domingo, 16 de agosto de 2020

Portugal | A ministra que não lê


Inês Cardoso* | Jornal de Notícias | opinião

Vamos admitir que apenas por falta de clareza e lapso na comunicação a ministra do Trabalho e da Solidariedade parece minimizar a gravidade dos surtos nos lares, na entrevista que concedeu este sábado. Não há qualquer insensibilidade ou desculpabilização, antes daqueles erros de expressão que acontecem.

Podemos ainda conceder que não há qualquer malabarismo em relação aos números, quando compara a incidência de surtos em lares em plena pandemia com o cenário das últimas semanas. Sabemos que o contexto dos dois momentos é totalmente distinto e só por absurdo se consideraria legítima essa comparação, portanto Ana Mendes Godinho não poderia tentar iludir os portugueses retirando as estatísticas do contexto nacional.

Coloquemos ainda a hipótese de a ministra da tutela se referir ao apuramento de responsabilidades num sentido persecutório, quando diz não ser seu objetivo fazê-lo. Pois se o Estado financia e licencia as instituições, se tem o dever de proteger os utentes nelas instalados, se além disso só apurando incumprimentos se pode corrigir e prevenir a repetição dos mesmos erros, como poderia um membro do Governo não querer responsabilidades quando a assistência aos mais frágeis falha?

Admitamos tudo na extraordinária entrevista de Ana Mendes Godinho, mas uma incontornável frase não permite equívocos nem desculpas para os tantos disparates proferidos. "Não o li pessoalmente, mas a Ordem fez-me chegar o relatório e já pedi que o analisassem", responde quando questionada pelo "Expresso" sobre o relatório ao surto em Reguengos de Monsaraz. Morreram 18 pessoas, desidratadas e com sinais de negligência, mas a ministra da tutela não lê. Aguarda que alguém analise por ela. Confia que "as fontes de informação institucionais" serão suficientes e adequadas. Mantém um discurso burocrático e impessoal. Para quem tem a pasta da Solidariedade e Segurança Social, estamos conversados.

*Diretora-adjunta

Manifestação antifascista já está na rua em Lisboa e no Porto


Manifestantes protestam escalada de violência da extrema-direita em Portugal. Autoridades investigam ameaças a deputadas e elementos de movimentos antifascistas. 

Já tiveram início as manifestações marcadas para este domingo pela Frente Unitária Antifascista (FUA). O grupo agendou duas concentrações para as 15h, uma em Lisboa, na Praça Luís de Camões, e a segunda no Porto, na Avenida dos Aliados.

As duas manifestações foram marcadas em protesto contra a escalada de violência da extrema-direita em Portugal. Há pouco mais de uma semana, uma dezena de “nacionalistas” juntou-se em frente à sede do SOS Racismo com máscaras brancas a tapar o rosto e tochas numa iconografia com semelhanças à dos supremacistas brancos Ku Klux Klan.

Quatro dias após esta demonstração nacionalista, um grupo de dez pessoas recebeu uma ameaça por email a intimá-las a abandonar o “território nacional” em 48 horas e a rescindir “as suas funções políticas”. Entre a os visados por esta mensagem stão as deputadas Beatriz Gomes Dias, Mariana Mortágua (do Bloco de Esquerda) e Joacine Katar Moreira (deputada não inscrita), Mamadou Ba, dirigente do SOS Racismo, Danilo Moreira, sindicalista, Jonathan Costa e Rita Osório, da frente unitária antifascista, Vasco Santos, do Movimento Alternativa Socialista, e Melissa Rodrigues, do Núcleo Anti-racista do Porto.

A Polícia Judiciária está a investigar estes incidentes ligados à extrema-direita.

Daniel Rocha | Público | Imagem: Daniel Rocha

Portugal | Não passarão


José Soeiro | Expresso | opinião

1. As ameaças de que foram vítimas três deputadas e vários ativistas antirracistas são um crime. Como crime devem ser tratadas. A lei portuguesa já prevê os mecanismos legais para perseguir e reprimir os criminosos que recorrem à ameaça e à coação. Agora, cabe às instituições funcionarem exemplarmente: avaliar as ameaças feitas, investigar os seus autores, deter quem põe em perigo a segurança pública. Não pode haver nenhuma complacência.

