domingo, 18 de julho de 2021

Portugal | Mudança de ciclo

Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião

Pressente-se que estamos no final de um ciclo político. Seja por causa da pandemia, agora na quarta e, porventura, última vaga; seja por causa dos braços de ferro públicos e cada vez mais frequentes entre presidente da República e primeiro-ministro, com o consequente desgaste para ambos, como fica claro no barómetro que hoje se publica no JN; seja pela degradação da imagem pública de alguns ministros; seja porque estamos a dois meses das eleições autárquicas, com o habitual crescendo da polarização política.

Nada disto significa, no entanto, que venham por aí mudanças drásticas: que o Governo vá cair, por causa de uma eventual falta de acordo no Orçamento do Estado; ou que estejam no horizonte eleições legislativas antecipadas. Até porque, quando se pergunta por uma alternativa à atual distribuição de forças no Parlamento, ainda não se encontra resposta. A avaliação demolidora que os portugueses fazem dos partidos e dos líderes da Oposição (da Esquerda à Direita), de que também começamos a dar conta nesta edição, só aponta para um beco sem saída.

Na verdade, quem tem os melhores instrumentos para imprimir uma mudança de ciclo político é António Costa. Por um lado, porque começarão a chegar em breve os milhares de milhões do Plano de Recuperação e Resiliência. Por outro, porque mais tarde ou mais cedo (e a maioria dos portugueses prefere que seja mais cedo), terá de reformular o seu Governo. Sendo certo que as remodelações não se anunciam, fazem-se.

As possibilidades de mudança são várias, mas há uma incontestável: Eduardo Cabrita tornou-se um peso morto. Nem tanto por causa do que possa dizer uma sondagem, antes pelas trapalhadas que vai somando. A precipitada e fútil tentativa de se ilibar de responsabilidades nos festejos do título do Sporting, na sexta-feira passada, é apenas mais um exemplo de um ministro sem rumo nem credibilidade.

*Diretor-adjunto

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