sábado, 5 de setembro de 2020

A morte silenciosa do acordo UE-Mercosul


#Publicado em português do Brasil

Merkel pôs em xeque o pacto comercial devido às queimadas na Amazônia. Ao ignorarem o alerta, governos sul-americanos deixam claro seu desinteresse na implementação do tratado. Também na Europa o silêncio predominou.

Faz exatamente um ano desde que o presidente francês, Emmanuel Macron, atacou o Brasil pela primeira vez por causa dos incêndios na Amazônia, durante a cúpula do G7 na França. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, disse agora que tem dúvidas sobre se o acordo comercial da União Europeia (UE) com o Mercosul ainda pode ser implementado. O motivo são as queimadas na região amazônica.

As "sérias dúvidas" de Merkel se encaixam na corrente de muitos outros críticos que há um ano vêm exigindo cada vez mais veementemente que o governo brasileiro tome medidas contra o desmatamento. Primeiro foram as organizações ambientais, depois os embaixadores da Noruega e da Alemanha e, finalmente, agora fundos, bancos e empresas que pediram ao governo de Jair Bolsonaro que tome uma atitude.

Mas as reações do governo até hoje são as mesmas: afirma que faz o suficiente para proteger a Amazônia; responde que a Europa e os Estados Unidos já desmataram tudo o que tinham; quer oferecer parques nacionais a empresas privadas estrangeiras, para que elas possam proteger o meio ambiente. Afinal, o que o mundo estaria disposto a pagar pela proteção da floresta tropical?

Obter petróleo e vencer terrorismo?


#Publicado em português do Brasil

EUA não têm nenhuma estratégia na Síria, diz alto funcionário
Em janeiro, Donald Trump, o presidente dos EUA, recuou em seu compromisso anterior de retirar as forças norte-americanas da Síria, afirmando que ficaria um "pequeno" contingente militar no país para "manter o petróleo".

A revista Newsweek citou na quinta-feira (3) um alto funcionário anônimo da inteligência norte-americana, que teria descrito a estratégia atual dos EUA na Síria como uma "confusão de m****" à luz das próximas eleições presidenciais.

Com o relógio se aproximando das eleições de 3 de novembro, "ambos os candidatos prometem acabar com as 'guerras sem fim' travadas por seus antecessores", relata a mídia, se referindo às eleições presidenciais que serão disputadas entre o democrata Joe Biden e o atual líder norte-americano Donald Trump.

OTAN esteve trabalhando com substâncias do grupo Novichok durante anos


#Publicado em português do Brasil


Estruturas da OTAN estiveram trabalhando com substâncias do grupo Novichok durante anos, diz Rússia 

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia comentou as numerosas "declarações hostis" contra a Rússia relativamente à situação do estado de saúde do líder da oposição Aleksei Navalny.

A chancelaria russa lembrou que do desenvolvimento de Novichok participaram especialistas de muitos países ocidentais e de estruturas especializadas da OTAN.

"Em relação às afirmações categóricas de que os compostos químicos tóxicos de ação neuroparalítica que no Ocidente são denominados de Novichok foram desenvolvidos aqui, é necessário relembrar o seguinte. Durante vários anos, especialistas de muitos países ocidentais e estruturas especializadas da OTAN trabalharam em compostos incluídos neste vasto grupo de substâncias químicas", afirma o comunicado da chancelaria da Rússia.

Além disso, nos EUA os desenvolvedores de tecnologias para seu uso em combate obtiveram oficialmente mais de uma centena e meia de patentes, ressalta a nota.

Diplomacia TikTok: Uma doutrina de contenção digital


#Publicado em português do Brasil
A venda forçada da TikTok pela Administração Trump faz parte de um esforço mais amplo para impedir a independência econômica chinesa no setor de tecnologia.

