domingo, 22 de março de 2020

Angela Merkel em quarentena após contacto com médico infetado


Notícia é conhecida no mesmo dia em que a Alemanha impõe medidas mais restritivas aos cidadãos

Angela Merkel entrou em quarentena este domingo, depois de ter estado em contacto com um médico infetado com coronavírus. De acordo com uma nota emitida pelo gabinete da chanceler alemã, Merkel esteve com o profissional de saúde na última sexta-feira. Nos próximos dias deverá fazer testes para identificar se foi contagiada.

A notícia surge no mesmo dia em que a Alemanha adotou medidas mais restritivas para evitar a disseminação do coronavírus: as pessoas ficam agora obrigadas a manter uma distância mínima de metro e meio entre si e ficam proibidos ajuntamentos de mais de duas pessoas no espaço público.

Angela Merkel já disse que a pandemia de covid-19 é o maior desafio que se coloca ao país desde a II Guerra Mundial. "Não existe um desafio como este desde a reunificação alemã - não, desde a Segunda Guerra Mundial - que dependa tanto da nossa ação conjunta de solidariedade", sublinhou a chanceler num discurso ao país, na passada semana, pedindo então responsabilidade aos cidadãos - "Isto é sério e é preciso que levem isto a sério".

Diário de Notícias | Imagem: © EPA/ARD / POOL

Covid-19: Moçambique anuncia primeiro caso da doença


Trata-se de um cidadão moçambicano, com mais de 75 anos, que recentemente esteve no Reino Unido. Anúncio foi feito há pouco pelo ministro da Saúde, Armindo Tiago, em Maputo. País tem poucos ventiladores mecânicos.

O ministro da Saúde de Moçambique, Armindo Tiago, anunciou este domingo (22.03) o primeiro caso de infeção pelo novo coronavírus no país confirmado pelas autoridades.

Trata-se de "um moçambicano, com mais de 75 anos, que voltou de uma viagem ao Reino Unidos em meados deste mês", referiu, em conferência de imprensa, em Maputo.

"Trata-se de um caso importado", realçou.

A infeção foi confirmada no laboratório do Instituto Nacional de Saúde (INS) nas últimas 24 horas.

O doente tem sintomas ligeiros, está em isolamento domiciliário e sob acompanhamento clínico pelas autoridades de saúde do país, realçou o ministro.

"Como mandam as regras da Organização Mundial de Saúde (OMS), decorre um rastreio de contatos" mantidos pelo portador do vírus, para "monitorização e avaliação de eventuais cadeias de transmissão do vírus".

Até este domingo (22.03), único caso confirmado de covid-19 relacionado a Moçambique era o do médico moçambicano residente em Espanha e que se encontra em tratamento no hospital do país europeu.

O CORONAVÍRUS NO BRASIL


China volta a registrar casos de transmissão local, e Brasil chega a 18 mortos. Bolsonaro chama João Doria de “lunático” por quarentena em São Paulo

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, recomendou neste domingo o adiamento das eleições municipais previstas para este ano. De acordo com ele, seria uma “tragédia” realizar o pleito em meio a esta crise de coronavírus. Já o presidente Jair Bolsonaro chamou o governador de São Paulo, João Doria, de “lunático” em entrevista ao canal CNN. O ataque foi feito após o tucano declarar quarentena em todo o Estado à partir de terça-feira: todos os comércios não essenciais devem ficar fechados (incluindo bares e restaurantes). 

Bolsonaro também reagiu às críticas de Doria de que lhe faltaria liderança neste momento de crise: “Esses governadores, poucos, que me criticam o tempo todo, dizem que não tenho liderança. Digo a esses governadores que as eleições de 2022 estão muito longe ainda para vocês partirem para esse tipo de ataque”. 

Uma pesquisa do Datafolha divulgada neste domingo aponta apoio de 74% dos entrevistados a medidas restritivas como a quarentena. Os casos da doença no país chegaram a 1.128, com 18 mortos. A expectativa é de que o Brasil possa ter até 9 milhões de infectados, segundo especialistas. 

A China, epicentro da pandemia do coronavírus, anunciou neste final de semana que voltou a registrar casos de transmissão local da doença, logo após ter divulgado o fim deste tipo de contágio.

