domingo, 7 de março de 2021

A era do assassinato social

#Publicado em português do Brasil

Não é negligência, nem fracasso. É um crime; escolha consciente de uma oligarquia global movida por ética de narcisismo e indiferença. A opção é a revolta – não só pelo que pode realizar, mas pelo que nos permite ser. Nesse devir, há esperança

Chris Hedges no ScheerPost | em Outras Palavras | Tradução: Simone Paz |Ilustração: Mr. Fish

Os dois milhões de mortes — resultado de uma péssima gestão da pandemia global pela elite governante –, estão prestes a ser ofuscados pelo que vem a caminho. A catástrofe global que nos espera, já inserida no ecossistema devido ao nosso fracasso em restringir o uso de combustíveis fósseis e da pecuária industrial, pressagia novas pandemias mais mortais, migrações em massa de bilhões de pessoas desesperadas, queda na produção das safras, fome geral e o colapso dos sistemas

A ciência que vem elucidando essa morte social é conhecida pelas elites dominantes. A ciência que nos alertou sobre esta pandemia, e sobre as outras que virão, também é conhecida pelas elites governantes. Assim como a ciência que denunciou que o fracasso em deter as emissões de carbono levará a uma crise climática e, em última instância, à extinção da espécie humana e da maioria das outras espécies, é conhecida pelas elites dominantes. Elas não podem alegar ignorância. Apenas indiferença.

Os fatos são incontestáveis. Cada uma das últimas quatro décadas foi mais quente do que a anterior. Em 2018, o Painel Internacional das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas divulgou um relatório especial sobre os efeitos sistêmicos de um aumento de 1,5ºC nas temperaturas. Trata-se de uma leitura muito sombria. O aumento vertiginoso da temperatura — já estamos a 1,2ºC acima dos níveis pré-industriais — é um fato real no sistema, o que significa que mesmo se interrompêssemos todas as emissões de carbono hoje, ainda enfrentaríamos uma catástrofe. Qualquer coisa acima de um aumento de temperatura de 1,5ºC tornará a Terra insuportável. Espera-se que o gelo do Ártico derreta junto com a camada de gelo da Groenlândia, independentemente de quanto reduzirmos as emissões de carbono. Uma elevação do nível do mar em sete metros ocorrerá assim que o gelo terminar de derreter; isso significa que todas as cidades e vilas costeiras ao nível do mar terão que ser evacuadas.

Roger Hallam, cofundador do Extinction Rebellion, cujos atos não-violentos de desobediência civil em massa oferecem a última e melhor chance de nos salvarmos, explica a questão neste vídeo:

À medida em que a crise climática se agrave, as restrições políticas irão piorando, dificultando a resistência pública. Ainda não vivemos no estado orwelliano brutal que começa a aparecer no horizonte, onde todos os dissidentes sofrerão o destino de Julian Assange. Mas esse estado não está longe. Temos que agir agora.

Apesar do acelerado e tangível colapso ecológico, as elites dominantes nos apaziguam, seja com gestos sem sentido ou através da negação. Eles são os arquitetos do assassinato social.

Portugal | Representantes de luxo

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

Há quase uma década, o socialista Francisco Assis enchia noticiários, redes sociais e até petições com a tirada: "Qualquer dia querem que o líder parlamentar do PS ande de Clio." Ora. É que não faltava mais nada. Nessa semana, tudo começou com as declarações de Carlos Zorrinho sobre as novas viaturas da bancada socialista. O líder parlamentar do PS sublinhou que deixara de utilizar BMW para passar a Audi 5 e poupar dinheiro aos cofres do Estado. Ou seja, já então, a opinião pública repudiava estas soberbas, mas os governantes alheavam-se do seu próprio grotesco e insistiam, possidónios, em caprichos para cumprirem as suas estritas e honrosas obrigações. Pior é que, dez anos volvidos, tudo continua igual. O governante lusitano, imperturbável perante a agonia de quem já perdeu o emprego, o ganha-pão, a casa ou a sanidade mental, à pala da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, adquiriu agora 125 automóveis de luxo. Queriam o quê? Um citadino amarelo? Mas não só. Mesmo sem reuniões presenciais à vista, o governo decidiu investir em lencinhos e gravatas de seda de padrão personalizado, num centro de imprensa-fantasma, vinhos e espumantes, numa elefantíase que até já está a ser ridicularizada na imprensa internacional.

