quinta-feira, 13 de maio de 2021

Sporting | A Desobediência Civil não é um exercício legítimo e democrático?


 NINGUÉM PODIA EVITAR O QUE ACONTECEU NO MARQUÊS LEONINO - como não conseguiram evitar o 25 de Abril em 1974

"Desobediência do Sporting. Os teóricos falam, falam. Os analistas dizem, dizem. Os jornais, tevês e rádios repetem-se e cansam-nos. Os políticos cavalgam nos seus interesses. Todos esses nos cansam. O negócio, os ganhos, de votos ou de dinheiro, é o que eles querem e nada mais nem menos que lucros." - sabedoria popular.

A EXCELÊNCIA NÃO MORA NOS GOVERNOS, NUNCA MOROU

A 'trolha de três em pipa' no governo está quase no auge. Oposição e analistas é o que não falta no terreiro da política a esbracejar e a apontar o dedo a este e àquele ministro, a secretários de estado, ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa (dá jeito agora em período de eleições autárquicas). O bombo da festa da trolha é o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, principalmente, mas o Carlos Moedas (candidato à presidência da CML) também não largam a labita ao atual presidente da autarquia lisboeta, Fernando Medina Maciel Almeida Correia, vulgarmente conhecido por Fernando Medina, que é natural do Porto, e até parece que está em Lisboa por engano. Adiante.

Isto tudo porque os sportinguistas se portaram mal, não respeitaram as restrições existentes para evitar contágios de covid-19. Pularam a cerca e foram para o Marquês de Pombal, em Lisboa, comemorar o título de campeões nacionais do campeonato de futebol. Por isso não deve haver quem não os compreenda por mandarem as restrições e leis covid às malvas. Que se lixe! Pensaram e disseram. E fizeram. O que prova que quando o povo quer muito uma coisa (seja o que for) não há governantes, nem polícias, nem alguém de pensamento contrário, que controle. Prova disso está nas manifestações como a de há dias passados com os adeptos de futebol no Marquês de Pombal, em Lisboa, no Porto e um pouco por todo o país. O povo precisa de contacto humano e manifestar-se coletivamente. Pena é que não o façam politicamente em desaprovação dos governos, dos políticos, do sistema neoliberal que nos rege e nos é imposto com ares de democracia, uma pseudo-democracia que conduz sempre à exploração selvagem dos trabalhadores para vantagens dos que atualmente já mais parecem esclavagistas da modernidade. Pois, mas isso é outra “história” – que só se verificará quando existir a consciência do poder que o povo tem coletivamente.

O que acaba de ser aqui escrito iliba os políticos de agora e todos eles, de antes e depois, da manifestação sportinguista. Eduardo Cabrita nada podia fazer para controlar os “campeões” e o seu direito a manifestarem a sua alegria em uníssono, coletivamente. Fazerem a festa. Não é uma questão de competência para segurar (reprimir) o povo quando ele não aceita ser reprimido. Nem Costa, o primeiro-ministro, nem Marcelo, o presidente da República, nem Medina – no caso de Lisboa – podiam ter feito alguma coisa para que a festa leonina não acontecesse como aconteceu. A própria oposição ao governo do Partido Socialista, CDS, PSD, e outros partidos recentes, populistas e fascistas podiam fazer mais do que aquilo que fizeram. Quando o povo quer, faz. Porque sente que tem razão e direito a fazê-lo. A desobediência civil é consignada pela democracia e ainda bem. As pessoas não são sempre peças de xadrez que podem ser manuseadas por uns quantos jogadores políticos a seu belo prazer, convicção e domínio. Porque isso não é democracia, é repressão.

Essa repressão está sempre ativa na maior parte do tempo, por parte do sistema, por parte dos governos que o servem sob o falso pretexto de que é para bem de todos e da nação. O que é mentira.

Cientificamente, na atual situação do estado do covid-19 em Portugal, no caso de Lisboa, Marquês de Pombal, a taxa de contagio entre os cerca de dez mil sportinguistas ali presentes era mínima. Muito mínima. Assim, o que acontece é que estamos perante jogos político-partidários. Porque a oposição quer derrubar o governo, porque Moedas quer a Câmara Municipal de Lisboa (quer tacho), porque Rio anda às aranhas e não pára de mostrar as suas incompetências e instabilidades, nem as suas simpatias pelos tempos de antes, os da “outra senhora”, de Salazar. Quer isso mas com “cara” de democracia, tal qual o Chega populista e extremista de direita, com a componente racista que lhe está colada, e o descaramento semelhante aos dos nazis nos tempos de Hitler. Alguma coisa eles aprenderam em Mein Kampf, provando que são boas alunos de Hitler e dos nazis. Primeiro avançam de pantufas, para depois, às escancaras, calçarem as botas cardadas e nos esmagarem.

