COISAS QUE O IMPÉRIO TECE:
MANTER, FACE À NOVA ROTA DA SEDA, O FEUDALISMO DUMA “NATO AMEAÇADA”
Martinho Júnior, Luanda
Dialética contemporânea: A
civilização comporta para o século XXI, a barbárie é incapaz de travar a
espiral dos seus insolúveis problemas, coloniais e neocoloniais.
A dramática persistência da opção
cultural anglo-saxónica entrincheirada num Tratado obsoleto e improdutivo como
o da NATO, é prova de senilidade mental nos termos das tensões inseridas numa
guerra psicológica constante que hoje dá substância à IIIª Guerra Mundial, de
facto essencialmente travada no propositadamente desestruturado Sul Global,
onde desde a revolução industrial se implantaram as indústrias extractivas e
pouco mais.
Na imediata sequência da IIª
Guerra Mundial, numa Europa simultaneamente vítima, cúmplice e vassala, as
oligarquias pendentes da aristocracia financeira mundial e atlantista do
império vocacionado para a hegemonia unipolar, abocanham os lucros e socializam
as perdas: nos Estados Unidos, essa aristocracia prodigamente tutora das
indústrias da energia e do armamento, assim como da especulação financeira da
própria economia global que instrumentaliza o dólar e o euro como armas,
procura a todo o transe garantir o domínio de 1% sobre o resto da humanidade e
por isso a União Europeia tornou-se no apêndice que tem de ser trabalhado como
garante da própria textura da NATO.
A Europa, vítima, cúmplice e
avassalada, viu-se sem alternativa particularmente desde o início da década de
90 do século XX, no seguimento do que foi feito após a IIª Guerra Mundial e por
via da NATO continua a ser mobilizada permanentemente num quadro de tensões a
que o domínio deu o “autorizado” nome de “Guerra Fria”,
contribuindo para que durante os 75 últimos anos no Sul Global tenha de facto
havido guerra após guerra, dilacerando o tecido humano dos povos de África, da
América Latina e da Ásia.
Agora a extenuada Europa,
cristalizada no espaço e no tempo, está posta à prova com a Nova Rota da Seda:
de facto o comércio estruturante por si não traz ameaça militar exterior e, ao
não reconhecê-lo, a senilidade mental dos poderosos vai semeando equívocos,
alienações, ilusões e artificiosas contradições a partir de dentro do corpo da
própria NATO e, colocando a nu a barbárie em que se constituiu, contribui para
garantir neocolonialismo exacerbado, dilacerante e sem precedentes no Sul
Global.
As “iniciativas” e as
leituras da superestrutura ideológica da NATO confirmam o nosso argumento. (https://www.strategic-culture.org/news/2020/07/04/international-dimensions-1776-and-how-an-age-reason-was-subverted/; https://www.nato.int/).
01- A implosão da União Soviética
sincronizada com o fim do bloco socialista no leste da Europa e o fim do Pacto
de Varsóvia, assim como o desmantelamento da Jugoslávia colocando a Sérvia até
hoje em severa “quarentena”, foi determinante para, aproveitando a
aceleração e as aptidões das novas tecnologias, reformular de facto a “Guerra
Fria”, conferir-lhe nova intensidade e moldar o figurino constante da arma
psicológica de geometria variável disseminada por todas as “transversalidades” onde
chegou a neoliberal globalização invasora de culturas, com todos os impactos
antropológicos de natureza anglo-saxónica, inclusive da sua própria
mentalidade, textura e feição económica, financeira e social... (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/01/11/ahi-esta-la-iii-guerra-mundial/; https://www.strategic-culture.org/news/2020/08/10/the-brookings-hand-behind-russiagate-points-back-to-rhodes-trust-coup-on-america/).
A globalização do idioma inglês é
um produto múltiplo dos expedientes dominantes que aproveitaram desde o
feudalismo as capacidades de lucro e de mando (dólar e euro), a que se
adicionou a embalagem atractiva da democracia representativa a fim de melhor
jogar com as alienações, as ilusões, as ingerências e as manipulações onde quer
que seja, mas sobretudo desde a Europa rendida ao êxtase da aristocracia
financeira mundial, que aliás é dela histórica e antropologicamente derivada. (https://fort-russ.com/2020/09/the-atlantics-jeff-goldberg-spreading-fake-news-on-trumps-military-remarks-was-key-iraq-war-propagandist/).