El País - São Paulo, Brasília, Madrid

Na imagem: O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante teleconferência com prefeitos. / PRESIDÊNCIA

Portugal | Não despedir. Apelos urgentes


Manuel Carvalho Da Silva – Jornal de Notícias | opinião

O tempo que vivemos é de exceção e de emergência. Ninguém sozinho, nenhuma família, nenhuma empresa, nenhuma organização está por si só em condições de responder aos desafios com que se depara.

A resposta tem de vir da ação solidária de todos os cidadãos e de todas as organizações. As medidas que agora se adotam têm de responder às premências e prioridades de hoje e salvaguardarem condições para se reconstruir a normalidade.

Hoje preocupamo-nos em primeiro lugar com a proteção reforçada dos mais velhos, com a proteção na doença a todos, com o abastecimento de bens e serviços indispensáveis, com o melhor funcionamento possível da economia. Entretanto a pandemia está a gerar mudanças múltiplas, outros tipos de "vírus" e novas fragilidades que nos poderão tolher o futuro se, agora, não adotarmos precauções.

Temos a obrigação de tudo fazer para que a crise pandémica não se transforme numa crise social sem precedente. Urge combater o "vírus" da permissividade perante o despedimento, da complacência com o desemprego e as precariedades, da tolerância face ao não pagamento dos salários e à perda de rendimento dos trabalhadores "independentes". A generalidade das empresas não se aguenta entregue às regras do mercado. Será uma violência contra quem trabalha e contra o desenvolvimento da sociedade, o trabalho e o emprego ficarem entregues às regras vigentes do "mercado de trabalho" e a decisões discricionárias de empregadores.

São acertadas as medidas que procuram evitar uma escalada de falências. Os milhares de milhões de euros em linhas de crédito às empresas de alguns setores, em benefícios fiscais e em garantias diversas é significativo mas, por certo, vão ter de ser feitos esforços financeiros ainda maiores: o país deve recorrer a tudo o que for possível para manter as empresas vivas ao longo da quarentena, por forma a que estas consigam regressar à atividade com pujança, quando os impactos da Covid-19 o permitirem. Mas os apoios públicos - dinheiro de todos - não devem ser concedidos sem a contrapartida de salvaguarda dos postos de trabalho.

A situação que a maioria dos empresários portugueses experimenta é, sem dúvida, extraordinariamente difícil e complexa. Muitos deles, se assumirem a solidariedade que a situação impõe, poderão ter de recorrer a ganhos amealhados ou até ao seu património. Contudo, há que pensar que grande parte dos que perdem o emprego ficam despidos em absoluto de rendimentos e até de dignidade. E a recuperação das empresas e do normal funcionamento da sociedade vai precisar de trabalhadores saudáveis e motivados. É imperioso um apelo a todos os empregadores, desde os grandes grupos económicos até aos empregadores domésticos: resistam à tentação de despedir aqueles de que momentaneamente não precisam.

O Governo tem de adotar os mesmos compromissos na Administração Pública, de garantir uma proteção social a todos e de dar mais atenção a debilidades existentes nas relações de trabalho. O crédito não pode substituir a proteção social. E as medidas adotadas na proteção social jamais substituem a responsabilidade de pagamento de salários e de salvaguarda do emprego.

A excecionalidade que estamos a viver apela a que se adote legislação e todas as medidas possíveis e imaginárias que travem os despedimentos.

*Investigador e professor universitário

SOBREVIVEREMOS, HAJA O QUE HOUVER


As horas, os dias, as semanas, os meses, são de luta pela sobrevivência da humanidade. Muitos morreram, muitos mais vão morrer, as estatísticas avançam e informam-nos. Parece que os números dos que nasceram por todo o mundo não interessam. Mas interessam, e muito. Decerto que são muitos mais que aqueles que morreram devido ao ataque do Covid-19 e de mortes naturais. Era muito consolador (para alguns ou para todos nós) que também essa estatística dos que nasceram integrasse o tsunami de informação-covid que encontramos e tantas vezes nos leva à tristeza e desânimo temporário. Mostrar o reverso da medalha e não só a morte é possível. Informem. Façam-no, haja o que houver. Como garantia de que sobreviveremos. De preferência organizados numa sociedade melhor. Num coletivo global em harmonia com a natureza.

Consulte AQUI – veja em atividade a garantia de que sobreviveremos (worldometers)

PG

Covid-19. Portugal já tem 1600 infetados e 14 mortos. Há contágio em 4 lares


Nas últimas 24 horas, foram confirmados mais 320 casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde deste domingo.

