terça-feira, 12 de maio de 2020

O que há na “caixinha de supresas” de Nelson Teich


Pandemia espalha-se pelo interior do país — onde condições médicas são piores. Mas ministro fica sabendo pela mídia das decisões de Bolsonaro sobre covid-19. Leia também: hospitais privados exigem depósito para internar pacientes da doença

Maíra Mathias e Raquel Torres | Outras Palavras | newsletter do dia

MAIS UM NÓ

O presidente Jair Bolsonaro havia dado a dica no domingo, quando anunciou a apoiadores que em breve aumentaria a lista de profissões “essenciais” durante a pandemia. Na tarde de ontem, detalhou a medida: “Tá pra publicar agora, se bobear já saiu. Eu coloquei hoje, porque saúde é vida: academia, salão de beleza e cabeleireiro também. Isso aí é higiene, é vida (…) E barbearia também”.  Depois, completou: “Academia é vida. As pessoas vão aumentando o colesterol, têm problemas de estresse, vão ter uma vida mais saudável. A questão do cabeleireiro também. Fazer cabelo e unhas é questão de higiene”. O decreto saiu logo depois, em edição extra do Diário Oficial.

A reação do ministro da Saúde Nelson Teich, ao saber da novidade por meio da imprensa durante a coletiva de ontem, foi constrangedora. “Saiu hoje, isso?”, perguntou, meneando levemente a cabeça em sinal negativo e pedindo mais detalhes. Tentou justificar o fato de que sequer foi consultado: “Isso não é atribuição nossa, é do presidente”. Segundos depois, alertado pelo secretaŕio-executivo do Ministério, o general Pazuello, corrigiu-se: “É do Ministério da Economia”. À sua Pasta, disse ele, cabe apenas “ajudar a desenhar os fluxos” para fazer isso “de uma forma que proteja as pessoas”.  É até engraçado, porque o texto do decreto diz que salões, barbearias e academias passam a ser serviços essenciais “obedecidas as determinações do Ministério da Saúde”…

À primeira vista, a decisão de Bolsonaro parece inviabilizar medidas de isolamento impostas por municípios e estados (inclusive lockdowns). Porém, é preciso lembrar que há tempos o STF julgou que esses entes federativos têm autonomia para definir suas estratégias e fixar os serviços que devem seguir funcionando. E os governadores já começaram a mandar seus recados: pelo menos Rui Costa (BA), Camilo Santana (CE), Helder Barbalho (PA), Flavio Dino (MA) e Renato Casagrande (ES) anunciaram que não vão seguir a orientação federal. A lista ainda pode crescer.

Então o decreto não serve para nada? Serve: para fazer as confusões que o presidente tanto adora, para deixar a população ainda mais perdida sobre em quem confiar, para colocar mais pressão nos governos locais pelo fim do isolamento; em suma: para incentivar o desrespeito às quarentenas.

Aliás, ontem dezenas de caminhoneiros fecharam duas faixas da mais emblemática via da capital de São Paulo, a avenida Paulista. Protestavam contra as medidas de isolamento da prefeitura e do govero estadual. Antes houve uma carreata de vans, e o protesto incuía um caixão com as imagens do prefeito Bruno Covas (PSDB) e do governador João Doria (PSDB)… Como sabemos, os caminhoneiros são uma categoria com quem Bolsonaro faz questão de manter boas relações. Houve cenas preocupantes, descritas na Folha: “Diante do caminhão vermelho, [um capitão da PM] conversou com um dos homens, que disse que não arredaria pé. Escutou uma resposta atravessada do capitão da PM e devolveu no mesmo tom. Diante do apoio dos demais manifestantes, criou-se um impasse. Sentindo que tinha respaldo, o homem vociferou que era oficial do Exército e exigia respeito de um oficial da PM. Em seguida, virou as costas e agiu como se o policial não existisse“.