Nada melhor que um poder
artificiosamente dividido e “automaticamente” fragilizado a fim de
agilizar todo o tipo de “transversalidades”, sobretudo as de
desagregadora, ou caótica manipulação, geridas à distância pelos tentáculos da
aristocracia financeira mundial dominantesob a cosmética das “democráticas
constituições”. (https://fort-russ.com/2020/09/how-to-end-americas-destructive-hegemony/).
O “Brexit” na União
Europeia, é além do mais uma prova disso!... (https://fort-russ.com/2020/09/revealed-no-deal-brexit-closer-than-ever/; https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Seguran%C3%A7a_UK-USA).
Nesse sentido o “estado
democrático” no Sul Global torna-se na ideal armadilha que garante todo o
tipo de vulnerabilidades, até à eclosão do caos e do terrorismo, quantas vezes
tacitamente preparando-o, abrindo as portas aos “rapazes de Chicago” (“remember
Pinochet”)! (https://www.odiario.info/salvador-allende-cinquenta-anos-apos-a/).
Foi assim, gerindo tensões de
forma manipulada, relativamente fácil erguer o edifício da União Europeia e
manter o da NATO com o concurso das oligarquias levadas à rendição, pondo fim
ao império colonial redundante da Conferência de Berlim em nome da “Sociedade
das Nações” e colocando à frente dos seus olhos e do seu nariz a cenoura
do lucro sobre todas as outras causas, por mais legítimas que elas fossem, por
mais ética e por mais moral de que elas se alimentassem!... (https://www.odiario.info/dr-jacques-pauwels-para-promover-os/).
Esse pântano só favorece o
engenho e a arte dos neonazis, dos neofascistas e dos trotskistas, conforme se
pode constatar no leste da Europa! (https://www.odiario.info/a-recuperacao-do-imperio-e-a/).
02- Os estados europeus que foram
paridos dessas alterações profundas a leste, não só “entraram pelo cano” como
também integraram de tal forma a União Europeia e a NATO, que se tornaram
terreno fértil para uma nova “linha da frente” contra a
transcontinental Federação Russa, por onde se vai erguendo uma parte
substancial da Nova Rota da Seda, nas suas mais diversas vértebras
estruturantes, ávidas do inovador comércio do “ganha-ganha”: rodoviários,
ferroviários, marítimos, com os oleodutos, os gasodutos… os contactos
interculturais e negociais que em cadeia tudo isso propicia, dando vigor
substantivo a uma emergência multipolar que para o ser nesses termos, só o pode
ser em paz! (https://fort-russ.com/2020/09/navalny-novichok-fraud-moscow-says-nato-developed-novichok-themselves/; https://www.youtube.com/watch?v=xDOoYTTID0k&feature=emb_rel_end; https://www.youtube.com/watch?v=mqVpmNyopvI; https://www.resistir.info/p_escobar/eurasia_27ago20.html).
A eminência dum Tratado entre a
Federação Russa, o Irão e a República Popular da China tende a alterar a situação
na linha de confrontação unipolar/multipolar a sul da Rússia, na Ásia Central e
para dentro do Médio Oriente Alargado, daí o papel agressivo da NATO no leste
da Europa, já que também “entrou em perda” geoestratégica ali onde a
barbárie está a mais, por que não há o cheiro a maresia do Atlântico Norte… nem
o cheiro à neocolonizada África!... (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/09/06/el-reciente-acuerdo-negociado-entre-la-republica-islamica-de-iran-la-republica-popular-china-y-la-federacion-rusa-jaque-a-estados-unidos-y-la-union-europea/).
A paz é essencial para esse tipo
de ambientes, mas a União Europeia e a NATO, presas fáceis do passado, com
os “reaproveitamentos” induzem as novas componentes a leste à
confrontação conforme aos conteúdos artificiosos da “Guerra Fria”, agora
recriada e revigorada com arma geoestratégica de contenção. (https://actualidad.rt.com/video/365707-tres-paises-balticos-sancionaron-lukashenko; https://www.odiario.info/bielorrussia-a-repeticao-de-um-guiao/).
Aqueles que resistem, acabam por
ser alvo de “revoluções coloridas” por que a mercenarização
aproveitando as franjas da corrupção, tornou-se num processo de recrutamento
obrigatório aproveitando o estado “multipartidário” na voa de garante
de caos e de desagregação, quantas vezes reactivando as “redes stay
behind” da NATO, regurgitantes de neofascismo e neonazismo, como acontece
mais visivelmente com a Ucrânia, mas sintomaticamente no “miolo
democrático” de todos os outros, inclusive mais a ocidente. (http://www.patrialatina.com.br/a-tranquila-e-engenhosa-operacao-especial-de-putin-na-bielorrussia/; https://www.resistir.info/bielorussia/saker_24ago20.html; https://fort-russ.com/2020/09/lukashenko-out-germany-flexes-its-imperial-muscle-in-calls-for-belarus-government-to-step-down/?utm_medium=ppc&utm_source=push&utm_campaign=push%notificationss&utm_content=varies).
