COISAS QUE O IMPÉRIO TECE: O
ISLÃO RADICAL INVADE A ÁFRICA AUSTRAL
Martinho Júnior, Luanda
Ao serviço do império da hegemonia
unipolar, a doutrina Rumsfeld-Cebrowski envolveu-se na gestação e projcção do
AFRICOM no princípio do século XXI, influenciando a sensibilidade inteligente a
partir duma base de apreciação “soft power” das administrações que se
seguiram. (https://www.voltairenet.org/article205788.html).
As “preocupações” previamente
enunciadas por Theresa Welan, Subsecretária de Estado para a Defesa da
Administração de George W. Bush (https://www.defense.gov/Our-Story/Biographies/Biography/Article/760188/theresa-whelan/; https://www.youtube.com/watch?v=y1RaPGQXxyo; https://www.youtube.com/watch?v=Faeu8tOOZ6w)
cuja actividade está na origem da criação do AFRICOM, estão hoje na ordem do dia:
o islão radical, conectado e financiado em função de franjas importantes
da “Coligação” impulsionada no Médio Oriente Alargado sob os
auspícios anglo-saxónicos, está a aplicar à letra a devassa dos espaços de
rarefacção política-administrativa de África, onde quer que implante
tentacularmente suas sucedâneas redes radicais sunitas/wahabitas!... (https://issafrica.org/research/situation-reports/situation-report-why-africom-an-american-perspective-theresa-whelan; https://issafrica.s3.amazonaws.com/site/uploads/SITREPAFRICOM170807.PDF).
A criação do ramo África do
Pentágono (https://www.c-span.org/video/?200351-1/future-africa)
surgiu assim tacitamente associado ao “programa” de implantação do Al
Qaeda, Estado Islâmico e al Shabad, em direcção ao sul do continente,
explorando contraditórios da manipulação sob a tutela dos avassaladores
expedientes de domínio “inteligente”! (https://www.economicsvoodoo.com/wp-content/uploads/2013/01/1992-07-20-Strobe-Talbott-The-Birth-of-the-Global-Nation_Time-Magazine-.pdf; http://www.angonoticias.com/Artigos/item/9380/areas-sem-governacao-em-angola-e-mocambique-preocupam-eua).
Neste momento agravam-se
sincronizadamente as situações no Médio Oriente Alargado, a norte e em África,
a sul, pois o império eminentemente anglo-saxónico não desarma de seus
propósitos neoconservadores e elitistas, mesclados de neoliberalismo
incontinente! (https://www.strategic-culture.org/news/2020/08/13/birth-global-nation-what-makes-modern-rhodes-scholar/; https://www.youtube.com/watch?v=8fCp1-tS45g&feature=emb_title).
O que não falta ao elitismo
anglo-saxónico e pares africanos (Nelson Mandela, ou Paul Kagame) são Parques
Naturais para explorar perfilhando múltiplos interesses e fins (basta para o
efeito recordar como antecedentes o papel da RENAMO na Gorongosa, Moçambique,
ou o papel de Savimbi no sudeste angolano)… (https://isgp-studies.com/1001-club-of-the-wwf).
Em resultado do agravamento a
sul, com inconfessáveis objectivos na África do Sul, Moçambique está a ser
neste momento a última das devassas, cujo inventário em nada passou
despercebido ao Pentágono: MOÇAMBIQUE A RETALHOS, episódio fluente da IIIª
Guerra Mundial contra o SUL GLOBAL, previsto desde o início do século! (https://www.youtube.com/watch?v=FiPNTUMoLoo).
01- O al Shabaab (https://observador.pt/seccao/al-shabab/; https://www.dw.com/pt-002/al-shabaab/t-36499641)
indicia ter como missão “escorregar” de célula em célula em direcção
ao sul “índico” do continente a partir da conjuntura sincronizada
Iémen-Somália, ambos estados “falhados” e fraccionadas “sentinelas” do
Golfo de Aden, que implicam por si, no imediato, o potencial redesenhar da
península arábica e do “corno de África”, de forma a “infectar” na
profundidade suas respectivas regiões circunvizinhas, a norte e a sul. (https://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/africa/2020/5/24/Grupo-extremista-Shabab-cria-centro-para-doentes-Somalia,acb00dd3-f39f-451a-bfd9-ad6b381322e1.html).
