Fonte ligada à família confirmou à agência Lusa que o empresário congolês morreu esta quinta-feira no Dubai. Não houve, entretanto, até ao momento, qualquer comunicado ou confirmação oficial da família dos Santos.
A notícia sobre a morte do empresário congolês Sindika Dokolo, marido da empresária angolana Isabel dos Santos, começou a circular na noite desta quinta-feira (29.10) em vários meios de comunicação social congoleses. Foi mais tarde confirmada à agência de notícias Lusa, por uma fonte ligada à família, não tendo havido até às primeiras horas desta sexta-feira qualquer comunicado ou esclarecimento oficial da família dos Santos.
Segundo a agência Lusa, Sindika Dokolo morreu no Dubai, não se sabendo ainda qual a causa da sua morte. A imprensa congolesa adianta que a morte terá ocorrido enquanto praticava mergulho. Outros veículos de comunicação angolanos falam em embolia.
Nas suas redes sociais, Isabel dos Santos publicou, esta quinta-feira, uma fotografia com o marido e um dos seus filhos, sem qualquer legenda.
Também Michée Mulumba, assistente pessoal do Presidente congolês, Felix Tshisekedi, usou a sua conta do Twitter para deixar uma mensagem de condolências à família : "Foi durante um mergulho que partiu para a eternidade, uma atividade habitual que o afastou da sua luta e dos seus entes queridos", escreveu.
Empresário e colecionador de arte, Sindika Dokolo era casado com Isabel dos Santos, empresária e filha do antigo presidente angolano José Eduardo dos Santos, com quem tinha quatro filhos.Nascido no antigo Zaire, a 16 de maio de 1972 (atual República Democrática do Congo) era filho do banqueiro Augustin Dokolo Sanu, e da sua segunda mulher, a dinamarquesa Hanne Taabbel. Frequentou o liceu Saint Louis de Gonzague, em Paris, e prosseguiu os estudos na Universidade Paris Vi Pierre et Marie Curie.
Inspirado pelo pai, amante de arte, começou a sua coleção de arte quando tinha 15 anos e criou mais tarde a Fundação Sindika Dokolo, a fim de promover as artes e festivais de cultura em Angola e noutros países.
Em outubro do ano passado, a sua Fundação comprou e repatriou para Angola 20 peças de arte que tinham sido levadas de museus angolanos para coleções estrangeiras e preparou-se para entregar ao museu de Kinshasa a primeira peça congolesa recuperada, segundo uma entrevista concedida na altura à agência Lusa.
Crítico dos quase 20 anos do regime do Presidente Joseph Kabila na República Democrática do Congo, Sindika Dokolo esteve cerca de cinco anos no exílio, devido aos processos movidos contra si em Kinshasa, tendo regressado apenas em maio de 2019, já depois da chegada ao poder de Félix Tshisekedi, que tomou posse como chefe de Estado congolês em janeiro.
Em fevereiro de 2016, ainda com José Eduardo dos Santos nas funções de Presidente em Angola, a Fundação Sindika Dokolo entregou ao chefe de Estado, no Palácio Presidencial, em Luanda, duas máscaras e uma estatueta do povo Tchokwe (leste de Angola), que tinham sido saqueadas durante o conflito armado, recuperadas após vários anos de negociação com colecionadores europeus.
Luanda Leaks
Tal como Isabel dos Santos, os negócios de Sindika Dokolo estavam a ser investigados pela justiça angolana, na sequência das revelações do Consórcio Internacional de Jornalistas que ficaram conhecidas como "Luanda Leaks".
Sindika Dokolo e a mulher são suspeitos de terem lesado o Estado angolano em milhões de dólares e foram alvo de arresto de bens e participações sociais em empresas, em dezembro do ano passado, por determinação do Tribunal Provincial de Luanda.
Deutsche Welle | Lusa
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