João Rodrigues [*]
É uma das notícias do dia: o
Governo admitiu hoje recorrer a privados se SNS não conseguir
responder a aumento de casos.
Não é só o número de casos, mas também os outros casos, a saúde e a doença para
lá pandemia. A questão política central está então na concretização da palavra
recorrer.
Uma coisa é recorrer como sinónimo de requisitar a capacidade instalada no
sector privado, passando o Estado a controlá-la pelo tempo que for necessário,
fazendo uso, como já se sugeriu, das possibilidades abertas pelo Decreto-Lei
n.º 637/74 , realmente um tempo em que a lei era mais claramente um
instrumento ao serviço da criação uma outra economia política, ao serviço do
povo.
Outra coisa, e temo bem que seja esta, é recorrer como sinónimo de andar a
criar publicamente mais uma oportunidade para a expansão e para os lucros de um
dos mais sórdidos negócios privados, público-privados, aliás.
Haja coragem e decência no início de mais este estado de calamidade. Tem de
haver Serviço Nacional de Saúde, na, e para lá da, pandemia.
14/Outubro/2020
[*] Economista.
O original encontra-se em ladroesdebicicletas.blogspot.com/2020/10/coragem-na-calamidade.html
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