A última evolução no “Corno
de África” está a ocorrer na ilha de Socotra, com a instalação duma
projecção “inteligente” que explora o êxito do Tratado entre o
sionismo implantado em Israel e a avassalada monarquia dos Emiratos Árabes
Unidos sob a égide da administração Trump e adequando-se também ao carácter do
AFRICOM e seus agrupamentos mercenários… (https://southfront.org/uae-israel-plan-to-create-intelligence-bases-on-socotra-island/; https://paginaglobal.blogspot.com/2020/09/recem-amigos-ex-agente-do-mossad-conta.html).
Dessa evolução alguns “experts” das
grandes potências emergentes multipolares dão conta das suas implicações
geoestratégicas no imenso espaço do Índico Norte, Golfo Pérsico, Península
Arábica, Golfo de Aden, “Corno de África” e Mar Vermelho (em função
dos corredores marítimos geoestratégicos indexados particularmente ao
transporte de petróleo e gás), mas as implicações tácitas de toda a ordem no
leste de África, em direcção ao centro e sul do continente, “escapa-se-lhes” em
função do foco de suas opções de abordagem e perspectiva, o que comprova aliás
alguma tendência de “apreciação” sobre a ultraperiferia económica que
continua a ser o “berço da humanidade”. (https://www.dw.com/pt-002/cabo-delgado-fraca-presen%C3%A7a-do-estado-facilitou-presen%C3%A7a-de-insurgentes/a-53869039)...
Os dados em relação a Djibouti
evidenciam mesmo assim alguns dos “corredores” em curso em função dos
interesses do império da hegemonia unipolar, no passo que é o crítico estreito
de Bab el Mandeb. (https://fort-russ.com/2020/08/the-emirate-hybrid-warfare-and-regime-change-plans-against-djibouti/).
Atenção idêntica não acontece com
as “apreciações” de alguns “think tanks” anglo-saxónicos
afectos ao império da hegemonia unipolar, ao “Commonwealth” e às
correntes de pensamento elitista, tendo em conta os interesses minerais do
continente africano e no gás de Moçambique em particular, ao sabor da
inteligência do AFRICOM! (https://www.dw.com/pt-002/cabo-delgado-relat%C3%B3rio-do-instituto-tony-blair-sugere-interven%C3%A7%C3%A3o-militar-regional/a-53867624).
… De facto não é grande a
distância entre Jilib, santuário do al Shabaab no sul da Somália (à beira do
rio Juba e na região mais fértil do país) e as localidades-alvo em Cabo Delgado , a sul
do vale do Rovuma, sendo possível até navegação costeira, dado o polvilhado de
pequenas ilhas em toda a região e a “chave intermédia” que constitui
Zanzibar!... (http://jornaldeangola.sapo.ao/mundo/desmantelada-base-logistica-de-rebeldes-em-cabo-delgado-1).
Essa rota marítima é conhecida
pelas armadas chinesas da dinastia Ming, (https://marsemfim.com.br/china-potencia-maritima/; https://www.uc.pt/fluc/iheu/artigos/recensao; https://www.researchgate.net/publication/322605697_A_presenca_chinesa_no_Oceano_Indico_Ocidental_no_seculo_XV_as_viagens_de_Cheng-Ho)
pelo que há uma conclusão a tirar: o império da hegemonia unipolar e as “Coligações” disponíveis
à manipulação de contraditórios, aprestam-se a criar cada vez mais obstáculos à
nova rota da seda ao longo da costa africana do Índico e em direcção à África
do Sul membro dos BRICS, com o sinal evidente de que o gás de Moçambique, está
dentro do foral da “cosa nostra” (Exxom-Mobil, BP, Total… tal como na
costa ocidental africana)! (https://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Imprensa/Noticias/Producao-de-gas-em-Mocambique-vai-tornar-o-pais-num-polo-energetico-de-Africa; http://jornaldeangola.sapo.ao/economia/petrolifera-total-assegura-15-mil-milhoes-de-dolares-para-gas-em-mocambique).
02- O estado da República de
Moçambique ainda não conseguiu demover algumas franjas da RENAMO, no centro do
país, a depor as armas e a abandonar a guerrilha… (https://observador.pt/seccao/mundo/africa/mocambique-africa/renamo-mocambique-africa/; https://www.dw.com/pt-002/resist%C3%AAncia-nacional-mo%C3%A7ambicana-renamo/t-17423802; http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/africa/2020/5/24/Guterres-Filipe-Nyusi-discutem-violencia-armada-Cabo-Delgado,51568a08-4f45-4a7e-bbcc-76911b5ba7aa.html).