A Ucrânia nem precisa pertencer à
NATO, tal os efeitos cultivados sobretudo a partir das “revoluções”,
a “laranja” e a da Praça Maidan! (https://www.nato.int/cps/en/natolive/topics_37750.htm; http://jornaldeangola.sapo.ao/mundo/ucrania-e-eua-comecam-exercicios-militares-no-mar-do-norte).
Os ingredientes externos entre o
que se passa na Bielorrússia e o que se passou na Ucrânia, têm praticamente
tudo em comum, até na posição de “trampolim” por parte da Alemanha!
Países como a Polónia, o grupo
dos países bálticos, a Ucrânia, a Roménia, a Bulgária e os mais interiores
(República Checa, Eslováquia e Hungria), ao impulsionarem suas oligarquias sob
a capa da democracia representativa, estão a ser mobilizados para a “linha
da frente” sobretudo entre o Báltico e o Mar Negro e estimulados à
aventura atlantista no Médio Oriente Alargado, em África, nas Caraíbas da
contemporânea pirataria e na América devassada.
A intensidade dos exercícios
próximos das fronteiras com a Rússia aumentou, particularmente nos Países
Bálticos!...
03- A venenosa perfídia da guerra
psicológica que jamais foi levada à votação nas “democracias europeias” é
acicatada de todas as formas pela “presstitude”, em reforço da
instrumentalização a propósito da NATO, que agora vai, além do mais,
multiplicando os “exercícios” que visam deliberadamente expor seus
músculos o mais próximo possível da fronteira com a Federação Russa, assim como
nas suas “contenções” na Bielorrússia, na Sérvia e no leste da
Ucrânia confundida, devassada e dividida. (https://fort-russ.com/2020/09/mod-report-russia-spotted-43-foreign-spy-jets-close-to-national-airspace-last-week-only/).
O Mar Báltico, o Mar Negro, o
grupo dos Países Bálticos, a Polónia e a Ucrânia (ainda que não pertença à
NATO, sua vassalagem obrigatória foi conseguida através de duas “revoluções
coloridas”, a laranja e a da Praça Maidan, respectivamente entre 2004 e 2005 e
entre 2014 e 2015), são estados drasticamente aproveitados pelo império da
hegemonia unipolar nas suas doutrinas de capitalismo do desastre aplicadas
dessa forma à Europa, de forma a moldar o carácter da linha da frente (linha de
confrontação). (https://www.voltairenet.org/article210758.html; https://www.novacultura.info/single-post/2017/08/25/A-armadilha-das-revolucoes-coloridas).
Portugal participa nessa barbárie
própria de exacerbado capitalismo!... (https://www.youtube.com/watch?v=ljfpIlsfbKg).
De certo modo o caso da Ucrânia
foi uma exploração do êxito assente no tandem russo que envolveu a conduta
Gorbatchev-Ieltsin, filtrada entre finais da década de 80 e princípios da
década de 90 do século XX pela inteligência do império da hegemonia unipolar e
seus dilectos instrumentos económicos, financeiros e de inteligência
providenciados pela administração republicana de Ronald Reagan, sincronizada
com o exercício de Margareth Thatcher, ambos de pendor anglo-saxónico,
(ultra)neoliberal e arregimentando para o efeito a própria Europa… (https://adst.org/2016/07/extra-special-relationship-thatcher-reagan-1980s/; https://www.youtube.com/watch?v=akGg_WVZxpg).
O Pentágono e seus tentáculos
(NATO incluída) tornam o Báltico, o leste da Europa, o Mar Negro e o Cáucaso,
num autêntico campo de treino exposto a cada vez mais vicissitudes, aproveitando
o enrodilhado dos territórios de tutela, ou seja, quer Kaliningrado, quer a
Bielorrússia, quer a Ucrânia, quer a Crimeia, quer a Sérvia, quer ainda a
Geórgia/Chechénia no Cáucaso…
Na Geórgia/Chechénia houve dum
lado uma “revolução colorida”, a “rosa”, do outro a tentativa de
infiltração dum fundamentalismo islâmico tão radical que poderia fracturar a
própria Federação Russa, um fundamentalismo islâmico que “recuou” depois
para o Iraque e a Síria, onde persiste o pântano que engrossa a plataforma AlfPaq
(Afeganistão e Paquistão), a sul dos estados da Ásia Central, cruciais para as
linhas transcontinentais da Nova Rota da Seda!... (https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Rosa; https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%B5es_coloridas).
