terça-feira, 30 de novembro de 2021

RACISMO SANITÁRIO

João Melo* | Diário de Notícias | opinião

Assim mesmo, sem aspas: racismo sanitário. Se dúvidas houvera, a decisão do alegado "mundo desenvolvido" perante a descoberta, na África do Sul, de uma nova variante do vírus da covid-19 - a omicron - confirma de uma vez por todas que a Europa e os EUA mantêm a sua atitude colonial em relação aos povos africanos e às nações pobres em geral. O racismo anti-negro continua, mais de cinco séculos depois, a ser o principal obstáculo à edificação de uma autêntica "humanidade compartilhada" entre todos os homens e mulheres do planeta. Tal política, recorde-se, é uma das estruturas do sistema capitalista de desenvolvimento, desde o surgimento deste último.

Comecemos pelos políticos ocidentais. A "arrogância geopolítica" e o egoísmo com que, desde o primeiro momento, os mesmos têm lidado com a crise do novo coronavírus tentam apenas esconder - e mal - a sua incompetência para a enfrentar dentro dos seus próprios países. Os números não mentem: nesta altura do campeonato, 40% da população europeia e norte-americana recusa-se a ser vacinada contra a covid-19, perante a miopia e a cobardia das autoridades, que, em nome das liberdades, dão a milhões de indivíduos o direito de se tornarem, consciente ou inconscientemente, assassinos potenciais (a covid, insista-se, é transmissível e mata).

Mas a responsabilidade dos políticos ocidentais pelo prolongamento da atual crise sanitária vai além disso: são eles - e mais ninguém - os principais responsáveis por esse prolongamento e pelo surgimento crescente de novas variantes, pois a sua política arrogante e egoísta tem impedido a vacinação universal contra a covid-19.

Pandemia afetou desproporcionalmente jovens e pessoas com baixos rendimentos

No estudo da Intrum, 48% dos portugueses consideram que estão agora mais pobres do que antes da crise sanitária.

A pandemia de covid-19 afetou desproporcionalmente os jovens e as pessoas com baixos rendimentos, com 48% dos portugueses a considerarem que estão agora mais pobres do que antes da crise sanitária, segundo um estudo da Intrum.

De acordo com as conclusões do European Consumer Payment Report (ECPR) da Intrum, "a pandemia afetou desproporcionalmente os diferentes países e grupos demográficos. Embora a situação de emprego da maioria não tenha sido diretamente afetada, quase quatro em cada 10 europeus (37%) dizem que estão mais pobres hoje, do que antes do início da crise. Em Portugal, este valor sobe para 48%", sendo que "pessoas com baixos rendimentos familiares foram particularmente afetadas, aumentando a desigualdade económica na sociedade".

Em entrevista à Lusa, Luís Salvaterra, diretor-geral da Intrum Portugal, destacou que "o impacto da covid-19 na economia não afetou todos por igual e sim as pessoas que têm menos rendimentos e com trabalhos mais precários", salientando que no caso "das pessoas que conseguiram manter o emprego e os rendimentos até houve um certo incremento da poupança", mas que "trabalhos mais precários nos setores mais afetados registaram uma redução nos rendimentos e isso leva a que também tenham mais dificuldade em pagar as suas contas e uma diminuição no seu bem-estar financeiro".

Portugal | PARA ONDE FORAM 2800 MILHÕES DE EUROS?

Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião

O SIFIDE (Sistema de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Empresarial) é um benefício fiscal que permite a empresas deduzirem diretamente do seu IRC até 82,5% das despesas realizadas em Investigação e Desenvolvimento (I&D).

Em 2011, para além de despesas com investigação (já de si, de difícil verificação), o benefício passou a abranger também a compra de unidades de participações em fundos de investimento, chamados "capital de risco". Mas só em 2021 é que as regras passaram a obrigar esses fundos a concretizar qualquer investimento. Até então, bastava uma declaração a prometer uma "política de investimentos" focada em empresas dedicadas "sobretudo" a I&D, mesmo que esses investimentos não saíssem do papel.

O SIFIDE tornou-se assim um maná para os fundos de capital de risco, que vendem participações que valem um desconto no IRC até 82,5% do valor da compra. Basta uma rápida pesquisa na Internet para perceber como o negócio se alastrou.

Há uma razão para os fundos se terem virado para o negócio da venda de benefícios fiscais. Em 2018, quando a atribuição dos apoios públicos aos fundos de capital de risco passou para o Banco Europeu de Investimentos, a exigência aumentou e muitas gestoras de fundos perderam o negócio. Perceberam então que, se constituíssem "fundos SIFIDE" (que alegadamente investem em empresas alegadamente tecnológicas), os seus clientes poderiam abater em IRC até 82,5% do dinheiro da compra dessas participações.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

CANDIDATO À ALTURA


 Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal | “OS JORNALISTAS NÃO FAZEM PARTE DO PODER”

Paulo Baldaia* | Diário de Notícias | opinião

Rui Rio vai continuar a andar por aí e ele cultiva más relações com os jornalistas com o mesmo ritmo frenético com que o faz em relação a alguns companheiros do partido. Isso responsabiliza-o a ele, não serve para desculpar quem lhe responde na mesma moeda. No Expresso online, Daniel Oliveira escreveu a semana passada que "Rio teve de lidar com uma descarada oposição da comunicação social". Apontou a Rio "muitas culpas no cartório", mas concluiu lembrando que "o papel do jornalismo não é castigar quem o desrespeita". Tenho de concordar inteiramente com ele.

Não significa que os jornalistas tenham que aturar tudo aos políticos, seja quando estamos a falar da simples má educação, do inadmissível boicote ao acesso às fontes de informação ou, pior ainda, das graves pressões ilegítimas que possam pôr em causa o direito à informação. É possível fazer notícia sobre estes factos e procurar resolvê-los nas instâncias próprias. No ofício de informar, não deve haver lugar para ajustes de contas.

Sobre jornalismo político, permito-me recordar a maior lição que aprendi nesta profissão. Não na Escola de Jornalismo, nem no batente da profissão, nem no Código Deontológico, mas numa conversa com a minha mãe, mulher de uma grande sabedoria. Nos idos anos 90, depois de três anos a trabalhar no Porto, iniciei a minha carreira de jornalista de política em Lisboa como repórter parlamentar. António Guterres tinha ganho a liderança do PS e vivi essa legislatura falando com ele centenas de vezes. Sendo que era do seu próprio interesse fazer-se ouvir, encontrei do seu lado uma grande disponibilidade. Em 1995, Guterres chegou a primeiro-ministro e um dia, estando eu sozinho nos Passos Perdidos do Parlamento, passou o chefe do governo com o seu assessor e eu cumprimentei os dois com um sonoro "bom dia". David Damião respondeu, mas do primeiro-ministro não ouvi nem ai, nem ui.

Ventura adapta lema de Salazar: "Deus, pátria, família e trabalho" e saudação nazi

O líder do Chega apropriou-se do lema do ditador Oliveira Salazar durante o Estado Novo, "Deus, pátria e família", acrescentando-lhe a palavra "trabalho", para sintetizar os valores em que o partido acredita.