Estamos longos neste Curto que queremos trazer já a seguir. Sem pôr mais na escrita deixamos o espaço merecido a João Cândido da Silva, do Expresso. Desculpem estarmos longos mas apaixonámo-nos a escrever… verdades opinativas. De que muitos não gostam. Aceitemos, é a democracia que está em exibição e não se deve riprimir nem uns, nem outros, se acaso percebermos que não a queremos violar nem desrespeitar. Desrespeito por ela é o que há muito os governos andam a fazer sob o pretexto covid-19 que propalam ser oriundo da China sem apresentarem provas palpáveis, sem comprovar o contrário do que a Organização Mundial de Saúde analisou e declarou quando afirmou que em Huan (China) nada encontrou que provasse ser a origem do covid-19. Aliás, existem versões de que antes de Huan já havia médicos a deparar-se com algo “estranho” nos EUA – que podia muito bem ser o vírus depois denominado covid-19. Pois. Mas disso não interessa falar e escrever ou mostrar nada. É a tal democracia e liberdade de faz-de-conta, o corporativismo neoliberal a caminho do fascismo que só com o avançar dos tempos os povos entenderão, recordando a história de “Era uma vez um Hitler, um Mussolini, um Pinochet, etc., que por golpes de estado ou por eleições conseguiram os poderes e matarem a democracia, a liberdade dos povos, implantando o nazi-fascismo. Menos ou mais brando mas sempre nazi-fascismo.

O pseudo-excelente ministro Eduardo Cabrita foi democrático, muito mais que Passos Coelho, Portas, Cavaco e outros demasiado à direita, enterrados no neoliberalismo selvagem, autoritário, desumano e antidemocrático.

Facto, em Portugal – que é o que nos interessa agora -, é que já não é o povo quem mais ordena. Ganhem consciência disso. Ganhem consciência disso e… mexam-se, como os sportinguistas e muitos outros o vão fazendo. Pouco, mas sente-se algo no ar...

O Curto, a seguir.

MM | PG

Bom dia este é o seu Expresso Curto

O título não é merecido

Bom dia,

António Costa tem o direito de proclamar que Eduardo Cabrita é um “excelente” ministro da Administração Interna. Quem escutou a afirmação que o líder do Governo fez esta quarta-feira, na Assembleia da República, tem o direito de duvidar que Costa seja um excelente avaliador do desempenho de membros do Executivo. O cepticismo justifica-se.

Do caso das golas protectoras em situações de incêndio, mas que afinal eram inflamáveis, ao bárbaro assassinato de um cidadão estrangeiro no aeroporto de Lisboa, não têm faltado a Eduardo Cabrita oportunidades, bem aproveitadas, para mostrar que podem existir muitos qualificativos adequados ao seu desempenho, mas “excelência” é um título que só mesmo um grande amigo se lembraria de lhe atribuir. A condução do processo de realojamento de imigrantes no concelho de Odemira, realizada de madrugada sob a vigilância de um contingente policial que parecia ter sido organizado para entrar num bairro problemático, deixou claro que, debaixo de pressão, o ministro da Administração Interna tem duas políticas: à força e à bruta.

As celebrações do título do Sporting são o episódio mais recente de desnorte e incompetência. A aglomeração de adeptos junto ao estádio e nas ruas de Lisboa era mais do que previsível. Estava em causa o festejo de um troféu que escapava há 19 anos e todos os cuidados seriam modestos para tentar assegurar que as restrições que estão em vigor seriam cumpridas, pelo menos dentro de limites razoáveis, como a obrigação do uso de máscara e o distanciamento social.

Aquilo que se viu foi uma demonstração de incapacidade no planeamento e na concretização de medidas de prevenção. Pior: a festa degenerou em violência. Talvez porque os responsáveis da Administração Interna tenham acreditado que mesmo os adeptos mais "pavlovianos", com tendência para arremessar objectos quando avistam uma força policial, seriam tão pacíficos quanto as pessoas que, à porta do Zmar, assistiram impotentes ao arrombamento do portão da propriedade, num sinal de que Eduardo Cabrita aprecia acções mais baseadas no músculo do que na ponderação.

