Agostinho Chitata* | Jornal de Angola | opinião
O Instituto Nacional de Estatística acaba de divulgar a Folha de Informação Rápida (FIR) relativa ao terceiro trimestre do presente ano. A fotografia com que nos brinda este tão importante documento deve merecer a atenção e a preocupação de todos nós.
Verificou-se, digamos assim, uma
subida considerável da taxa de desemprego, comparativamente ao segundo
trimestre, que apresentava tendência de melhorias. Passou-se dos anteriores
30.5 para 34.1.
Os números quando perdem a sua frieza e se distanciam da abstração que as
estatísticas nos apresentam, revelam-nos que temos mais de cinco milhões de
angolanos em idade activa que não trabalham, ou seja, não têm um emprego.
Se se olhar com um pouco mais de atenção, vamos constatar que a nível da área
urbana, esta taxa é bem mais elevada. Fala-se de 43.4 por cento. Entretanto,
mais preocupante ainda, é a informação segundo a qual perto de 81 por cento dos
que são considerados empregados actuam no sector informal.
O que, fazendo uma avaliação desapaixonada, são números assustadores. Claro que
não constitui uma realidade exclusiva de Angola, pois os países a nível do
globo têm estado a se deparar com este grande dilema.
Se juntarmos a esta informação o facto de Angola fazer parte dos dez países que
mais crescem, registar um crescimento médio de um milhão por ano, mais
preocupantes ainda nos parecem estes números.
Referimo-nos de uma iniciativa que foi, sexta-feira última apreciada em Conselho de Ministros do incentivo para a contratação de jovens entre os 18 e os 30 anos, isentando as empresas que assim o façam.
Como noticiou o Jornal de Angola, os empregadores singulares ou colectivos do sector público e privado que celebram contratos de trabalho com os jovens com as idades acima avançadas vão passar a beneficiar de uma redução de 50 por cento e isenção da taxa contributiva da sua responsabilidade.
O diploma diz, ainda, que a decisão se enquadra no âmbito das medidas de apoio à retoma da actividade económica e de reforço à resiliência das empresas no contexto de superação da crise sanitária.
E o Plano de Acção para a Promoção da Empregabilidade (PAPE) reforça este desiderato, com uma série de iniciativas e um grande enfoque a nível da formação profissional. Lançado em Outubro de 2019, o PAPE prevê gerar um total de 83.500 empregos para jovens até ao próximo ano.
Tal, pelos dados a que tivemos acesso, tem permitido que milhares de jovens tenham oportunidade de aprender uma profissão. Só nestes anos, como avançam as estatísticas, mais de 55 mil jovens foram formados nos mais variados cursos.
Sublinha-se a grande iniciativa dos estágios profissionais, que demonstra
ser este o caminho. Entretanto, a julgar pelos números e gravidade das
situações, pensa-se que se deve apostar um pouco mais, com meios e recursos
para que o país, grosso modo, possa encarar este fenómeno de frente.
Colocar a questão do desemprego na principal pauta de preocupação das entidades
governativas e da sociedade. É bem verdade que os ventos de mudança nos trazem
alguma esperança, pois a expectativa é que se volte a crescer. As projecções
para o próximo ano apontam para 2.4 por cento o crescimento do PIB.
Obviamente que isto vai reanimar a economia e permitir a que mais empresas contratem
trabalhadores, façam mais negócios e rendimento para as famílias. O desemprego
é um verdadeiro drama, mas não é um problema exclusivo de Angola. Mas que, por
conseguinte, deve preocupar e mobilizar a todos.
* Jornalista
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