Portugal já tem 1600 casos de infeção pelo novo coronavírus. 320 deles foram confirmados nas últimas 24 horas, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), deste domingo (22 de março). Desde que se começaram a registar os primeiros casos no país morreram 14 pessoas e recuperaram cinco.

Há ainda 1152 pessoas a aguardar o resultado das análises laboratoriais e 12562 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.

Entre os casos confirmados estão idosos de quatro lares: dois na região de Lisboa e Vale do Tejo e dois no norte, indicou a ministra da Saúde, em conferência de imprensa, este domingo. Dia em que foi noticiado o caso de um lar em Vila Nova de Famalicão, onde estão 33 doentes apenas sob a responsabilidade da diretora técnica grávida e de uma enfermeira, porque os restantes funcionários estão infetados ou de quarentena.

Marta Temido garantiu que os utentes deste lar privado estão neste momento a ser testados para covid-19 pelo INEM, mas deixou claro que não podem ser internados ou transferidos para outro lado. "Não podemos deixar 33 pessoas só com dois colaboradores, mas deviam ter pensado nisso antes. As IPSS têm de ter plano de contingência. Tinham de se ter preparado para responder a este tipo de situações. Por exemplo, ter profissionais de segunda linha, equipas a funcionar em espelho, turnos rotativos semanais", referiu, apesar de reconhecer que muitas vezes não existem meios.

A propósito do mesmo caso, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse que a situação terá de ser avaliada pelo delegado de saúde local e a confirmar-se que os funcionários estão doentes ou em risco terá de ser encontrada uma situação a nível local. "Há respostas que têm de ser nacionais e há soluções que têm de ser encontradas no seio da comunidade", disse. Esta será uma delas.

Em Portugal, a maioria dos doentes apresentam sintomas ligeiros, por isso, estão a ser acompanhados a partir de casa pelo seu médico de família ou por equipas de hospitalização domiciliária, estratégia privilegiada de ora em diante, como explicou a ministra da Saúde, no sábado, em conferência de imprensa.Do total de infetados, há 169 pessoas internadas no hospital, 41 estão em estado grave.

A região mais afetada do país continua a ser o norte (825 casos, 5 morte), depois Lisboa e Vale do Tejo (534, 4 mortes). Seguem-se o centro (180, 4 mortes), o Algarve (35, uma morte), a Madeira (7 casos), os Açores (4) e o Alentejo (5).

Relativamente aos novos dados sobre a imunidade do vírus SARS-CoV-2, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, explicou que "tudo indica que há imunidade. O que nós ainda não sabemos é a duração dessa imunidade. Nos futuros meses e anos teremos de testar muitas pessoas para saber se essa imunidade é persistente".

Ainda durante a conferência de imprensa de hoje, Marta Temido esclareceu que o aumento do preço do álcool e das máscaras nas farmácias e noutros estabelecimentos comerciais está a ser fiscalizado e que a fixação de preços pode vir a ser uma possibilidade. Apesar de, quanto às máscaras, o apelo das autoridades de saúde se manter: estas só devem ser utilizadas por doentes e por profissionais de saúde em contacto com os infetados.

Novas regras a partir deste domingo

O Decreto-Lei, aprovado pelo Governo, que regula o estado de emergência entrou em vigor neste domingo. O documento estabelece que podem permanecer abertos os estabelecimentos que vendem bens essenciais (minimercados, supermercados, hipermercados, frutarias, talhos, peixarias, padarias, lotas), a restauração no espírito do take a way, serviços médicos, de apoio social, papelarias e algumas outras lojas de bairro. Saiba quais aqui.

Já a lista que dita quem tem de encerrar é mais longa e inclui discotecas, jardins zoológicos, pistas de ciclismo e ainda campos de futebol ou rugby (só abertos para os atletas de alto rendimento). Nem as máquinas de vending escapam ao encerramento obrigatório. Fecham as portas todas os espaços que promovam atividades recreativas, de lazer e diversão, atividades culturais, desportivas, espaços de jogos e apostas, termas, spas e o espaço físico da restauração.

Número de infetados no mundo ultrapassa os 300 mil

Desde o início da pandemia, que surgiu no final do ano passado na China, já se registaram mais de 300 mil casos de infeção pelo novo coronavírus no mundo inteiro. Foram notificados 313 415 cidadãos contagiados. Recuperaram 95 874 e morreram 13 202 pessoas.