O Governo decidiu pedir a abertura de um inquérito à actuação da PSP, mas o mal, do ponto de vista sanitário, pode estar feito. O virologista Paulo Paixão afirma que faria sentido organizar um “rastreio em massa”. O epidemiologista Manuel Carmo Gomes sugere que os jovens que tenham participado nas celebrações evitem o contacto “com pessoas mais velhas não vacinadas” antes de saberem se foram infectados. Objectivo? Evitar que um potencial pequeno surto venha a transformar-se em algo mais grave e complicado de controlar.

O problema não é apenas de saúde pública, mas de justiça e de equidade na distribuição dos sacrifícios e de autoridade e credibilidade de quem tem de os impor. Ficou, pelo menos, o alerta para aquilo que se segue. Os jogos da derradeira jornada da principal competição nacional de futebol vão decorrer com público nos estádios, uma nova oportunidade para se verificar se o processo de vacinação que está a decorrer é filho único em matéria de aptidões do Estado para montar organizações eficientes. A 20 de Maio, a homenagem da Câmara de Lisboa aos campeões vai ser fechada. Quem quiser assistir terá de optar pela televisão, literalmente por causa das tosses.

Em Fátima, esta quinta-feira é dia de celebração. Se tudo correr bem, pode ser que as autoridades, a começar por Eduardo Cabrita, tenham alguma lição a aprender com a Igreja Católica, que se tem distinguido como uma referência de sensatez durante a pandemia. E este, a par daquele que o Sporting alcançou, é um título justo.

OUTRAS NOTÍCIAS

Para peritos e adeptos, as probabilidades de o Sporting vir a terminar a época no primeiro lugar da Liga NOS eram consideradas escassas. Veja, neste trabalho multimédia da Tribuna, como é que a equipa quebrou o longo jejum e recorde os 16 momentos-chave no percurso até ao sucesso. O vídeo, em formato de animação, com ilustrações e sons, resume a temporada da equipa de Rúben Amorim até à confirmação da conquista.

António Ramalho, presidente executivo do Novo Banco, esteve no CEO Banking Forum, uma iniciativa do Expresso e da Accenture. Sobre os testemunhos de grandes devedores perante a comissão parlamentar de Inquérito, declarou que o país está a ver a “patologia da banca”, uma patologia “triste”.

No mesmo evento, Paulo Macedo, presidente da Caixa Geral de Depósitos, referiu-se aos empresários que já passaram pelo Parlamento para responder às questões dos deputados. “Nas comissões de inquérito (...) não temos a amostra de empresários e gestores que consideramos normais, muitos deles com um enorme mérito: ser empreendedor e empresário não é nada fácil neste país”, disse o ex-ministro da Saúde.

Sobre o futuro do Novo Banco, António Ramalho revelou que a instituição estará atenta a oportunidades de crescimento através de aquisições. “Feita a reestruturação, feita a análise, temos esta vocação natural de querer crescer”, afirmou o gestor.

O financiamento do Fundo de Resolução ao Novo Banco tem “correspondido ao défice de capital [face aos requisitos aplicáveis], resultante da sua atividade geral e não apenas das perdas relativas aos ativos protegidos pelo mecanismo de capital contingente”. José Manuel Quelhas, juiz-conselheiro do Tribunal de Contas, esteve no Parlamento e sublinhou que o facto de o Fundo ter descontado dois milhões de euros dos prémios de gestão no valor das injecções de capital realizadas em 2020 dão razão a uma das conclusões da auditoria feita à instituição financeira que resultou da resolução do Banco Espírito Santo. Sobre os contratos de venda do Novo Banco, não disse serem opacos, mas garantiu necessitarem de muitas releituras. E conhecimentos de língua inglesa.

Os números divulgados pela Direcção Geral da Saúde dão conta de uma situação controlada. Em Portugal, os internamentos em hospitais relacionados com a covid-19 baixaram para 248, um nível que não se verificava desde Março de 2020. Nesta quarta-feira, há registo de 485 novos contágios e de quatro vítimas mortais.

