sexta-feira, 12 de março de 2021

BANHA DA COBRA A CONTA GOTAS

David Dinis faz a apresentação do Curto de hoje. Refere o plano conta gotas sobre o desconfinar confinando. Panaceias com veneno à mistura. David refere ainda outras desgraças. 

Por xemplo: os bancários vão aos montes para o desemprego, os banqueiros, esses, vão continuar a mamar nas tetas das vacas do costume e a aplicar-se superiormente nas tretas e nos golpes… Nas engenharias dos saques aos papalvos que somos. O costume.

Muito nos diz Dinis… Sem pensar que nos está a estragar o fim-de-semana de confinamento, fechados em casa, furibundos… Oh, mas os plebeus já se estão nas tintas. Provando isso mesmo ao saírem aos magotes para as ruas, para as beiras-mares. Oficialmente estamos desconfinados confinados por via da banha da cobra a conta-gotas.

Leia, a seguir. Por sua conta e risco. Respire fundo por todo o fim de semana (sem hifens e com hifens).

Redação PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Um plano de saída, um plano de travagem, um plano de risco (eis a edição do Expresso desta semana)

David Dinis | Expresso

Bom dia,

já suspirava boas notícias? Eis o copo meio cheio:
ao fim de dois meses, António Costa anunciou o desconfinamento do país. Aqui tem o plano por datas, e aqui por setores, para perceber como vai ser a nossa vida até maio. Na verdade, António Costa assumiu a reabertura sozinho. O plano vai mais longe do que definiram peritos e Marcelo. Se vir o que está a acontecer no nosso Algarve à beira da catástrofe, terá uma pista económica para perceber porquê. No Expresso de hoje há algumas mais.

Agora o copo meio vazio: será tudo assim se o desconfinamento não correr mal, porque António Costa tem a mão no travão: linhas vermelhas rigorosas, fins de semana cortados a meio até ao fim do horizonte, como ficou explícito aqui. E tudo isto enquanto falta vacinar 500 mil pessoas em maior risco - e com o Governo a decidir a vacinação dos professores contrariando a recomendação da comissão técnica, como explica a nossa manchete de hoje.

Reconheçamos: a política não é ciência. Mas quando assume uma decisão sozinha, a política assume o risco.

Na Europa, entretanto, o copo meio cheio é o aval da Agência Europeia do Medicamento à vacina da Johnson & Johnson, que tem a vantagem, face às demais, de ser de toma única. Quanto ao copo meio vazio, é que é provável que ela também chegue devagar - acrescentando-se a isto que a vacina da AstraZeneca está a ser suspensa em vários países, depois de uma enfermeira ter morrido na Áustria após a toma da primeira dose.

A nossa edição de hoje começa por aqui. Mas passa também pela cientista de pés na terra e Fernando Pessoa na alma (sim, é Elvira Fortunato, que acaba de ganhar o Prémio Pessoa). E mais tudo isto:

Na Política:
O medo de Marcelo: presidir a 10 anos perdidos.
O segredo dos Açores: se o Chega ameaçar o Governo, o PAN segura-o.
O desafio ao PCP: investigadores querem acesso ao arquivo secreto comunista.

Na Sociedade:
Parceiros sociais vão ter manual para dialogar de forma ‘neutra’ (se chegarem a acordo).
Polícias estão na mira dos serviços secretos (por causa dos extremistas).

No Internacional:
10 anos de guerra na Síria: “Portugal é o mundo que nos calhou” (contam os nossos refugiados);
Lula quer mesmo voltar? (a pergunta que ditará a polarização total do Brasil).

Pegue agora no caderno de Economia, começando pela manchete:

Os bancos preparam a saída de centenas de pessoas em 2021. Não é mais do mesmo: o corte de pessoal pode ser superior ao de 2020, quando eliminou 1621 postos de trabalho. Quer saber quem terá redução maior?

E mais um problema para resolver: a Groundforce espera salvação do Estado sob ameaça de insolvência. Atenção: tudo é possível, inclusive a falência.

E pelo caminho uma dúvida: O mundo vive maior vaga de estímulos em 100 anos. O que pode acontecer?. E uma "never ending story": o Leilão do 5G continua sem fim à vista.

No mundo das grandes empresas, trazemos-lhe uma novidade. É que João Talone regressa à EDP como presidente não executivo, anos depois da sua saída (pela mão de Mexia).

E já agora deixo-lhe esta notícia, que tem uma pitada de sal político: o salário de Mário Centeno foi definido sem reunião da Comissão de Vencimentos. E este trabalho com pimenta mediática: Dos cruzeiros às tintas se fazem os novos donos dos media.

Na Revista E,

a capa faz-se da história da empresa criada por um português, em Portugal, que lidera a próxima revolução tecnológica e já vale mais do que a Sonae, Galp ou Jerónimo Martins - OutSystems: um fantástico unicórnio português.

Falando em revolução tecnológica, eis o outro lado do espelho. Este ensaio olha para esta sociedade vigiada e os seus modos de intoxicação, depois para os construtores deste mundo-prisão. Este ensaio é sobre O novo mundo dos mandarins das redes sociais. E coloca uma pergunta: teremos alternativa?

Mas, agora que entramos em território de desconfinamento, aconselho vivamente outro ensaio, de Yuval Noah Harrari. Chama-se Lições de um ano de covid, e conta-nos como as epidemias já não são forças incontroláveis da Natureza.

E voltamos ao copo meio vazio, agora numa entrevista de David Marçal: “A pandemia revelou o perigo de ter ignorantes no poder”. A ciência não é de um cientista, diz-nos ele. É de todos e para todos.

Ora aí está, uma bela maneira de começar um desconfinamento. E um fim de semana também.

Boas leituras para si. E até à próxima semana.

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a

Sem comentários:

Mais lidas da semana