'Deus, pátria, família e trabalho', é nisto que este partido acredita e continuará a acreditar", resumiu André Ventura no discurso de encerramento do IV Congresso Nacional do Chega, que decorreu entre sexta-feira e hoje em Viseu.

Partindo do eco dado pela comunicação social a algumas opiniões de cariz salazarista expressas no segundo dia do congresso, o deputado único do Chega assumiu sem timidez o lema do ditador, optando apenas para lhe acrescentar a variante do "trabalho"

"Nós somos um país de trabalho e quando dizem que somos um partido extremista, é por isto, porque não estamos para continuar a dar a quem nunca fez nada tudo e a quem trabalha tirar tudo e não dar o mínimo de dignidade".

Antes, Ventura justificou porque partilha o lema da educação do Estado Novo, embora sem nunca assumir qualquer proximidade com as políticas de Oliveira Salazar.

Primeiro, disse que não tem "medo de falar de Deus" e que traz "sempre um terço" consigo, que exibiu na sala do congresso. Deus faz parte da sua vida "desde uma importante fase" que disse tê-lo transformado.

"Quando acreditamos, não o devemos esconder. Durante 46 anos, Deus ficou de fora do nosso discurso político, com medo de Salazar ou do Estado Novo, com medo dos fantasmas do passado ou da Segunda Guerra Mundial. Eu nunca deixarei de falar de Deus, doa a quem doer, queira ou não queira o sistema", garantiu.

O líder do Chega assegurou também que nunca deixará de "falar da Pátria, mesmo que isso hoje custe a tantos", porque todos são "o fruto da espada de D. Afonso Henriques" que libertou Portugal dos islâmicos que hoje tanta ameaça causam à Europa e à União Europeia".

"Não temos medo de falar da família, porque é ela a célula básica da nossa sociedade, que nos dá aquilo que somos e que revela aquilo que construímos ao longo do percurso de vida. Sempre que ouvi políticos a emocionarem-se na vida (...) foi quando falavam dos seus pais, dos seus avós, das suas esposas, dos seus filhos. Somos um partido que defende a família", sublinhou.

"E não temos de o dizer por muito que isso custe hoje àqueles que estão permanentemente a censurar e têm o 'lápis azul' ou querem fazer qualquer revisionismo histórico sobre os dias de hoje", concluiu.

Diário de Notícias | Lusa

Título DN/PG

Imagem: Saudação nazi de André Ventura durante o congresso em que foi reeleito líder do partido que fundou. //  ©Nuno André Ferreira / Lusa

IDENTIFICADOS 13 CASOS DA VARIANTE ÓMICRON EM PORTUGAL

Os casos estão associados a jogadores do Belenenses SAD

O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge indica que os 13 casos estão associados a jogadores do Belenenses SAD, sendo que um deles terá tido uma viagem recente à África do Sul.

Foram identificados 13 casos da variante Ómicron em Portugal, anunciou, esta segunda-feira, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), adiantando que as 13 amostras positivas estão "associadas a casos de infeção de jogadores do Belenenses SAD, dado que um dos casos positivos terá tido uma viagem recente à África do Sul".

"Os ensaios preliminares efetuados no INSA sugerem, fortemente, que todos os 13 casos associados aos jogadores da Belenenses SAD estejam relacionados com a variante de preocupação Ómicron", lê-se no comunicado do INSA enviado às redações (entretanto, Graça Freitas, diretora-geral de saúde, esclareceu que os casos não são apenas entre jogadores, também há casos no staff).

Para garantir a quebra de cadeias de transmissão e seguindo o princípio da precaução em Saúde Pública, "enquanto se aguardam mais informações relativamente à transmissão, impacto e efetividade vacinal contra a variante Ómicron", o instituto refere que autoridades de saúde "determinaram o isolamento profilático dos contactos dos casos de infeção associados a este surto, independentemente do estado vacinal e do nível de exposição".

"Estes contactos permanecem isolados e serão submetidos a testagem regular, o mais precocemente possível, ao 5.º e ao 10.º dia", diz o instituto.

domingo, 28 de novembro de 2021

A COISA EXATA E ERRADA A FAZER SOBRE A OMICRON

Não feche as fronteiras - Esse impulso nos falhou repetidas vezes durante a pandemia

# Publicado em português do Brasil

Susan Matthews | Slate, 28.11.2021

A Organização Mundial da Saúde declarou o COVID-19 uma pandemia em 11 de março de 2020. O anúncio que declara isso deixou claro que, embora a atenção tenha se concentrado principalmente na rápida escalada do vírus na China, casos foram detectados em todo o mundo, e países que não estavam detectando casos estavam basicamente enterrando a cabeça na areia. “A OMS tem avaliado este surto 24 horas por dia e estamos profundamente preocupados tanto com os níveis alarmantes de propagação e gravidade, como com os níveis alarmantes de inação”, disse o comunicado.

Nos meses e anos desde aquele anúncio, todos nós vimos os países fazerem o seu melhor para agir , com sucesso variável e com abordagens diferentes . O que é desconcertante sobre esse coronavírus é que ele parece refluir e fluir em locais diferentes sem um conjunto inteiramente causal de explicações - alguns lugares fazem muitas coisas certas e apresentam surtos ; alguns lugares fazem muitas coisas erradas e estão bem (por um tempo). É essa situação que torna tudo frustrante, assustador e difícil de controlar.

Uma das coisas que muitas nações tentaram fazer quando começamos a aprender sobre o COVID-19, e novamente quando soubemos da variante delta, foi fechar as fronteiras na tentativa de conter a propagação. Essa abordagem parece intuitivamente fazer sentido - você pode, teoricamente, evitar que um vírus ou variante se espalhe em um país se puder evitar que ele chegue lá em primeiro lugar. Mas a maioria das pesquisas descobriu que o fechamento de fronteiras, na prática, é tarde demais para ser eficaz. “Os modelos descobriram que o fechamento estrito das fronteiras poderia ter ajudado a limitar a transmissão viral nos primeiros dias da pandemia”, afirma uma notícia na Nature sobre o resultado de um metaestudo sobre as restrições de viagens do COVID-19. “Mas, uma vez que o vírus começou a se espalhar em outros países, o fechamento das fronteiras trouxe poucos benefícios.”

Essa pesquisa foi publicada em dezembro de 2020 - ela ecoa o sentimento de muitos funcionários de saúde pública e cientistas que descrevem o fechamento das fronteiras como um sinal de ação que é mais estético do que significativo. Quando eles percebem que as fronteiras podem fechar, o vírus já está se espalhando dentro deles. Além disso, a medida tem um custo financeiro e prejudica qualquer senso de comunidade global. Este último não é sobre sentimentos: fechar fronteiras reflexivamente pode desincentivar os países de compartilhar o que sabem sobre a propagação do vírus por simples praticidade para seus cidadãos que precisam ir a lugares.

Moçambique | “EUROPA AGE CONTRA A HUMANIDADE” - dizem Mia e Agualusa

Mia Couto e José Eduardo Agualusa criticam duramente a Europa por suspender a entrada de voos que saem de países africanos. Os escritores entendem não se tratar apenas de falta de solidariedade, mas também de acções contra a ciência e contra a humanidade.