Colectivo Qiao [*]

Com as recentes polêmicas a respeito do TikTok, Donald Trump está exercendo a sua "art of the deal" de praxe, a coerção do Departamento de Estado estadunidense. Depois de meses fingindo preocupação de que o aplicativo viral TikTok representaria um "cavalo de Troia" para o Partido Comunista da China acessar os dados dos consumidores dos EUA, a administração Trump emitiu um ultimato à empresa chinesa: vender o aplicativo a um comprador americano ou ter a certeza de que seria terminado.

Microsoft se apresentou como um comprador em potencial ao TikTok, um clone do aplicativo de vídeo chinês "Douyin" feito sob medida para o público ocidental. O aplicativo possui cerca de 100 milhões de usuários nos EUA e sua empresa controladora, ByteDance, foi avaliada em US$100 mil milhões.

Os avanços da Microsoft, juntamente com a estipulação de Trump de que a empresa controladora do TikTok pague "uma quantidade substancial de dinheiro" ao Tesouro dos EUA para facilitar a transação, deixa claro que não se trata de proteger os dados do consumidor. Certamente, nem o Vale do Silício, nem Washington, têm preocupações legítimas sobre questões de segurança, dadas as colaborações de longa data e bem documentadas entre os gigantes da tecnologia como o Facebook, a Amazon, a Microsoft e outros com NSA (National Security Agency), CIA (Central Inteligence Agency), FBI (Federal Bureau of Investigation) e ICE (Immigration and Customs Enforcement). Mas a proteção ao consumidor é uma história de cobertura conveniente para o que realmente está acontecendo: a venda forçada do TikTok, sob coação política nada mais é do que um roubo do Vale do Silício em conivência com o Departamento de Estado estadunidense.

A saga TikTok é parte de uma estratégia geopolítica maior para obstruir, isolar e descarrilar a crescente indústria de tecnologia chinesa. A China alcançou a inovação tecnológica, por meio de sua iniciativa inovadora "Made in China 2025" (MIC 25), como a pedra angular de seus esforços mais amplos para escalar a cadeia de valor da manufatura e abandonar seu papel de "fábrica mundial" para entrar no domínio da inovação e da alta fabricação de tecnologia. Esta extremidade superior da cadeia de valor tem sido historicamente domínio exclusivo dos EUA, Europa e aliados estratégicos como Japão e Coreia do Sul.

Os EUA revelaram uma nova doutrina de contenção digital projetada para manter a China em seu lugar histórico como um centro de manufatura semiperiférico.

Agora está mais claro do que nunca que os EUA não estão dispostos a ceder essa supremacia tecnológica sem luta. Da venda forçada do TikTok às sanções à gigante chinesa das telecomunicações Huawei, os EUA revelaram uma nova doutrina de contenção digital projetada para manter a China em seu lugar histórico, um centro de mão de obra barata e manufatura de semiperiféricos.

A modernização industrial tem sido a chave para a construção socialista chinesa desde a era Mao. Durante décadas, o PCC identificou a "produção social atrasada" e as crescentes necessidades materiais do povo como a principal contradição que a sociedade chinesa enfrenta. Desde as aspirações de Mao de aumentar a indústria e reduzir a dependência externa, transformando a China em um exportador líquido de aço, tornar a China tecnologicamente competitiva no cenário mundial tem sido de suma importância para a construção socialista chinesa.

Planos ambiciosos como o MIC 2025 mostram o quão longe a China avançou desde a época de Mao, com fornos de aço de fundo-de-quintal. A iniciativa econômica, apresentada pela primeira vez pelo Conselho de Estado em 2015, visa transformar a China em um líder global nas áreas de inteligência artificial, robótica, telecomunicações e tecnologia da informação por meio de subsídios, indústria estatal e transferência de tecnologia em larga escala.