No limite, pode acontecer que os casos de estados e municípios precisem ser decididos individualmente pela Justiça, como explica na Folha o professor da FGV, Thomaz Pereira. De acordo com ele, se houver conflito entre as regras de municípios, estados e União e a Justiça for provocada, cabe ao magistrado de plantão definir qual decreto deve ser seguido. No programa Roda Viva, o presidente do Supremo Dias Toffoli também foi perguntado sobre isso, mas evitando criticar Bolsonaro, acabou não dizendo muito: “O STF decidiu de acordo com a Constituição. Cabe simplesmente um cumprimento disso. Se essa ou aquela função deve ser definida pelo município, pelo estado ou União, está definido na Constituição. Casos específicos, como o decreto de hoje, me desculpe, mas eu não vou analisar até porque é muito possível que haja alguma judicialização. Me permita não falar fora dos autos“.

Documento revela extensão do envolvimento de Guaidó no golpe venezuelano


Steve Sweeney

Pormenores da aposta mercenária dos EUA de invadir a Venezuela emergiram depois de uma cópia de um contrato de 41 página ter sido divulgada este fim de semana pelo Washington Post.

O usurpador apoiado por Washington, Juan Guaidó, foi nomeado comandante em chefe da operação e, segundo o documento, ele devia fornecer US$10 milhões à firma de segurança privada Silvercorp, a ser pago conforme o seu êxito.

O documento revela uma lista de indivíduos e organizações considerados alvos legítimos nos termos do acordo, incluindo o presidente Nicolas Maduro e o presidente da Assembleia Constituinte Diosdado Caballero.

Também eram incluídas as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o grupo militante islâmico Hezbollah, do Médio Oriente, o qual o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, bizarramente insiste em que opera células terroristas na Venezuela.

O documento declara que o objectivo da operação é “capturar/deter/remover Nicolas Maduro (daqui em diante chamado de “Objectivo Primário”), remover o regime e instalar o reconhecido presidente venezuelano Juan Guaidó”.

Após o término com êxito da operação e a remoção do governo democraticamente eleito, a nova administração pagaria um bónus de US$10 milhões ao “service provider”.

O contrato declara que o “service provider” permaneceria na Venezuela para aconselhamento sobre “operações de contra-terrorismo, contra-narcóticos e recuperação de activos financeiros venezuelanos roubados à escala mundial…”

É a primeira vez que pormenores do contrato assinado pela companhia de segurança Silvercorp, com sede nos EUA, foram tornados públicos desde que na semana passada forças venezuelanas frustraram uma tentativa de golpe lançada por mercenários a partir do território colombiano.

CAÇA À BRUXAS



Ele estava entrando no saguão do novíssimo retiro dental - hoje a Faculdade de Economia - onde o mural de Mariano ocupava a parede à direita. Alguém estava se movendo na direção oposta. Enquanto ele passava por mim, ele murmurou: " A polícia está lá em cima " . Foram os anos da ditadura de Batista. Os incautos caíram no ataque. Eles passaram a noite no Bureau for the Repression of Communist Activities (BRAC) e foram devidamente agendados. Fomos convidados a participar de um Comitê simbólico de solidariedade com a Guatemala. Nós não poderíamos recusar. Os trágicos eventos naquele país nos abalaram. Pela minha parte, dos meus estudos em história da arte, eu sonhava em visitar Chichicastenango, que valorizava valiosos testemunhos da cultura maia.

Enquanto dominavam as ditaduras sangrentas, descritas por Miguel Ángel Asturias em El Señor Presidente , um clássico da narrativa em nossa língua, a imprensa internacional ignorou a existência do pequeno país da América Central. Por fim, foi um feudo para a United Fruit, que exportou bananas para o mundo inteiro.

Com a derrubada de Ubico, as primeiras eleições livres levaram ao governo Juan José Arévalo, um político que aspirava apenas a estabelecer uma democracia burguesa. Como declarado em todos os lugares, a United Fruit teria que pagar impostos. A abertura favoreceu que, convidados pela FEU, estudantes guatemaltecos visitassem Cuba. Eu os conheci então. Eles estavam empolgados com a perspectiva de construir um país. De nossa parte, sentimos um pouco de inveja, embora muitos deles caiam mais tarde, vítimas de repressão.