2. Complacência foi o que houve, contudo, com a banalização do discurso de ódio e com a tentativa de normalizar a extrema-direita em Portugal. Não nos esqueçamos do episódio em que a TVI acolheu candidamente num programa da manhã Mário Machado, o nazi envolvido no assassinato ao pontapé de Alcindo Monteiro. Do palco dado pelo Correio da Manhã – e não só – a Ventura. Das tentativas recentes de um investigador de validar acriticamente as teses do Chega, usando o selo académico, mesmo que para isso tenha sido preciso atropelar os mais elementares protocolos do campo. Ou, mais recentemente, das declarações de Rui Rio, que admitiu uma eventual aliança com a extrema-direita, dependendo do modo como esta evoluísse. A indulgência política e mediática ajuda a criar o ambiente de à-vontade e o sentimento de impunidade com que atuam os racistas, mesmo que disfarçados, e o terrorismo da extrema-direita em geral.

3. O crime de intimidação contra estes dez combatentes pelos direitos humanos surge num contexto. Há uns meses, as inscrições racistas à porta de escolas, do SOS Racimo, do Centro Português de Refugiados ou no mural de José Carvalho. A ridícula manifestação de Ventura. A parada de um bando neonazi, de rosto tapado e tochas, frente à sede do SOS Racismo, divulgada pelos próprios nas redes sociais. O assassinato de Bruno Candé em plena luz do dia, crime que o alegado homicida terá feito acompanhar de um “preto do caralho, vai para a tua terra!”, afinal de contas uma versão em vernáculo do que disse Ventura quando propôs que uma deputada portuguesa fosse “devolvida ao seu país de origem”. É tudo parte do ambiente de ódio que os criminosos, sejam os de gravata ou os de cabeça rapada, querem criar.

4. Para combater o ódio e os crimes racistas da extrema-direita já temos boas leis escritas. Falta-nos é trabalhar nas leis na prática, no combate à impunidade e à indiferença. Das instituições exige-se esse compromisso assumidamente antirracista. Às polícias cabe investigar e agir, extirpando do seu seio criminosos que perfilhem valores fascistas que violam a Constituição e demarcando-se de qualquer instrumentalização pela extrema-direita. Às políticas cabe romper sem hesitações as lógicas que reproduzem os padrões coloniais e ter, nos vários campos que vão do trabalho à educação, do desporto à cultura ou à habitação, medidas decididas para combater as desigualdades que têm no racismo estrutural um dos seus pilares.

5. A solidariedade para com todas as vítimas das ameaças e dos crimes da extrema-direita é um dever de todos. E convoca-nos para atitudes concretas que vão além das palavras.

Imagem: Daniel Rocha, Público

Rui Pinto e Isabel dos Santos trocam acusações no Twitter


“É verdade que lhe vão pagar o salário e dar casa?”

Hacker levantou a hipótese de a família de Isabel dos Santos ser a real proprietária da Herdade da Torre Bela, no Ribatejo. Empresária respondeu horas depois em tom de provocação

ui Pinto está de novo ativo no Twitter. Este sábado, o pirata informático que revelou os documentos que deram origem ao Luanda Leaks e que colocaram a empresária Isabel dos Santos a braços com a Justiça, publicou um tweet em que levantava a hipótese da família dos Santos ser a real proprietária da Herdade da Torre Bela, antiga propriedade do Duque de Lafões, na região Oeste do país, bem como de "cerca de uma dezena de propriedades na zona".

O hacker, que se encontra ao abrigo de um programa de proteção de testemunhas a aguardar o julgamento, que deverá acontecer em setembro, faz referência a dois textos que levantam a hipótese do pai da empresária angolana, José Eduardo dos Santos (antigo presidente de Angola) ter adquirido a propriedade, que é considerada uma das maiores, entre as muradas, da Europa.

Isabel dos Santos não deixou Rui Pinto sem resposta. Horas depois, durante a madrugada deste domingo, a empresária reagiu ao pirata informático usando a sua própria conta de Twitter.

"Engraçado Rui Pinto estar a fazer estas perguntas. Pensei que fosse um hacker com 715 mil documentos. Pelos vistos é um mero curioso que vive de fofoca", escreveu. Em tom provocatório questionou ainda: "é verdade que lhe vão pagar salário como funcionário público e dar casa".