Essa conjuntura gerada a partir
de sequelas do “apartheid” pode contribuir para trazer múltiplas
consequências mais gravosas, inclusive a tentação da progressão para o centro
do país do radicalismo islâmico que se está a manifestar em Cabo Delgado , com os
olhos postos na própria África do Sul, onde há uma forte comunidade islâmica
que eventualmente pode vir a ser radicalizada. (https://ni-u.edu/research/ARI_Newsletter_Feb_2015.pdf; https://journals.co.za/content/contemp/39/1/EJC158336).
O estado moçambicano não está a
negociar com essas franjas da RENAMO (https://www.publico.pt/2020/08/01/mundo/noticia/exmilitares-renamo-temem-confundidos-rebeldes-1926723; https://www.hrw.org/pt/world-report/2020/country-chapters/337443)
numa posição de vantagem, pois a intensidade da capacidade dos que se negam à
paz indicia ser de “geometria variável” e com base em injustiças
sociais herdadas de longa data, de forma a tacitamente obrigar Moçambique a
entrar no jogo da maior conveniência das transnacionais do gás que operam em Cabo Delgado : quanto
mais fragilizado estiver o estado, mais lucrativa será a poda, que só precisa
duns grupos de mercenários para garantir segurança necessária ao “arranque
a todo o gás”… (http://jornaldeangola.sapo.ao/mundo/exploracao-de-gas-natural-e-adiada-em-mocambique).
03- Moçambique está à beira de se
tornar um “estado falhado” se não recorrer ao socorro dos seus
parceiros da SADC, particularmente da já alarmada África do Sul, que destacou
recentemente meios logísticos e de manobra para Cabo Delgado, a fim de
propiciar outra consistência ao movimento de forças especiais na tentativa de
travar a insurgência da radicalização islâmica. (https://www.africaintelligence.com/eastern-and-southern-africa_diplomacy/2020/07/29/south-african-army-stands-by-to-go-into-cabo-delgado,109597778-eve; https://www.defenceweb.co.za/tag/cabo-delgado/; https://www.news24.com/news24/SouthAfrica/News/isis-questions-about-sandf-deployment-in-mozambique-unanswered-20200709; https://newsbeezer.com/southafrica/how-serious-is-the-islamic-states-threat-to-attack-the-south/).
Há poucos sinais de conjugação de
esforços entre a Tanzânia e Moçambique a fim de melhor actuar sobre os grupos
radicais islamitas em torno da fronteira comum no rio Rovuma. (https://www.garda.com/crisis24/news-alerts/340186/tanzania-military-deploys-additional-troops-at-mozambique-border-amid-concerns-over-cabo-delgado-insurgency-may-7).
O conjunto das implicações
externas em Moçambique permite-nos estabelecer três regiões de distintas, que
retalham Moçambique e colocam em cheque os países componentes da SADC sem
acesso aos portos do Índico:
. A capital, Maputo, neste
momento um bastião ligado ao corredor interior do norte da África do Sul e um
dos portos de saída para o Índico; a região (Maputo, Inhambane e Gaza) é um
reforçado expoente das relações estado a estado;
. Sofala, onde se instalou a
RENAMO, tradicional baluarte estimulado pelos interesses do “apartheid” em
função das conexões “anticomunistas” vinculadas ao “Le Cercle” (Jaime
Nogueira Pinto e enlaces alemães, franceses, portugueses e sul-africanos de
orientação ultra conservadora, cristão democratas); o porto de escoamento é o
da Beira; abrange Sofala, Manica, Tete e Zambézia); (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/08/mocambique-combates-terminarao-quando.html; http://artoliterama.blogspot.com/2009/05/jogos-africanos-de-jaime-nogueira-pinto.html);
. Cabo Delgado, alvo do islamismo
radical que iniciou acções no momento das descobertas de gás na região a sul do
Rovuma, afectando também o litoral; abrange Niassa, Cabo Delgado e Nampula. (https://reliefweb.int/report/mozambique/cabo-ligado-weekly-15-21-june-2020).
O retalhe de Moçambique foi
agravado, quer por via da destruição de infraestruturas e estruturas, quer em
função dos desequilíbrios humanos agravados pelas tempestades tropicais Idai e
Kenneth, ocorridas em 2019, atingindo o país particularmente no centro e no
norte, a partir do litoral. (https://www.unicef.org/mozambique/en/cyclone-idai-and-kenneth).