Entre o final de Julho e o início do mês seguinte, sete em cada dez pessoas deverão já ter tomado a primeira dose da vacina, de acordo com a previsão dos responsáveis da ‘task force’ liderada por Henrique Gouveia e Melo. Em meados de Junho estarão a ser administradas 140 mil vacinas por dia.

Em Cantanhede, a Immunethep está preparada para submeter à fase de testes clínicos a vacina contra a covid-19 que está a desenvolver. A empresa obteve resultados “promissores” nos testes pré-clínicos com animais e o passo que precisa agora de dar está dependente do acesso a apoios públicos. Há “algumas” conversas com o Governo.

A vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford permanece envolta em controvérsia. A Noruega decidiu retirá-la definitivamente do plano de vacinação, enquanto aquela que é produzida pela Janssen só será aplicada a quem o pretenda.

A capacidade de propagação da estirpe indiana do novo coronavírus é preocupante, mas a Agência Europeia do Medicamento tem uma mensagem tranquilizadora. “No geral, estamos bastante confiantes de que as vacinas cobrem em geral esta variante", disse o responsável para a estratégia de vacinação da agência, Marco Cavaleri.

A Organização Mundial de Saúde defende que a crise sanitária podia ter sido evitada e lançou um alerta. “O sistema atual falhou em proteger-nos da pandemia de covid-19. E se não actuarmos para mudá-lo agora, não nos protegerá da próxima ameaça pandémica, que poderá ocorrer a qualquer momento”, advertiu Ellen Johnson Sirleaf, membro de um painel independente de especialistas.

As consequências dos períodos de confinamento sobre os sectores ligados à actividade turística foram duras. No primeiro trimestre de 2021, restaurantes e alojamentos portugueses assistiram à destruição de cem mil empregos na comparação com idêntico período do ano passado. A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal pede a continuação e o reforço dos apoios ao sector.

Durante Maio, onze unidades da rede das Pousadas de Portugal vão reabrir, anunciou o Grupo Pestana, concessionário destes alojamentos. Até Julho, os responsáveis prevêem ter em funcionamento os 26 estabelecimentos que estão sob a sua gestão.

Uma novidade pode ajudar na recuperação dos negócios que dependem do afluxo de turistas. Depois de Inglaterra, também a Escócia decidiu colocar Portugal na lista verde de destinos para onde os viajantes se podem deslocar a partir de 17 de Maio. A transportadora aérea Ryanair anunciou o reforço dos voos.

Quarenta e cinco mil funcionários públicos vão ser envolvidos num estudo promovido pela Direção-Geral da Administração e do Emprego Público que pretende avaliar os riscos psicossociais devidos ao impacto da covid-19. O Governo revelou que os resultados do trabalho vão “ser conhecidos em setembro de 2021”.

As garantias concedidas pelas administrações públicas a outros sectores da economia poderão vir a originar despesa pública, com impactos no saldo orçamental e na dívida. O aviso é do Conselho das Finanças Públicas que, através de um relatório divulgado nesta quarta-feira, recorda que as garantias ascenderam a 7.160 milhões de euros em 2020, dinheiro que serviu para apoiar as empresas perante os choques da pandemia.

"O Plano de Recuperação e Resiliência é uma lista de despesas, não é uma ambição para o país". A crítica é de Cláudia Azevedo, líder do Grupo Sonae, e colhe a concordância de Pedro Soares dos Santos, presidente executivo do concorrente Jerónimo Martins. A gestora afirmou que o esforço de investimento tem de ser feito na qualificação dos recursos humanos e lamenta que o PRR apenas consagre dois mil milhões de euros a este desígnio.

Nos Estados Unidos, Liz Cheney foi afastada do cargo de secretária-geral das conferências republicanas, a terceira posição mais importante entre as estruturas do partido de Donald Trump na Câmara dos Representantes. A queda da filha do antigo vice-Presidente Dick Cheney começou no dia em que revelou ter decidido apoiar o processo de destituição de Trump. Ainda assim, para os democratas Liz Cheney é um activo tóxico.

