quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Controle "democrático" dos números da população mundial?

O confinamento vai continuar em Portugal. Há tempos que assim acontece. O resultado está à vista, menos novos casos de covid-19, menos mortes, menos tudo. Mesmo assim, os números ainda são muito elevados. Fruto da fase de desconfinamento anterior por inércia, desmazelo, incompetência e tudo o mais que levou para a cova ou para a incineração “carradas” de velhos e de outros mais novos mas com fragilidades na saúde. Foram uns quantos e bons milhares, o que dá jeito na poupança das pensões e reformas, assim como naqueles que, sem saúde, recorrem “demasiado” aos médicos do SNS, à medicamentação, exames e baixas, sobrecarregando as despesas do dito SNS… Pois. Dá jeito livrarem-se desses e dessas… Maquiavélico. Pois.

Com números ainda elevados de vítimas por covid-19 e associadas, Marcelo, o PR, considerou que ainda devemos prolongar o confinamento. Há os que bradam pelo fim do confinamento… Ai, ai, a economia. Ai, ai, que se lixem as pessoas, os portugueses e outros em Portugal. Principalmente os que estão com condições reunidas para bater as botas e contribuir para evitar mais despesas ao SNS, pela avançada idade, pelas doenças que os tolhem. Hitler não faria melhor, também os deixaria morrer ou até apressaria as suas mortes em câmaras de gás e afins. Mas não, este ocidente vive(?) em democracia. Não mata ninguém. Só subrepticiamente. Verdade que os povos, os plebeus também facilitam isso. Começando logo por se disporem a serem governados e dirigidos por sacanagem em esquemas muito discutíveis e até pardacentos. Que democracia? Uma "democracia" que considera que têm de ser postas em prática politicas de controle da população mundial - incluindo no chamado "mundo livre do ocidente"? Democracia? Direitos Humanos?

Não por estas palavras mas sim naquelas que pode ler a seguir, deixamos a seguir o Curto. Vá nessa. E pense, confronte, duvide. Pense. Opte por aquilo que realmente lhe interessa, que é estar vivo e saudável. Proteja-se, assim como aos seus, e aos outros. Seja solidário(a).

Pense. Com a abertura das escolas, anteriormente, quantos idosos faleceram contagiados por covid-19? Quem os contagiou? Os netos? Existem números? Apuraram? Nem ouvimos falar disso… Pois.

Bom dia. Bom resto de semana confinada. Pela sua saúde. A seguir, curta o Curto, do Expresso. Vale.

Redação PG


Bom dia, este é o seu Expresso Curto

No dia em que se renova o confinamento, o tema principal é o desconfinamento

João Pedro Barros | Expresso

Bom dia,

O ritual cumpre-se pela 12.ª vez: o Presidente ouviu os partidos e o decreto do novo estado de emergência seguiu para a Assembleia da República, que o irá aprovar hoje (a sessão plenária arranca às 15h), graças aos votos garantidamente favoráveis do PS e do PSD. Seguindo o guião, Marcelo deve dirigir-se ao país às 20h.

O confinamento (que arrancou a 15 de janeiro) será assim estendido pelo menos até 16 de março, ultrapassando os 45 dias de duração em março, abril e maio de 2020. Porém, o grande tema na agenda nacional é mesmo o desconfinamento.

A situação é ao mesmo tempo paradoxal e compreensível. Paradoxal porque o Governo, entre maio de 2020 e janeiro de 2021, fugiu tanto da palavra confinamento como um ator de de dizer “MacBeth” dentro de um teatro. Depois viveu-se a situação contrária: com medo de despertar os fantasmas do facilitismo natalício, a palavra desconfinar foi rigorosamente confinada por António Costa.

Por outro lado, é compreensível que seja o vislumbre de uma maior liberdade a ocupar a cabeça dos portugueses – quem se sentir confortável com as atuais restrições que atire a primeira pedra, ainda que esta sondagem do JN, DN e TSF mostre que quase metade dos cidadãos apoie um confinamento até à Páscoa. Nada nos deve livrar do estado de emergência até inícios de abril, mas também parece óbvio que há mais hipóteses de atingirmos o sucesso se houver uma meta à vista.

