quinta-feira, 10 de setembro de 2020

A EUROPA DA SENILIDADE MENTAL


COISAS QUE O IMPÉRIO TECE: MANTER, FACE À NOVA ROTA DA SEDA, O FEUDALISMO DUMA “NATO AMEAÇADA”

Martinho Júnior, Luanda 

Dialética contemporânea: A civilização comporta para o século XXI, a barbárie é incapaz de travar a espiral dos seus insolúveis problemas, coloniais e neocoloniais.

A dramática persistência da opção cultural anglo-saxónica entrincheirada num Tratado obsoleto e improdutivo como o da NATO, é prova de senilidade mental nos termos das tensões inseridas numa guerra psicológica constante que hoje dá substância à IIIª Guerra Mundial, de facto essencialmente travada no propositadamente desestruturado Sul Global, onde desde a revolução industrial se implantaram as indústrias extractivas e pouco mais.

Na imediata sequência da IIª Guerra Mundial, numa Europa simultaneamente vítima, cúmplice e vassala, as oligarquias pendentes da aristocracia financeira mundial e atlantista do império vocacionado para a hegemonia unipolar, abocanham os lucros e socializam as perdas: nos Estados Unidos, essa aristocracia prodigamente tutora das indústrias da energia e do armamento, assim como da especulação financeira da própria economia global que instrumentaliza o dólar e o euro como armas, procura a todo o transe garantir o domínio de 1% sobre o resto da humanidade e por isso a União Europeia tornou-se no apêndice que tem de ser trabalhado como garante da própria textura da NATO.

A Europa, vítima, cúmplice e avassalada, viu-se sem alternativa particularmente desde o início da década de 90 do século XX, no seguimento do que foi feito após a IIª Guerra Mundial e por via da NATO continua a ser mobilizada permanentemente num quadro de tensões a que o domínio deu o “autorizado” nome de “Guerra Fria”, contribuindo para que durante os 75 últimos anos no Sul Global tenha de facto havido guerra após guerra, dilacerando o tecido humano dos povos de África, da América Latina e da Ásia.

Agora a extenuada Europa, cristalizada no espaço e no tempo, está posta à prova com a Nova Rota da Seda: de facto o comércio estruturante por si não traz ameaça militar exterior e, ao não reconhecê-lo, a senilidade mental dos poderosos vai semeando equívocos, alienações, ilusões e artificiosas contradições a partir de dentro do corpo da própria NATO e, colocando a nu a barbárie em que se constituiu, contribui para garantir neocolonialismo exacerbado, dilacerante e sem precedentes no Sul Global.

As “iniciativas” e as leituras da superestrutura ideológica da NATO confirmam o nosso argumento. (https://www.strategic-culture.org/news/2020/07/04/international-dimensions-1776-and-how-an-age-reason-was-subverted/;  https://www.nato.int/).

Alemães têm mais medo de Trump do que da covid-19, indica pesquisa


#Publicado em português do Brasil

Apesar da pandemia do coronavírus, os alemães nunca estiveram tão otimistas e resultados surpreendem pesquisadores. Donald Trump e temas econômicos dominam lista, enquanto medo de estrangeiros registra queda recorde.

Apesar da pandemia do novo coronavírus, os alemães estão tão otimistas e com tão poucos medos como não se registrava há muito tempo. O resultado surpreendeu os pesquisadores responsáveis pelo estudo, que é realizado há 28 anos em nome da seguradora R+V. No topo da lista dos temores dos alemães está o presidente dos EUA, Donald Trump.

Justamente no conturbado ano de 2020, os cidadãos alemães apresentaram o menor índice de ansiedade em décadas. Evidentemente, a maioria dos alemães usa proteção para a boca e o nariz em público e são cuidadosos, mas poucos declararam ter medo de uma infecção por coronavírus. Também por isso, o índice dos temores dos alemães caiu de 39% para 37% - o valor mais baixo desde o início da pesquisa em 1992.

"Os alemães não estão de forma alguma reagindo em pânico à pandemia", explicou Brigitte Römstedt, chefe do centro de informações da R+V. "Muitas preocupações retraíram." Segundo ela, as pessoas estão com o sentimento de que "tudo está sob controle e podemos lidar com isso" – ao contrário de alguns anos atrás, quando o medo de guerra, terrorismo, imigração e extremismo aterrorizava os alemães.