Recorde-se que Rui Pinto, mentor do site Football Leaks, é responsável pelos Luanda Leaks, que denunciam alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido desviar fundos públicos angolanos.

Rui Pinto estava desde 8 de abril em prisão domiciliária. Foi libertado no início deste mês, depois de um requerimento apresentado pela defesa a pedir a sua libertação, estando atualmente abrangido por um programa de proteção de testemunhas.

O pritada informático começa a ser julgado a 4 de setembro por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, bem como tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen e sabotagem informática à SAD do Sporting.

Cátia Mateus | Expresso | Imagens em Twitter

O mundo precisa da derrota de Trump -- Noam Chomsky


#Traduzido e publicado em português do Brasil

Ele explica: pandemia acelerou a História e projetou a luta de classes em escala global. Agora, todos os futuros são possíveis. Pouco importam as limitações de Joe Biden: o que vale é o espaço que se abrirá às novas lutas

Noam Chomsky |  entrevistado por Anand Giridharadas, no The.Ink | em Outras Palavras | Tradução por Simone Paz

No início de abril, a escritora indiana Arundhati Roy escreveu o que pode ser uma das reflexões mais provocadoras sobre a pandemia: Historicamente, as pandemias forçaram os seres humanos a romper com o passado e imaginar seu mundo de novo. Esta não é diferente. É uma porta um mundo e o próximo.

Podemos escolher passar por ela arrastando as carcaças de nossos preconceitos e ódios, nossa avareza, nossos bancos de dados e ideias mortas, nosos rios mortos e os céus fumacentos que nos acompanham. Ou podemos atravessá-la leves, com pouca bagagem, prontos para imaginar outro mundo. E prontos para lutar por ele.

Há poucos dias me encontrei, por meio de uma combinação de rede social e telefone celular, com outro defensor destacado de um mundo novo. Noam Chomsky é liguista, filósofo, pesquisador da cognição, crítico social e uma espécie de padrinho intelectual da esquerda. Arundhati Roy expressou o sentimento de muitos quando escreveu, há anos: “É raro o dia em que não me vejo desejando – por uma razão ou outra – Chomsky Zindabad, longa vida a Chomsky!

Mais uma vez, EUA fica isolado no Conselho de Segurança da ONU


“Escrito e publicado em português do Brasil

Nações Unidas, 15 ago (Prensa Latina) Só dois votos a favor e a rejeição majoritária do Conselho de Segurança da ONU é o saldo que contabiliza hoje os Estados Unidos em sua tentativa por estender o embargo de armas ao Irã.

A véspera, a representação estadunidense tentou aprovar uma resolução para estender de forma indefinida o embargo de armas ao Irã, que finalizará em outubro próximo.

Rússia e China, membros permanentes do Conselho e com direito ao veto, opuseram-se a esse projeto de resolução apresentado pelos Estados Unidos. No entanto, 11 membros abstiveram-se, incluídos Alemanha, França e Reino Unido.

Só a delegação estadunidense e a de República Dominicana votaram sim, e se precisavam, ao menos nove a favor e nenhum veto dos membros permanentes do Conselho.

EUA realizam exercícios com porta-aviões no mar do Sul da China, crescem tensões


#Escrito e publicado em português do Brasil

Depois que as relações entre os EUA e a China se deterioraram nos últimos anos, Washington tem destacado cada vez mais forças militares à região, continuando a política de missões de "liberdade de navegação".

O grupo de ataque do porta-aviões USS Ronald Reagan realizou exercícios no mar do Sul da China na sexta-feira (14), incluindo exercícios de voo e treinamento de defesa antiaérea, anunciou em comunicado a Marinha dos EUA.

"O treinamento integrado incluiu operações ar-ar, exercícios de busca e resgate de combate e exercícios de defesa antiaérea para aumentar a capacidade da força conjunta para responder a contingências regionais e manter a prontidão de combate", disse a Marinha.

Honrando o Compromisso com os Aliados e Parceiros Regionais, o Grupo de Ataque do Porta-Aviões USS Ronald Reagan entrou no mar do Sul da China, [em] 14 de agosto, para conduzir operações de defesa antiaérea marítima em apoio a um Indo-Pacífico Livre e Aberto.