Para a United Fruit, a decisão de Arévalo foi um mau sinal. A guerra fria sucedeu o conflito da guerra mundial. A histeria anticomunista foi promovida nos Estados Unidos . O McCarthyism perseguiu os supostos militantes, os esquerdistas consideraram companheiros de viagem e até amigos de um e de outro. Com o apoio de Ronald Reagan, futuro presidente da nação, Hollywood era um objetivo fundamental . Charles Chaplin se estabeleceu na Europa. Outros encontraram refúgio no México. Em Cuernavaca, uma pequena colônia norte-americana foi consolidada. Sob a presidência de Eisenhower, o secretário de Estado John Foster Dulles e seu irmão Allen, diretor da CIA, estavam totalmente engajados em ações desestabilizadoras contra o pequeno país. Você teve que intervir rapidamente. O primeiro passo foi predispor a opinião pública nacional e internacional. Um arquivo falacioso foi preparado e distribuído na imprensa liberal, que, seguindo essas diretrizes, enviava correspondentes para o local. De repente, a Guatemala emergiu da escuridão. Começou a ser manchete nos jornais mais respeitados. Era a plataforma de mídia para uma escalada da demonização que justificaria, no momento certo, o uso de armas.

O custo da vacina para o Covid-19 da Big Pharma será pago em vidas…


… em milhares de milhões de dólares

Paul Craig Roberts

A grande indústria farmacêutica (Big Pharma) e seus apaniguados tais como Anthony Fauci e Robert Redfield estão determinados a usar o Covid-19 para vacinar todos nós a expensas das nossas vidas e dos nossos bolsos. Eles estão a utilizar os media, profissionais dependentes de subsídios, revistas médicas e os media presstitutos para efectuar uma campanha de desinformação acerca de um tratamento barato e com êxito a fim de abrir o caminho para uma vacina provavelmente sem êxito e possivelmente perigosa – mas muito lucrativa.

O tratamento bem sucedido é a hidroxicloroquina-azitromicina e zinco. A Hidroxicloroquina tem sido usada durante décadas para tratar malária, lupus e artrite reumatóide, tendo décadas de registo de segurança. Apesar dos recorde de utilização segura, a Big Pharma e seus contratados cozinharam uma narrativa de desinformação, dizendo que se a tomar terá um ataque de coração. Como Trump endossou a hidroxicloroquina, toda a gente que está contra Trump por outras razões optou pela linha da Big Pharma como mais uma via para o objectivo de desacreditar Trump.

A matéria de facto é que médicos envolvidos com o tratamento do Covid-19 relatam resultados de grande êxito com a hidroxicloroquina. Tenho postado um certo de relatos nos quais médicos e cientistas renomados informam a eficácia e a segurança geral da hidroxicloroquina.

Ver por exemplo: www.paulcraigroberts.org/... e www.paulcraigroberts.org/...

A notícia do êxito da vitamina C no tratamento do Covid-19 também é objecto de desinformação por parte da Big Pharma e dos seus comparsas.

Hoje | MAIS 19 MORTES POR COVID-19 EM PORTUGAL


Subida de 1,66%

O número de óbitos com covid-19 em Portugal aumentou de 1144 para 1163 nas últimas 24 horas, revela o balanço diário da DGS. No total, há 27913 casos confirmados de infeção, o que representa um aumento de 234 casos (subida de 0,84%).

Destaque para o aumento de 464 casos de infetados recuperados, num total de 3013 pessoas que conseguiram libertar-se da doença. Neste momento, há 709 pessoas internadas, das quais 113 em unidades de cuidados intensivos (mais um caso que ontem).

Sob vigilância das autoridades de saúde, encontram-se ainda mais de 27 mil pessoas, sendo que há também a registar 249301 casos suspeitos que acabaram por não se confirmar. Na distribuição por regiões, o Norte do país continua a ter mais casos, com 16053 infetados e 660 óbitos. A região centro há registo de 3553 casos de infeção com o SARS-coV-2 e 219 mortes. Lisboa e Vale do Tejo tem 7494 casos e 254 vítimas mortais.


O concelho de Lisboa é onde se registam mais casos no nosso país (1791 casos), seguido por Vila Nova de Gaia (1458), Porto (1304), Matosinhos (1216) e Braga (1153).

Jornal de Notícias

Portugal | SAI MIL MILHÕES PARA O NOVO BANCO


Pedro Santos Guerreiro | Expresso | opinião

O primeiro-ministro sabe tudo. Sabe de cor os apoios a sócios-gerentes e a recibos verdes, o número de disciplinas nas escolas e de máscaras nos transportes públicos, o que vai acontecer nas praias e nos festivais de música, o primeiro-ministro nunca é apanhado em falso numa entrevista. Só não sabe uma coisa: que foram transferidos mil milhões para o Novo Banco.

