feira haver “uma grande maioria” de
países europeus a favor de que a União Europeia (UE), além do apoio já prestado
em equipamentos e formação, forneça
igualmente armas a países terceiros.
“Esse tema esteve presente e há
uma grande maioria de países favoráveis à ideia de que devemos, quando estamos
a apoiar e a formar Forças Armadas em países pouco estruturados, ter a
possibilidade de apoiar também com equipamento letal. Não faz sentido que sejam
forças desarmadas”, disse Gomes Cravinho à agência Lusa.
O responsável pela tutela está
numa reunião informal de congéneres europeus em Berlim, já que a Alemanha
preside actualmente ao Conselho da UE, em preparação para a reunião formal de
ministros da Defesa marcada para Novembro, em Bruxelas.
“Há dois países, por razões de
neutralidade constitucional - Irlanda e Áustria -, que têm dificuldade com
isto. Contudo, também querem uma solução que não impacte a vontade da
esmagadora maioria. Estamos à procura de uma solução de natureza jurídica que
seja satisfatória para eles, mas que não impeça a UE de avançar numa
necessidade fundamental para a afirmação como uma unidade que pode apoiar a
segurança e a estabilidade, particularmente em África”, afirmou o governante
português.
Segundo o ministro da Defesa
Nacional, o encontro europeu de hoje também versou sobre a operacionalização da política
comum de segurança e defesa, nomeadamente as acções concretas no terreno
com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e com a Organização das
Nações Unidas (ONU).
Mas foi a denominada “bússola
estratégica comum europeia” e as suas “metas e objectivos” a dominarem as
atenções, designadamente o Mecanismo Europeu de Apoio à Paz e a eventualidade
de a UE poder começar
a fornecer armamento a Forças Armadas de outros países, tal como já faz a
Rússia e outros.
“Claro que isso obriga a ter
muitas cautelas na forma como as armas são utilizadas, mas não podemos deixar o
campo livre para concorrentes estratégicos que, depois, não têm os mesmos
escrúpulos que nós temos”, vincou Gomes Cravinho.
Público | Lusa
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