O epicentro da doença está agora na Europa, com Itália a aumentar exponencialmente todos os dias o número de infetados e de mortos. O país tem 53 578 cidadãos doentes, sendo que foram declarados 4 825 óbitos (mais 1500 que na China, onde entretanto, ao que tudo indica, o surto foi controlado).

Também a Espanha se vê a braços com a difícil tarefa de combater o covid-19. É o quarto país do mundo, segundo na Europa com maior número de casos confirmados de covid-19: tem 28 572 infetados e 1 720 mortos. O que levou o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, a propor a renovação do estado de emergência por mais 15 dias, avançou o diário espanhol El País.

Em Espanha, há pelo menos 1612 pessoas internadas nas unidades de cuidados intensivos, que ultrapassam a capacidade dos hospitais, principalmente na capital, Madrid. A que se soma a falta de recursos humanos para combater a pandemia. "Tenho mais angústia do que medo, porque enfrentamos um inimigo invisível. Os recursos são limitados e vai haver um momento em que teremos de escolher. "Tenho mais angústia do que medo, porque enfrentamos um inimigo invisível. Os recursos são limitados e vai haver um momento em que teremos de escolher", explica ao diário espanhol Celia González, médica anestesista do Hospital de Cruces, em Bilbau. "Esta é a guerra da nossa geração", diz.

Recomendações da DGS

Para que seja possível conter ao máximo a propagação da pandemia, a Direção-Geral da Saúde continua a reforçar os conselhos relativos à prevenção: evite o contacto próximo com pessoas que demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lave frequentemente as mãos (pelo menos durante 20 segundos), mantenha a distância em relação aos animais e tape o nariz e a boca quando espirrar ou tossir (de seguida lave novamente as mãos).

Em caso de apresentar sintomas coincidentes com os do vírus (febre, tosse, dificuldade respiratória), as autoridades de saúde pede que não se desloque às urgências, mas sim para ligar para a Linha SNS 24 (808 24 24 24).

Rita Rato Nunes | Diário de Notícias | Imagem: Boletim epidemiológico do dia 22 de março. © DGS

Portugal | A GUERRA DOS DIAS INFINITOS


Anselmo Crespo | TSF | opinião

Onze de março de 2011. A terra começou a tremer com tanta força a 130 quilómetros da costa leste do Japão que abalou uma ilha inteira. Se o sismo não deu aviso prévio a quem teve de fugir para a rua sem olhar para a destruição que ficava para trás, todos os alertas de tsunami que se seguiram não evitaram uma destruição ainda maior. Milhares de mortos. Milhões de feridos. Uma economia ferida de morte. Um país que, nove anos depois, ainda tem chagas abertas à espera de cicatrizar.

Com as devidas distâncias, a imagem da destruição que vi com os meus próprios olhos veio-me à cabeça quando fazia as perguntas que, por estes dias, todos nós temos feito. Onde é o botão do STOP? Já podemos parar? Podemos sair? Quando é que isto acaba?

Na China, houve um vírus que fez tremer o mundo inteiro. E já é possível avistar - mais perto do que longe - o tsunami económico, social e político que aí vem.

Não temos de ter medo das palavras. O quadro é mesmo de guerra, como foi descrito, e bem, pelo Governo e pelo Presidente da República. São muitas batalhas para travar ao mesmo tempo: salvar vidas e salvar os que ainda não foram infetados. Salvar a economia e a coesão social. Comunicar bem, com verdade e, ao mesmo tempo, não contribuir para o pânico e para o alarme social.

É neste contexto que se enquadram todas as medidas que estão a ser tomadas. Incluindo a declaração do estado de emergência. Confesso que tenho muitas dúvidas sobre os reais efeitos que esta figura constitucional vai ter na prática. Entre o bem que pode trazer e os estragos que pode provocar - só pelo simples facto de o Presidente da República a ter anunciado. Receio que Marcelo Rebelo de Sousa, para evitar carregar o peso da consciência de ter agido tarde demais, pode ter agido cedo demais, mas, uma vez tomada a decisão, o momento não é de balanços. É de ação.

Alemanha regista quase dois mil novos casos de Covid-19 num dia


País já registou 55 vítimas mortais

Alemanha registou quase dois mil casos novos de coronavirus, atingindo agora os 18.610 e com 55 vítimas mortais, de acordo com a página oficial do Instituto Robert Koch, entidade responsável pela prevenção e controlo de doenças.