O mesmo primeiro-ministro que não diz gastar um cêntimo na TAP sem controlar não controla cem mil milhões de cêntimos para o Novo Banco.

Está tudo errado. É chocante saber que nem António Costa abriu os olhos para o dinheiro nem o ministro das Finanças pestanejou em transferi-los. É claro que a oposição vai pôr em causa a justiça na repartição de sacrifícios na pandemia. E é previsível que agora se diga e sublinhe e repita que “para os bancos há sempre dinheiro”. Até porque é verdade. Como verdade é o seguinte: já não podia ser de outra forma, porque todo o sistema de apoios ao Novo Banco foi assim montado.

Chamar ‘banco bom’ ao Novo Banco foi como chamar ‘Pai Natal’ a quem dá presentes. Ambos não existem. O ex-BES carregou milhares de milhões em créditos maus que foi vendendo ao preço da uva mijona, pois era mesmo uva que não poderia dar vinho. Fê-lo porque era preciso. E fê-lo porque pôde: havia capital garantido no Fundo de Resolução (outro nome ‘Pai Natal’, aliás, para dizer que o dinheiro financiado pelo Estado não é do Estado) para cobrir os prejuízos daí resultantes. E como eles se têm empilhado nos últimos anos.

Paraísos fiscais em tempo de pandemia


Nas vésperas de um Conselho Europeu decisivo e em plena crise de pandemia da COVID-19, multiplicam-se as notícias sobre os avultados dividendos distribuídos pelas maiores empresas em Portugal. Entre os destinos favoritos das empresas do PSI-20 está a Holanda, que se comporta como um offshore no centro da Europa. Dossier organizado por Francisco Louçã e Adriano Campos.

Nas vésperas de um Conselho Europeu decisivo e em plena crise de pandemia da COVID-19, multiplicam-se as notícias sobre os avultados dividendos distribuídos pelas maiores empresas em Portugal. No caso do PSI-20, são as mesmas empresas que deslocalizaram as suas holdings para o estrangeiro, evitando pagar parte dos seus impostos em Portugal. Entre os destinos favoritos, surge a Holanda, país que tem uma carga fiscal mais baixa e um acesso mais fácil à isenção de mais-valias e de tributação de dividendos, figurando na prática como um offshore dentro da União Europeia. O impasse na resposta à crise por parte da UE criado pelo governo holandês não impede que a elite económica em Portugal continue a engrossar os seus lucros por essa via, como refere Pedro Filipe Soares.

Neste dossier sobre os paraísos fiscais em tempo de pandemia, Francisco Louçã e Mariana Mortágua explicam a origem e os mecanismos dos paraísos fiscais. A estimativa apresentada pela Tax Justice Network aponta para um montante entre 21 e 32 biliões de dólares localizados em jurisdições de sigilo em todo o mundo, e para fluxos financeiros transnacionais ilícitos entre 1 e 1,6 biliões de dólares. Segundo o mesmo relatório, os países africanos terão perdido mais de um bilião de dólares em fuga de capitais para estas jurisdições desde 1970, mas não é só nos países em desenvolvimento que o problema assume dimensões astronómicas. Um estudo da Comissão Europeia aponta para que, em média, entre 2001 e 2016, ativos financeiros equivalentes a 26% do PIB nacional tenham sido localizados em territórios offshore. Em Portugal, o recurso a paraísos fiscais ficou bem patente no caso da ESCOM (Grupo Espírito Santo).