“O continente europeu, que se proclama o berço da ciência, esqueceu-se dos mais básicos princípios científicos. Sem se ter prova da origem geográfica desta variante e sem nenhuma prova da sua verdadeira gravidade, os governos europeus impuseram restrições imediatas na circulação de pessoas”. São palavras de Mia Couto e José Eduardo Agualusa, que se manifestam indignados com a posição dos países europeus de suspenderem a entrada de voos de países africanos, com e em risco de ter a nova variante da COVID-19.

Aliás, os escritores lembram que os vírus sofrem mutações sem distinção geográfica e no caso do novo Coronavírus, a África do Sul está a ser sancionada apenas por descobrir a nova estirpe.

Angola | O DRAMA DO DESEMPREGO

Agostinho Chitata* | Jornal de Angola | opinião

O Instituto Nacional de Estatística acaba de divulgar a Folha de Informação Rápida (FIR) relativa ao terceiro trimestre do presente ano. A fotografia com que nos brinda este tão importante documento deve merecer a atenção e a preocupação de todos nós.

Verificou-se, digamos assim, uma subida considerável da taxa de desemprego, comparativamente ao segundo trimestre, que apresentava tendência de melhorias. Passou-se dos anteriores 30.5 para 34.1.

Os números quando perdem a sua frieza e se distanciam da abstração que as estatísticas nos apresentam, revelam-nos que temos mais de cinco milhões de angolanos em idade activa que não trabalham, ou seja, não têm um emprego.

Se se olhar com um pouco mais de atenção, vamos constatar que a nível da área urbana, esta taxa é bem mais elevada. Fala-se de 43.4 por cento. Entretanto, mais preocupante ainda, é a informação segundo a qual perto de 81 por cento dos que são considerados empregados actuam no sector informal.

O que, fazendo uma avaliação desapaixonada, são números assustadores. Claro que não constitui uma realidade exclusiva de Angola, pois os países a nível do globo têm estado a se deparar com este grande dilema.

Se juntarmos a esta informação o facto de Angola fazer parte dos dez países que mais crescem, registar um crescimento médio de um milhão por ano, mais preocupantes ainda nos parecem estes números.

Guiné-Bissau | Domingos Simões Pereira critica "desmandos" do Governo

O líder do PAIGC, partido na oposição, diz em entrevista à DW África que o atual Governo guineense deixou o povo numa situação de abandono total.

Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) acusa a atual governação de não priorizar setores fundamentais, como a educação e a saúde.

O Bureau Político do partido debate hoje (26.11) e amanhã a situação política do país.

Em entrevista à DW África, Simões Pereira acusa os membros do Executivo de Nuno Gomes Nabiam de falta de coordenação, denuncia que o Estado foi sequestrado para "vantagem pessoal" de alguns políticos e critica o salário "escandaloso" do Presidente da República.

DW África: Que retrato faz da atual situação social e política da Guiné-Bissau?

Domingos Simões Pereira (DSP): Para ser sincero, não me consigo lembrar da última vez em que encontrei os guineenses tão cabisbaixos e tão sem esperança. Mas, ao mesmo tempo, parece-me que está a nascer um sentimento de querer enfrentar esta situação e reverter o quadro.

DW África: Qual é essa situação?

DSP: Há uma situação de absoluto abandono das instâncias e das pessoas. A educação, a saúde, a solidariedade não fazem parte da prioridade desta governação, que tem consciência de não representar a escolha livre do povo guineense. Portanto, por um lado, não há uma coordenação bem estruturada e, por outro, cada um tenta amealhar para a sua própria vantagem pessoal, porque não tem certeza se estará lá amanhã e quanto tempo vai durar este sequestro da nossa administração.

Nós estamos a falar de um país com muitas dificuldades, onde é normal inscrever-se no Orçamento do Estado um défice da nossa balança, mas simultaneamente é um país que, nos últimos 15 a 20 meses, recebeu uma injeção de capital na ordem dos 200 milhões de dólares. Outros países receberam essa injeção de capital e foram capazes de investir nas infraestruturas e na supressão das assimetrias sociais. Mas, na Guiné-Bissau, essa injeção foi utilizada exclusivamente para o consumo, para despesas não prioritárias, para despesas de luxo. O ex-Presidente da República recebia um valor superior ao salário do Presidente dos Estados Unidos, mas hoje recebe quatro vezes mais. Isto é mais do que um escândalo.

ÀS ARMAS, O INIMIGO ESTÁ ÀS NOSSAS PORTAS

Manlio Dinucci*

Os Estados Unidos (EUA) não estão ameaçados por ninguém, desmoronam-se a partir do interior. Para manter o seu controlo sobre os seus aliados, esforçam-se para convencer os asiáticos de um perigo chinês e a União Europeia de uma ameaça russa. Se não tiverem êxito no Extremo Oriente, encontram um acolhimento favorável entre as classes dirigentes europeias. Tudo é útil para alimentar o seu discurso com ainda mais facilidade visto que os dirigentes europeus ignoram a História imediata.

O Secretário Geral da NATO, Stoltenberg encontrou-se com o Presidente Draghi (na foto), em 17 de Novembro, em Roma, para enfrentar "os actuais desafios de segurança" provenientes do "desenvolvimento militar da Rússia na Ucrânia e à volta da mesma". Stoltenberg agradeceu à Itália porque "contribui para a nossa presença na Região Báltica com o seu patrulhamento aéreo e com as suas tropas". A Força Aérea Italiana – especifica o Ministro da Defesa - implantou, no aeroporto de Ämari, na Estónia, caças F-35A do 32º Esquadrão, em Amendola e caças Eurofighter Typhoon do 4º Esquadrão em Grosseto, do 36º Esquadrão, em Gioia del Colle, do 37º Esquadrão, em Trapani e da 51º Esquadrão, em Istrana (Treviso). Quando os aviões russos voam no espaço aéreo internacional sobre o Báltico, normalmente com destino ao exclave russo de Kaliningrado, os caças italianos recebem uma ordem do comando da NATO para descolar imediatamente em alerta e interceptá-los em mi-nutos. O objectivo oficial desta operação é "preservar o espaço aéreo aliado". O verdadeiro objectivo é fazer com que a Rússia pareça uma potência ameaçadora que se prepara para atacar a Europa. Alimenta-se, assim, um clima de tensão crescente: os F-35As e os Eurofighter Typhoons, instalados a poucos minutos de voo do território russo, são caças com dupla capacidade convencional e nuclear. O que aconteceria se caças russos semelhantes fossem instalados junto às fronteiras dos EUA?

“SEMÁFORO ALEMÃO” É REAÇÃO AOS AUTORITÁRIOS DO MUNDO

# Publicado em português do Brasil

Marcel Fürstenau* | Deutsche Welle | opinião

Futura coalizão tripartite de governo da Alemanha comprova capacidade de conciliação de visões políticas, mandando recado aos que promovem o nacionalismo, o isolamento e o autoritarismo, opina Marcel Fürstenau.

Em breve, a Alemanha será governada por uma aliança inédita em nível federal, liderada por uma legenda que venceu de forma surpreendente as eleições, o Partido Social-Democrata (SPD). Esta força política das mais antigas, emergida do movimento operário do século 19, várias vezes mostrou coragem para realizar mudanças em sua longa história.