A Marinha também observou que, além das operações envolvendo o USS Ronald Reagan, suas aeronaves e navios de apoio, os exercícios também incluíram a integração com um bombardeiro estratégico B-1B Lancer da Força Aérea dos EUA voando desde Guam, no Pacífico, para "treinamento de Guerra Conjunta no Mar" de maneira a aumentar "as capacidades de prontidão conjuntas".

Donald Trump diz considerar perdoar condenação de Edward Snowden


#Escrito e publicado em português do Brasil

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou neste sábado (15) que irá analisar a possibilidade de comutar a pena do ex-oficial de inteligência Edward Snowden.

Famoso mundialmente por revelar à imprensa a extensão do programa de espionagem dos Estados Unidos, Snowden atualmente está exilado em Moscou, na Rússia. Ele revelou segredos da Agência de Segurança Nacional e de como Washington espionava líderes e empresas ao redor do globo. 

"Bem, eu vou dar uma olhada. Eu não estou ciente da situação de Snowden, mas eu vou começar a olhar isso [...] Vou dar uma boa olhada nisso", disse Trump em coletiva de imprensa. 

A fala do presidente dos Estados Unidos marca uma mudança em sua posição. Durante a campanha presidencial de 2016, Trump afirmou que Snowden era um "traidor".

Em julho, Trump comutou a pena de seu ex-aliado Roger Stone e o livrou da prisão.

Sputnik | © AP Photo / Marco Garcia

Rússia inicia oficialmente produção de vacina contra Covid-19


#Escrito e publicado em português do Brasil

Moscou, 15 ago (Prensa Latina) Rússia iniciou hoje a produção da vacina Sputnik V contra o coronavírus (SARS-CoV-2), causante da pandemia de Covid-19, quando os casos positivos dessa doença chegam a 917.884, indicou a televisão da capital.

O ministério da Saúde informou que começa a fabricação em série da vacina elaborada pelo centro científico N.F. Gamalei, cujo aplicativo se espera para finais deste mês em médicos e professores.

Durante as últimas 24 horas, detectaram-se aqui 5.061 novos contagiados e morreram 119 pessoas nesse lapso, para um total de 15.617 casos fatais desde março passado, assinalou o estado maior russo para o combate contra a Covid-19. A letalidade atinge agora 1,7%.
Em um dia saíram dos hospitais 6.447 pacientes, o qual leva a um acumulado de 729.411 altas médicas, para um coeficiente de recuperação no país de 79,5%.

Avifavir: o antiviral russo contra a Covid-19


#Publicado em português do Brasil

Edson José de Araujo*

Em 11 de março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou estado de pandemia global, o mundo seria inserido num cenário regido por protocolos de segurança internacional e, a partir daí, começaria uma corrida contra o tempo no intuito de elaborar medicamentos para tentar deter a propagação massiva da Covid-19.

A Federação Russa foi um dos países que rapidamente se empenharam na busca de tratamentos contra a doença, elaborando pesquisas e testes com diversas drogas da família dos antivirais, chegando a um denominador comum em matéria de eficácia – o Avifavir.

O medicamento é uma versão modificada e potencializada do antiviral de origem japonesa Favipiravir*, inicialmente usado para tratar casos de pacientes contaminados por Influenza e que passou a ser testado contra patógenos do mesmo grupo genômico, como os da Dengue, Zika e Chicungunya. Ao final dos estudos, os cientistas japoneses obtiveram resultados bem-sucedidos na inibição da replicação desses vírus em células humanas infectadas, sendo algumas delas submetidas somente a ensaios feitos em laboratório.

Na Rússia, a eficácia de medicamentos com substância ativa Favipiravir foi comprovada em três ensaios clínicos independentes, que ocorreram nos principais centros médicos do país com a participação de 700 pacientes com diagnóstico confirmado de COVID-19. A droga bloqueia os mecanismos de reprodução do coronavírus, alivia os sintomas e reduz a duração da doença pela metade, em comparação com a terapia padrão (9 dias). Segundo o diretor do centro de pesquisa do Ministério da Saúde da Rússia, Vladimir Chulanov, os testes demonstraram que a medicação permite a eliminação do vírus das células sanguíneas dos pacientes duas vezes mais rápido do que dos pacientes do grupo de controle, que não receberam o Avifavir, tendo 65% dos pacientes obtido teste negativo para o novo coronavírus após o quarto dia de tratamento.

Mais lidas da semana