Na União Europeia, favoreceu-se desde  há muito a lógica perversa da “competitividade fiscal” entre os países, que incentiva  a fuga para os paraísos fiscais e delapida as receitas dos Estados, como elucidam a Marisa Matias, o José Gusmão e o Vicente Ferreira. O facto de a Comissão Europeia apenas considerar como paraísos fiscais 12 territórios (todos fora da UE) diz tudo sobre a seriedade do combate à evasão fiscal na União. Não deixa de ser curioso que as Ilhas Caimão, o pequeno território britânico que, além das vistosas praias, ficou conhecido pelas mais de 100.000 empresas registadas (1/5 das quais no mesmo edifício), apenas passe a ser considerado para a lista negra dos paraísos fiscais da União após a conclusão do Brexit e a saída do Reino Unido. Para a União Europeia, parece que o combate pela justiça fiscal só se justifica se for como instrumento de retaliação. Em plena crise económica e de saúde pública, alguns países começaram já a tomar medidas, como a Dinamarca e Polónia que excluíram  empresas registadas em paraísos fiscais dos apoios públicos de emergência.

Francisco Louçã | Adriano Campos | Esquerda.net

Como tudo em Portugal virou uma guerra entre fascistas e marxistas


Anselmo Crespo | Diário de Notícias | opinião

A mesa onde agora me sento para almoçar com os meus colegas de trabalho é a mesma onde, nos últimos anos, passámos horas a fio a discutir e a tomar decisões. E o almoço, esse, não dispensa os cuidados do senhor Manuel e da dona Lina, gente boa que aos 63 anos trata os clientes do takeaway como se estivessem sentados à mesa do seu restaurante.

Foi durante um destes almoços, dignos de filme de época, que, em conversa de deitar fora, se comentava como as discussões políticas em Portugal já não são apenas entre esquerda e direita, mas transformaram-se, quase todas, numa guerra de "fascistas" e "marxistas". Como se nenhum moderado ou democrata tivesse cabimento lá no meio.

Para não puxar ainda mais o filme atrás, atentem apenas às duas últimas duas semanas.

Rui Tavares e a telescola. Uma mentira repetida muitas vezes não só não se torna verdadeira como não passa a ser catalogada como uma notícia falsa. Uma mentira é isso mesmo: uma mentira. Nesta semana, alguns partidos de extrema-direita, secundados por um eurodeputado do CDS e, depois, pelo próprio CDS, decidiram espalhar pelas redes sociais que Rui Tavares - professor, historiador e fundador do Livre - estava a dar aulas de História na telescola. Ainda que fosse verdade, não só não seria um crime de lesa-pátria como os alunos estariam muito bem entregues.

Portugal | "Pode ter havido uma falha de comunicação mas não houve falha financeira"


Centeno admite "uma falha na comunicação entre o Ministério das Finanças e o primeiro-ministro", sobre a injeção de capital ao Novo Banco.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, admitiu, esta terça-feira, em entrevista à TSF, que houve uma "falha de comunicação entre o Ministério das Finanças e o primeiro-ministro, mas não uma falha financeira", sobre a injeção de capital ao Novo Banco. 

Questionado sobre se pediu desculpa ao primeiro-ministro, António Costa, Centeno afirmou: "Nós não temos de pedir desculpa por trabalhar em conjunto, isso é virar o mundo do avesso. Tenho uma relação muito próxima de trabalho com o primeiro-ministro, institucional".

Em causa está a notícia de que o Novo Banco recebeu dinheiros públicos na semana passada e o primeiro-ministro, sem o saber, deu garantias ao Bloco de Esquerda no debate quinzenal de que isso não aconteceria até que os resultados da auditoria ao banco fossem conhecidos, motivo pelo qual pediu depois desculpas ao partido.

[Notícia em atualização]

Notícias ao Minuto | Imagem: © Getty Images

Rás tas partam adolfosdias das nossas penosas subvivências


Voltamos ao Expresso Curto no dia em que o editor da secção internacional, Pedro Cordeiro, numa primeira análise, parece demonstrar que se passou ao destinar título ao texto. Mas não. No jornalismo que corre por estes dias tudo é possível, até para um Cordeiro mais que vacinado nestas andanças. Avance e descubra o porquê de tal título.

Não vamos pôr muito mais na escrita que aqui deixamos à laia de preâmbulo, até porque já andamos “apanhados” pelo clima desesperante e desesperado com origem no longo confinamento que não vai nem em metade do tempo devido. Pois. Também nós, no PG, estamos fartinhos destes dias, semanas, meses Covid – independentemente do número que lhe destinarem.