O agravamento da situação em
Moçambique vai afectar ainda mais os países do interior sem directo acesso ao
mar, em particular
Malawi , Zâmbia e Zimbabwe, todos eles membros da SADC…
04- Do lado de Angola em 2013
havia alguns sinais de células islamitas no vale do Cuango, em função de
infiltrações com origem na RDC. (https://paginaglobal.blogspot.com/2013/03/ainda-o-vale-do-cuango-iv.html).
É de crer que, em função das
operações contra o garimpo ilegal de diamantes aluviais ocorridas recentemente
(2018 e 2019), (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/10/angola-em-saudacao-operacao.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2018/10/em-saudacao-operacao-transparencia.html; https://paginaglobal.blogspot.com/2018/12/angola-em-saudacao-operacao.html)
tenha havido um esforço angolano de contenção de factores de desestabilização e
assimetria humana, todavia há sempre a possibilidade de fluxos e refluxos,
tendo em conta as características da plataforma que constitui a RDC e a tão
longa quão permeável fronteira comum. (https://moderndiplomacy.eu/2019/02/09/trends-in-the-spread-of-radical-islam-in-africa-the-case-of-the-democratic-republic-of-the-congo/; https://www.trtworld.com/africa/is-daesh-making-inroads-in-dr-congo-26178).
Com a pandemia e o fecho das
fronteiras o fenómeno terá sido momentaneamente estancado, mas depois a
atracção aos campos mágicos de exploração dos diamantes aluviais dos vales dos
rios afluentes do grande Congo vão ressurgir com novas vagas de pressão vindas
do norte, as culturas de nomadização invadindo os ambientes de cultura mais
sedentárias e, por ser fenómenos humanos de amplo espectro antropológico,
carregando consigo a radicalização islamita radical...
Essa não é a preocupação para a
inteligência do império da hegemonia unipolar e seu caudal de vassalos na
Europa e isso pode-se constatar no modelo de FILTRAR ANGOLA, segundo Ana Gomes,
Rui Pinto e os serviços de inteligência que estão implicados na ingerência e
manipulação, formatando a seu bel-prazer o SUL GLOBAL! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/08/filtrar-angola.html).
Os avanços radicais islamitas em
Moçambique constituem mais um indicador de alerta e prevenção para Angola e
para todo o espaço SADC e os angolanos devem perceber que o alerta de alvorada,
está inscrito nas próprias opções de estudo e observação que estiveram na
origem do AFRICOM e da exploração pelo Pentágono, pela CIA, pela USAID e outros
(incluindo o National Endowment for Democracy), pela NATO e até pela ONU
(através de suas Missões), nos termos das prevenções que têm feito e das
coopções que têm estimulado, em especial quando foi destruído o estado líbio
sob orientação de Kadafi, em 2011… (http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=24096; http://pagina--um.blogspot.com/2011/04/inevitabilidades.html)
04- O AFRICOM (https://www.africom.mil/)
que garante conexões com os atlantistas desde a Europa, subestabelece em leque
compromissos e “emparceiramentos” em função do agravamento da
situação provocada pelas tensões do islamismo radical em progressão para o sul
em África, um processo que conduz à intensificação do neocolonialismo numa
África que (sobre)vive numa ultraperiferia económica.
A desagregação dos estados
africanos “falhados” a oeste, a leste e pouco a pouco a sul, agravada
depois do ataque da NATO à Líbia em 2011, tem que ver tacitamente com as
antecipadas projecções feitas pelo Pentágono desde a gestação e eclosão do
próprio AFRICOM e do que o império espera dele nos termos de inteligência em
África. (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/09/africa-pantano-neocolonial.html).
Neste momento os Estados Unidos
delegam noutros os esforços militares mais árduos (França, Itália, Espanha,
Portugal e outros) e enredam-se nas parcerias de natureza mais
mercenariamente “soft” com os tão vulneráveis estados africanos,
alguns deles condenados ao “redesenhamento” como o Sudão, a Somália,
a Líbia, o Mali, Moçambique…
Os processos dominantes de subtil
guerra psicológica a fim de formatar “democraticamente” os africanos
desde logo mentalmente neocolonizados, estão em curso integrando pacotes de
inteligência, constituindo uma das prioridades… (https://frenteantiimperialista.org/blog/2018/07/08/la-guerra-psicologica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar-en-africa/).
