#Publicado em português do Brasil
Edson José de Araujo*
Em 11 de março de 2020, quando a
Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou estado de pandemia global, o mundo
seria inserido num cenário regido por protocolos de segurança internacional e,
a partir daí, começaria uma corrida contra o tempo no intuito de elaborar
medicamentos para tentar deter a propagação massiva da Covid-19.
A Federação Russa foi um dos
países que rapidamente se empenharam na busca de tratamentos contra a doença,
elaborando pesquisas e testes com diversas drogas da família dos antivirais,
chegando a um denominador comum em matéria de eficácia – o Avifavir.
O medicamento é uma versão
modificada e potencializada do antiviral de origem japonesa Favipiravir*,
inicialmente usado para tratar casos de pacientes contaminados por Influenza e
que passou a ser testado contra patógenos do mesmo grupo genômico, como os da
Dengue, Zika e Chicungunya. Ao final dos estudos, os cientistas japoneses
obtiveram resultados bem-sucedidos na inibição da replicação desses vírus em
células humanas infectadas, sendo algumas delas submetidas somente a ensaios
feitos em laboratório.
Na Rússia, a eficácia de medicamentos com substância ativa Favipiravir foi
comprovada em três ensaios clínicos independentes, que ocorreram nos
principais centros médicos do país com a participação de 700 pacientes com
diagnóstico confirmado de COVID-19.
A droga bloqueia os mecanismos de reprodução do
coronavírus, alivia os sintomas e reduz a duração da doença pela metade, em
comparação com a terapia padrão (9 dias). Segundo o diretor do centro de pesquisa do Ministério da Saúde
da Rússia, Vladimir Chulanov, os testes demonstraram que a medicação
permite a eliminação do vírus das células sanguíneas dos pacientes duas vezes
mais rápido do que dos pacientes do grupo de controle, que não receberam o
Avifavir, tendo 65% dos pacientes obtido teste negativo para o novo coronavírus
após o quarto dia de tratamento.
Posto isso, em 29 de maio, o
medicamento Avifavir recebeu um certificado de registro do Ministério da Saúde
da Rússia e tornou-se a primeira droga russa aprovada para tratamento de
pacientes infectados pela COVID-19 e, no dia 3 de junho, o Ministério da Saúde
incluiu o Avifavir na sétima edição das diretrizes de prevenção, diagnóstico e
tratamento da nova infecção por coronavírus, sendo sua distribuição realizada
em 50 regiões da Federação Russa, além de países como Bielorrússia e
Cazaquistão.
O Fundo de Investimento Direto da
Rússia (RDIF, na sigla em inglês) já esta delineando formas de aumentar a
produção do medicamento em função da alta demanda interna e juntamente com o
grupo farmacêutico russo, ChemRar, terá o direito exclusivo de produção do
Avifavir no território, mas, segundo o diretor-geral do fundo, Kirill Dmitriev, o grupo
não terá o monopólio mundial da produção da droga, tendo a possibilidade do
antiviral ser produzido por outros países, tais como Índia.
Em 29 de julho ocorreu a
cerimônia da assinatura do acordo de cooperação entre Rússia e Bolívia e,
posteriormente, em 3 de agosto, a empresa Cromys, uma joint venture do
grupo da RDIF e da ChemRar, assinou um acordo de exclusividade com a empresa
farmacêutica boliviana Sigma Corp S.R.L. para vender o Avifavir nos territórios
da Argentina, Bolívia, Honduras, Paraguai, El Salvador, Uruguai e Equador.
Apesar da existência de testes
paralelos com outros tipos de medicamentos que comprovaram certa eficácia no
tratamento do coronavírus, tais como o Remdesivir, a Hidroxicloroquina e a
Azitromicina, o medicamento russo Avifavir é mais uma esperança na luta contra
a COVID-19, que, segundo dados da OMS, já causou a infecção de mais de 19
milhões de pessoas e a morte de outras 700 mil ao redor do mundo.
*CEIRI | Edson José de Araujo - colaborador
Voluntário on Aug 11, 2020
Notas:
* Nome registrado na IUPAC (International
Union of Pure and Applied Chemistry – em português: União Internacional de
Química Pura e Aplicada) é 6-Fluoro-3-Hydroxypyrazine-2-Carboxamide e a fórmula
molecular é C5H4FN3O2. Também conhecido como T-705, Avigan ou Favilavir, foi
desenvolvido pela Toyama Chemical (grupo Fujifilm) do Japão nos anos de 1990 e
estava sendo estudado desde fevereiro (2020) na China para o tratamento
experimental da emergente Covid-19, à época.
Fontes das Imagens:
Imagem 1 “Medicamento russo
Avifavir” (Fonte):
Imagem 2 “Diretor geral da
RDIF – Kirill Dmitriev” (Fonte):
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