Mais recentemente, no início deste milênio, quando, junto com os verdes, modernizou o incrustado mercado de trabalho, a política social e econômica, num pacote de medidas chamado Agenda 2010. Uma mudança radical de rumo que permitiu ao "homem doente da Europa", como era então chamada a Alemanha, se recuperar, pelo menos economicamente. Isso trouxe a quarta maior economia do mundo de volta aos seus pés e foi capaz de reativar seu importante papel como a força motriz da Europa.

Cada partido tem sua marca no acordo

Não há dúvida de que também houve muitos perdedores nessa mudança radical de curso. A pobreza relativa na Alemanha é preocupante; em nenhum lugar há um setor de baixos salários tão amplo. O futuro governo da chamada "coalizão semáforo" - em referência às cores dos três partidos envolvidos: o SPD (vernelho), Liberal (amarelo) e Verde - quer agora mudar isso, aumentando o salário mínimo para 12 euros por hora - acima dos 9,60 atuais. Com isso, Olaf Scholz, o futuro chanceler e sucessor de Angela Merkel, está cumprindo uma importante promessa eleitoral do SPD. Isso é bom, porque cerca de 10 milhões de pessoas serão beneficiadas.

Entretanto, tal medida, que chega com atraso, era fonte de controversa nas negociações da coalizão, já que os liberais, fortemente orientados para a economia de mercado, realmente não têm propensão alguma a apoiar medidas que significam uma intervenção estatal na negociação salarial coletiva. Em contrapartida, o Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) conseguiu prevalecer com a sua exigência de adesão ao freio da dívida, ancorado na Constituição alemã, que limita o endividamento do país. E a marca dos verdes é inconfundível, pois se trata do assunto que lhe é mais caro: o clima. Por exemplo, a eliminação da geração energética a carvão deve ser antecipada de 2038 para 2030.

Refugiados | Travessias de canais: quem faria uma viagem tão perigosa e porquê?

# Publicado em português do Brasil

A maioria das pessoas que chegam ao Reino Unido depois de arriscar suas vidas em pequenos barcos têm seus pedidos de asilo aprovados

A tragédia da semana passada no Canal da Mancha reabriu o debate sobre como impedir que as pessoas façam travessias perigosas, com as soluções apresentadas pelo governo focadas em como policiar as águas.

Menos tem sido dito sobre de onde essas pessoas vêm, com a maioria dos conflitos e perseguições fugindo. Cerca de dois terços das pessoas que chegaram em pequenos barcos entre janeiro de 2020 e maio de 2021 eram do Irã, Iraque, Sudão e Síria. Muitos também vieram da Eritreia, de onde foram aprovados 80% dos pedidos de asilo.

De acordo com o Dr. Peter Walsh, do Observatório de Migração da Universidade de Oxford , esses países têm as maiores taxas de aceitação de pedidos de asilo, então é provável que a maioria daqueles que cruzam o Canal da Mancha tenham pedidos de asilo genuínos que deveriam ser aceitos pelo governo.

“Essas são pessoas de alguns dos lugares mais caóticos do mundo”, disse Walsh. “São pessoas de países assolados por conflitos civis e étnicos e por perseguições políticas. Você não precisa ser um Einstein para deduzir por que as pessoas são bem-sucedidas em pedidos de asilo. ”

Para muitos, o Reino Unido se torna um destino porque têm parentes ou sabem que existe uma comunidade estabelecida, enquanto outros preferem um país de língua inglesa e alguns simplesmente acreditam que serão tratados melhor.

GUERRRA DA CORRUPÇÃO CONTRA A LEI

# Publicado em português do Brasil

Eva Joly* | Project Syndicate

Da Nigéria à Itália, as forças da corrupção estão lutando contra aqueles que as erradicam, e desde bombas e balas até ordens e moções, eles usarão qualquer arma que puderem para melhorar suas chances. Não se contentando em intimidar ou mesmo assassinar seus oponentes, agora eles estão visando o próprio Estado de Direito.

PARIS - Quando você tenta combater a corrupção, a corrupção revida. A jornalista investigativa maltesa Daphne Caruana Galizia poderia dizer isso - se ela não tivesse sido assassinada por companheiros daqueles que ela estava investigando. O advogado anticorrupção de Ruanda Gustave Makonene, que foi estrangulado e atirado de um carro , também não consegue falar. Nem o ativista brasileiro Marcelo Miguel D'Elia, que foi baleado várias vezes em um canavial perto de sua casa.

Policiais, promotores e funcionários públicos também enfrentaram graves consequências por tentarem combater a corrupção. Um desses oficiais é Ibrahim Magu, que se tornou presidente em exercício da principal agência anticorrupção da Nigéria, a Comissão de Crimes Econômicos e Financeiros (EFCC), em 2015. Em 2017, homens armados atacaram a casa de Magu, matando um dos policiais que a guardava. Mas não foram as balas que neutralizaram Magu. Em vez disso, sua destituição do cargo foi planejada por meio da “lei” - o uso (ou abuso) da lei para fins políticos.

No ano passado - em um momento em que o EFCC estava investigando alegações de corrupção contra o procurador-geral Abubakar Malami - Magu foi preso e detido por acusações de corrupção e insubordinação, feitas por ninguém menos que Malami. Embora as mesmas alegações tenham sido investigadas e rejeitadas três anos antes, Magu foi suspenso do cargo, enquanto se aguarda o resultado de um Painel de Inquérito criado pelo Presidente Muhammadu Buhari.

Magu teve poucas opções para se defender. Por várias semanas, ele foi impedido de acessar as provas contra ele, e foi repetidamente negada a permissão para se dirigir ao Inquérito ou interrogar testemunhas.

Além disso, o mandato, os termos de referência e o cronograma do Inquérito ao qual se esperava aderir nunca foram divulgados. Isso deixou Magu - que supervisionou o processo bem-sucedido de vários políticos importantes por acusações de corrupção e a apreensão de milhões de dólares em ativos obtidos ilegalmente - não apenas incapaz de continuar fazendo seu trabalho, mas também exposto a um processo aberto de intimidação.

LOUCURA ORÇAMENTAL

A situação aqui descrita aplica-se também a outros países

Prabhat Patnaik [*]

O governo Modi (Índia) tem aumentado os impostos sobre os produtos petrolíferos como o seu principal instrumento de mobilização de recursos para gastos governamentais. Ironicamente, isto tem o duplo efeito de não estimular a economia, mas sim de estimular a inflação. Uma política orçamental alternativa de levantamento de recursos através de impostos directos sobre os ricos (dos quais a tributação da riqueza é a melhor opção possível) e a utilização dessas receitas para aumentar a despesa governamental teria simultaneamente estimulado a economia e mantido baixa a taxa de inflação.