Assim, passamos a bola (o texto) à vossa curiosidade e complacência. Seguimos o exemplo dado por Cordeiro com um título mistério e talvez num código destinado a Júlio de Matos (Lisboa), Conde Ferreira (Porto) e até nas casas de muitos portugueses e outros que escolheram Portugal para “viver” – quer dizer: para estarem confinados e quase nem poderem respirar nem dar um traque.

Bom dia. Bom verão, na varanda, com toalha e alguidar.

Sejam felizes nesta sociedade ‘covidada’, em que os bancos, os banqueiros e os que ao longo da vida mais têm surripiado as carteiras dos portugueses. Que merecem destaque, homenagens públicas e secretas, grandes “borlas” corrupçoes, offshores e olhares fechados para continuarem a roubar-nos.

PG


Bom dia, este é o seu Expresso Curto

“ccu cgg cgg gca” (sim, é mesmo este o título do Expresso Curto de hoje!)

Pedro Cordeiro | Expresso

Bom dia!

Faz hoje dois meses que o Governo anunciou o encerramento das escolas, um dos momentos mais aguardados e dramáticos desse longínquo março cuja primeira semana muitos vivêramos sem consciência da magnitude do que aí vinha. A decisão inédita deu (a quem não a tinha) a noção da gravidade do momento. Ia ser reavaliada, disse-se, a 9 de abril. Vamos a 12 de maio e dentro de seis dias algumas escolas reabrirão, mas numa realidade muito distante da de fevereiro: apenas creches, com regras problemáticas que a Isabel Leiria e a Christiana Martins analisam; e ensino secundário, para os alunos que vão ter exames nacionais.

O país e o mundo movem-se entre desconfinamento e receio de segunda vaga de infeções. Esta semana já se pôde cortar o cabelo ou ir ao dentista em Portugal e os nossos hábitos quotidianos da semana passada já revelam algum regresso aos horários normais. Mas que significará hoje este adjetivo? E no futuro? A única resposta honesta é “não sei”. Vamos aprendendo dia a dia, com a prática, através de ensaio e erro. E vamos também, graças a inédita cooperação científica mundial, descobrindo mais sobre o SARS-Cov-2. Preste atenção à sequência de 12 letras que dá título a esta newsletter. Cabem em 70 milionésimas de milímetro, jura o diário espanhol “El País”.

Por causa deste agente ínfimo de enormes consequências, temos de gerir a reabertura sector a sector, com possíveis avanços e recuos. É adequado olharmos para um dos grupos mais afetados pelo coronavírus, em termos de doença e óbitos, mas também de solidão e distância da família: os lares. As visitas recomeçarão, mas tão depressa nada será como dantes. Nem ali nem na escola, nem no trabalho nem no comércio, nem na vida social nem nas viagens. Lembra-se da procura de voos baratos, da escapadinha de três dias. Esqueça, por agora. Por cá, a TAP retirou do seu sítio de Internet a informação sobre voos para Paris, Londres e Brasil previstos para este mês. Tudo vai depender da procura, que as restrições em vigor fazem cair. Outras companhias põem em causa que valha a pena voar com essas limitações.

“Depende” parece ser a palavra mais segura. Olhemos para a China, origem da pandemia, cujo Governo andou a ocultá-la e a fazer o mundo perder tempo precioso. Esta terça-feira o país não comunicou novos casos de covid-19, mas domingo e segunda foram preocupantes, com valores de dois dígitos a espicaçar receios de segunda vaga de contágio. No fim de semana houve aumento de infeções em Wuhan, onde tudo começou, conta a BBC, e outra cidade foi (re)confinada à pressa. Pequim desmente novo surto, como se lê numa das primeiras entradas de hoje do direto do Expresso sobre a pandemia, onde permanentemente lhe damos conta da atualidade.

Na vizinha Coreia do Sul o aumento dos valores também é preocupante. Sem vacina, conhecimento cabal do agente infecioso ou medicação específica, com pequenos surtos destes a ressurgir um pouco por todo o planeta, alerta o londrino “The Guardian”, o mais certo é termos de viver com o coronavírus ao longo de meses ou anos. O certo é que o confinamento não podia durar para sempre, sob pena de as consequências sociais, económicas, políticas e de saúde (não se morre só de covid) serem piores.