Autoridades chinesas conceberam a iniciativa como uma forma de superar a manufatura de baixo valor e contornar a chamada "armadilha da renda média". Esta visão de soberania econômica de alta tecnologia opõe-se ao papel econômico predeterminado pelas potências ocidentais que mediaram a entrada da China no mercado capitalista global nas últimas quatro décadas. Como a 'fábrica mundial', a China fabrica mais de 90 por cento dos smartphones do mundo, mas até recentemente, as marcas chinesas representavam uma parcela insignificante das vendas. O papel da China como um centro de manufatura de baixo valor – uma fonte de mão de obra barata para as "Apples" e "IBMs" do mundo – foi algo extremamente lucrativo para os capitalistas ocidentais. Claro, como resultado desse processo histórico, também permitiu que a China capturasse alguma fração desses lucros, a serviço da construção da capacidade produtiva da nação, a serviço da construção socialista e do investimento na promoção de indústrias domésticas competitivas que vemos hoje florescerem.

Portugal | Cidadania, sem dúvida


Inês Cardoso | Jornal de Notícias | opinião

Como nem tudo na vida é preto e branco, ou 2+2=4, compreende-se que ensinar questões de grande sensibilidade moral, religiosa e ideológica não seja tarefa fácil.

O preço que pagamos por não o fazer é, contudo, bastante maior do que o risco de agitar águas ou de cometer falhas na disciplina de Cidadania, cujos conteúdos são bastante mais simples do que parece fazer crer o alarido criado à sua volta.

A falta de civismo ao volante tem custos. A violência de género, o bullying e a discriminação têm custos. A gravidez na adolescência tem custos. O alheamento da vida política e a falta de participação democrática têm custos. A incapacidade em identificar fake news tem custos.

A definição de currículos e de linhas orientadoras para a escola não é uma escolha individual, nem à medida de cada um, seja em que disciplina for. Além do perigo que poderia constituir um ensino em que cada um escolhia o que quisesse, nem todas as famílias têm a mesma capacidade para intervir e fazer escolhas informadas.

O que soa mais estranho, quase incompreensível nesta discussão, é o argumento de que a educação cabe à família. Há alguma dúvida de que os professores não substituem os pais? Infelizmente temos demasiadas vezes famílias que não acompanham os alunos nem sabem o que se passa na escola. O inverso nunca é um problema. Não há segredos sobre os referenciais da disciplina e nenhuma dificuldade em seguir e discutir em casa o que os filhos aprendem na escola.

Além de bafienta, a discussão chega a parecer digna de riso num Mundo feito de informação, em que os mais novos têm tudo à mão. Não há nada, nem em temas ditos fraturantes como a identidade e o género, que eles não vasculhem e comentem desde cedo. O difícil, hoje, não é ter acesso à informação.

É saber mover-se no meio dela, desenvolver espírito crítico e fazer escolhas. A transmissão de valores cabe em primeira linha à família, mas o caminho a percorrer resulta de uma soma complexa de contributos. Os filhos não são dos pais, no sentido possessivo ou restritivo do termo. E se a falta de horizontes pode criar-lhes problemas, o inverso nunca.

*Diretora-adjunta

Portugal | As múmias também escrevem, falam e mentem?


Cavaco defende repetição de governo social-democrata adaptado ao séc XXI

O ex-presidente da República Cavaco Silva vai lançar em outubro um livro em que defende a repetição da "única experiência governativa portuguesa" orientada por princípios da social-democracia, embora com adaptações ao século XXI.

Portugal | Manifesto defende obrigatoriedade da disciplina de Cidadania


Manifesto com mais de 800 subscritores defende obrigatoriedade da disciplina de Cidadania

Mais de 800 pessoas já assinaram um manifesto a rejeitar que a disciplina de cidadania e desenvolvimento possa ser opcional ou sujeita a objeção de consciência para que os alunos do 2.º e 3.º ciclos não a frequentem.

O documento "Cidadania e desenvolvimento: a cidadania não é uma opção", que tem como primeiro subscritor David Rodrigues, conselheiro do Conselho Nacional de Educação e presidente da Pró-Inclusão - Associação Nacional de Docentes de Educação Especial -, começou a circular há dois dias por e-mail.

"O facto de se defender que seja opcional é um aprofundamento brutal das desigualdades", disse David Rodrigues em declarações à agência Lusa, adiantando que o texto tem já o apoio de pessoas de várias áreas, desde professores, a políticos, jornalistas e investigadores.