Para ver porque é que isto acontece, considere-se o seguinte exemplo simples. Suponha-se que o governo queira gastar mais 100 rupias (Rs) e obtenha este montante através do aumento dos impostos sobre os produtos petrolíferos. Isto eleva os preços da gasolina e do gasóleo e tem um efeito de pressionar custos em todos os sectores, elevando os custos dos transportes. Além disso, também aumenta o preço do gás de cozinha, o que tem um efeito directo sobre o custo de vida. Por esta razão, o impacto de um aumento dos preços dos produtos petrolíferos cai muito mais fortemente sobre os trabalhadores do que sobre os ricos. Mas os trabalhadores consomem a maior parte dos seus rendimentos de qualquer forma. Assim, se os seus rendimentos reais descerem, verifica-se então uma queda correspondente no seu consumo real. Portanto, as Rs 100 arrecadadas através de impostos sobre produtos petrolíferos reduzem a procura de consumo em cerca de Rs 100, mesmo quando o gasto deste montante pelo governo aumenta a procura agregada em Rs 100. O aumento líquido da procura agregada é portanto muito pequeno, razão pela qual toda esta política orçamental não consegue estimular a economia.

Contudo, verifica-se ao mesmo tempo um aumento de preços devido a esta política orçamental e assim o consumo dos trabalhadores diminui. Temos portanto os efeitos duplamente deletérios mencionados anteriormente: dificilmanete há qualquer estímulo da economia mesmo quando a taxa de inflação aumenta. Isto é exactamente o que tem acontecido na economia indiana. A taxa de inflação tem aumentado (atingiu 4,48 por cento em Outubro/2021 em comparação com Outubro/2020), mas a estagnação industrial persiste, juntamente com enormes stocks de cereais alimentares com a Food Corporation of India. O Índice de Produção Industrial era apenas 3,1% mais elevado em Setembro de 2021 em comparação com um ano anterior; era 2,6% mais baixo em comparação com o mês anterior, ou seja, Agosto de 2021.

QUEM PROVOCA A ONDA DE REFUGIADOS?

A manipulação de uma situação parcial num quadro muito mais amplo, pretende, entre outras coisas, minimizar ou mesmo silenciar os crimes contra os refugiados que fazem parte do quotidiano da União Europeia

José Goulão * | opinião

A atitude do governo bielorrusso de Aleksander Lukashenko para com os refugiados é condenável. Não menos condenável é o comportamento dos governos da Polónia, da Lituânia, da Estónia e da União Europeia em geral para com os refugiados. A diferença é que os órgãos de manipulação social apenas têm olhos para observar o que se passa na Bielorrússia desde o início da segunda metade deste ano, ignorando – com raras excepções – as consequências profundas da política de perseguição aos refugiados praticada há muitos anos pela União Europeia em todas as suas fronteiras. Uma política que milhares de seres humanos já pagaram com a vida.

Há ainda uma outra diferença. Os refugiados que procuram entrar na União Europeia a partir da Bielorrússia, tal como os que tentam o mesmo através de outras regiões terrestres e marítimas dos 27, têm origem nas guerras provocadas pelos Estados Unidos, a NATO e potências da União Europeia; e também na política colonial, sobretudo em África, entranhada nas políticas europeia e norte-americana. As guerras sangrentas e destruidoras e o colonialismo têm efeitos bem mais graves do que qualquer «guerra híbrida» de que acusam a Rússia e a Bielorrússia, países que não podem ser responsabilizados pelas agressões militares ao Iraque, ao Afeganistão, à Síria, à Líbia, ao Iémen. A União Europeia recusa-se a acolher as pessoas que tentam sobreviver fugindo dos conflitos que provocou; e entende que outras nações não podem assumir idênticos comportamentos, mesmo que nada tenham a ver com a origem dos fluxos de refugiados. Bruxelas procura sempre encontrar bodes expiatórios para não assumir os seus desmandos em matérias como a democracia e os direitos humanos.

Os refugiados que chegam à Bielorrússia são oriundos sobretudo do Iraque e, em menor volume, do Afeganistão e da Síria. Trata-se efectivamente de refugiados e não de «imigrantes» e «imigrantes ilegais», termos que os governantes europeus e os correspondentes meios de comunicação usam preferencialmente, sempre com o objectivo de não associar esses movimentos desesperados de pessoas às guerras e outras façanhas provocadas por potências ocidentais. Sem os dramáticos conflitos impostos, que as fazem deixar tudo para trás apenas pela simples e humana necessidade de sobreviver, a esmagadora maioria dessas pessoas não pensariam sequer em emigrar dos seus países, sobretudo em casos como os da Síria e do Iraque, mesmo do próprio Afeganistão. Isto é, a grande massa dos refugiados actuais que batem às portas da União Europeia jamais seriam os «imigrantes» que agora se diz serem para iludir as opiniões públicas, a realidade e a própria História.

A Bielorrússia foi apresentada aos candidatos a refugiados como um país de acesso à União Europeia, em tese mais favorável que os tradicionais pontos de passagem, por exemplo a Líbia, a Grécia e a Turquia, onde sofrem situações humilhantes com os objectivos primários de os fazer regressar ao seu país e nem sequer podem apresentar pedidos de asilo. Sabe-se que agências de viagens iraquianas têm incitado os candidatos a fugir da situação de guerra a procurar a cidade Minsk como porta de entrada na União Europeia – e não para ficarem a residir na Bielorrússia, uma solução que não estaria nos planos da maioria deles. Os métodos violentos de Lukachenko para lidar com o problema são inaceitáveis, tal como os adoptados pelos governos da Polónia, da Estónia e da Lituânia, que aliás têm da democracia uma ideia que se assemelha à do presidente bielorrusso. O executivo de extrema-direita da Polónia, xenófobo por definição e avesso ao Estado de direito, como até Bruxelas muito bem sabe, já é um velho conhecido pela rejeição de refugiados, mesmo das ínfimas quotas arduamente discutidas na União Europeia em vergonhoso jogo de empurra. A Estónia, por seu lado, tem a xenofobia inscrita nas próprias leis porque os cidadãos com nacionalidade estoniana mas de outros origens, designadamente a russa, são considerados oficialmente de segunda categoria, não lhes sendo permitido sequer votar.

Nada disto impede, contudo, que a União Europeia esteja incondicionalmente solidária com esses países no contencioso com Minsk, ávida de seguir os Estados Unidos na declaração de mais sanções e reforçadas ameaças da NATO. Penalizações essas apresentadas como respostas à dita «guerra híbrida» de Moscovo, não sendo de excluir que os inusitados incitamentos a refugiados para procurarem Minsk sejam uma nova provocação na panóplia com que Washington e Bruxelas mantêm o perigoso clima de alta tensão militar no Leste da Europa.

O CICLO TRÁGICO DA ÁGUA ENGARRAFADA

Empresas como a Nestlé e a Coca-Cola engarrafam água de fontes públicas – ou mesmo da torneira – e vendem-na como “limpa” ou “purificada”. Um caso de privatização encoberta que gera bilhões e se nutre do consumismo. 

JP Sottile* | Truthout*

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos do Michigan, nos EUA, alertou recentemente(link is external) a população de Benton Harbor – cidade do sudoeste do estado predominantemente negra – para parar de beber, cozinhar ou escovar os dentes com água da torneira. “Por excesso de precaução”, as autoridades estaduais recomendaram o uso de água engarrafada para evitar a contaminação tóxica do chumbo que flui pelo sistema de água da cidade e, em última instância, pelas casas e corpos dos moradores.