O país registou um aumento de 1.948 casos do novo coronavírus em relação ao dia anterior, com os estados federados da Renânia do Norte-Vestefália, Baviera e Bade-Vurtemberga a serem os mais afetados.

No sábado, a Alemanha tinha confirmado um aumento de 2.958 face a sexta-feira.

Na sexta-feira, os estados federados da Baviera e do Sarre impuseram o confinamento da população. O Governo de Angela Merkel decide este fim de semana se o país decreta estado de emergência em todo o território para combater a pandemia de Covid-19.

Para dar o exemplo, a chanceler alemã foi vista no sábado num supermercado, em Berlim, comprando apenas alguns produtos, evitando açambarcar.

Segundo imagens do jornal Bild, Merkel comprou vinho, sabonete e um pacote de papel higiénico, pagando as compras com cartão.

TSF | Lusa | Imagem: © Clemens Bilan/EPA

Médicos cubanos enviados para Itália para ajudar luta contra pandemia


Uma equipa de 52 médicos e enfermeiros cubanos partiu no sábado em direção à Lombardia em resposta a um pedido de ajuda daquela região do norte da Itália, a mais afetada pela pandemia do novo coronavírus.

Segundo o governo cubano, os especialistas, qualificados e com experiência em epidemias como o Ébola, ajudarão os seus colegas lombardos, que estão a trabalhar em condições extremas e hospitais sobrecarregados pelo rápido aumento do número de casos graves.

O grupo irá juntar-se a uma dúzia de médicos chineses já na área que serão colocados num novo hospital de campo em Bérgamo, a província com o maior número de pessoas doentes.

A Itália, o país mais atingido pela epidemia, já acumulou 4.825 vítimas mortais com o coronavírus, 793 só nas últimas 24 horas, fazendo dela a nação com o maior número de mortes, acima da China, onde o surto do novo coronavírus começou no final de dezembro passado.

Esta é a sexta equipa médica cubana a sair do país, onde o governo insiste que por enquanto a situação está sob controlo, alegando que todos os casos são importados e não há contágio local.

Grupos de especialistas cubanos já estão no Suriname, Nicarágua, Jamaica e Venezuela e em breve estarão em Granada, informou o Ministério das Relações Exteriores.

Os especialistas cubanos fazem parte do Contingente Internacional Henry Reeve, criado pelo falecido ex-presidente Fidel Castro em 2005 para ajudar em situações de desastre e epidemia. O seu trabalho em cerca de 20 nações valeu-lhes um prémio da Organização Mundial de Saúde em 2017.

"Há um sentimento nacional de querer cooperar. Recebemos mensagens de voluntários dispostos a ir a qualquer lugar para ajudar nesta situação de saúde global", disse Jorge Juan Delgado, diretor da Cooperação Médica do Ministério da Saúde Pública de Cuba (Minsap) à imprensa estatal.

A cooperação médica da ilha está presente em 37 países com casos de Covid-19. De acordo com as autoridades, nenhum médico cubano foi infetado e todos estão "de boa saúde".

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem em Rádio Rebelde

Surto da COVID-19: melhores e piores cenários para economia global


Cerca de US$ 9 triliões (R$ 41,6 triliões) foram varridos dos mercadores financeiros devido aos temores causados pelo novo coronavírus. O pior custo económico do coronavírus pode ser significativo e está sendo subestimado atualmente, comentou o especialista Sourabh Gupta.

"Eu o colocaria como uma redução pela metade do crescimento real do PIB global em 2020 em relação aos níveis de 3,5% projetados para 2019. O crescimento real do PIB não cairá em território negativo, como aconteceu durante a Crise Financeira Global de 2008-09", disse Gupta, observando que será o pior desempenho do crescimento global desde a retração de 2001.

Possíveis cenários

O economista Peter Earle, do Instituto Americano de Pesquisa Económica, acredita que o pior cenário seria ver graves rupturas na cadeia global de fornecimento, fechamento de aeroportos, problemas no mercado de crédito devido a quarentenas em massa e seu efeito sobre os funcionários de bancos e empresas de títulos de importância global, bem como o fechamento dos mercados financeiros por tempo indeterminado.

"Neste momento, não creio que estes cenários sejam de todo prováveis", acrescentou Earle em referência ao pior dos possíveis desenvolvimentos da situação.

