quinta-feira, 26 de novembro de 2020

“Vacina da Pfizer ainda está a ser testada. Anúncio da empresa é pura propaganda”

Já se sabia que a pandemia iria ser uma tragédia para muitos e um grande negócio para outros. As grandes multinacionais farmacêuticas estão na primeira linha: ainda não produziram nenhuma, mas lucram milhões nas Bolsas de cada vez que anunciam uma vacina. Vários governos e a UE participam na encenação. Quanto às vacinas que já existem, silêncio.

Na passada segunda-feira a multinacional norte-americana Pfizer anunciou, com grande alarde, que tinha uma vacina contra a Covid 19 com 90% de eficácia. Quase imediatamente o ministro da Saúde, Salvador Illa, anunciou por sua vez que o governo da Espanha comprará 20 milhões de unidades dessa vacina, que será administrada a 10 milhões de pessoas no início do próximo ano.

Os principais meios de comunicação do país celebraram a notícia como se ela significasse que, finalmente, havia sido encontrado o remédio definitivo para acabar com a pandemia. Mas existem realmente dados científicos que justifiquem esse exorbitante optimismo?

A dirigente do Red Roja e especialista em Saúde Pública, Nines Maestro, consultada sobre este assunto por Canarias semanal, explica que:

“A realidade é que, até ao momento, a única coisa que há sobre esta vacina é um comunicado da mesma empresa, que reconhece aliás que a referida vacina apenas passou a fase 1 dos testes, para iniciar agora a fase 2- 3″.

O anúncio do governo espanhol é totalmente irresponsável

Maestro lembra, nesse sentido, que os ensaios dessa vacina ainda não foram sequer concluídos e, portanto, ainda não pode ser endossada nem pela comunidade científica internacional nem pela OMS.

“A única coisa que na realidade sabemos sobre a vacina é - sublinha Maestro - que este anúncio de propaganda fez disparar o valor das suas acções e permitiu que o CEO da Pfizer Albert Bourla vendesse 62% das suas acções pelo valor de 5, 6 milhões de dólares no mesmo dia em que foi anunciada. Exactamente a mesma coisa que aconteceu há alguns meses com o anúncio da empresa Moderna, também norte-americana”.

“Estamos perante uma campanha de propaganda, de autopromoção, e é uma tremenda irresponsabilidade que o governo espanhol tenha embarcado nisso, não se sabe se por pânico do coronavírus ou porque lhes tenham dado alguma comissão”.

“Em qualquer caso - esclarece Nines Maestro – o que é certo é que se trata de uma multinacional que espera embolsar centenas de milhares de milhões de euros e para isso emitiu um comunicado de autopropaganda”.

Para a dirigente da Red Roja, é fundamental denunciar a capacidade das empresas farmacêuticas multinacionais de corromper governos e todo tipo de instituições internacionais.

“Isto - esclarece o Maestro - não é uma mera opinião. É preciso lembrar que a própria OMS não teve outro remédio senão admitir, há alguns anos, que o seu comité científico de peritos em gripe A havia sido subornado pelas multinacionais fabricantes da vacina e dos medicamentos contra essa doença, para o que ocultaram ensaios clínicos que não confirmavam a sua eficácia e esconderam os seus efeitos secundários.”

“Em Espanha, com o Governo de Rodríguez Zapatero e Trinidad Jiménez como Ministra da Saúde, foram gastos cerca de 400 milhões de euros nessas vacinas e medicamentos que no final não foram utilizados ​, em 2009, quando estavam a ser feitos cortes tremendos no sistema nacional da saúde e outros serviços sociais em plena crise”.

“O que quero dizer com isto é que não podemos e não devemos confiar nas multinacionais nem em governos onde as portas giratórias estão na ordem do dia.”

“Lembro-me agora, por exemplo - aponta - do caso do próprio antecessor de Trinidad Jiménez, Bernat Soria, que acabou a ser contratado pelo laboratório Abbott, ou de Cristina Revilla, mas o que é invulgar é encontrar um ministro do PSOE ou do PP que seja alheio a essas portas giratórias.”

“O que há que exigir é que sejam compradas vacinas desenvolvidas por laboratórios públicos”

Para Nines Maestro, a reivindicação popular aos governos deve passar por exigir-lhes a compra de vacinas desenvolvidas em laboratórios públicos.

“Esta é - explica - a garantia de adquirir um medicamento cuja produção seja o mais imune possível ao suborno das multinacionais farmacêuticas. E neste momento já existem países, como Cuba ou a Rússia, com laboratórios públicos desenvolvendo vacinas altamente avançadas e também uma das três vacinas chinesas foi desenvolvida num laboratório 100% público”.

Canarias Semanal

Fonte: https://www.lahaine.org/est_espanol.php/la-vacuna-de-pfizer-aun

Publicado em O Diário.info

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