Governo esclarece: não há que indemnizar porque "prazos foram interrompidos"

O Dinheiro Vivo noticiou a obrigação estabelecida em contrato de concessão de indemnizar a ANA/Vinci caso houvesse concurso para nova localização do aeroporto. Governo esclarece que alteração na localização por força da avaliação ambiental estratégica agora pedida não obriga a lançar um concurso porque prazo de cinco anos ainda não passou.

ma nova localização para o aeroporto na capital não exigirá nem a abertura de concurso internacional, livrando assim o Estado de ter de pagar uma indemnização à ANA - gestora aeroportuária, porque os prazos foram interrompidos, justifica o governo. Em esclarecimento enviado pelo Ministério das Infraestruturas, liderado por Pedro Nuno Santos, na sequência da notícia do Dinheiro Vivo de que, se a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) levar à construção de um aeroporto internacional em Alcochete, o Estado é obrigado a lançar um concurso público internacional para esse efeito, que pode não ser ganho pela Vinci - e consequentemente levar ao pagamento de uma indemnização que poderá ser de 10 mil milhões de euros.

O que o governo explica agora é que, como a ANA apresentou uma proposta alternativa a um novo aeroporto - o Montijo - tendo-se iniciado negociações, para a transformação da base do Montijo, "o prazo do procedimento relativo ao NAL foi interrompido e, até ao momento, não foi retomado", descartando assim a possibilidade de indemnização.

Entre Deus e o Diabo. A história de André Ventura antes de ser líder do Chega

Fundamentalista religioso, usou cilício e autoinfligiu-se castigos corporais. A história de André Ventura antes de ser líder do Chega é um manual de como subir na vida

Nos gabinetes dos políticos costuma haver fotos com líderes e figuras históricas, retratos assinados de Papas e Presidentes em molduras de prata, mas em cima desta secretária nem sequer há uma imagem da família. André Ventura só tem uma foto na mesa, junto ao ecrã do computador, onde aparece ao lado do seu confessor e diretor espiritual, o padre Mário Rui Pedras, pároco de São Nicolau, uma igreja na Baixa lisboeta conhecida pelo conservadorismo — é um dos raros templos onde ainda são celebradas missas em latim — e que no último 1º de Maio apelou a um “sobressalto católico”, numa homilia noticiada por o sacerdote ter dito que é “a ‘geringonça’ que manda neste país” (a propósito da manifestação da CGTP). Este pequeno sinal revela muito sobre o líder do Chega, o primeiro deputado de um partido da direita radical, populista, com retórica exacerbada, racista e xenófoba, que parte da esquerda quer ilegalizar. Em pouco mais de dois anos, colocou-se no centro da discussão, misturou o estilo ofensivo de Trump e Bolsonaro com a escola dos debates desportivos, contribuiu para a quase extinção do CDS e está a baralhar as contas do PSD para o dia em que for preciso formar um Governo. O homem que há quatro anos era conhecido apenas pelos comentários da bola deve à religião aquilo em que se tornou, ou não passaria de mais um indignado taxista da linha de Sintra, a dizer mal de ciganos, de pretos e dos resultados do Benfica.

Tornou-se, aos 38 anos, no representante de uma massa de eleitores revoltados sem ideologia e num refúgio para ultraconservadores ou radicais de extrema-direita que não tinham teto político. Tal como tem acontecido com populistas noutros países — o estilo é semelhante mas as indignações variam com os preconceitos nacionais —, Ventura vai crescendo e já recolheu quase 500 mil votos nas presidenciais à custa de ressentimentos que indignam subúrbios, zonas onde moram ciganos e alguns bairros de classes altas. No dia 25 de fevereiro, minutos antes de descer do plenário e mostrar ao Expresso a foto emoldurada com o padre Mário, tinha feito Ana Catarina Mendes, líder parlamentar do PS, levar as mãos à cabeça enquanto esbracejava contra o Governo durante o debate sobre o estado de emergência, citando Pedro Passos Coelho, para embaraço do PSD e gargalhada da esquerda: “‘Não se põe um país a pão e água por mera precaução, deve-se fazê-lo apenas por patriotismo.’ Tenho medo, pena e vergonha que António Costa não aprenda com Passos Coelho aquilo que é gerir um país em tempos de crise”, proclamou. Depois, baixou ao gabinete, onde também há uma foto de Passos Coelho em cima de um armário, e falou durante 40 minutos sobre o seu percurso pessoal antes de fundar o Chega. A seguir, saiu à pressa para apanhar um avião com destino à Madeira, onde foi em campanha como candidato único à liderança do partido que fundou (cujas eleições são este sábado, dia 6 de março)… (CONTINUA)