Contudo, como resultado ótimo o economista vê não apenas a recuperação total do impacto económico negativo do coronavírus, mas a percepção de que "o comércio sem restrições é fundamental para o bem-estar de todas as pessoas e, assim, adicionalmente, também o fim da guerra tarifária entre os EUA e a China".

"Sinto francamente que isso é muito otimista e não explica totalmente a psicologia de massa da incerteza que está deprimindo o sentimento do consumidor, que só recentemente começou a ser sentido globalmente à medida que o risco de contágio decorrente do aumento das taxas de infecção se espalhou muito além da China", argumenta Gupta quanto a um resultado ótimo para a economia global.

O resultado ideal seria que a COVID-19 desse um novo impulso à coordenação global e ao investimento em resiliência à doença, explicou ao canal russo RT o economista-chefe da empresa de consultoria empresarial BCG, Philipp Carlsson-Szlezak.

"O vírus cria uma realidade geopolítica onde a cooperação é vista como essencial para enfrentar os problemas modernos", destacou.

Na opinião de Earle e Gupta, a queda repentina e severa dos mercados acionários, principalmente dentro dos Estados Unidos, sugere que houve mais a influenciar a queda no preço do que apenas o coronavírus. Carlsson-Szlezak afirma, contudo, que se deve esperar que as avaliações subam bastante, considerando em particular o ambiente de inflação estruturalmente baixa e taxas baixas.

Sputnik | Imagem: © REUTERS / Dado Ruvic

A maior ameaça da pandemia Covid-19 é a barbárie de rosto humano


Zizek: A maior ameaça da pandemia Covid-19 não é o retrocesso à violência sobrevivencialista, mas a barbárie de rosto humano

Aconteceu o impossível e o mundo tal qual o conhecíamos deixou de girar. Mas que ordem mundial irá emergir quando terminar a pandemia do coronavírus - socialismo para os ricos, capitalismo de desastre ou algo completamente novo?

Slavoj Zizek*

Por estes dias há momentos em que dou por mim a desejar apanhar o vírus - assim, pelo menos acabaria com esta debilitante incerteza. Um indício claro do aumento da minha ansiedade é a relação que tenho com o sono. Até há cerca de uma semana ansiava pela chegada do serão: finalmente, posso escapulir-me pelo sono e esquecer todos os receios da vida diária. Agora é exactamente o oposto: tenho receio de adormecer pois os meus sonhos são assombrados por pesadelos que me fazem acordar em pânico - pesadelos acerca da realidade que me espera.

Que realidade? Alenka Zupancic formulou-o de modo perfeito, permitam-me que resuma a sua linha de raciocínio. Por estes dias falam-nos da necessidade de se implementarem mudanças sociais radicais caso queiramos realmente lidar com as consequências da actual pandemia (eu próprio, entre outros, tenho pregado este mantra). Mas já estão a decorrer mudanças radicais.

A pandemia do coronavírus faz com que lidemos com algo que considerávamos impossível. Não conseguíamos imaginar que algo deste tipo acontecesse mesmo nas nossas vidas do dia-a-dia - o mundo tal qual o conhecíamos deixou de rodar, países inteiros encontram-se em quarentena, muitos de nós estamos confinados aos nossos apartamentos (mas e aqueles que não se podem dar ao luxo desta mínima precaução de segurança?) a debater-nos com um futuro incerto no qual mesmo que a maior parte de nós sobreviva, teremos que lidar com uma mega crise económica...

Isto significa que a nossa reacção deve também passar por fazer o impossível - o que nos parecia impossível de acordo com os parâmetros da actual ordem mundial.

O impossível aconteceu, o nosso mundo parou, e agora temos que fazer o impossível para evitar o pior. Mas o que é esse "impossível"?

Não creio que a maior ameaça seja a regressão à barbárie descarada, à brutal violência sobrevivencialista com desordens públicas, linchamentos causados pelo pânico, etc. (embora, com o possível colapso da Saúde e outros serviços públicos, tal também seja possível.) Mais que a barbárie descarada receio a barbárie de rosto humano - medidas abruptas de sobrevivencialismo aplicadas com pesar e até com simpatia, mas legitimadas pela opinião dos especialistas.