Será esta a abordagem do Presidente da República, que tem disfarçado mal o irritante que parece, pelo menos, estar a desgastar as relações com o Governo. No decreto presidencial em que renova o estado de emergência, Marcelo Rebelo de Sousa insiste no que já tinha pedido ao Governo há 15 dias: que "o futuro desconfinamento deve ser planeado por fases, com base nas recomendações dos peritos e em dados objetivos, como a matriz de risco, com mais testes e mais rastreio, para ser bem-sucedido".

Só muito timidamente o tabu está a ser desfeito. Primeiro foi Mariana Vieira da Silva, no sábado, a confirmar que o desconfinamento comecará pelas escolas. Ontem, após a conversa com Marcelo, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, lá revelou que o plano de desconfinamento está a ser preparado “com as autoridades de saúde”. Em Belém, Costa terá informado o chefe de Estado de que o tema está a ser tratado com um grupo restrito de peritos. A pressão alta de Marcelo terá finalmente aberto uma brecha no “blackout” do Governo, que também já começou a ser “apertado” pelos partidos, nomeadamente por Rui Rio, que pediu linhas verdes: ainda mais do que quando, o líder do PSD quer saber “em que circunstâncias” se vai reduzir o grau de limitação de movimentos dos cidadãos.

O executivo parece estar na mesma situação dos treinadores que repetem à exaustão o cliché de que só estão preocupados com o próximo jogo, mesmo que ele seja apenas para cumprir calendário e que se siga a final da Liga dos Campeões. O objetivo é que não chegue uma mensagem de facilitismo ao balneário, mas o problema é que em competição há sempre algum prémio para perseguir.

Quando já vários países fazem planos para o desconfinamento (como Inglaterra ou a Alemanha, onde o processo de vacinação até está a merecer críticas), será estranho pedir um mapa que nos guie? É verdade que não nos portamos bem no Natal passado, mas no último mês os números dizem-nos o contrário: ontem foi o dia com menos mortes desde novembro e os internados estão de volta aos níveis do Natal, ainda que – sobre isso não se deixem dúvidas – demasiado altos para se tirar já o pé do travão. A propósito de critérios para analisar o presente e o futuro pandémico, pode ler este texto da Raquel Albuquerque sobre o que disseram quatro matemáticos no Parlamento: em resumo, é o Rt, estúpido.

OUTRAS NOTÍCIAS

Festivais – Poderão realizar-se este ano? O JN escreve hoje que a DGS já deu luz verde a eventos-piloto que deverão decorrer no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, e no Campo Pequeno, em Lisboa, mas só após o desconfinamento. Será obrigatório fazer testes rápidos à entrada.

Vacinação – Parecia mais ou menos inevitável que acabássemos por ponderar seriamente a hipótese de adiar a segunda dose das vacinas. O coordenador da “task force” revelou ontem que, alargando em duas semanas o período entre tomas, será possível aplicar a primeira a mais 200 mil pessoas até final de março (os números mais recentes apontam que há quase 250 mil pessoas que já concluíram o processo). Gouveia e Melo admitiu ainda que pode ser necessário desenhar um novo plano de vacinação.

Prioridades – A propósito, um estudo publicado na revista “The Lancet Psychiatry” recomenda a vacinação prioritária de pessoas com doença mental grave, um dos “principais fatores de risco” na covid-19.

Coordenação – É isto que procuram os líderes dos 27 países da União Europeia em relação à pandemia, numa espécie de Conselho Europeu informal, por videoconferência. A Susana Frexes explica-lhe o que se vai discutir – os potenciais atrasos nas entregas da AstraZeneca serão um tema inevitável. Em Portugal, o ministro Augusto Santos Silva admitiu que podem originar "recalendarizações" do plano português.