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Artigo  da autoria de Vítor Matos, jornalista do Expresso, publicado ontem, 6 de Março. Texto exclusivo para assinantes do jornal Expresso. Imagem de José Fernandes, no enfoque de André Ventura com o castelo de Guimarães em fundo, um fascista armado em D. Afonso Henriques, por enquanto de espada embainhada mas suspirando pelo nazi-fascismo e respetiva xenofobia e racismo, de que tem dado já avultadas mostras.

MM | Redação PG

Para continuar, aceda AQUI ao artigo e ao Expresso

Porque não te calas, Cavaco?

Cavaco Silva, desgraça passada de Portugal, ex-primeiro-ministro e presidente de República (foi a todas), amigo de banqueiros e outros trapaceiros, beneficiário de alguns "jeitos" desses mesmos, mas impune, queixou-se há dias de que Portugal vive numa "democracia amordaçada"... Muitos portugueses decerto que consideram que já era tempo de ter vergonha e de se calar.

 Redação PG

Ataques aéreos de Biden na Síria são 'presente' para o Daesh, diz ex-senador dos EUA

#Publicado em português do Brasil

Na opinião de Richard Black, ex-senador republicano norte-americano, o Daesh sai fortalecido com os ataques de Washington contra milícias iraquianas, que lutam contra a organização terrorista.

Ataques aéreos dos EUA como o de 26 de fevereiro, ordenado pelo presidente Joe Biden, contra as Forças de Mobilização Popular (PMU, na sigla em inglês) do Iraque, reforçam as atividades do Daesh (organização terrorista, proibida na Rússia e em vários outros países) no Iraque e na Síria, disse no sábado (6) Richard Black, ex-membro republicano do Senado à agência Press TV.

"As forças [iraquianas] das PMU têm lutado principalmente contra o Daesh e têm sido altamente eficazes contra ele. Portanto, quando os EUA atacam as PMU, eles auxiliam os terroristas do Daesh no Iraque e na Síria", afirmou.

O bombardeio dos EUA veio após foguetes terem atingido a Zona Verde em Bagdá, onde está localizada a embaixada dos EUA, e após um ataque anterior contra a base militar dos EUA no Aeroporto Internacional de Arbil, no norte do Iraque. De acordo com Richard Black, é até "improvável" que a liderança norte-americana saiba de fato quem lançou os ataques.

EUA e UE seguem política de sanções com ‘mentiras ideologizadas’ -- Arreaza

#Publicado em português do Brasil

O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, disse à Sputnik que a Venezuela continuará seu desenvolvimento político, apesar das sanções dos EUA e de quaisquer outras ações que Washington tome contra o país.

O ministro das Relações Exteriores declarou neste sábado (6) que os Estados Unidos e União Europeia têm uma atitude de “mentiras ideologizadas” em relação a Caracas, tendo em vista que a Venezuela não representa uma ameaça a outros membros da comunidade internacional.

De acordo com o chanceler, Washington continua seguindo uma política de sanções unilaterais contra a nação latino-americana, que seria classificada pelos EUA como uma “ameaça extraordinária”.

“Quanto ao que esperar do [secretário de Estado norte-americano Anthony] Blinken e dos Estados Unidos, eu diria nas palavras de José Gervasio Artigas, o grande uruguaio: ‘Não esperamos nada de ninguém, apenas de nós mesmos’. Avançaremos independentemente do que Washington faça ou deixe de fazer em relação à Venezuela”, afirmou.