EUROPA E PRESIDÊNCIA PORTUGUESA DA UE

O primeiro-ministro queria ter alguns dos Planos Nacionais de Recuperação e Resiliência aprovados já na reunião de ministros das Finanças agendada para 18 de junho, mas a meta será difícil de cumprir. Esta quarta-feira, na apresentação das projeções económicas de Primavera elaboradas pela Comissão Europeia, o comissário da Economia, Paolo Gentiloni, esclareceu que só na segunda metade do próximo mês é que o processo de avaliação dos planos deverá ficar concluído. O objetivo de António Costa era o de aprovar os primeiros planos durante a presidência portuguesa, que termina a 30 de Junho.

O diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações, António Vitorino, afirmou que "a situação no terreno mostra que é imprescindível que haja um acordo" sobre uma política de asilo e migração no contexto da UE. Sobre os planos de vacinação dos imigrantes, também não tem dúvidas: "não é um privilégio", apontou, em entrevista à Lusa.

FRASES

“Isto é um país onde o Estado, dirigido por Guterres e Sampaio ou Sócrates e Cavaco (o partido não é importante, repito), decide quem pode ser rico”, Henrique Monteiro

“No atual estado da pandemia e da vacinação, teria sido inteligente colocar 20 mil pessoas num estádio para 40 mil. Mas ninguém no governo e na DGS quis pensar além da ortodoxia”, Henrique Raposo

"Constatamos estes fenómenos da psicologia de massas, onde as pessoas não são capazes de cumprir as regras", António Marto

O QUE ANDO A LER

Num estado imaginário do ”Sul profundo”, os habitantes afro-americanos decidem, um dia, partir. Sem explicações, começam a abandonar o território, depois de um dos elementos da comunidade, descendente de um escravo que se transformou numa lenda, ter salgado as suas terras e incendiado a casa antes de se pôr a caminho do Norte. A debandada, situada em 1957, deixa os cidadãos brancos locais estupefactos e aturdidos. Não conseguem compreender aquilo que se está a passar e assistem atónitos ao fenómeno.

Este é o ponto de partida de “Um Tambor Diferente”, a obra mais celebrada de William Melvin Kelley. Publicado em 1962, o livro foi prontamente esquecido, mas acabou por ser recuperado sob uma chuva de elogios que chegam a considerar o autor como “o gigante perdido da literatura norte-americana”, colocado no patamar de destaque onde são recordados escritores como William Faulkner e James Baldwin.

Para um livro que aborda um tema sensível como as relações raciais no Sul dos Estados Unidos, o ponto de vista escolhido por Kelley é surpreendente. A narrativa dos acontecimentos que perturbam as rotinas é assegurada por elementos da comunidade branca, incluindo uma criança, e é a partir destes diferentes olhares que os mistérios do inesperado êxodo vão sendo esclarecidos. “Um Tambor Diferente” é um livro sobre libertação, escrito com grande ironia e muita subtileza.

O QUE ANDO A OUVIR

“A Dice of Tenors”, César Cardoso. Um octeto liderado pelo saxofonista português César Cardoso presta homenagem a grandes nomes da história do jazz, como Sonny Rollins, Dexter Gordon, John Coltrane, Hank Mobley, Joe Henderson e Benny Golson. Os temas compostos por estes músicos, a que juntam dois originais, são virados do avesso, com arranjos elegantes e sedutores.

“Omega”, Immanuel Wilkins. Dez temas originais integram o disco de estreia de Immanuel Wilkins como líder de uma banda. Com as tarefas de produção garantidas pelo pianista Jason Moran, o quarteto, que junta piano, contrabaixo e bateria ao saxofone de Wilkins, percorre diversos estados emocionais. Um álbum de estreia que cria grandes expectativas para um músico que tem apenas 23 anos.

“Martingale”, Denman Maroney. Mais um quarteto, mas desta vez liderado por um pianista com larga experiência e uma discografia extensa. A música desafiante de Maroney não é fácil de etiquetar, tal é a diversidade de atmosferas que cria e de recursos que usa, incluindo aqueles a que lança mão no quadro do conceito de “hiperpiano”, que inventou para designar a utilização do instrumento muito para além das teclas.

“In Fading Light”, Tania Giannouli Trio. A pianista de origem grega surge neste álbum acompanhada pelo trompete de Andreas Polyzogopoulos e pelo oud de Kyriakos Tapakis. Com este trio, constrói música melódica, serena e enigmática, numa fusão entre tradições ocidentais e orientais.

E é tudo. Acompanhe a actualidade no Expresso, Tribuna e Blitz. Espreite as sugestões do Boa Cama Boa Mesa e tenha um excelente dia.

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