Conclusão: “Isto não acaba até acabar”, como alertou o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, depois de anunciar as más notícias ao país. Viajando mais para sul, até na Nova Zelândia, aplaudida com justiça graças à gestão da crise pela primeira-ministra Jacinda Ardern, a reabertura é vista com certa ansiedade. Quinta-feira regressam à atividade escolas, lojas, restaurantes e cinemas, parques infantis e bibliotecas. Hoje não houve novos casos.

Nos Estados Unidos, país que domina em número de casos e mortes, o Presidente prefere frisar que “a América é a primeira no mundo em testes”. Quando a jornalista Weijia Wang, da CBS, lhe perguntou se isso era assim tão importante face ao trágico balanço verificado até à data, a resposta foi: “Não me pergunte a mim! Pergunte à China!”. E não houve mais perguntas, o que parece dar razão aos que defendiam que Donald Trump pusesse fim ao ritual diário da conferência de imprensa da Casa Branca sobre covid-19. A revista “The Economist” escreve, precisamente, sobre o nadir da confiança mútua entre as duas maiores potências globais.

O Presidente vive em tensão com os seus próprios conselheiros. O Domingo de Páscoa, data que anunciara para reabrir o país, passou há um mês sem regresso à normalidade, como já então avisavam os especialistas. Agora é o próprio Anthony Fauci, seu conselheiro científico, a avisar que uma reabertura precoce causaria “sofrimento e mortes desnecessárias”. Dirá isso hoje mesmo ao Senado, segundo “The New York Times”, numa intervenção decerto interessante e sem Trump ao lado. Se o tom relaxado deste contrasta com a precaução do cientista, tal tem reflexo no uso de máscaras na Casa Branca. Todos têm de usá-las, menos o chefe de Estado, escreve o Hélder Gomes.

A propósito dos States, convido os leitores a ouvir o podcast “O Mundo a Seus Pés”, da secção internacional do Expresso. O episódio mais recente, lançado ontem, inclui conversas com os correspondentes do jornal nos Estados Unidos, Ricardo Lourenço, e na Turquia, José Pedro Tavares. Vem a propósito, logo no dia em que o Presidente turco Recep Tayyp Erdogan jurou que nenhuma conspiração externa o impedirá de manter a economia a funcionar, como conta a Bloomberg.

Há planos de desconfinamento em marcha também no Reino Unido, onde o primeiro-ministro explicou ontem ao Parlamento (mas pouco) como tenciona trazer os britânicos de volta à rua, como resume a Ana França. Boris Johnson não impressionou a revista “The Economist” nem o diário “The Telegraph”, habitualmente seu aliado; na Rússia, cessa a partir de hoje a ordem para ficar em casa, apesar de na véspera se ter registado o maior crescimento do número de casos. Não vou encher este Expresso Curto de números, mas se está entre os que os consultam no útil Worldometer, talvez queira saber mais sobre a história dessa página, pela pena da revista “New Statesman”.

Para largar o assunto ubíquo, saiba ainda através do Rui Gustavo que os cães parecem promissores na luta contra o coronavírus e que, sugere a Helena Bento, o próprio leitor pode participar num estudo sobre a forma como a pandemia anda a mudar as nossas vidas. Consulte o excelente trabalho da secção de infografia em que a Sofia Rosa, o Jaime Figueiredo e o David Dinis seguem a evolução da doença em Portugal e no mundo e todas as comparações em causa. Recorde, pela mão da Mafalda Ganhão e do Hugo Tavares da Silva, o que se passou ontem a nível doméstico e internacional. E continue a jogar pelo seguro, sem se deixar vencer pelo medo mas evitando bravatas gratuitas.

Outras notícias

HORROR O ignóbil homicídio de uma criança na Atouguia da Baleia (Peniche) impressionou o país. Desaparecida desde quinta-feira, Valentina, de 9 anos, foi encontrada sem vida perto da Serra d’el Rei, nas redondezas, e terá sido o pai a matá-la, possivelmente com envolvimento da madrasta. São mais as dúvidas do que as certezas, garante o Hugo Franco, com a autópsia a indicar morte violenta.