Pandemia: a Casa Branca e o FMI, os primeiros infectados


Atilio Boron

Guerras, crises económicas, desastres naturais e pandemias são acontecimentos catastróficos que mostram o pior e o melhor das pessoas – tanto dos dirigentes como das pessoas comuns – e também dos actores e instituições sociais. É nestas circunstâncias tão adversas que as belas palavras se desvanecem no ar e dão lugar às acções e comportamentos concretos.

Há poucas e apenas contendo as lágrimas o presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, denunciou perante as câmaras o grande engano da "solidariedade europeia". Não existe tal coisa, disse Vucic, é um conto infantil, um papel molhado. Logo a seguir agradeceu a colaboração da República Popular da China. E tinha razão na sua queixa. Aqui na América Latina percebemos há muito que a União Europeia é uma trama mesquinha concebida para beneficiar antes de mais nada a Alemanha através do seu controle do Banco Central Europeu (BCE) e, com o euro, submeter os países da eurozona aos caprichos ou os interesses de Berlim.

A hesitante reacção inicial do BCE diante de um pedido excepcional de ajuda da Itália para enfrentar a pandemia que está a devastar a península mostrou o mesmo que havia denunciado o líder sérvio. Um escandaloso "salve-se quem puder" que lança por terra as retóricas edulcoradas sobre a "Europa dos cidadãos", a "Europa una e múltipla" e outras divagações do estilo. Contos infantis, como disse Vucic.

O mesmo e ainda mais vale para o bando de criminosos que se instalou na Casa Branca pela mão de Donald Trump que, perante um Irão fortemente afectado pela pandemia, só se lembrou de escalar as sanções económicas contra Teerão. Tão pouco deu mostras de reconsiderar sua política genocida de bloqueio a Cuba e à Venezuela. Enquanto Cuba, a solidariedade internacional feita nação, auxilia os viajantes britânicos do cruzeiro Braemar a navegar no Caribe, Washington envia 30 mil soldados à Europa e seus cidadãos, alentados pelo "capo", tratam de enfrentar a epidemia comprando armas de fogo! Nada mais a argumentar.

Covid-19. Número de vítimas mortais no Reino Unido sobe para 233


São mais 56 mortos pelo novo coronavírus do que no dia anterior.

Reino Unido acaba de anunciar que o número de mortos devido à Covid-19 no país subiu para 233, mais 56 do que no dia anterior.

De acordo com a Sky News, das 56 vítimas mortais, 53 são de Inglaterra, duas do País de Gales e uma da Escócia.

Recorde-se que, esta sexta-feira (20), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ordenou o encerramento de pubs, cafés, restaurantes e ginásios a partir desta noite e por tempo indeterminado, para reduzir a propagação da pandemia de Covid-19 no Reino Unido. 

Natacha Nunes Costa | Notícias ao Minuto | Imagem: © Reuters

Covid-19. 562 mortos e quase 15.500 casos confirmados em França


França registou até hoje 14.459 infeções com o vírus da covid-19 e 562 mortos, anunciaram as autoridades francesas indicando que a estimativa de casos no país é de entre 30 a 90 mil pessoas infetadas.

Este foi o maior aumento de mortos associados à pandemia da covid-19 em 24 horas em França, com 112 mortos mais desde os números revelados na sexta-feira. Há ainda 1.525 pessoas nos cuidados intensivos.

O número de casos anunciado diariamente pela autoridades francesas consiste no número de pessoas em que o teste ao vírus foi positivo, mas, esta tarde, o ministro da Saúde, Olivier Véran, estimou que há entre 30 e 90 mil infetados no país com o novo coronavírus, entre pessoas que não demonstram quaisquer sintomas e pessoas com sintomas leves que estão em quarentena nas suas casas.

O exército francês está agora a ajudar no transporte dos doentes, levando-os de Mulhouse, junto à fronteira com a Suíça, onde há um dos maiores focos de infeção, para hospitais com mais camas de cuidados intensivos.

O exército também começou a transportar o material que lhes vai permitir montar um hospital de campanha que vai servir a região do Grand Est, onde os hospitais começam a não ter espaço para acolher os doentes com covid-19.

O ministro indicou ainda que França encomendou 250 milhões de máscaras que devem chegar ao país nas próximas semanas e que os hospitais e laboratórios vão começar a testar mais pacientes.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, infetou mais de 271 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 12 mil morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 4.825 mortos (mais 793 que na quinta-feira) em 53.578 casos.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: Lusa

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