Opositora na Bielorrússia diz ter recebido ameaça de morte


#Publicado em português do Brasil

Presa em Minsk, Maria Kolesnikova relata ter sido sequestrada e levada à cadeia após resistir à deportação forçada na fronteira com a Ucrânia. "Afirmaram que se me recusasse, me tirariam do país viva ou em pedaços."

Maria Kolesnikova, uma proeminente ativista da oposição de Belarus, acusou nesta quinta-feira (10/09) agentes do regime de Alexander Lukashenko de sequestro e ameaça de morte.

Ela afirmou, em queixa formal divulgada por sua advogada, que na madrugada de terça-feira homens dos serviços estatais de segurança bielorrussos colocaram um saco em sua cabeça e a levaram para a fronteira com a Ucrânia. Ela acabou resistindo a uma deportação forçada e acabou sendo presa.

"Eles ameaçaram me matar", disse Kolesnikova, de 38 anos. "Eles afirmaram que se eu me recusasse a deixar o território de Bielorrússia voluntariamente, eles  me tirariam do país de qualquer maneira – viva ou em pedaços", acusou a oposicionista, através de nota escrita na prisão e divulgada pela advogada. "Eles também ameaçaram me prender por até 25 anos."

Brexit | Bruxelas ameaça Reino Unido com ação legal para contestar nova legislação



Maros Sefcovic "recordou ao Governo britânico que o Acordo de Saída contém uma série de mecanismos e recursos legais para resolver violações das obrigações legais contidas no texto, que a União Europeia não se acanhará de utilizar"

Comissão Europeia ameaçou esta sexta-feira o Reino Unido com uma ação legal para contestar o projeto de lei britânico que viola o Acordo de Saída da União Europeia (UE) e afeta as relações futuras de Bruxelas e Londres.

Depois de o Governo britânico ter admitido que a nova proposta de lei para retificar parte do acordo de saída do Reino Unido da UE pode representar uma violação do direito internacional, o vice-presidente da Comissão Europeia responsável pelas Relações Interinstitucionais, Maros Sefcovic, foi hoje a Londres manifestar as "graves preocupações" comunitárias numa reunião extraordinária do Comité Misto UE-Reino Unido.

No final do encontro, o executivo comunitário avisou em comunicado que Maros Sefcovic "recordou ao Governo britânico que o Acordo de Saída contém uma série de mecanismos e recursos legais para resolver violações das obrigações legais contidas no texto, que a União Europeia não se acanhará de utilizar".

"O vice-presidente declarou, de forma inequívoca, que a implementação atempada e integral do Acordo de Saída, incluindo o protocolo sobre a Irlanda e Irlanda do Norte [...] é uma obrigação legal. A UE espera que o compromisso e o espírito deste acordo sejam plenamente respeitados", acrescenta a instituição na nota de imprensa.

E alerta: "A violação dos termos do Acordo de Saída violaria o direito internacional, minaria a confiança e poria em risco as futuras negociações em curso sobre as relações".

Portugal | Marisa Matias, a candidata "contra o medo" e os adversários


A eurodeputada do Bloco de Esquerda, que se candidata pela segunda vez a Belém, garante que irá fazer uma campanha contra o medo, em tempo de pandemia e de crise social. E elegeu Marcelo, que deverá anunciar recandidatura no final do ano, como seu principal adversário. E já tem outros oito a postos para entrar na corrida.

Do Largo do Carmo, rodeada simbolicamente por profissionais que estiveram na linha da frente durante a pandemia, Marisa Matias apresentou a sua candidatura à Presidência da República. "Candidato-me para fazer a campanha contra o medo", garantiu.

A também eurodeputada bloquista, que entra pela segunda vez na corrida a Belém, prometeu ouvir e dar voz "a gente sem medo" e apoiar a coragem dos que ajudam os outros.

Numa curta intervenção, e lida em tom rápido, Marisa elegeu Marcelo Rebelo de Sousa, que ainda não assumiu a recandidatura, como o seu adversário principal. E depois de se ter assumido "socialista, laica e republicana" e de prometer bater-se pelas suas ideias, sobretudo num país que precisa da República para enfrentar a crise que se vai agudizar. E, também numa indireta ao atual Presidente da República, católico assumido, frisou: "Portugal precisa da laicidade do Estado."

As bandeiras que ergueu naquele largo mítico de Lisboa foram as da "igualdade e da liberdade", mais uma vez contra o "medo que nos destrói e divide", quando a "República une". "Luto ao lado dos que se revoltam contra a injustiça e sou de uma esquerda que não se verga às ordens dos mercados."