Minimalista – Será assim a tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa, a 9 de março, na Assembleia da República, com apenas 100 convidados.

Apoio – De António Costa, em nome do Governo português, à recandidatura de António Guterres ao cargo de secretário-geral da ONU.

Paredão – Reportagem do Hugo Tavares da Silva e do Tiago Miranda no reaberto paredão de Cascais, onde nem sempre se cumprem as regras.

Julgamentos – Em Portimão, “acabou-se o amor e as versões alteraram-se”, no primeiro dia do julgamento do homicídio e da profanação do corpo de Diogo Gonçalves, no que também ficou conhecido como o caso “Dexter”; no caso SEF, uma testemunha mudou a sua versão de manhã e outra durante a tarde, implicando os inspetores que, diz o Ministério Público, terão espancado Ihor Homeniuk até à morte.

Investigação – O caso do jovem que confessou nas redes sociais ter violado uma mulher: o que diz a polícia, o que diz a lei e o que diz a psicologia.

Desemprego – Saiba quais são os concelhos mais afetados em Portugal.

Lembrete – Hoje termina o prazo para os contribuintes validarem as faturas pendentes no portal e-fatura, para efeitos de IRS.

Podcasts – Tem para ouvir novos episódios do Expresso da Manhã (a pergunta de partida é se os candidatos autárquicos independentes têm medo dos partidos), Money Money Money (o preço das casas vai mesmo baixar?) e da Comissão Política (como estão o Governo português e os de fora a resistir à crise?).

EUROPA E A PRESIDÊNCIA PORTUGUESA

A pandemia não é a única frente de batalha europeia. Esta quarta-feira foi anunciado um novo plano para as alterações climáticas que, na verdade, é de combate mas, simultaneamente, de resignação e adaptação. O vice-presidente da Comissão Europeia lembrou que “já não há vacina contra as mudanças climáticas; só há preparação” e que, por isso, há que “evitar o pior e preparar o inevitável”. Os custos anuais provocados pelos efeitos das alterações climáticas na União Europeia ultrapassam já os 12 mil milhões de euros anuais e, se não se travar a subida das temperaturas, podem chegar aos 170 mil milhões de euros por ano.

Os responsáveis das farmacêuticas que têm a seu cargo a produção das vacinas contra a covid-19 vão estar hoje no Parlamento Europeu para participar no debate em torno da escassez e dos atrasos na entrega das mesmas que tanto desesperam os europeus. Numa altura em que a União Europeia enfrenta críticas quanto à forma como conduziu o processo, a que tem respondido pondo o ónus nos fornecedores, chegou a altura de ouvir o que têm a dizer a AstraZeneca, a Moderna, a Johnson & Johnson, a Pfizer (e outras) aos deputados europeus.

FRASES

“Não vou sair por pé nenhum porque não me sinto responsável por esta crise do Benfica. Nem eu, nem os meus jogadores nem o presidente. Devia haver um buzinão para nos dar carinho.”
Jorge Jesus, treinador no Benfica, na antevisão ao jogo de hoje (às 17h55, com transmissão na SIC) frente ao Arsenal, que vai ditar o futuro do clube na Liga Europa. Ontem, ao final da noite, houve um buzinão nas imediações do Estádio da Luz em protesto contra a gestão do presidente Luís Filipe Vieira

“É verdade que os árbitros entram em campo sob brasas e é também verdade que a sua missão, nesta fase, é terrível, mas isso não desculpa tudo. As suas atuações têm-se caraterizado por uma irregularidade gritante e isso é notório mesmo quando em campo estão os mais experientes e cotados.”
Duarte Gomes, ex-árbitro de futebol, numa crónica publicada na Tribuna

“Recebo mais amor na música do que no futebol.”
Miguel Guedes, vocalista dos Blind Zero e comentador de futebol, enquanto adepto do FC Porto, ao podcast Posto Emissor, da Blitz

O QUE EU ANDO A LER

Foi uma boa surpresa que me chegou às mãos em pleno dia de São Valentim: “Parem as máquinas!” é uma compilação de episódios e desventuras do jornalismo português desde o final do século XIX até ao início da década de 1990. A primeira história data de 1883, tempo em que havia querelas mais ou menos pessoais que se prolongavam durante meses em páginas de jornais e em que os duelos de sabre eram uma solução para o problema. Assim aconteceu entre o depois ministro Pinheiro Chagas (então diretor do “Diário da Manhã”) e Magalhães Lima (diretor de “O Século”).