Entre os subscritores estão Ana Gomes, Pedro Bacelar de Vasconcelos, Teresa Pizarro Beleza, Daniel Oliveira, Alexandre Quintanilha, Catarina Marcelino, Boaventura Sousa Santos, Carvalho da Silva e Joana Mortágua.

O texto alega que a ética não pode ser sujeita a objeção de consciência e critica os que defendem que a disciplina seja opcional, considerando que a disciplina Cidadania e Desenvolvimento deve continuar a fazer parte integrante do currículo.

Os subscritores consideram que a aprendizagem dos Direitos Humanos e da Cidadania não é um conteúdo ideológico, mas sim uma disciplina que permite que todos conheçam os seus direitos, respeitem os direitos dos outros e conheçam quais os deveres que coletivamente têm para construir uma sociedade que a todos respeite.

Avante!: JP reergue cartaz "vandalizado" e apresenta queixa à PSP


A Juventude Popular (JP) anunciou na sexta-feira, em comunicado, que voltou a "reerguer o 'outdoor' que foi vandalizado às portas do Avante!" e revelou ainda ter apresentado uma queixa-crime na PSP.

Líder da JP, Francisco Mota, esteve presente na iniciativa que "voltou a reerguer o 'outdoor' que foi vandalizado" às portas da Quinta da Atalaia, no Seixal, e referiu ter sido "insultado" durante semanas seguidas, destacou a nota.

"Depois de semanas seguidas a insultarem-me, ameaçarem-me e a pressionarem-me a desistir de lutar pela igualdade de circunstâncias no meu país, atacam desta forma a liberdade de expressão política da JP", destacou o responsável, citado no comunicado intitulado "O Partido Comunista é o dono disto tudo".

Francisco Mota revelou ainda que a JP apresentou queixa "junto da PSP" e exigiu que haja "imediatamente por parte do Ministério Público uma investigação cabal a estas ações".

"Seremos, sempre, oposição aos extremismos, mas não é pelo Partido Socialista ter estadizado a extrema-esquerda que pode ser normalizada", apontou.

"Rasguem a justiça, rasguem a igualdade, rasguem-nos os cartazes. Nunca nos calarão. Por mais que a extrema-esquerda nos ameace, não vergaremos, porque os valores da liberdade nunca serão hipotecáveis", disse ainda.

Nas imagens divulgadas juntamente com o comunicado, além da queixa-crime apresentada na PSP, é possível ver elementos da JP junto ao cartaz com uma mensagem crítica para com a festa novamente visível.

Para o líder da organização juvenil do CDS-PP, "na Atalaia, neste fim de semana vive-se 'O País das Maravilhas': Sem Impostos, sem restrições e o único festival de verão em 2020 em Portugal. O Partido Comunista virou o dono disto tudo!".

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Global Imagens

Leia em Notícias ao Minuto: 

"O PCP pode queixar-se de uma campanha" no caso da Festa do Avante!


Francisco Louçã comentou a Festa do Avante! e considerou que a parte da polémica poderia ter sido evitada se o PCP e a DGS tivessem divulgado antecipadamente as normas sanitárias.

Francisco Louçã recorreu ao seu espaço de comentário na SIC Notícias para falar sobre a Festa do Avante! e considera que as imagens que tem visto têm sido "muito tranquilizantes".

"Vê-se que há pouca gente. Estive em praias do Algarve com muito mais gente e suponho que é uma experiência partilhada", começou por dizer, referindo no entanto, querer deixar algumas notas.

Para o bloquista, "é bom haver atividade política num país democrático, que vive uma recuperação da normalidade e é bom que haja iniciativas culturais", além disso, considera, "o PCP pode queixar-se de uma campanha, sobretudo da parte do PSD e de alguns outros setores".

"Mas acho que Rui Rio levou esta campanha a pontos excessivos", como no caso da "citação de uma página falsa do New York Times, como se houvesse um alarme internacional sobre esta questão - tudo isso foi campanha", constatou.

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