Pequim, 26 mai (Xinhua) -- O
embaixador de Portugal na China, José Augusto Duarte, destacou o papel global
da China em temas de interesse em diversas áreas, bem como de origem de
investimentos para a maioria dos países.
Em entrevista à Xinhua, Duarte
afirmou ainda que espera mais intercâmbios entre Portugal e China, do âmbito
comercial ao científico, tanto na área médica, com foco no combate à pandemia,
como em demais setores industriais e de serviços. Para ele, o país asiático tem
méritos na governação de diversas áreas, incluindo na erradicação da pobreza.
No momento em que se realizam as
Duas Sessões, as reuniões anuais da Assembleia Popular Nacional (APN) e do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC),
Duarte lembrou que hoje a China é conhecida como um global player, ou seja, um
país que tem investimentos em praticamente todos os países do mundo, grande
contribuinte para a Organização das Nações Unidas, que apoia com tropas de
manutenção da paz em situações de conflito em várias zonas do mundo, entre
outras iniciativas. Para o embaixador, tal postura leva-o a analisar a China
sob diferentes ângulos, todos com igual atenção pois, as visões e as opções que
a China faz em qualquer área têm impacto no resto do mundo.
No que concerne à relação da China
com Portugal, o diplomata afirmou que as relações bilaterais evoluem de forma
extremamente positiva, agora provavelmente no mais alto nível da sua história.
Quanto às expectativas para 2020, havia planos de visitas bilaterais de membros
do governo, de empresários e de agentes culturais, o que será adiado devido à
COVID-19, mas que será retomado assim que possível.
Portugal comprou à China
materiais médicos e hospitalares para lutar contra a propagação da doença e
para tratar pacientes. Segundo o embaixador, muitas entidades chinesas privadas
e públicas também cooperam com entidades portuguesas nesta área.
Para o futuro, Duarte espera que
Portugal e China ampliem a cooperação no nível científico na pesquisa não só
nesta doença como noutras. Segundo o embaixador, a cooperação internacional a
nível científico ajuda toda a humanidade a evoluir mais rapidamente. "Acho
que isso é uma lição que a pandemia global pode mostrar-nos, é o facto de que se
todos cooperarmos juntos teremos melhores resultados para toda a
humanidade", afirmou.
O embaixador disse que a pandemia
da COVID-19 é um grande desafio para as economias chinesa e mundial e que as
quarentenas e isolamentos sociais em diversos países estão provocando uma
retração no consumo, na produção e na economia, reduzindo o crescimento económico e aumentando o desemprego. Em face desse cenário, é preciso sabedoria
nas decisões e ainda mais cooperação no futuro. "Quando há grandes crises
mundiais é quando também vemos de facto os melhores gestos de cooperação
internacional para que conjuntamente, as populações e os povos possam
ultrapassar as dificuldades, como foi, por exemplo, a Segunda Guerra
Mundial", disse Duarte, lembrando que foi neste período a criação da ONU,
do Plano Marshall na Europa, além de outros esforços.