No início desta semana, Blinken disse ao líder da oposição venezuelana Juan Guaidó que os EUA apoiam a pressão multilateral contínua sobre o presidente Nicolás Maduro. Além disso, o secretário de Estado destacou a importância da transição democrática na Venezuela.

Apesar de Caracas expressar esperanças de que a nova administração dos Estados Unidos comece a normalizar as relações com a Venezuela, Blinken disse a Guaidó que Washington não mudaria sua posição em relação a Guaidó como o “líder interino da Venezuela”.

Sputnik, em Pátria Latina | Foto: © AP Photo / Phil Nijhuis

Brasil | O “mimimi” da covardia liberal

O 'mimimi' de sirenes desesperadas ecoa um fato só abafado pela covardia liberal: o governo acabou

Carlos Eduardo Silveira | Carta Maior em Clipping Internacional

1. NOTÍCIAS INTERNACIONAIS SOBRE O BRASIL

BOLSONARO/ ‘Chega de choradeira’: desdenha Bolsonaro, em meio ao recorde de mortes de Covid-19. Bolsonaro disse aos brasileiros para pararem de “reclamar” e seguir em frente, em suas últimas declarações atacando as medidas de distanciamento e minimizando a gravidade da pandemia. “Vamos chorar até quando”? E critica ‘os idiotas’ que querem vacina. O país tem o segundo maior número de mortes causadas pela pandemia, depois dos Estados Unidos. Enquanto o surto nos Estados Unidos está diminuindo, o Brasil está enfrentando sua pior fase, levando seu sistema hospitalar à beira do colapso. o governo federal tem demorado a comprar e distribuir vacinas, com menos de 3,5 por cento da população recebendo uma injeção. “Vivemos as piores perspectivas para a pandemia desde o seu início”, disse Gonzalo Vecina Neto. “As mutações são resultado do aumento da reprodução do vírus. Quanto maior o número de vírus, mais rápida é a transmissão, mais mutações temos”, disse ele. (The Sydenay Mornign Herald; El Diário, Espanha; Diário de Notícias, Portugal; El Clarín, Argentina; The Independent, Inglaterra; Le Nouvel Observateur, França; Le Soir, Bélgica; Le Parisien, França; Jornal de Notícias, Portugal; The Hindu News, Índia; Channelnewsasia, Cingapura; L’Express, França; Diario Correo, Peru; El País, Uruguai; Uypress, Uruguai; Euronews, Portugal) | bit.ly/3bgszFo | bit.ly/3ebcO4h | bit.ly/2OnkG80 | bit.ly/2O2iFOE | bit.ly/3c7LLEv | bit.ly/3c0Rw6Y | bit.ly/38aRHeC | bit.ly/3bf9bsd | bit.ly/3ejHro6 | bit.ly/2NUQhhD | bit.ly/3kPjbeN | bit.ly/3rjzzHb | bit.ly/3rjzCCR | bit.ly/2SyOJsO | bit.ly/3rluKx0 | bit.ly/3kPjc2l

CRISE NA SAÚDE/ Com pandemia e sem planos, o Brasil vive um momento crítico. Com uma ocupação de mais de 80% dos leitos em terapia intensiva em 19 dos 27 estados brasileiros, o sistema de saúde está à beira do colapso. Com registros de mortes, hospitais à beira do colapso e campanha de vacinação em câmera lenta, o Brasil vive a fase mais letal da pandemia do coronavírus sem uma estratégia nacional para contê-la. “Pela primeira vez desde o início da pandemia, houve uma piora simultânea de vários indicadores em todo o país”, afirmou a Fundação Fiocruz. É um "cenário alarmante" com aumento de casos e óbitos, elevados índices de síndromes respiratórias agudas graves (SARS) e ocupação de mais de 80% dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTI) em 19 dos 27 estados brasileiros, explicou a instituição. Nos últimos sete dias, a média foi de 1.331 mortes diárias, número que até fevereiro se mantinha próximo a 1.100. (Página 12, Argentina; El Espectador, Colômbia; El Clarín, Argentina; Libération, França; The Independent, Inglaterra; La Jornada, México) | bit.ly/30iuYZT | bit.ly/30eScQz | bit.ly/3kPjczn | bit.ly/3kPjcPT | bit.ly/3kVamjW | bit.ly/38eI3Yt

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