O aviso, junto com 20.000 caixas de água engarrafada, veio aproximadamente três anos(link is external) depois dos primeiros testes revelarem níveis de chumbo além do nível de ação da Agência de Proteção Ambiental, de 15 partes por bilhão (ppb). O “nível de ação” é o limite legal que aciona a ação regulatória. Na verdade, pouco foi feito durante o período em que a água potável da cidade “deixou de atingir, por seis medições consecutivas, os padrões de amostragem nos últimos três anos(link is external)” após o primeiro teste. Tudo isto aconteceu três anos depois do Michigan ter acrescentado uma “ Regra de chumbo e cobre(link is external) ” à Lei de Água Potável Segura de Michigan em 2018.

Esta regra exigia a “remoção de todas as linhas de serviço de chumbo no Michigan” e “a redução do padrão de 15 ppb” para “12 ppb em 1 de janeiro de 2025”. Talvez mais irritante para o povo de Benton Harbor, a regra promete que o “Estado trabalhará em estreita colaboração com as autoridades locais de água para responder rapidamente a qualquer resultado de teste que mostre altos níveis de chumbo, incluindo medidas para atingir os níveis exigidos pela regulamentação estadual.”

Infelizmente para os cerca de 10.000 residentes de Benton Harbor, foi só em 30 de setembro deste ano, uma semana antes do aviso oficial, que o MDHS finalmente começou a “distribuir caixas de água engarrafada para todos os habitantes em Benton Harbor.” Somente em 11 de outubro, cinco dias após o aviso mencionado, eles ofereceram “exames de sangue ao chumbo gratuitos para crianças” e “inspeções domiciliárias para quem mostra sinais de chumbo no seu sistema”.

Funcionários do estado e voluntários, desde então, despejaram caixa após caixa de água engarrafada “grátis(link is external)” numa cidade cada vez mais furiosa(link is external). Alguns moradores esperaram mais de uma hora e meia(link is external) para ter acesso à água potável que deveria estar prontamente disponível em suas casas. Mas, assim como a história infame da contaminação por chumbo na cidade de Flint, localizada 250 quilómetros a leste de Benton Harbor, a imagem icónica do fracasso é a chegada de água engarrafada de marca corporativa. Mais uma vez, é através da água engarrafada que se entrega o que será talvez o bem mais básico que um governo deve fornecer: água limpa e segura.

Portugal | POLÍTICA E POLITIQUICE

Inês Cardoso* | Jornal de Notícias | opinião

Encerrado um capítulo essencial para clarificar que alternativas se colocam aos portugueses na escolha do próximo primeiro-ministro, é tempo de o PSD se libertar de desalinhamentos internos e se focar na preparação da corrida decisiva que aí vem. E é tempo de todos os partidos mostrarem claramente ideias, projetos e a ambição que têm para o país, num momento em que a incerteza causada pela covid-19 volta a inquietar os portugueses.

A crise política não tem nada de dramático em si mesma (basta olhar em volta, na Europa, para se perceber o que é a normalidade democrática), mas será um problema se não trouxer mais maturidade e sentido de serviço público à nossa vida política. O taticismo que conduziu ao chumbo do Orçamento do Estado começa igualmente a manifestar-se nalguns discursos sobre a saúde pública e a covid-19 e sairemos todos a perder se houver aproveitamento do medo.

António Costa tem-se mantido resguardado, e essa será a melhor forma de gerir a obra que todos os dias vai sendo mostrada por uma equipa em funções, capitalizando os erros dos partidos de oposição, até aqui mais entretidos, à direita, a arrumar a casa do que a fiscalizar o Governo. Mas também sabe que o tom da campanha será determinado, em larga medida, pelo rumo da pandemia e pela capacidade de encontrar soluções para a grave crise que se vive nos hospitais.

Não será aceitável que as medidas de contenção sejam escolhidas em função de cálculos eleitorais. Da mesma forma que os portugueses saberão ler eventuais excessos em declarações ou ações que usem a covid como arma de arremesso. Além de cada vez mais cansados de politiquices, os portugueses sabem interpretar manobras táticas. Os partidos, os programas e os protagonistas não são todos iguais, por muito que vozes demagógicas tentem fazer crer o contrário. E no dia 30 a palavra é de quem vota.

*Diretora

Rui Rio reeleito líder do PSD. Rangel promete "lealdade" e pede "unidade"

Contrariando as expectativas geradas no início do processo eleitoral, Rui Rio foi ontem reeleito presidente do PSD, por 52,5 por cento contra 47,5 para Paulo Rangel

Pelas 21:50 de ontem, Paulo Rangel assumiu a derrota nas diretas do PSD. Estavam nessa altura contabilizados mais de metade dos votos dos 46664 eleitores registados. Nessa altura, Rui Rio liderava por escassa margem (50,88% contra 49,12%) mas depois a vantagem foi-se reforçando, nomeadamente com vitórias importantes no Porto (59,32% contra 40,68%) e em Braga (56,19% contra 43,81%).

Às 22.35, faltando apenas 20 secções por apurar (num total de 318), Rio liderava com 52,34% (17564 votos) e Rangel tinha 47,66% (15 992 votos). Tinham votado 33556 militantes (dos 46664 registados) e a abstenção apontava para valores na ordem dos 21 por cento.

Rui Rio celebrou a vitória pelas 22.20, começando de imediato a disparar para dentro. Esta foi - disse - "a vitória dos militantes de base" contra os dirigentes, "que têm de se ligar mais aos militantes": "Grande parte do apoio dos dirigentes foi mais a pensar nos seus interesses pessoais e não nos interesses do PSD", disse.

Quanto à unidade interna, deixou o aviso: "Estou disponível mas só com quem quer fazer unidade. Já aprendi que muitos dizem que querem unidade mas depois não querem unidade nenhuma."

Portugal quer vacinar mais de meio milhão de pessoas por semana contra a Covid

Relativamente à nova variante, o coronel Carlos Penha Gonçalves, responsável pelo núcleo de coordenação do plano de vacinação contra a Covid-19, refere que o foco é "vacinar as pessoas mais frágeis que podem estar a perder imunidade".

O responsável pelo núcleo de coordenação do plano de vacinação contra a Covid-19 indicou este sábado que o objetivo é atingir uma capacidade de inoculação de meio milhão de pessoas por semana.

"Neste momento temos 304 centros de vacinação a funcionar e estamos a planear, com as câmaras municipais, com as administrações regionais de saúde, onde é que é preciso ter mais centros de vacinação", disse o coronel Carlos Penha Gonçalves aos jornalistas em São Domingos de Rana, Cascais, onde visitou um centro de vacinação ao lado da diretora-geral da saúde, Graça Freitas.

"A capacidade que queremos ter, total, é de 500.000 pessoas por semana. É essa a capacidade que estamos a planear neste momento e depois irá ser aumentada, consoante as necessidades", acrescentou.

Questionado sobre a eventual chegada a Portugal da nova variante (Omicron) do vírus que causa a Covid-19, o responsável afirmou: "Estamos completamente concentrados em vacinar pessoas mais frágeis que podem estar a perder imunidade e que precisam de ser protegidas neste inverno, não nos vamos distrair com outras coisas neste momento".

Graça Freitas, por seu lado, assumiu a preocupação com esta nova variante, recordando que foi classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como "preocupante".

