quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Portugal | António Costa contagiado pelo quero, posso e mando?

Em conformidade com o noticiado em TSF e decerto noutras publicações portuguesas, António Costa, primeiro-ministro, afirma perentóriamente que as escolas e as empresas têm de se manter em atividade apesar da pandemia covid-19 vigente. 

Até é compreensível que o PM Costa quebre as suas promessas e a sua postura aparentemente democrática, mas não restam dúvidas que perante as suas declarações, em título, mais parece um ditador e não o democrata que sempre aparentou e de que veio dando provas, pelo menos algumas das boas.

Ser perentório acerca das escolas não colhe bom senso pelo simples motivo de que existem alunos (assim como trabalhadores nas empresas) bastante vulneráveis e que de todo não devem correr o risco de serem contagiados com o covid-19, sabendo-se que devido à sua vulnerabilidade podem perder a vida, podem morrer. Isso pode acontecer com alunos de todas as idades e ainda mais com aqueles que pela tenra idade estão nas escolas básicas, crianças dos 6 aos 10 anos - ou um pouco mais. Que alternativas existem e que são apontadas pelo PM naquelas suas palavras? Não se vislumbram. António Costa diz "tem de ser assim, têm de ir para a escola..." - eis os laivos ditatoriais sem respeito pelas vidas de alunos e famílias fragilizadas na saúde.

Ao que se sabe o governo não apresentou ainda uma alternativa para os alunos mais fragilizados na saúde, com sérios problemas respiratórios e outras patologias de alto risco

Para esclarecer a forma perentória que é citada na TSF (mais em baixo), quererá António Costa reformular as suas declarações e apresentar alternativas com vista a proteger essas crianças? Que pais e/ou outros familiares responsáveis pelas crianças obedecerão cegamente à decisão ministerial imposta? Porque não existem alternativas? Porque não poderão os alunos a quem eventualmente não seja aconselhável correrem o risco acrescentado de contrair o covid-19 assistir às aulas na proteção de suas casas (basta uma câmara e audio na sala de aula com o professor/habitual) até que sejam vacinados e assim possuírem defesas contra o vírus? Ou será preferível arriscarmos ficar sem filhos ou netos para "obedecer" aos "iluminados" e doutos ministros e demais "entendidos" na matéria que está a causar o caos e a mortandade pelo mundo inteiro? Pode António Costa, o governo (seja ele qual fôr), garantir que nada de mal acontecerá a essas crianças? Se disser que sim há que o considerar um grande aldrabão. Como o bom senso levará a que pense e diga que não, pois que nos informe quais são as alternativas - que provavelmente não tomaram em consideração.

Acresce que estamos a menos de um mês do inicio das aulas e que temos o dever de proteger devidamente, a todo transe, as crianças por quem somos responsáveis. Acerca disso a desobediência civil é constitucional, ou já não é? É que neste caso justifica-se - uma questão de vida ou morte.

Urge repensar melhor o que numa estocada ditatorial o primeiro-ministro declarou sem admitir que existem exceções e que cada criança, cada aluno, cada pessoa é um caso. O governo não pensou nisso? Ou estes laivos ditatoriais só existem porque a pandemia facilita que surjam nos mais variados exemplos quotidianos e até pondo vidas em risco desnecessariamente, como é o caso das crianças e adultos com particularidades de saúde mais vulneráveis?

Em democracia não pode ser assim que diz, nem é assim que se deve pensar, e muito menos assim que se executa.

Pensem melhor, com abrangência e agilidade. Com bom senso e respeito pela vida dos cidadãos. Grandes e pequenos. Deixem-se do modo salazarista "quero, posso e mando". Portugal e os portugueses vivem de facto em ditadura ou em democracia? Será que só porque há eleições é um país democrático? Mas não no resto. Não, isso não é uma democracia como a que os portugueses merecem e querem. Assim, as eleições passam a ser uma ludibriante fachada da ditadura neoliberal alapada por quase todo o mundo.

Afinal: ditadura ou democracia?

"Não foi para isto que fizemos o 25 de Abril" - dizemos, os mais antigos que ainda restam.

MM | PG




Escolas terão de se manter abertas e empresas em atividade, diz Costa

O primeiro-ministro admite que o outono e o inverno serão piores e que implicarão mais preparação. "Temos de nos preparar porque não teremos a capacidade de resposta que tivemos em março, quando encerrámos as escolas." Também as empresas terão de se manter em atividade, diz Costa, de forma a prevenir o prejuízo da destruição da riqueza nacional.

"A comunidade está mais preparada", garante, no entanto. Apesar de vários setores estarem preparados para uma nova vaga, é necessário robustecer o SNS. avisa. Costa pronuncia-se também sobre a criação de uma nova unidade de cuidados intensivos, em Vila Nova de Gaia, e deixa a garantia de em novembro a obra estar concluída e de que haverá equipamento e material pronto por essa data.

Num conselho de ministros eletrónico, esta quinta-feira, foi acordada a aquisição de seis milhões e 900 mil vacinas entre as doses conseguidas pelo acordo celebrado por Bruxelas. "Sabemos agora que há uma luz ao fundo do túnel", declara, otimista.

Catarina Maldonado Vasconcelos | TSF, em “direto” sobre covid-19

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