E regressou a Marcelo, o expectável recandidato, com quem se identificou nas lutas pelos sem-abrigo e pelo estatuto dos cuidadores informais. Mas de quem diverge em muita coisa, sobretudo na visão sobre a economia e a banca, ou o Serviço Nacional de Saúde. "Não terei o voto das grandes fortunas, mas dos trabalhadores", disse.

Portugal | Os efeitos de Ana Gomes


Rafael Barbosa | Jornal de Notícias | opinião

É quase oficial: Ana Gomes será candidata às presidenciais de janeiro do ano que vem. Candidata socialista (militante do partido, antiga eurodeputada), ainda que sem o apoio do PS (uma nova tradição, posto que o partido também não apoiou candidato em 2016). Ora, só o facto de haver uma candidata socialista, por oficiosa que seja, é suficiente para virar a campanha de pernas para o ar. Nem tanto por causa do resultado final (é provável que o atual presidente seja reeleito e talvez por margem folgada), mas porque o debate deixa de ser exclusivamente entre o presidente que representa a moderação do centro político e os insurgentes (estejam eles à Esquerda ou à Direita).

Outro dos efeitos da candidatura de Ana Gomes é o da deslocação da candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa para a Direita. É possível que a máquina de calcular do presidente o não deseje, mas é essa a direção de momento. Veja-se o líder do CDS, que há um mês desafiava Marcelo a clarificar se seria o candidato do centro-direita ou do centro-esquerda e que agora exulta com o presidente que "a Direita" já tem.

Outro efeito da presença de Ana Gomes, diz-se, é o de servir de tampão ao extremismo de Direita de André Ventura. Há até dirigentes socialistas que já assumiram ser essa a principal virtude da candidatura. Pode parecer excessivo atribuir tanto valor a Ventura, quando ainda tem de o demonstrar nas urnas, mas o próprio já acusou o incómodo que lhe causa a candidatura de Ana Gomes, com a elegância habitual de quem distribui argumentos misóginos ("histérica") e xenófobos ("amiga das minorias que vivem do nosso trabalho").

Finalmente, a presença da socialista terá efeitos nas candidaturas dos dois partidos mais à Esquerda, que até aqui podiam aspirar a resultados mais volumosos. Em particular para Marisa Matias, eurodeputada do BE, uma vez que é patente que Ana Gomes está hoje mais à Esquerda que a maioria dos seus companheiros do PS. Quanto ao futuro candidato do PCP, o desafio será conseguir ultrapassar o patamar dos 5% e receber a subvenção estatal (há quatro anos, Edgar Silva não só não conseguiu, como ficou apenas escassas décimas à frente de Tino de Rans). Com Ana Gomes na lista, também este objetivo parece mais difícil.

*Chefe de Redação

Portugal | Novas medidas de combate à Covid-19 anunciadas pelo Governo


Portugal Continental volta ao estado de contingência a partir de 15 de setembro

É já a partir do dia 15 de setembro que Portugal Continental volta ao estado de contingência de forma a combater o aumento do número de casos de Covid-19.

O primeiro-ministro, António Costa, apresentou esta quarta-feira os dados da pandemia em Portugal e deu a conhecer as medidas a adotar ou recordar, entre elas a redução dos ajuntamentos a um máximo de 10 pessoas ou a abertura de estabelecimentos comerciais apenas a partir das 10h, salvo algumas exceções.

A hora de encerramento dos estabelecimentos vai também ter de estar compreendida entre as 20h e as 23h, "por decisão municipal".

A reabertura do ano letivo, com ensino presencial nas escolas, é também uma das áreas de maior preocupação do Governo, que na última semana já tinha divulgado o manual de combate ao coronavírus nas mesmas.


Gonçalo Teles | TSF

Ana Gomes | Antiga eurodeputada apresentou oficialmente a candidatura a Belém


"Como pode o socialismo democrático não participar nesta eleição?" Ana Gomes na corrida presidencial

Ana Gomes oficializou a candidatura à Presidência da República na Casa da Imprensa, depois de na terça-feira ter confirmado a intenção em ir a votos. A antiga eurodeputada esperou durante meses que o PS apresentasse um candidato e admite que "não compreende, nem aceita" a desvalorização do cargo pelo partido.