TSF | Lusa

Na TSF: Mais 12 mortes e 3364 casos de Covid em Portugal

LEIA AQUI TUDO SOBRE A COVID-19 -- TSF

sábado, 27 de novembro de 2021

RELAÇÕES SINO-RUSSAS SÃO O MODELO PARA A INTERAÇÃO INTERESTADUAL

# Publicado em português do Brasil

Andrew Korybko* | One World

O estado de suas relações bilaterais é agora de fato um modelo de interação interestatal eficaz no século 21, exatamente como o presidente Putin os descreveu. Eles confiam uns nos outros, tratam-se como iguais e priorizam as soluções políticas em vez de espalhar o sabre e espalhar boatos. Isso é exatamente o oposto das relações dos EUA com o resto do mundo.

O presidente Putin disse no início deste mês que “Alguns parceiros ocidentais estão descaradamente tentando abrir uma barreira entre Moscou e Pequim, mas isso é óbvio para nós e junto com nossos amigos chineses vamos responder ainda mais expandindo a cooperação na política, na economia e em outras áreas e coordenará as etapas na arena internacional. ” Isso ocorre porque chinês-russo relações “são um modelo de interação efetiva inter-estatal na 21 st século.” Essas observações serão agora elaboradas.

Com relação ao aviso do presidente Putin, está cada vez mais claro que os EUA estão tentando “ triangular ” entre si próprios, a China e a Rússia. Afinal, a mídia americana e grupos de reflexão falaram abertamente sobre isso antes da cúpula de junho passado entre os presidentes Putin e o presidente dos EUA, Joe Biden, em Genebra. Eles se basearam em narrativas de notícias falsas anteriores para especular descontroladamente que a Rússia poderia de alguma forma ser tentada a ir contra a China em troca de alívio limitado da pressão ocidental liderada pelos EUA sobre ela.

Generais de EUA e Rússia realizam conversas críticas gerando tensões perigosas

# Publicado em português do Brasil

Os chefes do Pentágono podem reivindicar a politização da Intel que está incitando a guerra?

Strategic Culture Foundation | editorial

Cabe ao chefe do Pentágono e seus assessores examinar a suposta inteligência dos EUA e pesar os jogos políticos de quem está jogando contra quem.

Os dois comandantes militares mais graduados dos Estados Unidos e da Rússia se envolveram em conversas por telefone nesta semana, enquanto as tensões perigosas entre as superpotências nucleares aumentavam.

Um cessar-fogo instável na Ucrânia entre as forças do regime de Kiev apoiadas pelos EUA e os separatistas apoiados pela Rússia está terrivelmente perto de um colapso total, enquanto os navios de guerra e aviões de guerra da OTAN aumentam as manobras agressivas no Mar Negro, no flanco sul da Rússia.

Nas negociações de alto nível do lado americano estava o presidente do Estado-Maior Conjunto, General Mark Milley, enquanto o lado russo era representado por seu oficial militar, general Valery Gerasimov. Por acordo mútuo , a conversa foi privada, sem divulgação pública do que foi discutido. Mas é seguro presumir que o explosivo conflito na Ucrânia teve prioridade.

A reunião por telefone ocorre no momento em que elementos dentro do governo dos Estados Unidos, amplificados pelos meios de comunicação, acusam imprudentemente a Rússia de planejar uma invasão militar à Ucrânia. Há semanas, o Departamento de Estado dos Estados Unidos vem informando à mídia e aos aliados europeus da Otan que a Rússia está reunindo tropas e artilharia perto de sua fronteira com a Ucrânia. O Secretário de Estado Antony Blinken assumiu um papel pessoal na liderança das acusações. Uma faceta interessante é que as alegações dependem ostensivamente de dados comerciais de satélite. Os meios de comunicação como o New York Times e a CNN deram destaque às advertências.

CÚPULA EUA PARA A DEMOCRACIA INTENTA PROVOCAR A RÚSSIA E A CHINA

# Publicado em português do Brasil

O plano de Washington de organizar uma cúpula global de democracias liberais gera uma escalada de tensões entre o Ocidente e seus rivais geopolíticos.

Lucas Leiroz* | South Front | opinião

Um evento a ser realizado em dezembro já está causando uma grande escalada de tensões no cenário geopolítico global. O plano de Washington de organizar uma cúpula internacional entre governos “democráticos” recebeu críticas generalizadas em todo o mundo. De fato, o objetivo do evento de fortalecer democracias e combater ditaduras parece ser uma verdadeira desculpa para boicotar e impor medidas coercitivas contra nações rivais dos Estados Unidos - comumente classificadas como “ditaduras”, principalmente Rússia e China.

Recentemente, o governo dos Estados Unidos anunciou que organizará um evento internacional denominado Summit for Democracy, que reunirá países com governos supostamente “democráticos” para estabelecer um diálogo estratégico conjunto em prol do fortalecimento das instituições democráticas e do isolamento das ditaduras. O evento está programado para ocorrer entre os dias 9 e 10 de dezembro, em formato virtual.

São três os principais temas a serem discutidos na ocasião: a defesa da democracia contra o autoritarismo, o combate à corrupção e a promoção do respeito aos direitos humanos. Oficialmente , o principal objetivo do evento, segundo o governo americano, é “renovar a democracia em casa e enfrentar as autocracias no exterior”. O governo dos Estados Unidos afirma ainda que “também mostrará um dos pontos fortes da democracia: a capacidade de reconhecer suas imperfeições e enfrentá-las de forma aberta e transparente, para que possamos, como afirma a Constituição dos Estados Unidos, 'formar uma união mais perfeita' “.

O novo velho continente e suas contradições: A infâmia como estilo de governo

# Publicado em português do Brasil

O mundo testemunha mais uma vez uma história sinistra onde se jogam partidas de poder com o sacrifício de vidas humanas. A desumanidade com toda a sordidez da sua face inconfundível e sempre repetida nos infelizes espaços da Europa

Celso Japiassu | Carta Maior

A Europa assiste neste momento a mais um capítulo da infindável tragédia dos refugiados que tentam escapar da fome e da miséria das guerras no Oriente Médio. Eles são o triste legado das intervenções estadunidenses para o sequestro do petróleo daquela região. Desta vez na fronteira da Bielorrússia com a Polônia, depois de eles terem enfrentado, não faz muitos anos, a violência da Hungria e a chantagem turca. A Bielorrússia - Belarus, para alguns - é acusada com razão de gangsterismo depois de a sua companhia aérea estatal ter começado a transportar para a capital Minsk imigrantes do Iraque, da Síria, da Jordânia e do Líbano com a promessa de fazê-los entrar legalmente no território europeu. Trata-se de uma mentira repugnante. O consulado bielorrusso no Líbano entrega aos migrantes um falso documento com um visto falso para a Europa.

O que pretende o Governo de Aleksandr Lukashenko, o eternizado presidente daquele país? Aglomerar milhares de refugiados em sua fronteira com a Polônia e ameaçar a Europa com uma chegada maciça de migrantes, maior ainda do que aquela de 2015, que provocou uma crise sem precedentes em quase todos os países atingidos pelas ondas migratórias. Foi quando três mil pessoas morreram na travessia do Mediterrâneo tentando chegar à Europa. O objetivo é forçar a retirada de sanções econômicas que foram impostas pela União Europeia depois da comprovação de fraudes nas eleições do próprio Lukashenko.