VALOR O Estado emprestou 850 milhões de euros ao Fundo de Resolução, para capitalizar o Novo Banco, mas o primeiro-ministro não sabia. Isso exige nova auditoria à instituição bancária, escreve o Diogo Cavaleiro, quando ainda se espera outra, em curso desde o ano passado, por conta dos 850 milhões de euros emprestados em 2019. É mais um tropeção numa semana de descoordenação governamental escalpelizada pelo Miguel Santos Carrapatoso.

RECORDISTAS Os descontos para a Segurança Social geraram mais de 20.600 milhões de euros para os cofres do Estado em 2019, um recorde sem paralelo nos últimos 25 anos. Outro grande motor das receitas fiscais foi o IVA. Ambos serão muito penalizados este ano e a Ana Sofia Santos explica porquê.

EXTREMISTAS Mandar diplomatas e não militares é a melhor forma de combater a expansão do extremismo, defende numa entrevista à Cristina Peres o perito Pedro Vicente, da Nova SBE, a propósito dos ataques de grupos radicais islâmicos no norte de Moçambique.

FÁTIMA Haverá procissão das velas, terço e missa, mas sem peregrinos. Ou, se quisermos, em “peregrinação espiritual”. A igreja católica pede aos fieís que sigam as cerimónias do 13 de Maio em casa, de vela acesa, escreve a Rosa Pedroso Lima.

RAMADÃO Palavras da Margarida Mota e muitas imagens contam-nos como está a ser o mês sagrado islâmico na Síria.

REFUGIADOS Espreite este trabalho multimédia do Expresso sobre o drama dos refugiados e não se arrependerá.

MEMÓRIA O Rui Cardoso, que me antecedeu como editor da secção Internacional, evoca desde domingo e até 18 de junho o ano de 1940, em que a Alemanha nazi espalhou tentáculos por toda a Europa. Não perca, todos os dias no site do Expresso.

Frases

Colocar questões penais com ênfase no criminoso, em vez de na vítima, é - mascarado de bondade - das coisas mais ordinárias, desnaturadas, maldosas, cobardes, pervertidas que se pode fazer.

Maria João Marques, voz que sigo com crescente interesse, na rede social Twitter; aproveito para sugerir este artigo sobre teletrabalho que escreveu no “Público”, para onde recentemente se mudou vinda do “Observador”.

Para o que interessa no que justifica esta interdição, a Festa do "Avante!" tem os mesmíssimos problemas de qualquer festival: pela duração, a concentração de pessoas e o ambiente é totalmente impossível qualquer tipo de organização, mesmo a do PCP, garantir as medidas básicas de segurança.
Daniel Oliveira, na sua coluna do Expresso online

O que ando a ler, ouvir e ver

Abri hoje “Rectificação da linha geral”, volume de poesia de José Alberto Oliveira (Assírio & Alvim), cuja belíssima capa extraída do livro de iluminuras “Très Riches Heures du Duc de Berry” tem correspondência no interior do livro. Aqui fica o poema “Horóscopo”, que por algum motivo chamou a atenção do autor deste Expresso Curto, nada dado à astrologia (astros só vê-los, não lê-los), mas perplexo com o tempo estranho que vivemos.

HORÓSCOPO

Dragão zodíaco do Oriente,
mais comezinho Caranguejo
(ignoro o ascendente) neste
mais comezinho Ocidente (decadente,
talvez pela rima), a sina
ditada pelos astros, que faço

aqui, com três dedos (polegar,
médio e indicador da mão
direita) agarrando a esferográfica?
— escrever o que os astros ditam?
— por que não o fazem eles
e me deixam ir à vida?

Continuo a apreciar a maravilhosa oferta cultural que o confinamento suscitou. Esta semana o National Theatre de Londres oferece “Antony and Cleopatra”, de Shakespeare, com magistrais Ralph Fiennes e Sophie Okonedo; Andrew Lloyd Webber traz-nos “Cats”a partir de sexta-feira; há Lars von Trier, Mike Leigh e Nanni Moretti no programa da Medeia Filmes; e lá para o fim do dia a Gulbenkian acrescentará um concerto a esta série gratuita. E há muito mais, pesquise ao sabor do seu gosto!

Também vou contemplar, e com que deleite, os jacarandás que já floriram em Lisboa, indiferentes à covid e tão prodigiosos como sempre. Tenha uma boa semana. Estaremos por cá para deixá-lo a par de tudo.

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