A outra das prioridades, onde se
estão também a reflectir os contemporâneos enredos, está reservada às tensões
internas e às reconversões em curso da própria aristocracia financeira mundial!
(https://www.forbes.com/sites/christopherhelman/2020/08/31/goldman-sachs-10-reasons-to-sell-exxonmobil-now/#41eb6c8d9803).
… Uma das prioridades também na
África do Sul, com os sucessivos governos do ANC, desde a gestão de Nelson Mandela
tocados pelos expedientes elitistas que cavalgam com sinal “democrático” desde
os fins do século XIX: a indústria mineira perfeitamente anglo-saxónica e
dentro da esquadria “tradicional” do império! (https://paginaglobal.blogspot.com/2019/09/o-vulcao-sul-africano-martinho-junior.html; https://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2018/07/29/que-eternidade-para-nelson-mandela/).
Em Moçambique o choque neoliberal
(cacete) ocorre com a RENAMO, com o islamismo radical, com a corrupção, com a
pandemia, mas também com os fenómenos climático-ambientais de 2019, os
vendavais Idai e Kenneth, provocando em cadeia situações de fragilidade e
vulnerabilidade de tal ordem que resta apenas ao estado moçambicano entrar no
jogo da terapia neoliberal (cenoura), abrindo as portas praticamente sem condições,
aos investimentos das transnacionais do gás e aos mercenários que vão garantir
a segurança dos campos de produção em terra como no mar! (https://www.dw.com/pt-002/ciclone-idai-mo%C3%A7ambique-regista-446-mortos/a-48043984).
Mais um produtor de
matérias-primas sem melhor alternativa, mais um povo africano que fornecerá
mão-de-obra barata, mais uma nação obrigada a viver de indústrias extractivistas
de onde vai apenas recolher migalhas, migalhas que irão garantidamente
desequilibrar ainda mais as assimetrias sociais e instalar mais fortemente a
injustiça social, tudo isso em nome do virtual banho em “direitos humanos” e
em “desenvolvimento”… insustentável!
O chão do islamismo radical está
portanto fértil, aproveita “sabiamente” as marés e o vírus está a
penetrar na África Austral, onde um MOÇAMBIQUE A RETALHOS, poderá
provocar “efeitos dominó” em cadeia, alguns deles dirigidos ao
coração mineiro da África do Sul!...
Já não é o tipo de amaça de
Savimbi que procurou, para alguns como o Conservative Caucus, cristãmente,
levar a cabo a “somalização de Angola”: é mesmo a própria “somalização” que
se está a tecer para dentro da África Central e Austral. (https://angola.shafaqna.com/PT/AL/255586; https://www.youtube.com/watch?v=UU55mJCSXo4; https://militarist-monitor.org/conservative_caucus/; http://jornaldeangola.sapo.ao/mundo/ataque-armado-causa-11-mortos-em-mocambique).
Dramaticamente, são essas as
COISAS QUE O IMPÉRIO TECE!
Martinho Júnior -- Luanda, 2 de Setembro de 2020.
Imagens:
01- Do “Cabo ao Cairo” revisitado:
o vírus império da hegemonia unipolar eminentemente anglo-saxónico volta a
dividir, desta vez “transversalmente”, para melhor explorar os
contraditórios tácitos e melhor reinar;
02- A Somália a retalhos é um
dos “recados para África”; a Somália vê seu mapa político começar a ser
redesenhado ao sabor do exercício do império da hegemonia unipolar; “estados
falhados”;
03- O sul cosmopolita de
Moçambique tem um enquadramento aparte do resto do país; imagem de Maputo;
04- O centro do país está “cistãmente” à
mercê ainda, quer das sequelas da RENAMO (os fundamentalismos, mesmo os
cristãos “anticomunistas”, são como um cometa com uma cauda muito
comprida), quer dos fenómenos naturais cíclicos não controlados; na foto
Mariano Nhongo, líder do braço armado da RENAMO, no Parque da Gorongosa; https://www.dw.com/pt-002/mo%C3%A7ambique-junta-militar-da-renamo-considera-nulo-acordo-de-paz/a-50063920
05- Mocímboa da Praia, uma pérola
n Canal de Moçambique, por efeito da acção do fundamntalismo radical islâmico,
pode desaparecer. https://zitamar.com/mocimboa-da-praia-could-disappear-locals-warn-as-police-take-over/
Sem comentários:
Enviar um comentário