EUA: A “GRANDE DEMISSÃO” CONTRA OS EMPREGOS DE MERDA

# Publicado em português do Brasil

Greves e autodemissões multiplicam-se por todo o país. Fóruns antitrabalho reaproximam sindicatos e trabalhadores. Em debate, a precarização da vida, as lógicas predatórias das corporações e a luta por direitos e proteções laborais básicas

Mariana Sanches, na BBC Brasil | Outras Palavras

Na última segunda-feira, (22/11), Kit Stoll, de 21 anos, se demitiu do posto de barista em um café em Nova Jersey, Estados Unidos. A crescente insatisfação de Stoll com o emprego, no qual permaneceu por cerca de um ano, as frequentes broncas aos gritos da chefia e o baixo custo-benefício entre muito trabalho e pouco salário poderiam ter sido uma experiência quase solitária, mas nos últimos meses foram acompanhadas praticamente em tempo real por centenas de milhares de pessoas.

Stoll postou sua história – inclusive a demissão – em um fórum da plataforma Reddit batizado de Antiwork Movement (ou movimento anti-trabalho, em português). “Tirei meu avental e saí. Assustador no início, libertador depois”, escreveu Stoll apenas horas após sua demissão, em mensagem que recebeu centenas de comentários e milhares de likes em minutos.

“Muito obrigado a vocês por todo o amor e apoio em meio ao momento mais estressante que já vivi”, acrescentou Stoll.

Relatos como o de Kit Stoll, de demissões ou episódios de abusos no trabalho, se acumulam aos milhares neste fórum. São casos de pessoas que foram convocadas a trabalhar no dia do próprio casamento ou na hora do velório da bisavó. Trabalhadores que receberam advertências por irem duas vezes ao banheiro em cinco horas de turno ou que foram demitidos por chegarem atrasados após uma sessão de hemodiálise ou de quimioterapia. E gente que, mesmo precisando do dinheiro – como Stoll, que vive com os pais e reduziu seus gastos ao mínimo – resolveu usar parte das economias e ficar fora do mercado de trabalho por ao menos um tempo.

Portugal | URGÊNCIA NA DEFESA DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Sou defensor convicto do Serviço Nacional de Saúde (SNS), pela evidência dos extraordinários ganhos para o conjunto dos portugueses, que a sua existência significa.

A universalidade no acesso em todas as áreas e patamares do exercício da medicina, desde logo, na saúde preventiva e no diagnóstico precoce, são um pressuposto confirmado de melhor saúde e, seguramente, de menor custo. Também é claro que as nossas escolas de medicina, de enfermagem e de outras profissões da saúde são de excelência, porque o SNS tem muita qualidade. Dessa qualidade têm-se apropriado os setores privado e social.

Pessoalmente, posso testemunhar que, se sou hoje uma pessoa ativa e saudável, o devo aos conhecimentos, às capacidades e multivalências acumuladas no SNS e aos saberes e dedicação excecional dos seus profissionais, que me resolveram três problemas muito delicados, um dos quais havia resultado da incapacidade de resposta de um hospital não plenamente público.

Recentemente, tenho acompanhado o bloqueio com que uma jovem, de 23 anos, se tem deparado no acesso a um diagnóstico e ao tratamento adequado. Esta jovem sentiu, ao descer umas escadas, a 6 de novembro, uma dor forte num joelho. Dirigiu-se à Urgência do hospital (região de Lisboa) onde, após a realização de um raio-x lhe foi comunicada a suspeita de uma rutura do menisco e marcada consulta para o dia 9. "Apesar de ter dificuldade em deslocar-se nesse dia ao hospital (não podia fazê-lo sozinha), compareceu. O médico apenas lhe entregou uma requisição de ressonância magnética para ela entregar no balcão. A ressonância é feita em clínica com a qual o hospital tem acordo. Esta jovem, porque tem formação e é muito ativa, já tentou desbloquear a situação via Centro de Saúde e através do site da Junta de Freguesia: sem êxito, em parte devido a condicionalismos resultantes das respostas à pandemia. No passado dia 15, do hospital foi-lhe transmitido que não vale a pena insistir no contacto, pois isto é mesmo assim. A clínica, quando receber o nosso pedido, contacta-a para marcar o exame".

Portugal-PSD: operação de branqueamento com vista às eleições legislativas

As eleições internas do PSD deste sábado, assumem-se como uma importante operação de projecção, aproveitamento mediático e, sobretudo, de desculpabilização das malfeitorias do governo PSD/CDS-PP.

A disputa entre Rui Rio e Paulo Rangel para liderança do Partido Social Democrata, não apaga o essencial das responsabilidades políticas do PSD e do seu governo nos cortes a direitos e rendimentos, entre 2011 e 2015, e o azedume demonstrado face a medidas aprovadas como o aumento extraordinário de pensões, a gratuitidade dos manuais escolares ou a reposição de salários e feriados, que resultaram da solução política encontrada após a derrota eleitoral da coligação PSD/CDS-PP.

Rio e Rangel, separados por aspectos acessórios e pouco relevantes, procuram, nesta imensa operação de charme, branquear a imagem do PSD e recriar alguns chavões no sentido de procurar fazer crer aos portugueses que as eleições legislativas de 30 de Janeiro são para eleger o primeiro-ministro, uma falsa ideia que a comunicação social dominante tem amplificado. Aliás, as eleições de 2015 e a solução política que se lhe seguiu tornou mais claro que as eleições não são para eleger primeiros-ministros, mas sim os 230 deputado que determinarão a futura solução de governo e a sua liderança.

PS QUER MAIORIA ABSOLUTA PARA “FAZER POLÍTICA DE DIREITA” -- Jerónimo

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse hoje que o PS quer a maioria absoluta nas eleições legislativas antecipadas para "fazer e realizar a política de direita", livrando-se da influência dos comunistas.

"Vamos para eleições porque o PS assim quis", afirmou, reforçando: "Quer ter uma maioria absoluta para fugir de responder aos problemas, quer ter as mãos livres para fazer e realizar a política de direita, para se livrar da ação do PCP."

Jerónimo de Sousa falava num jantar com cerca de 300 militantes e simpatizantes da CDU, no concelho da Ribeira Brava, ilha da Madeira, no qual discursaram também o coordenador regional, Edgar Silva, e a cabeça de lista pela região autónoma às eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro, Herlanda Amado.

"O PS estava condicionado pelas suas próprias opções políticas, um PS amarrado à União Europeia, amarrado às decisões do grande capital, amarrado aos seus próprios auto-condicionalismos, não dando resposta às questões relacionadas com os trabalhadores, particularmente em relação à legislação laboral", afirmou Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP justiçou, assim, o voto contra do partido ao Orçamento do Estado para 2022, sublinhando que os comunistas sempre estiveram "do lado certo", na reposição, defesa e conquista de direitos durante os anos em que apoiaram o executivo de António Costa.

Os manuais escolares gratuitos, a redução do preço dos transportes e várias medidas de proteção social foram apontados como "avanços significativos" obtidos por ação do PCP.

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