04- A Europa a quem hoje se
oferece como alternativa a participação num universo multipolar, emergente e em
paz aberto à Nova Rota da Seda e ao acesso por via dos oleodutos e gasodutos à
energia de relativamente baixo-custo fornecida pela Rússia, está assim
artificiosamente sujeita a uma feudal contensão, remetida para um atlantismo regido
por uma doutrina anglo-saxónica senil, que o poder dominante quer tornar
irreversível em pleno século XXI. (https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_NATO_operations; https://frenteantiimperialista.org/blog/category/articulos+bases-otan+campanas/).
Os povos da Europa, inseridos no
supercontinente euro-asiático, têm a oportunidade de não só providenciar
negócios vantajosos de projecção multicultural, mas também de ganhar outra
consciência, essa sim civilizacional, em ruptura com o tão bárbaro quão aviltante
domínio herdado do passado sob a fantasia alienante do rótulo da “democracia
representativa”, que não se consegue livrar dos ofícios coloniais agora
vocacionados para os neocoloniais, algo que “geneticamente”, por obra
de “contínuas transfusões” lhe está em seu venoso sangue! (https://www.resistir.info/p_escobar/eurasia_27ago20.html; https://www.resistir.info/p_escobar/china_24ago20.html; https://survie.org/themes/francafrique/article/la-francafrique).
Nos expedientes democráticos
jamais constou a NATO, nem as suas aptidões, nem as suas doutrinas, nem a sua
capacidade “stay behind” de mobilização capaz de ressuscitar nazismo
e fascismo! (http://www.php.isn.ethz.ch/lory1.ethz.ch/collections/colltopic298c.html?lng=en&id=15301).
Nada disso foi alguma vez levado
a votação e por isso foram tornados fenómenos “transversais” promotores
de caos e de desagregação!
Com tanto que há a fazer pela
causa duma humanidade mais responsável, mais equilibrada, mais democraticamente
integrada, mais pacífica e socialmente mais justa, com tanto que há a fazer
pelo respeito para com a Mãe Terra e sobretudo pela vida, a União Europeia, ao
sofrer da senilidade mental que lhe tem sido “tradicionalmente” imposta,
está obsoleta e a NATO é uma bárbara aberração! (https://www.washingtonpost.com/archive/politics/1990/11/14/cia-organized-secret-army-in-western-europe/e0305101-97b9-4494-bc18-d89f42497d85/; https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/16161262.2016.1181400?scroll=top&needAccess=true&journalCode=rjih20).
Martinho Júnior -- Luanda, 5 de Setembro de 2020
Imagens:
01- Justificações próprias da
barbárie da era feudal: “The North Atlantic Treaty Organisation (NATO) is
a military alliance originally established in 1949 with 12 member states,
including America, Britain and France. The goal of the alliance was to avoid future
war in Europe and to allow stable growth in peace. Today, NATO has 28
members including most of Europe, representing a population of more than 900
million. The main goal of NATO is set out
in Article V of the North Atlantic Treaty, which says that an “armed attack
against one” NATO member “shall be considered an attack against them all”. As
the US is the biggest military power in the world effectively the agreement
binds America to defend Europe” – NAT member states – https://www.geoawesomeness.com/top-14-maps-charts-explain-nato/:
02- Missões da NATO: qualquer
pretexto pode servir a fim de criar e cumprir missões onde quer que seja, longe
do teatro operacional originalmente previsto (Atlântico Norte), sem qualquer
retificação democrática para o cumprimento das missões – https://www.geoawesomeness.com/top-14-maps-charts-explain-nato/;
03- Os membros europeus da NATO
estão envolvidos não só nas missões dessa organização, mas fazendo dela escola,
em outras missões para outras organizações; em 2016 o mapa da distribuição de
unidades militares espanholas é um exemplo dos tentáculos de vassalagem, e
cumplicidade ao serviço do império da hegemonia unipolar; tudo isso em nome
da “democracia” – http://forcesoperations.com/en/spains-missions-abroad/;
04- Conforme se pode verificar,
os Estados Unidos, potência reitora da NATO, está a ser severamente ameaçado – https://www.geoawesomeness.com/top-14-maps-charts-explain-nato/;
05- Caças F-16 da Força Aérea
Portuguesa operam na Lituânia, a partir da Base Aérea de Siauliai; são os
contribuintes portugueses que custeiam uma parte da participação de Portugal na
NATO – A foto foi recolhida do Google Earth.
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