"Trata-se do mais alto cargo do nosso sistema semipresidencialista. O Presidente da República não é eleito para governar, mas a constituição atribui um papel vital no equilíbrio do sistema político e partidário. Como pode o socialismo democrático não participar nesta eleição?", questiona.

Ana Gomes lembra a incerteza que o país atravessa com a crise provocada pela Covid-19, "tempos que anunciam desemprego, tensões sociais e políticas, mais desigualdades e insegurança".

A antiga eurodeputada diz que o aquecimento global é "muito mais grave" do que a pandemia, citando António Guterres, secretário-geral da ONU, que pediu medidas urgentes aos Governos.

A candidata à Presidência da República fala ainda nos "regimes autoritários que só podem trazer repressão e violência" e atira: "Não é possível ignorar que o Estado se deixou corroer com interesses económicos, que aumentam a desigualdade."

Como candidata, Ana Gomes afirma que representa o campo do socialismo democrático e progressista, lembrando a carreira profissional no campo europeu e internacional. "Quero ouvir todos os quadrantes democráticos. Cuido e quero cuidar deste país", garante.

"Candidato-me porque acredito que Portugal precisa de uma Presidência diferente. De uma Presidente que dê garantias de independência. Quer sirva o interesse nacional, e que não tenha medo de ir contra interesses instalados."

Portugal | Chega: tirar aos pobres para dar aos ricos


Por baixo de todo o barulho e do cultivo do ódio, a proposta política do Chega é a menos antissistema que se possa imaginar: tirar aos pobres para dar aos ricos

Alexandre Abreu | Expresso

Não é que seja uma surpresa, pois a extrema-direita sempre esteve historicamente alinhada com os interesses das elites económicas e financeiras, mas a proposta de revisão constitucional anunciada recentemente pelo Chega terá talvez o mérito de tornar mais claro aquilo que a alguns talvez custe a ver. Propõe-se este partido eliminar a progressividade do sistema fiscal, caminhando no sentido de uma taxa única de imposto (segundo dizem, de 15%) independente do nivel de rendimento. É, a par da Iniciativa Liberal, o único partido português que o defende.

As consequências de uma tal alteração, caso fosse aplicada, são fáceis de perceber. Por um lado, diminuiria a receita fiscal, debilitando os serviços públicos e depauperando ainda mais a escola pública e o serviço nacional de saúde. Por outro lado, aumentaria fortemente a desigualdade, pois os mais pobres, que pagam menos de 15% de IRS, passariam a pagar mais impostos do que pagam, e os mais ricos, que em geral pagam hoje em dia mais de 15%, passariam a pagar muito menos. A proposta política do Chega é por isso uma espécie de Robin dos Bosques ao contrário: tirar aos mais pobres para dar aos mais ricos. Depois de nas eleições de 2019 ter já avançado com propostas no sentido da eliminação da provisão pública de saúde e educação, o Chega deixa claro ao que vem.

"Frontal" e "sem medos": o perfil de Ana Gomes, a mulher que pode chegar a Belém


Licenciada em Direito, ingressou na carreira diplomática desafiada por amigos. Assistiu à independência de Timor-Leste, criticou Paulo Portas, Isabel dos Santos e defendeu publicamente Rui Pinto. É descrita como uma mulher frontal, e pode ser a primeira a chegar a Belém.

Esta quinta-feira, 10 de setembro, Ana Gomes vai anunciar a sua candidatura oficial às eleições Presidenciais de 2021, sendo que a socialista já tornou públicas as suas intenções esta segunda-feira, em declarações ao "Público". Mas, afinal, o que se sabe da antiga diplomata, de 66 anos, que poderá vir a ser a primeira mulher Presidente da República?

Ana Maria Rosa Martins Gomes nasceu em Estremoz, a 9 de fevereiro de 1954. Por volta dos 14 anos, aderiu ao Movimento Associativo de Estudantes do Ensino Secundário de Lisboa, tornando-se ativista desde jovem. Ingressou na Faculdade de Direito de Lisboa em 1972, terminado a licenciatura em Direito em 1979, com 25 anos.

Durante os seus tempos de estudante, Ana Gomes foi militante do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), onde conheceu António Monteiro Cardoso, o seu primeiro marido. Aqui, também se cruzou com Durão Barroso, Maria José Morgado, Fernando Rosas e Vital Moreira, entre outros. Ainda antes de terminar a licenciatura, deixa o partido em 1976.

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