São relatados casos que, maioritariamente, são tiros jornalísticos ao lado. Por exemplo, em 1914, o extinto “O Mundo” anunciou em manchete que tinha sido eleito um Papa português, o cardeal José Neto. O jornal foi propositadamente enganado por Joaquim Madureira – ex-jornalista e então secretário do chefe de Governo, Bernardino Machado –, cansado das fugas de informação internas. Bastou-lhe falsificar um telegrama e simular um telefonema para o Patriarcado para dar credibilidade à informação.

Outra história deliciosa passou-se em 1971. Um grupo de amigos, do qual faziam parte o piloto Nicha Cabral e o chefe de cozinha Michel da Costa, simulou no restaurante Tavares Rico, em Lisboa, fazer parte de uma comitiva de árabes que vinha negociar a compra de petróleo angolano. Em plena crise petrolífera, a notícia – com foto e tudo – chegou à primeira página de “O Século”.

Talvez com menos graça faz ainda parte do livro de Gonçalo Pereira Rosa a história de uma entrevista a Adolf Hitler, assinada por Félix Correia, do “Diário de Lisboa”. O termo entrevista será um manifesto exagero, porque o enviado especial à Alemanha não chegou a fazer qualquer pergunta. Hitler aproveitou para fazer uma operação de charme e anunciar o interesse numa “amizade recíproca" entre os dois países.

Félix Correia – que, conta o autor, nunca escondeu a simpatia pelo regime nazi – viu-se mais tarde censurado precisamente por esse motivo. Em 1940, reuniu em livro várias crónicas, incluindo as dessa viagem à Alemanha, dedicando a obra ao então Presidente Carmona e a Salazar. Erro crasso: o Estado Novo não queria ser associado a Hitler e os exemplares não vendidos foram apreendidos. O nome de Félix Correia – elogiado por vários jornalistas que com ele trabalharam – está hoje numa praça na Amadora e em ruas em Lisboa e Sintra.

O QUE EU ANDO A OUVIR

Às vezes é difícil, ou mesmo impossível, localizar a semente que nos levou a gostar de uma determinada banda ou músico. Foi um amigo que nos recomendou? Ouvimos na rádio? Lemos uma crítica numa revista? Neste caso, fica registado para a posteridade como comecei a gostar dos londrinos Shame: uma referência na entrevista de Adolfo Luxúria Canibal ao suplemento de sexta-feira da nossa revista, com 1001 ideias para ocupar o tempo em plena pandemia.

O que descobri em “Drunk Tank Pink”, o segundo disco da banda, editado em janeiro, é a enésima reencarnação do pós-punk, um género condenado à morte praticamente desde o início dos anos 1980, com a popularização da pop de sintetizadores. As brilhantes Savages – também originárias de Londres e atualmente em pousio – tinham sido a última banda do género que me tinha trazido esta sensação de frescura.

Se a descrição acima lhe chamou a atenção, experimente “Snow day”, uma verdadeira montanha russa de texturas de guitarra, ritmos e andamentos. Ou o primeiro single “Alphabet”, uma canção mais punk, direta e orelhuda. Ou “March Day”, que nos remete para os universos dos Fugazi ou dos Talking Heads (já sei, fasquia elevada) e para as experiências mais desconstrutivas da “no wave” do final dos anos 1970.

Os Shame não inventaram nada de propriamente novo? Concordo, mas ouvi-los sabe bem na mesma.

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