Docente que está em Timor fala em
“sentimento geral de hostilização dos cidadãos estrangeiros, com consequências
imprevisíveis em situação de natural alastramento da covid-19 em Timor-Leste”.
Ramos-Horta já pediu desculpa aos cidadãos estrangeiros.
Uma professora portuguesa
colocada em Timor-Leste escreveu uma carta à Federação Nacional dos Professores
(Fenprof) em que afirma que “os portugueses residentes em Timor estão a viver
uma situação insustentável” com a chegada da covid-19 ao país.
O PÚBLICO tem também recebido nos
últimos dias relatos de familiares de professores em Timor em que são referidas
grandes
preocupações entre os portugueses que trabalham naquele país que, tal
como outros cidadãos estrangeiros, continuam a ver alvo de ofensas, sendo
acusados por alguns timorenses de serem responsáveis pela chegada da pandemia
covid-19 ao país, onde está agora está confirmado apenas um caso.
Na quarta-feira, na sua conta
Facebook, o prémio Nobel da Paz e ex-presidente de Timor, José Ramos-Horta,
pediu desculpas, como cidadão de Timor-Leste, pelas críticas que alguns
compatriotas têm feito contra os cidadãos e agências estrangeiras, incluindo a
ONU, presentes no país.
“Peço desculpas a todos os nossos
hóspedes que trabalham nesta terra amada quando algum timorense vos
desrespeita. Como cidadão de Timor-Leste curvo-me, baixo a cabeça, e peço-vos
desculpas”, escreveu.
Na carta que enviou à Fenprof, a
professora portuguesa em Timor, que pediu o anonimato mas autorizou a revelação
da missiva, diz que “perante o agravamento da pandemia de covid-19, e
respectiva chegada ao território de Timor-Leste, os portugueses cooperantes
aqui residentes, em desempenho de funções docentes, vêm manifestando,
utilizando os canais hierárquicos estabelecidos, a vontade de ser repatriados
até à conclusão da crise actual”.