Não foram 800, foram 950 os trabalhadores que saíram dos CTT nos últimos três anos, denuncia o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT).
empresa aprovou em 2017 um plano de transformação operacional, um plano que continua válido mas para os sindicalistas a administração dos CTT já foi além do que estava programado
O secretário-geral do SNTCT, Vítor Narciso, pegou nos últimos relatórios de gestão dos CTT e cruzou com a informação dada ao sindicato pela administração da empresa, para concluir que houve mais 150 trabalhadores dispensados do que o previsto.
"Se nós formos ver até outubro que é quando nós temos os resultados das aposentações e com os números que a empresa nos deu estamos a falar de 950 trabalhadores, ou seja são 800 mais 150 que a empresa atingiu na fase de rescisões de contrato", sublinha Vítor Narciso.
Há três anos os CTT justificavam os cortes de pessoal com o facto da quebra do tráfego de correio em cerca de 50% desde 2001.
Mas hoje, o secretário-geral do sindicato aponta falhas graves devido à escassez de mão-de-obra porque "o número de trabalhadores neste momento não é suficiente para fazer o serviço porque se fosse suficiente o serviço não andava atrasado, se fosse suficiente as encomendas expresso não andavam a passear de um lado para o outro para lhes serem mudadas as datas de entrada no correio".
Além da quebra do número de trabalhadores afetos ao serviço postal dos CTT a empresa regista também uma quebra de 13% no vencimento médio dos trabalhadores. Se em 2017 as despesas com pessoal ascendiam a 2311 euros por mês por trabalhador essa parcela baixou para 2009 euros por mês em 2020.
Os CTT tinham, no final de 2019, 2370 postos de correio e rede de lojas o que para a ANACOM "é compatível com os objetivos de densidade da rede postal".
A Autoridade Nacional das Comunicações (ANACOM), no seu relatório "Rede Postal e Oferta de Serviços dos CTT", publicado em abril de 2020, "apresenta os níveis de desempenho relativos aos indicadores de densidade da rede postal e de ofertas mínimas de serviços registados no final de 2019, bem como a evolução da rede postal até essa data".
A ANACOM destaca que "os CTT
tinham em funcionamento 2370 estabelecimentos postais, dos quais 539 eram
estações de correio e 1831 eram postos de correio".
O número total de estabelecimentos postais no final de 2019 "evidencia um
crescimento acumulado de 2,3% face ao observado no final de 2014, o que
significa que o número de postos de correio criados neste período superou o
número de estações de correio encerradas".
Assim, "o número total de estabelecimentos postais é compatível com os objetivos de densidade da rede postal fixados pela ANACOM a 15 de setembro de 2017, que implicitamente colocam em 2296 o número mínimo de estabelecimentos postais que os CTT devem manter em funcionamento".
A TSF contactou a administração dos CTT para obter respostas sobre o impacto do "Plano de Transformação Operacional dos CTT" mas a empresa não quis fornecer essa informação.
A única informação disponibilizada pela empresa diz respeito a uma atualização do número de "Pontos de acesso" em 2020: "Ao dia de hoje os CTT contam com 562 Lojas próprias e 1822 postos de correio, totalizando 2384 Pontos de Acesso". Ou seja, mais 15 do que há três anos e 88 postos e lojas acima do número mínimo de densidade definido pela ANACOM.
José Milheiro | TSF | Imagem: © Miguel Pereira / Global Imagens
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