O Presidente moçambicano
considerou esta segunda-feira (07.09) os grupos armados que protagonizam
ataques no norte do país uma ameaça à independência nacional, defendendo a
unidade do país contra a violência na região.
"O terrorismo que afeta
alguns distritos do norte de Cabo Delgado é uma ameaça aos ganhos do 7 de
setembro", afirmou Filipe Nyusi, numa declaração à nação, na cidade de
Quelimane.
O Presidente moçambicano também
pediu à dissidência armada da guerrilha da Resistência Nacional
Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição, a aderir ao processo
de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), assinalando que as ações
do grupo no centro do país são uma ameaça à paz.
O chefe de Estado proferiu as declarações,
por ocasião do 46.º aniversário dos Acordos de Lusaca, assinados em 7 de
setembro de 1974 pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), atual
partido no poder, e pelo Governo português para o estabelecimento das condições
de declaração da independência de Moçambique, em 25 de junho de 1975.
Sobre a violência em Cabo Delgado , Nyusi
avançou que a ação dos grupos armados que atuam na província mina as liberdades
conquistadas com a assinatura dos Acordos de Lusaca. "Os terroristas
cometem crimes hediondos, sem dar o rosto, assassinam crianças, mulheres e
homens e destroem bens", frisou o Presidente moçambicano.
Convivência pacífica
Filipe Nyusi repudiou a
reivindicação da defesa do Islão que alguns dos grupos armados que protagonizam
ataques no norte de Moçambique têm feito, assinalando que o país foi sempre
conhecido no mundo pela liberdade e convivência pacífica entre religiões. "Aqui
em Moçambique não existe um histórico que relata conflitos entre religiões e
somos admirados no mundo por isso", destacou.
O país, prosseguiu Filipe Nyusi,
deve manter-se vigilante em relação à utilização da religião para a
justificação da violência. "Queremos capitalizar esta ocasião para
convidar todos os moçambicanos, independentemente da sua ideologia, religião,
inteligência e experiência, para o combate a estes males", salientou o
chefe de Estado moçambicano.
A província nortenha de Cabo
Delgado é alvo de ataques por grupos armados desde outubro de 2017, que já
causaram a morte de, pelo menos, 1.059 pessoas em quase três anos, além da
destruição de várias infraestruturas. De acordo com as Nações Unidas, a
violência armada levou à fuga de 250 mil pessoas de distritos afetados pela
insegurança, mais a norte da província.
Adesão ao DDR
Sobre o DDR, Nyusi defendeu
que os membros da autointitulada Junta Militar da RENAMO devem aderir ao
processo em curso e cessar os ataques que protagonizam na região centro do
país. "É melhor saírem para se entregarem, não gostamos de andar em
guerra e a caçarmo-nos como se fossemos animais", afirmou o Presidente
moçambicano.
A autodenominada Junta Militar da
RENAMO deve reconsiderar a sua atuação e cessar os ataques contra alvos
civis e das Forças de Defesa e Segurança, porque são uma ameaça ao Acordo de
Paz e Reconciliação Nacional, acrescentou.
Nyusi apelou à direção e aos
membros da RENAMO para persuadirem o líder da junta, o general Mariano Nhongo,
a renunciar à violência e a respeitar o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional.
"Nem todos estão satisfeitos com os procedimentos que estão a ser seguidos
no âmbito do acordo, mas não enveredam pelas armas", referiu.
Depois de um arranque simbólico
no ano passado, o DDR esteve paralisado durante vários meses, tendo sido
retomado em 4 de junho. Vai envolver 5.000 membros do braço armado do maior
partido da oposição.
Apesar de progressos registados
no processo, que teve como principal marco a assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação
Nacional em agosto do último ano, a autoproclamada Junta Militar contesta a
liderança do partido e o acordo de paz, sendo acusada de protagonizar ataques
visando forças de segurança e civis em aldeias e nalguns troços de estradas da
região centro do país.
Artigo atualizado às 11h38 do
Tempo Universal Coordenado
Deutsche Welle | Lusa
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